segunda-feira, 30 de junho de 2014

SESSÃO 45: 22 DE SETEMBRO DE 2014


 
QUANTO MAIS QUENTE, MELHOR

(1959)



“Some Like It Hot “ assinala o reencontro de Billy Wilder com Marilyn (depois de “O Pecado Mora ao Lado”), agora num argumento de sua autoria e do seu parceiro habitual, I.A.L. Diamond, segundo história de Robert Thoeren e Michael Logan, que já dera um filme francês, em 1935, “Fanfare d'Amour”, de Richard Pottier. Curiosamente, a história estaria na base de um outro título, “Fanfaren der Liebe”, este alemão, assinado por Kurt Hoffmann, e de 1951. Mas a história de ambos não tinha a nada a ver com gangsters, ainda que vivesse essencialmente das mesmas situações dúbias de travestis e perseguições amorosas. O filme de Wilder foi-se chamando sucessivamente “Fanfares of Love” e “Not Tonight, Josephine” antes de assumir a designação definitiva.
Estamos em Chicago, em plena época do crime organizado, 1929. Um funeral abre a acção: caras patibulares conduzem um carro funerário e escoltam um caixão que atravessa Chicago durante a noite.  Depois, ouvem-se as sirenes da polícia que o persegue e segue-se a troca de tiros. Os patibulares rasgam o tecto do carro funerário e retiram metralhadoras. O caixão atingido começa a jorrar whisky pelos inúmeros orifícios. Sobre estas imagens uma legenda mais ou menos pleonástica: “Chicago: 1929”. Saltam à memória a Lei Seca, a época dourada do gangsterismo, com Al Capone à cabeça, a Grande Depressão que se iria seguir ao Crash de 1929, as rusgas da polícia, os massacres entre gangs rivais, de que se destacou o de St. Valentin, os bares clandestinos (aqui é uma agência funerária que serve de capa ao comércio clandestino de “café de malte”: “se temos de morrer, há lá melhor maneira de o fazer!”), e os congressos de fachada (“Os Amigos da Ópera Italiana”, a encobrir os quartéis da Máfia local). 

Estamos em pleno domínio do filme de gangsters, que nasce por essa altura. Spats Colombo (George Raft, um dos actores fetiches desse período), chefe de um grupo de gangsters, chacina um gang rival numa garagem, numa alusão clara ao tal celebrado massacre de St. Valentin. Dois músicos, Joe (Tony Curtis) e Jerry (Jack Lemmon), assistem a tudo e são perseguidos pelos gangsters. Para se resguardarem e conseguirem sair da cidade em segurança, vestem-se de mulher, passam a ser Josephine e Daphne, e integram uma banda musical composta só por mulheres, e onde se encontra a vocalista Sugar Kane Kowalczyk (Marilyn Monroe). Assim conseguem escapar para a Florida, numa acidentada viagem de comboio que, no entanto, não é nada comparada com o que lhes está reservado no futuro, sobretudo quando um excêntrico milionário, Osgood Fielding III (Joe E. Brown), se apaixona por Daphne e a persegue sem dar tréguas.
O filme de gangsters desloca-se para a comédia e para o musical. Os ambientes agora são os sofisticados hotéis da Florida, os gangsters aprumados, de impecáveis polainas brancas, são substituídos pelos velhos milionários em lêem jornais financeiros em filas de cadeiras de baloiço a olhar o mar e as beldades que passam, procurando encontrar entre elas mais uma noiva para acrescentar ao rol. Digamos que há dois mundos simétricos que se vão encontrar por obra e graça de uma orquestra feminina, que nem por isso é assim tão feminina.  

Esta comédia de equívocos, um dos melhores trabalhos de Billy Wilder, permite aos actores “tours de force” admiráveis, e aqui Marilyn consegue ter em Jack Lemmon e Tony Curtis parceiros à altura. Rodando tudo à volta da sexualidade, das suas aparências e dos seus embustes, do dito e do interdito, do hábito e do monge, do natural e do postiço, “Quanto Mais Quente Melhor” terá sido, por isso mesmo, por essa afronta declarada ao convencional e ao regrado, um dos filmes que maior importância terá tido na abolição do Código de Censura, em início dos anos 60, juntamente com “Psico”, de Hitchcock, ou de “Anatomia de um Crime”, de Preminger (entre outros). Recusando pedir o certificado que era exigido para a sua apresentação pública, Billy Wilder e os seus produtores ajudaram a esvaziar de significado esta exigência e a torná-la inútil.
Comédia de enganos em que quase ninguém é o que parece. Agências funerárias são bares, congressistas são gangsters, mulheres são homens, mas todos procuram lucro fácil e sexo. Dólares e orgasmos. Afinal, a base de todo o poder. Juntam-se gangsters e milionários, uma orquestra feminina de jazz e as perseguições intensificam-se, sempre na base do engano. Há uma sequência magnífica com “filages” que ligam duas situações que se desenrolam em locais diferentes, mas ambas com a mesma intenção: num iate, tomado por “empréstimo”, Sugar Kane procura seduzir Joe, que a deseja vivamente, mas se afirma muito traumatizado pelas mulheres, pelo que a sensual loura o beija sofregamente para reavivar a sua virilidade; numa esplanada, não muito longe dali, uma orquestra latino-americana, de olhos vendados, toca canções exóticas para o multimilionário Osgood Fielding III (Joe E. Brown) tentar levar à certa Daphne, trocando o par de flor nos lábios a cada rotação dos corpos. 

Os trocadilhos e os subentendidos fervilham, e há momentos de uma hilaridade contagiante, como quando Tony Curtis, na praia, homenageia o seu actor preferido, Gary Grant, copiando-lhe a voz e a pronúncia numa paródia excelente. Alias o gozo com algumas figuras ícones do cinema não se fica por aqui. O próprio George Raft, ao entrar para o “Congresso” depara-se com um aprendiz de gangster que atira uma moeda ao ar enquanto fala. Esta era uma das características de Rinaldo, personagem criada por Raft num dos mais memoráveis filmes de gangsters, “Scarface, o Homem da Cicatriz”, de Howard Hawks (1932). Raft não resiste a comentar a falta de jeito do novato.
Billy Wilder é brilhante, na primorosa direcção de actores, da definição de ambientes, desde o soturno submundo do crime de Chicago ao sofisticado universo da Florida, na forma como enquadra e encadeia situações, quase sempre sugerindo mais do que mostrando, jogando com a elipse de forma inteligente, e retratando de forma implacável uma época, mas, mais do que isso, a condição humana. Com uma ironia fina mostra-nos o essencial: “Ninguém é perfeito!”
Este é possivelmente o melhor filme de Marilyn. Sobre o seu trabalho com Billy Wilder, ela confessou: “Durante a rodagem Billy Wilder dizia por vezes: “Certos actores fazem e refazem a mesma cena, mas nada mais conseguem do que perder a espontaneidade”. Mas eu quando recomeço, sinto que me distendo um pouco mais e que posso ousar um pouco mais longe na próxima “take”. Sou um pouco tímida e neste caso não há nada a fazer. Não tenho audácia e não sei se adquirirei um dia alguma autoridade. Mas nem a audácia nem a autoridade me interessam particularmente. Preciso de encontrar um método de trabalho, uma maneira de utilizar completamente o meu jogo, quer ele seja bom, mau ou indiferente.” Em “Quanto Mais Quente, Melhor”, cuja rodagem terá sido tormentosa, o resultado é notável, a sua composição brilhante, inclusive ao nível do humor, e as três canções que interpreta (“I’m Through with Love”, de Gus Kahn, Matty Malneck e F. Livingston, “I Wanna Be Loved by You”, de Bert Kalmar, Harry Ruby e Herbert Stothart, e “Running Wild”, de Joe Gray e Leo Worth) são momentos inesquecíveis. 

Há sequências que ficam na história do cinema e que eternizam Marilyn, como a sua apresentação, na chegada a uma estação de caminhos-de-ferro, ondulando o corpo como só ela sabia fazer, desafiando o equilíbrio a cada passo, provocando o êxtase em todos quantos a vêem passar (e nos atónitos espectadores do filme), dando, no entanto, a ideia de que para ela isso é o mais natural e simples. Ao contrário dos atarantados Curtis e Lemmon, que experimentam pela primeira vez o que é andar de saltos altos. O filme ganha com a presença deste trio impagável, ajudando em muito este título a ser considerado uma das 10 melhores comédias de sempre da história do cinema. Em 2000, foi mesmo considerado pelo American Film Institut a melhor comédia de sempre. Para Billy Wilder era o seu filme preferido. 


QUANTO MAIS QUENTE, MELHOR
Título original: Some Like It Hot    
Realização: Billy Wilder (EUA, 1959); Argumento: Billy Wilder, I.A.L. Diamond, segundo Robert Thoeren e M. Logan (história); Música: Adolph Deutsch, Bert Kalmar, Leo Wood (Cançõe), A.H. Gibbs (Canção "Running Wild"), Matty Malneck (Canção "I'm Through With Love"), Herbert Stothart (Canção "I Wanna Be Loved By You") (não creditados); Fotografia (cor): Charles Lang; Montagem: Arthur P. Schmidt; Direcção artística: Ted Haworth; Decoração: Edward G. Boyle; Guarda-roupa: Orry-Kelly; Maquilhagem: Agnes Flanagan, Emile LaVigne, Alice Monte; Direcção de produção: Allen K. Wood; Assistentes de realização: Sam Nelson; Departamento de arte: Tom Plews; Som: Fred Lau, Eve Newman; Efeitos Especiais: Milt Rice, Daniel Hays; Produção: I.A.L. Diamond, Doane Harrison, Billy Wilder; Intérpretes: Marilyn Monroe (Sugar Kane Kowalczyk), Tony Curtis (Joe /Josephine/Júnior), Jack Lemmon (Jerry (Daphne), George Raft (Spats Colombo), Pat O'Brien (Mulligan), Joe E. Brown (Osgood Fielding III), Nehemiah Persoff (Little Bonaparte), Joan Shawlee (Sweet Sue), Billy Gray (Sig Poliakoff), George E. Stone (Toothpick Charlie), Dave Barry, Mike Mazurki, Harry Wilson, Beverly Wills, Barbara Drew, Edward G. Robinson Jr., Ted Hook, Al Breneman, Marian Collier, Pat Comiskey, Joan Fields, Mary Foley, Paul Frees, Joe Gray, Harold 'Tommy' Hart, John Indrisano, Tom Kennedy, Penny McGuiggan, Laurie Mitchell, Helen Perry, Fred Sherman, Tito Vuolo, Sandra Warner, Grace Lee Whitney, etc. Duração: 120 minutos; Distribuição em Portugal: M.G.M. (DVD); Classificação etária: M/12 anos; 


MARILYN MONROE (1926 – 1962)
De nome de baptismo chamava-se Norma Jean Mortensen, mas começou por ser conhecida por Norma Jean Baker. Nasceu a 1 de Junho de 1926, no Los Angeles General Hospital, em Los Angeles, Califórnia, EUA, e teve uma infância difícil. A mãe, Gladys Baker Monroe, chegou a trabalhar no cinema, como montadora de negativo, teve problemas psiquiátricos, chegou a estar presa várias vezes e vivia permanentemente em condições de quase penúria extrema. Morreu num asilo psiquiátrico, com o diagnóstico de esquizofrénica-paranóica, e há quem diga que matara com uma facada, a melhor amiga, Grace McKee. A mesma cujo marido terá abusado sexualmente de Norma Jean quando esta tinha apenas nove anos. Tudo isto são, porém, atoardas lançadas para o ar, pelo diz-se diz-se e nada de concreto as fundamenta. As recordações de infância não poderiam, no entanto, ser mais dramáticas.
Já a avó materna fora internada num hospício depois de ter tentado sufocar a neta com um travesseiro. Do pai, Norma Jean pouco soube e nenhuma certeza teve. Há quem fale num tal Edward Mortensen, que garantem ter sido padeiro e que morrera vítima de um acidente de viação, antes de Marilyn nascer. Mas um outro biógrafo afirma que este mesmo Mortensen morreu aos 81 anos, em Riverside, de um ataque de coração. Há quem assevere, todavia, que o pai era um amigo desse Edward, colega da mãe na Consolidated Film Industries, e que se chamava Charles Stanley Gifford. Quando o tentou encontrar, ainda no início da sua carreira, este mandou dizer pelo telefone que se tinha alguma reclamação a apresentar se dirigisse ao seu advogado. Mais tarde, no auge da sua fama, Gifford tentou a aproximação, mas Norma Jean recordou-lhe então esta conversa.
Atendendo à instabilidade emocional da mãe, e ao facto de esta ser mãe solteira, Norma Jeane foi para casa de uma família adoptiva, a do muito religioso (fundamentalista!) casal Albert e Ida Bolender. Foi aqui que viveu os primeiros sete anos da sua vida: “Eram terrivelmente severos… não era por mal… era a sua religião. Educaram-me com muita severidade.” Mas à severidade de uns correspondia a depravação de outros. Em Outubro de 1933, com as finanças mais equilibradas, Gladys passa a viver por algum tempo com a filha, Norma Jean. Em Setembro de 1935, com nove anos de idade, depois de ter sido (novamente?) violada (fala-se de um enigmático Mr. Kimmell, que poderia ter sido o actor inglês Murray Kinnell), foi para um orfanato, o Los Angeles Orphan’s Home, onde permaneceu até Junho de 1937, em condições relatadas por ela, dignas de um romance de Dickens. Jura que teve de lavar quantidades enormes de louça e se banhava em água suja, apanhava surras com escovas de cabelo e vivia infeliz: “Nessa altura, o mundo à minha volta era deprimente. Tive de aprender a fingir para… não sei… afastar a tristeza. O mundo todo parecia que me estava fechado… (Sentia-me) de fora de tudo e a única coisa que eu podia fazer era sonhar uma espécie de mundo de faz-de-conta.”
Em Setembro de 1941, Norma Jean, depois de várias outras peripécias, estava a viver com Grace McKee quando encontrou Jim Dougherty, cinco anos mais velho do que ela. Grace encorajou a relação entre ambos e, ao saber que ela e o marido iam mudar-se para a Costa Leste, tratou de tudo para Norma Jean casar com Dougherty no dia 19 de Junho de 1942: “Grace McKee arranjou-me o casamento, eu não tive alternativa. Não há muito a dizer acerca disso. Eles não me podiam sustentar e tinham que arranjar qualquer coisa. E foi assim que me casei.”
Compreende-se que, apenas com 16 anos, Norma Jean se case com Jimmy Dougherty, um jovem de 21 anos que conheceu quando trabalhava na Radio Plane, em Van Nuys, Califórnia, uma fábrica de construção de aeronaves. O casamento funcionou como uma forma de libertação, um escape. De pouca duração. Dougherty alistou-se na Marinha em 1943 e, no ano seguinte, foi enviado para a frente da batalha. Ela ficou. Divorciaram-se em Junho (ou Setembro?) de 1946: “O meu casamento não me fez infeliz, mas também não me fez feliz. O meu marido e eu mal nos falávamos. Não porque estivéssemos zangados. Mas não tínhamos nada para dizer um ao outro. Morria de aborrecimento.”
Antes, em 1944, Marilyn foi fotografada na fábrica de material militar por David Conover um repórter fotográfico. O Exército encomendara as fotos com o intuito de divulgar o papel e a contribuição das mulheres durante a guerra. O fotógrafo, que havia sido enviado nessa missão pelo capitão Ronald Reagen, pediu permissão para fazer mais fotos e Marilyn dava início à sua carreira de modelo. Emmeline Snively, directora do “Blue Book Modeling Agency” ficou entusiasmada com o que viu e contratou-a como modelo. Cinco dólares por hora. A primeira capa foi a de “Family Circle”, aparecida a 26 de Abril de 1946. No ano seguinte, a beleza de Norma Jean tornou-se imensamente popular, sendo capa de 33 das revistas mais famosas. Entretanto, deixara o trabalho na fábrica e assume a tempo inteiro uma carreira de modelo. O seu fito é, no entanto, chegar ao cinema. 

O sucesso como modelo fotográfico leva a 20th Century-Fox a contratá-la, em 1946. Foi Howard Hughes quem a notou antes e lhe propôs uns testes. Zanuck, o patrão da Fox, não estava muito inclinado sequer para o teste, mas quando o viu ficou entusiasmado e Marilyn assina um contrato de 75 dólares por semana (admitamos como certa esta importância!). Billy Wilder mais tarde diria que Zanuck ficou particularmente tentado pelo “impacto sensual”, e acrescentou: “Há raparigas que têm uma pele que parece viver na fotografia. Temos a impressão de que as podemos tocar.” Norma Jean era uma delas. Pouco depois, e por sugestão da Fox (dizem que por sugestão de Bent Lyon), Norma Jean começou a assinar o nome Marilyn Monroe. Monroe vem da sua mãe e Marilyn da actriz Marilyn Miller.
A primeira aparição de Marilyn foi numa pequena cena, em 1947, no filme "The Shocking Miss Pilgrim". Seguiu-se-lhe “Scudda Hoo! Scudda Hay!” onde a sua contribuição a nível de diálogo se resumia a um “Hi!”, ainda assim cortado na montagem definitiva. “Dangerous Years” mostra-a num grande plano, o que não foi suficiente para a Fox manter o contrato. Dispensada, foi para à Columbia, em cujo primeiro filme, “Ladies of the Chorus”, interpreta a personagem secundaríssima da “strip-teaser” Peggy Martin, que canta a famosa canção “Every Baby Needs a Da-Da-Daddy”, que mereceu as primeiras referências críticas a Marilyn Monroe aparecidas na imprensa, a 23 de Outubro de 1948, numa das páginas do “Motion Pictures Herald”: ”Uma das prestações mais brilhantes é a de Miss Monroe. Ela é bonita e tem uma voz e um estilo encantadores e prometedores.”  
Mas também a Columbia não ficou entusiasmada com o concurso de Marilyn, e foi de novo dispensada, depois de algumas outras curtas aparições. Voltou a trabalhar como modelo, até que respondeu a um anúncio para um papel num filme que seria o último dos Irmãos Marxs: “Love Happy”. Ela recorda o episódio: “Éramos três e Groucho pedia a cada uma para dar alguns passos à sua frente. Eu fui a única que ele pediu para recomeçar, segredando-me antes ao ouvido: “Tu tens o mais belo rabo da profissão!” Era um cumprimento, não uma grosseria.” Uma cena de minuto e meio, e foi tudo.
Continuou a representar pequenos papéis, mas surge então (1949) uma personagem que irá ter algum significado na vida de Marilyn, Johnny Hyde, agente da William Morris Agency e rapidamente seu amante, que encontra numa recepção em Palm Springs e que se mostra entusiasmado com o futuro da prometedora actriz. Hyde está profundamente apaixonado por Marilyn, propõe-lhe casamento. Ela recusa, apesar da fortuna que poderia herdar rapidamente. Hyde estava gravemente doente do coração, explica-lhe que terá pouco tempo de vida, mas Marilyn confessa-lhe que “tem muita afeição por ele, que o acha um homem delicado, meigo, brilhante, um amigo querido, mas que não está apaixonada.” Depois da morte de Hyde, diz que “passou noites e noites a chorar. Por vezes recriminava-me por ter recusado aquele casamento. Mas ao mesmo tempo sabia que agiria mal se tivesse casado com alguém que não amava. Um milhão de dólares não me inspira nenhum remorso. Mas Johnny Hyde continua a fazer-me falta.” A família do defunto pede-lhe para não ir ao enterro. Mas ela vai.
É ainda em 1949 que Marilyn aceita posar nua para um calendário, facto que mais tarde irá acarretar inúmeras críticas e contestação, quando a actriz era já uma vedeta, o que lhe valeu uma réplica célebre: “Hollywood é um lugar onde te pagam mil dólares por um beijo e cinquenta cêntimos pela tua alma.” Na verdade, a foto de Tom Kelley deu-lhe 50 dólares a ganhar e conseguiu um lucro de mais de 750.000.
Foi Johnny Hyde quem, em 1950, chamou a atenção do realizador John Huston para Marilyn. Ele viu uma das suas “aparições” no ecrã e resolve dar-lhe uma oportunidade de maior relevo em "Asphalt Jungle", depois de um teste lendário: Marilyn aparece com os peitos reforçados por “kleenexs” para causar melhor impressão, John Huston, ele próprio, alivia-a desses apêndices e diz-lhe para ela “passar o texto”. Marilyn pede para se deitar no chão, pois a cena seria passada numa cama, e não se cansa de repetir a “deixa”. Será Huston a mandá-la calar, dizendo “Basta, o papel é teu. Aparece segunda-feira no estúdio às nove horas.” Será a “sobrinha” de Louis Calhern, um advogado corrupto num grupo de “gansgters”, que ela atraiçoa, neste “filme negro” que se tornou um clássico do género.
Esta obra abre-lhe as portas para novas oportunidades, cada vez mais influentes. O seu desempenho em "All About Eve", também em 1950, gerou alguma notoriedade, e ficou a dever-se ao facto de Joseph L. Mankiewicz a ter visto em “Quando a Cidade Dorme”. Nesta obra-prima que aborda o universo do cinema, Marilyn é uma jovem estudante de arte dramática e aparece ao lado de nomes consagrados como os de Bette Davis, Anne Baxter, George Sanders, Gary Merrill ou Celeste Holm. Quem a viu nos primeiros dias de filmagens percebeu o terror em que a mesma vivia. Chegava com horas de atraso ao estúdio, não conseguia fixar uma linha de texto, obrigava cada plano a ser filmado para cima de vinte vezes. Seria o início de um longo calvário (que se iria prolongar nos mesmos termos até ao fim da sua carreira) para os realizadores, produtores e colegas actores que consigo contracenavam, mas seria igualmente um pesadelo para a própria Marilyn, vítima da insegurança e da fragilidade psicológica de uma Norma Jean nunca amada, nunca desejada como pessoa, apenas cobiçada como corpo erótico para satisfação de sonhos de homens (e mulheres) que viam nela apenas um objecto sexual facilmente descartável depois de utilizado.
Toda a vida de Marilyn parece evoluir entre duas realidades psicológicas contraditórias: por um lado a necessidade de ser desejada a todo o preço, de se sentir cortejada, adulada, nem que para tal se tenha de converter num mero “sex symbol” de uma geração (ou de várias); por outro lado, a imperiosa exigência de romper com esse estatuto de mulher-brinquedo, loura e desmiolada, apenas desejada pelo seu busto, o seu andar, a generosidade da sua sensualidade explosiva. Neste caso, Marilyn pretendia acima de tudo ser olhada como mulher, como actriz, como alguém que pensa e sente, que lê bons livros e é capaz de ser amada por um dos mais prestigiados escritores norte americanos do seu tempo (Arthur Miller, vítima de perseguições durante o “machartismo”, e a quem Marilyn soube apoiar nos momentos de crise), ou pelos presidenciáveis Kennedys. Esta duplicidade de desejo nunca resolvida, este esboço de esquizofrenia latente, ficou marcada no seu corpo pelas mãos dos mais importantes homens da América, desde presidentes a escritores, de produtores a cantores, de actores a realizadores, de agentes a multimilionários.
Marilyn queria ser a um tempo “maravilhosa” e/ou “apenas uma mulher” e uma “boa actriz”. O espantoso, porém, e talvez seja essa a razão maior da criação de um mito que nada irá apagar nunca, é a permanência de uma inocência inatacável no seu olhar, a fragilidade doce e etéreo de um corpo que todos desejam e ninguém parece macular. Para lá de todas as feridas que os anos vão acumulando, a sua pele continua “a apetecer ser tocada”, tal como uma deusa misteriosa de desígnios insondáveis. O mito nasce.
"Clash By Night", de Fritz Lang, em 1952, merece igualmente boas referências da crítica, como a assinada por Alton Cook, no “New York World-Telegram and Sun” que dizia: "a forceful actress, a gifted new star, worthy of all that fantastic press agentry. Her role here is not very big, but she makes it dominant."
Marilyn conhece Joe DiMaggio no início de 1952, ela tem 25 anos, ele 37. DiMaggio tinha-se retirado do “baseball” norte-americano, concluindo uma carreira de astro. Há tempos que manifestara o desejo de conhecer a sua actriz preferida e em Fevereiro desse ano o romance explode nas páginas das revistas. “Fiquei surpreendida por me apaixonar de tal maneira por Joe, disse Marilyn. Esperava que ele fosse do género do desportista flamejante de Nova Iorque, e em vez disso deparei com um tipo reservado que não se atirou a mim logo imediatamente. Joe é um homem muito decente que faz as outras pessoas sentirem-se decentes também.”
1952 marca ainda pontos na carreira cinematográfica de Marilyn, que filma "Niagara", de Henry Hathaway, com Joseph Cotten, uma obra que ajuda a consolidar o seu estatuto de vedeta. "Gentlemen Prefer Blondes", de Howard Hawks, é o título seguinte, que a reúne a Jane Russell. Ambas irão assinar e deixar as marcas de mãos e pés no cimento que fica no passeio em frente ao Chinese Theatre, em Hollywood Boulevard. Este tinha sido o local que Marilyn havia visitado quando criança, acompanhada pela mãe e pela amiga Grace. Tinha sido ali que havia jurado a si própria: “Quero ser uma grande estrela para lá de tudo o resto!" Conseguira-o.
Em 14 de Janeiro de 1954, Marilyn casa-se pela segunda vez, desta feita com Joe DiMaggio. Apenas nove meses depois, a 27 de Outubro de 1954, divorciaram-se. O advogado de Marilyn explicou em conferência de imprensa que o motivo da separação foi “um conflito entre de carreiras”. Ou apenas mais um equivoco.
A celebridade da actriz é total e isso mesmo fica demonstrado na visita que Marilyn Monroe faz às tropas americanas deslocadas na Coreia. São 60.000 mil militares em estado de completa euforia que a recebem em apoteose.
Após participar em vários filmes como apenas mais um belo rosto de Hollywood, Marilyn Monroe estava pronta para transformar a sua imagem através de uma séria actuação profissional. Queria deixar os papéis de tontinha e interpretar Dostoievski. Em 1956, Marilyn parte para Nova Iorque e dá início aos seus estudos sob a direcção de Lee Strasberg, no Actors Studio, uma casa que formara Marlon Brando, James Dean ou Paul Newman, entre tantos outros. Nesse mesmo ano, junto com o fotógrafo Milton Greene, Marilyn lançou a “Marilyn Monroe Productions”, uma produtora que irá intervir na concretização de alguns projectos futuros, como "Bus Stop", de Joshua Logan (1956) e "The Prince and the Showgirl", de Laurence Olivier (1957). Em ambos os filmes ficam documentados os progressos da actriz em importantes papéis que exigem mais do que um rosto bonito e um corpo escultural. Em Londres, com Laurence Olivier como actor e realizador, Marilyn protagoniza um dos episódios mais desequilibrados da sua carreira, chegando sempre ao estúdio fora de horas e provocando a ira de Olivier. Tudo indica que será a partir desta época que a sua instabilidade psicológica se agrava.
No dia 29 de Junho de 1956, depois de vários casos sentimentais, amplamente testemunhados pela imprensa de coração de todo o mundo, Marilyn Monroe casa com o dramaturgo Arthur Miller.
Entretanto, Billy Wilder, outro dos grandes cineastas norte-americanos, ainda que de origem europeia (austríaco), o que lhe confere um tipo de humor diferente, mais adulto e cínico, dirige Marilyn em duas das suas melhores comédias, “The Seven Year Itch” (1955) e, sobretudo, “Some Like it Hot” (1959). Em 1960, outro mestre americano, George Cukor, realiza “Let’s Make Love”, onde Marilyn contracena com Yves Montand e nova situação explosiva se insinua durante a rodagem. A proximidade de Montand e Monroe não deixa ninguém indiferente, a começar pelos próprios. Durante as filmagens, Arthur Miller parte subitamente para o Nevada, deixando o par de actores entregue ao seu romance. Explosivo. Yves Montand acabado o filme regressa a Paris e à sua mulher, a actriz Simone Signoret. Marilyn sofre novo abalo.
O filme "The Misfits", último trabalho terminado da actriz, é escrito propositadamente por Miller para Marilyn, colocando-a ao lado de Clark Gable, que desde a infância, era o seu actor preferido e o homem que ela gostaria de ter tido como pai, ou algo mais. Tudo indica que Marilyn teria um problema edipiano mal resolvido, e toda a sua vida emocional e sexual parece ser uma longa procura do pai que nunca teve. Não será necessário ser um psiquiatra muito atento para inferir desta vida consumida em excessos uma conclusão destas. Um conjunto invulgar de episódios trágicos marca “Os Inadaptados”, que mantinha constantemente em estúdio, durante as filmagens, médicos para acompanharem quer Marilyn Monroe quer Montgomery Clift.
Em Agosto de 1960, Marilyn é hospitalizada e as filmagens suspensas. Retomadas pouco depois, são concluídas em 4 de Novembro. A 11 do mesmo mês anuncia-se a separação de Marilyn e Miller e a 16, Clark Gable morre vítima de um ataque cardíaco. Marilyn é acusada por Kay Gable, mulher do actor, de ter sido a causa da sua morte. O casamento entre Miller e Marilyn teve fim com o divórcio de 20 de Janeiro de 1961. Em Fevereiro, Marilyn tenta suicidar-se atirando-se de uma janela, mas fracassa nos seus intentos, sendo internada novamente numa clínica psiquiátrica de Nova Iorque. A dependência de drogas e do álcool acentua-se dramaticamente.
Em 1962, Marilyn foi considerada a estrela mais popular do mundo ("World's Most Popular Star") pelo Globo de Ouro (Golden Globe), demonstrando a sua fama e o reconhecimento internacional. No dia 5 de Agosto do mesmo ano, com apenas 36 anos de idade, Marilyn Monroe morreu enquanto dormia, na sua casa de Brentwood, Califórnia. Tinha o telefone a seu lado. Uma dose excessiva de barbitúricos foi a causa apontada na autópsia. Mas a sua morte continua envolta em mistério. Fala-se em assassinato. O seu romance com os Kennedys vem à baila.
O envolvimento com John F. Kennedy iniciara-se em finais de 1961. Na gala da celebração do aniversário do Presidente, no Madison Square Garden, a 6 de Maio de 1962, Marilyn canta o famoso "Happy Birthday To Mr. President” Também Bobby Kennedy ficou ligado a Marilyn com a suspeita de um “affair” numa data já muito próxima da sua morte. Por tudo isto, há quem fale de um silenciamento para impedir a revelação de algo comprometedor para alguém envolvido emocional e sexualmente com a actriz. O seu corpo foi sepultado no Westwood Memorial Park, em Los Angeles, Corridor of Memories, 24.
Deixou atrás de si trinta filmes, entre os quais um, inacabado, "Something's Got to Give". “Sei que pertenço ao público e ao mundo, não porque seja especialmente talentosa e bela, mas porque nunca pertenci a nada ou ninguém mais.”

Filmografia:
Como actriz
1947: The Shocking Miss Pilgrim (Sua Alteza a Secretária), de George Seaton
1947: Dangerous Years, de Arthur Pierson
1948: Scudda Hoo! Scudda Hay! ou Summer Lightning (Encanto da Mocidade), de F. Hugh Herbert
1948: Ladies of the Chorus, de Phil Karlson
1950: Love Happy ou Kleptomaniacs (Loucos por Mulheres), de David Miller, Leo McCarey (não creditado)
1950: A Ticket to Tomahawk, de Richard Sale
1950: The Asphalt Jungle (Quando a Cidade Dorme), de John Huston
1950: All About Eve (Eva), de Joseph L. Mankiewicz
1950: The Fireball ou The Challenge, de Tay Garnett
1950: Right Cross (Por um Amor), de John Sturges
1951: Home Town Story, de Arthur Pierson
1951: As Young as You Feel (Tão Jovem Quanto Possível), de Harmon Jones (TV)
1951: Love Nest (Um Ninho de Amor), de Joseph M. Newman (TV)
1951: Let's Make It Legal (Reconciliação), de Richard Sale (TV)
1952: Clash by Night (Conflito Nocturno), de Fritz Lang
1952: We're Not Married! (Não Estamos Casados), de Edmund Goulding
1952: Don't Bother to Knock (Os Meus Lábios Queimam), de Roy Ward Baker
1952: Monkey Business (A Culpa Foi do Macaco), de Howard Hawks
1952: O. Henry's Full House (Páginas da Vida), de Henry Hathaway, Howard Hawks, Henry King, Jean Negulesco e Henry Koster (episódio "The Cop and the Anthem", com Marilyn Monroe) 
1953: Niagara (Niagara), de Henry Hathaway
1953: Gentlemen Prefer Blondes (Os Homens Preferem as Loiras), de Howard Hawks
1953: How to Marry a Millionaire (Como se Conquista um Milionário), de Jean Negulesco
1954: River of No Return (Rio sem Regresso), de Otto Preminger e Jean Negulesco (este não creditado)
1954: There's No Business Like Show Business (Parada de Estrelas), de Walter Lang
1955: The Seven Year Itch (O Pecado Mora ao Lado), de Billy Wilder
1956: Bus Stop (Paragem de Autocarros), de Joshua Logan
1957: The Prince and the Showgirl (O Príncipe e a Corista), de Laurence Olivier
1959: Some Like It Hot (Quanto Mais Quente, Melhor), de Billy Wilder
1960: Let's Make Love ou The Millionaire (Vamo-nos Amar), de George Cukor
1961: The Misfits (Os Inadaptados), de John Huston  
1962: Something's Got to Give, de George Cukor (inacabado)

TONY CURTIS (1925-2010)
Tony Curtis, nome artístico de Bernard Schwartz, nasceu a 3 de Junho de 1925 em Nova Iorque, EUA, e faleceu a 29 de Setembro de 2010, com 85 anos, em Las Vegas, Nevada, EUA. Filho de um alfaiate húngaro imigrante, teve uma infância difícil no bairro do Bronx, em Nova Iorque. A mãe e um dos seus dois irmãos eram esquizofrénicos, o que fez com que ele e o outro irmão fossem internados num orfanato aos oito anos de idade, por impossibilidade do pai de tomar conta de todos. Fez o serviço militar na Marinha durante a II Guerra Mundial e assistiu à rendição japonesa na Baía de Tóquio, em 1945. De regresso aos EUA, estudou teatro, e, em 1948, em parte devido à sua bela aparência e ao sugestivo olhar, que o tornariam ídolo do público feminino nos anos seguintes, foi contratado pela Universal, viajando para Hollywood, onde teve aulas de esgrima e equitação e passou a assinar como Tony Curtis. O seu primeiro papel importante aconteceu em “Winchester '73”, de Anthony Mann. Foi quase sempre apenas considerado um "menino bonito", mas a verdade é que possuía talento que testemunhou em várias obras, sempre que puxavam por ele e o dirigiam com eficácia. Documentam-no filmes como “Sweet Smell of Success”, “The Defiant Ones”, “Boston Strangler”, “Trapeze”, “The Vikings”, “Operation Petticoat”, “The Rat Race”, “Spartacus”, “The List of Adrian Messenger”, “Paris, When It Sizzles”, “Goodbye Charlie”, “Sex and the Single Girl”, “The Great Race” ou “Boeing Boeing”, mas sobretudo “Some Like It Hot”, ao lado de Marilyn Monroe e Jack Lemmon. Trabalhou igualmente bastante na televisão (“The Persuaders, com Roger Moore, foi uma série bastante popular no início dos anos 70). O seu final de carreira como actor foi penoso, aparecendo em filmes muito medíocres. Nos anos 80, enveredou pela pintura, com algum sucesso. Tem um dos seus trabalhos exposto no Metropolitan Museum of Art de Nova York. Nunca ganhou um Oscar, mas foi nomeado pela sua participação em “Os Audaciosos” (The Defiant Ones, 1958). Tem uma estrela no Walk of Fame, em Hollywood Boulevard.
Casado seis vezes e teve seis filhos: Janet Leigh (1927 - 2004), Christine Kaufmann (1963 – 1967), Leslie Allen (1968 – 1982), Andrea Savio (1984 – 1992), Lisa Deutsch (1993 – 1994) e Jill Vandenberg Curtis (1998 - 2010). A actriz Jamie Lee Curtis (nascida em 1958) é filha do seu primeiro casamento.

Filmografia:
Como actor
1949: City Across the River (A Escola da Rua), de Maxwell Shane
1949: The Lady Gambles (A Tentação do Jogo), de Michael Gordon
1949: Criss Cross (Dupla Traição), de Robert Siodmak
1949: Take One False Step, de Chester Erskine (cenas eliminadas).
1949: Johnny Stool Pigeon (Johnny, o Denunciante), de William Castle.
1949: How to Smuggle a Hernia Across the Border, de Jerry Lewis
1950: Woman in Hiding (A Mulher Perseguida), de Michael Gordon
1950: Francis (Francis, o Macho que Fala), de Arthur Lubin.
1950: I Was a Shoplifter (Passei por Cadastrada), de Charles Lamont
1950: Sierra (O Segredo da Montanha), de A. E. Green
1950: Winchester '73 (Winchester '73), de Anthony Mann
1950: Kansas Raiders (Os Cavaleiros da Bandeira Negra), de Ray Enright
1951: The Prince Who Was a Thief (O Príncipe Ladrão), de Rudolph Maté
1952: Meet Danny Wilson (Ritmo da Vida), de Joseph Pevney (part. especial)
1952: Flesh and Fury (Dupla Vitória), de Jerry Hooper
1952: No Room for the Groom (O Noivo não tem Quart), de Douglas Sirk
1953: Houdini (Houdini, o Grande Mágico), de George Marshall
1953: Son of Ali Baba (O Filho de Ali Babá), de George Marshall
1953: Beachead (Fugitivos do Inferno), de Stuart Heisler
1953: The All-American, de Jesse Hibbs
1953: Forbidden (Amor Proíbido), de Rudolph Maté 
1954: The Black Shield of Falworth (O Escudo Negro), de Rudolph Maté
1954: Johnny Dark (Demónios Sobre Rodas), de George Sherman
1955: Six Bridges to Cross (A Ponte do Destino), de Joseph Pevney
1955: So This Is Paris (Isto é Paris), de Richard Quine
1955: The Purple Mask (O Máscara Vermelha), de H. Bruce Humberstone
1955: The Rawhide Years (Anos de Violência), de Rudolph Maté
1955: The Square Jungle (Dez Segundos de Silêncio), de Jerry Hooper
1956: Trapeze (Trapézio), de Carol Reed
1957: Mister Cory (Mister Cory), de Blake Edwards
1957: Sweet Smell of Success (Mentira Maldita), de Alexander Mackendrick
1957: The Midnight Story (O Segredo do Culpado), de Joseph Pevney
1958: The Vikings (Os Vikings), de Richard Fleischer
1958: The Defiant Ones (Os Audaciosos), de Stanley Kramer
1958: Kings Go Forth (Só Ficou a Saudade), de Delmer Daves
1958: The Perfect Furlough (Um Solteiro em Paris), de Blake Edwards
1959: Some Like It Hot (Quanto Mais Quente, Melhor), de Billy Wilder
1959: Operation Petticoat (Manobras de Saias), de Blake Edwards
1960: Who Was That Lady? (Quem Era Aquela Garota?) de George Sidney
1960: Spartacus (Spartacus), de Stanley Kubrick
1960: Pepe (Pepe), de George Sidney (cameo)
1960: The Rat Race (A Pousada das Ilusões), de Robert Mulligan
1961: The Outsider, de Daniel Mann
1961: The Great Impostor (O Mestre Impostor), de Robert Mulligan
1962: Tarass Boulba (Taras Bulba), de J. Lee Thompson
1962: 40 Pounds of Trouble (40 Quilos de Sarilhos), de Norman Jewison
1963: The List of Adrian Messenger (As Cinco Caras do Assassino), de John Huston
1963: Captain Newman, M.D., (O Combate do Capitão Newman), de David Miller
1964: Goodbye Charlie (Quando Ele era Ela), de Vincente Minnelli
1964: Sex and the Single Girl (A Solteira e o Atrevido), de Richard Quine
1964: Paris, When It Sizzles (Quando Paris Delira), de Richard Quine (part. especial)
1964: Wild and Wonderful (O Meu Rival), de Michael Anderson
1965: The Flintstones – episódio “The Return of Stony Curtis” (voz)
1965: The Great Race (A Grande Corrida à Volta do Mundo), de Blake Edwards
1965: Boeing Boeing (Boeing Boeing), de John Rich
1966: Not with My Wife, You Don't! (Com a Minha Mulher Não), de Norman Panama
1966: Arrivederci, Baby! (A Minha Última Condessa), de Ken Hughes
1966: Chamber of Horrors (O Estrangulador de Baltimore), de Hy Averback (part. especial)
1967: Don't Make Waves (Não Faças Ondas), de Alexander Mackendrick
1968: Rosemary's Baby (A Semente do Diabo), de Roman Polanski (voz) (não creditado)
1968: The Boston Strangler (O Estrangulador de Boston), de Richard Fleischer
1968: On My Way to the Crusades, I Met a Girl Who... (O Cinto da Castidade), de Pasquele Festa Campanile
1969: Those Daring Young Men in Their Jaunty Jalopies ou Monte Carlo or Bust (Os Gloriosos Calhambeques), de Ken Annakin
1969: Bracken's World (série de TV)
1970: You Can't Win 'Em All (Nem Sempre se Pode Ganhar), de Peter Collinson
1970: Suppose They Gave a War and Nobody Came? (Guerra de Malucos), de Hy Averback
1970: Les Baroudeurs
1971-1972: The Persuaders! (Os Persuasores) (série de TV)
1973: Shaft (série de TV)
1973: The Third Girl from the Left (telefilme)
1974: Mission: Monte Carlo (A Vingança de Monte Cristo) (telefilme)
1975: Lepke (Lepke, o Assassino), de Menahem Golan
1975: The Count of Monte Cristo (A Vingança de Monte Cristo), de David Greene
1975: The Big Rip-Off (telefilme)
1975-1976: McCoy (série de TV)
1976: London Conspiracy, de David Greene e James Hill
1976: The Last Tycoon (O Grande Magnate), de Elia Kazan
1976: Casanova & Co. (As 13 Mulheres de Casanova), de Franz Antel
1978: The Users (telefilme)
1978: Electric Light Orchestra Out of the Blue: Live at Wembley, de Mike Mansfield
1978: The Bad News Bears go to Japan, de John Berry
1978: The Manitou (Manitú) de William Girdler
1978: Sextette (América Louca), de Ken Hughes
1978-1981: Vega$ (série de TV)
1979: Title Shot, de Les Rose
1979: It Rained All Night the Day I Left (Os Alegres Aventureiros), de Nicholas Gessner
1980: Little Miss Marker (Jogar para Ganhar), de Walter Bernstein
1980: The Mirror Crack'd (Espelho Quebrado), de Guy Hamilton
1980: Moviola: The Scarlett O'Hara War (telefilme)
1981: Inmates: A Love Story (Romance na Prisão), de Guy Green (telefilme)
1981: The Million Dollar Face (telefilme)
1982: Othello, the Black Commando, de Max H. Boulois
1982: Portrait of a Showgirl (telefilme)
1983: Brainwaves, de Ulli Lommel
1983: Where is Parsifal? de Henri Helman
1983: The Fall Guy (série de TV)
1985: The Fantasy Film Worlds of George Pal (documentário)
1985: Insignificance (Uma Noite Inesquecível), de Nicolas Roeg
1986: Tragédia em Três Actos (telefilme)
1986: Banter ou The Last of Philip Banter, de Hervé Hachuel
1986: Club Life, de Norman Thaddeus Vane
1986: Mafia Princess, de Robert L. Collins (telefilme)
1986: Balboa, de James Polakof
1986: Murder in Three Acts (Tragédia em Três Actos), de Gary Nelson
1987: Sparky's Magic Piano (curta-metragem) (voz)
1988: Der Passagier - Welcome to Germany ou The Passenger - Welcome to Germany, de Thomas Brasch
1989: Midnight, de Norman Thaddeus Vane
1989: Tarzan in Manhattan, de Michael Schultz (telefilme)
1989: Walter & Carlo In America, de Jarl Friis-Mikkelsen e Ole Stephensen
1989: Lobster Man from Mars (Os Loucos Invasores do Espaço), de Stanley Sheff
1989: Charlie (telefilme)
1990: Thanksgiving Day (telefilme)
1991: Prime Target, de David Heavener e Phillip J. Roth
1992: Center of the Web, dev David A. Prior
1992: Hugh Hefner: Once Upon a Time (documentário)
1992: Christmas in Connecticut (Um Natal em Connecticut) de  Arnold Schwarzenegger (telefilme)
1992: Hollywood Babylon II (documentário)
1993: The Mummy Lives, de Gerry O'Hara
1994: Naked in New York, de Daniel Algrant
1994: A Century of Cinema (documentário)
1994: A Perry Mason Mystery: The Case of the Grimacing Governor (telefilme)
1994: Bandit: Beauty and the Bandit (telefilme)
1995: The Celluloid Closet (documentário)
1995: The Immortals (Imortais à Solta), de Brian Grant
1995: Hardball, de George Erschbamer
1996: Roseanne (série de TV)
1996: Lois & Clark: The New Adventures of Superman (série de TV)
1997: Brittle Glory, de Stewart Schill
1997: Elvis Meets Nixon, de Allan Arkush                   
1997: Alien X Factor, de Ulli Lommel
1998: Stargames, de Greydon Clark
1998: Louis & Frank, de Alexandre Rockwell
1998: Suddenly Susan (série de TV)
1999: Play It to the Bone, de Ron Shelton (part. especial)
2002: Reflections of Evil, de Damon Packard (narrador)
2004: Hope & Faith (série de TV)
2005: 8 Simple Rules (série de TV)
2005: CSI: Crime Scene Investigation (série de TV)
2006: Where's Marty?, de Nola Rocco
2007: The Blacksmith and the Carpenter, de  Chris Redish (curta-metragem) (voz)
2008: David & Fatima, de Alain Zaloum
2008: The Jill & Tony Curtis Story, de Ian Ayres (tema de documentário)
2013: Morella, de Adam Ropp (em produção)

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