domingo, 29 de junho de 2014

SESSÃO 40: 11 DE AGOSTO DE 2014




O GRANDE AMOR DA MINHA VIDA (1957)



“An Affair To Remember” é considerada uma das mais belas e tocantes histórias de amor contadas em cinema. Num inquérito organizado pelo American Film Institute, fica em quinto lugar, só ultrapassado por “Casablanca”, “Gone with the Wind”, “West Side Story”, “Roman Holiday”. História de amor, comédia dramática, melodrama, tudo isso se poderá dizer de “O Grande Amor da Minha Vida”, na sua versão de1957, assinada por Leo McCarey.
Muito se fala em cinema, e em literatura, de "drama” e “melodrama". Haverá quem se pergunte qual a distinção a estabelecer entre um e outro. Se a pergunta é cândida, a resposta não é fácil, já que a diferença se estabelece, pode dizer-se, a um nível de intensidade. Qualquer coisa como se o melodrama fosse o drama levado às suas últimas consequências.
Drama é toda a obra literária, teatral ou cinematográfica que aborde temas graves, infaustos, desgraças e outros eventos potencialmente comoventes. O melodrama  concentra, acumula, num crescente tom patético, sentimentos e situações de exagerada dramaticidade. O melodrama é, por isso mesmo, um género muito popular, nascido no tempo da Revolução Francesa, e que se estende até hoje, muitas vezes olhado com descrédito, mesmo desprezo, pelo público mais erudito. Tanto no teatro, como sobretudo no cinema, o melodrama aparece ainda associado à utilização de uma banda musical romântica e envolvente que mais e melhor especula com as emoções dos espectadores. Quando dá para o torto, chega a "fazer chorar as pedras da calçada", e às vezes é mesmo de "faca e alguidar", designações genuinamente populares que mostram bem a intensidade emotiva que atinge. Mas a história da literatura mundial tem dado excelentes exemplos de obras românticas, naturalistas e realistas, que se servem de alguns dos processos do melodrama para atingirem níveis de verdadeira excepção. No cinema, para falarmos já do que aqui nos interessa sobremaneira, a extremada manipulação dos sentimentos e das emoções é feita,  por vezes, de forma tão subtil  e com um pudor tal que muitas são as obras-primas que se orgulham do epíteto de melodramas.


Douglas Sirk é um autor admirável de títulos verdadeiramente inesquecíveis, e “An Affair To Remember” é também ele um excelente exemplo do melodrama, um dos melhores que o cinema norte-americano nos ofereceu até hoje. “O Grande Amor da Minha Vida”, de Leo McCarey, com um casal de actores invulgarmente inspirados, Cary Grant e Deborah Kerr, surge na década de 50, uma das mais proveitosas neste género.
Falemos para já um pouco de Leo McCarey. Nascido em 1898 e falecido em 1969, McCarey foi, curiosamente, um dos grandes autores de comédia. Iniciou a sua carreira nos estúdios de Hal Rouch, dirigindo curtas metragens burlescas de Charlie Chase e escrevendo várias histórias de Laurel e Hardy (os célebres Bucha e Estica), passando depois por cómicos como Eddie Cantor, W.C. Fields, Mae West, Harold Lloyd e os Marx Brothers, de que assinou uma das suas melhores comedias, “Duck Soup” (Os Grandes Aldrabões). Outra das suas mais espantosas realizações chama-se “Ruggles of Red Gap” (O Último Escravo), com um portentoso dueto de Charles Laughton e Charles Rugles. 


Estranhamente, ou talvez não, nestas coisas os extremos tocam-se e quem sabe fazer rir também não se sai nada mal a fazer chorar, Leo McCarey assinou igualmente algumas obras melodramáticas de boa qualidade, como os festejados “O Bom Pastor” (Going My Way), “Os Sinos de Stª Maria” (The Bells of St.Mary's) ou este sensacional “An Affair to Remember”, que é realmente um filme para recordar - pelo menos é um daqueles que eu não esqueço. Mas devo acrescentar que sou um sentimental, que gosto muito de melodramas, e, mais ainda, aceito de bom grado ser levado por uma boa história, bem conduzida com a emoção à flor da pele. Alguns, talvez mais sofisticados ou então mais empedrenidos, não vêem com bons olhos esta manipulação dos sentimentos, nem na ficção. Mas eu julgo que ela é perfeitamente legítima, quando concebida com arte, com subtileza, com amor, mesmo com bastante humor, como o demonstra esta notável obra de Leo McCarey, que é, já de si, uma remake de um outro filme deste cineasta, rodado em 1939, “Love Affair” (Ele e Ela), então interpretado por Charles Boyer e Irene Dunne. Para a versão de 1957, Leo McCarey escreveria o argumento de colaboração com outro cineasta, mestre do melodrama, Delmer Daves, nome que infelizmente não goza presentemente da reputação que lhe seria inteiramente merecida. Diz quem comparou as duas versões que a de 57 segue à risca, quase plano por plano, a de 39. Mas a de 57 socorre-se da cor e do Cinemascope, ambos magnificamente utilizados.
“An Affair to Remember” começa num tom de comédia sofisticada, a bordo de um transatlântico que parte da Europa e leva de regresso à América Nico Ferrante, um playboy, "mestre na arte de amar", que se prepara para casar com uma herdeira multimilionária, e Terry McCay, uma cantora de Boston, que se encontra noiva de um jovem empresário empreendedor. A viagem até Nova Iorque é particularmente divertida e Leo McCarey demonstra por que é  um dos grandes da comédia. A forma como, logo no início do filme, as várias rádios nacionais anunciam o noivado de Ferrante, é notável, os diálogos de Ferrante com Terry McCarey são brilhantes, o beijo que Cary Grant e Deborah Kerr dão a meio de umas das escadas é um dos mais belos beijos da hitória do cinema, mas o filme deixa insinuar um clima de preságio maligno a partir da visita que ambos fazem à velha casa da avó de Ferrante, no alto de Ville Franche. Rapidamente se instala o drama, curiosamente numa cena elidida pela púdica câmara de McCarey, fabuloso na arte de sugerir sem mostrar. Aliás, a obra tem esse fascínio suplementar, para quem gosta de cinema, de ser de uma eficácia de escrita sem mácula, sem um rodriguinho, sem uma excrescência desnecessária, jogando com a sugestão e a elipse de forma magnífica. O reencontro de Ferrante e Terry, iniciado numa conversa cheia de subtendidos e de sentidos desencontrados, é exemplo de um domínio de escrita invulgar.
Nomeado para 4 Oscars, destinados à fotografia de Milton Krasner, ao guarda-roupa de Charles Le Maire, à partitura musical de Hugo Friedhofer e à canção tema, que, na voz de Vic Damone, se tornaria um êxito internacional, “An Affair To Remember” julgo ser uma das mais conseguidas histórias de amor que o cinema dos ofereceu.






O GRANDE AMOR DA MINHA VIDA
Título original: An Affair to Remember
Realização: Leo McCarey (EUA, 1957); Argumento: Delmer Daves, Donald Ogden Stewart, Leo McCarey, Mildred Cram; Produção: Jerry Wald; Música: Hugo Friedhofer; Fotografia (cor): Milton R. Krasner; Montagem: James B. Clark; Direcção artística: Jack Martin Smith, Lyle R. Wheeler; Guarda-roupa: Charles Le Maire, Kay Reed, Mickey Sherrard; Decoração: Paul S. Fox, Walter M. Scott; Maquilhagem: Ben Nye, Helen Turpin; Direcção de produção: Gaston Glass; Assistentes de realização: Gilbert Mandelik, Jack Gertsman; Som: Harry M. Leonard, Charles Peck, Matt Vowles; Efeitos especiais: L.B. Abbott; Companhias de produção: Twentieth Century Fox Film Corporation, Jerry Wald Productions; Intérpretes: Cary Grant (Nickie Ferrante), Deborah Kerr (Terry McKay), Richard Denning (Kenneth Bradley), Neva Patterson (Lois Clark), Cathleen Nesbitt, etc. Duração: 119 minutos; Distribuição em Portugal: Twentieth Century Fox (DVD); Classificação etária: M/12 anos;  Estreia em Portugal: 7 de Outubro de 1957.


LEO MCCAREY 
(1896 – 1969)
Thomas Leo McCarey nasceu a 3 de Outubro de 1896, em Los Angeles, Califórnia, EUA, e faleceu a 5 de Julho de 1969, em Santa Monica, Califórnia, EUA, vítima de um enfisema. Os pais, Thomas McCarey, manager de boxeurs, e de Leona Mistrot McCarey, de origem francesa, deram-lhe uma educação católica e desportiva. Leo McCarey estudou na St. Joseph's Catholic School e na Los Angeles High School e foi pressionado pelo pai para terminar o curso de Direito. Exerceu advocacia durante muito pouco tempo. Ele próprio conta que “nunca ganhou uma causa e que uma vez foi posto fora do tribunal por uma mulher que ele defendia e que se considerava mal ajudada”. No filme “O Vendedor de Sonhos”, de Peter Bogdanovich, a personagem de um advogado que perde causas foi inspirada Em Mccarey. Começou a sua carreira ainda no mudo, com dezenas de curtas-metragens, entre as quais diversas de Bucha e Estica, dupla que ele ajudou a formar-se. Além de ter trabalhado com Stan Laurel e Oliver Hardy, dirigiu ainda W.C. Fields, e The Marx Brothers, nalgumas comédias, género em que era especialista. Iniciou a sua carreira como assistente de Tod Browning na Universal Studios. Sempre afirmou que o seu filme preferido era “Make Way for Tomorrow” (1937), obra saudada por muitos como uma das mais importantes saídas dos estúdios de Hollywood.  
Foi o primeiro autor a lograr receber, pelo mesmo filme, “Going My Way” (1945), três dos principais Oscars: Melhor Filme, Melhor Realizador e Melhor Argumento (adaptado). Somente mais seis realizadores o conseguiram depois: Billy Wilder, Francis Ford Coppola, James L. Brooks, Peter Jackson e Joel Coen e Ethan Coen. Quando, em 1937, recebeu o seu quarto Oscar de Melhor Realizador por “Com a Verdade Me Enganas”, afirmou estar muito agradecido pelo prémio, mas que lhe tinha sido atribuído pelo filme errado” (referia-se a “Make Way for Tomorrow”, realizado no mesmo ano). Foi ainda nomeado em 1939, com “Love Affair”, em 1940, pelo argumento de “My Favorite Wife” (dirigido por Garson Kanin), em 1946, como Melhor Realizador e Melhor Filme, com “The Bells of St. Mary's”, e, finalmente, em 1952, pelo argumento de “My Son John”. Casado com Stella Martin, desde 1920. Tem uma estrela no “Hollywood Walk of Fame”, em 1500 Vine Street.

Filmografia
Como realizador

1) Curtas-metragens
1921: Society Secrets
1924: Publicity Pays
1924: Young Oldfield
1924: Stolen Goods
1924: Jeffries Jr.
1924: Why Husbands Go Mad
1924: A Ten Minute Egg
1924: Seeing Nellie Home
1924: Sweet Daddy
1924: Why Men Work
1924: Outdoor Pajamas
1924: Sittin' Pretty
1924: Too Many Mammas
1924: Bungalow Boobs
1924: Accidental Accidents
1924: All Wet
1924: The Poor Fish
1924: The Royal Razz
1925: The Rat's Knuckles
1925: Hello Baby!
1925: Fighting Fluid
1925: The Family Entrance
1925: Plain and Fancy Girls
1925: Should Husbands Be Watched?
1925: Hard Boiled
1925: Is Marriage the Bunk?
1925: Bad boy
1925: Big Red Riding Hood
1925: Looking for Sally
1925: Une soirée de folie
1925: Isn't Life Terrible?
1925: Innocent Husbands
1925: No Father to Guide Him
1925: The Caretaker's Daughter
1925: The Uneasy Three
1925: Hold Everything
1925: His Wooden Wedding
1925: The Uneasy Three (não creditado)
1925: Isn't Life Terrible? (não creditado)
1925: What Price Goofy? (não creditado)
1926: Charley My Boy
1926: Mama Behave (não creditado)
1926: Dog Shy
1926: Mum's the Word (não creditado)
1926: Long Fliv the King
1926: Mighty Like a Moose
1926: Crazy Like a Fox
1926: Bromo and Juliet
1926: Tell 'Em Nothing
1926: Be Your Age
1927: Should Men Walk Home?
1927: Why Girls Say No
1927: Jewish Prudence
1927: Eve's Love Letters
1927: Don't Tell Everything
1927: Sugar Daddies
1927: What Every Iceman Knows (supervisão)
1927: Should Second Husbands Come First?
1927: The Way of All Pants
1927: Us (supervisão)
1927: Flaming Fathers
1928: Pass the Gravy
1928: The Family Group (supervisão)
1928: The Finishing Touch
1928: Came the Dawn (supervisão)
1928: Blow by Blow
1928: Tell It to the Judge
1928: The Fight Pest
1928: Should Women Drive?
1928: Imagine My Embarrassment (supervisão)
1928: Should Married Men Go Home?
1928: That Night
1928: Do Gentlemen Snore?
1928: Habeas Corpus
1928: Feed 'em and Weep (supervisão)
1928: We Faw Down
1929: Going Ga-ga (supervisão)
1929: Liberty (A Liberdade)
1929: Wrong Againt (Tudo ao Contrário)
1929: When Money Comes
1929: Why Is a Plumber?
1929: Big Business (supervisão)
1929: The Unkissed Man
1929: Madame Q
1929: Dad's Day
1951: You Can Change the World

2) Longas-metragens
1929: The Sophomore
1929: Red Hot Rhythm
1930: Wild Company
1930: Let's Go Native (Naufrágio Amoroso)
1930: Part Time Wife
1931: Indiscreet
1932: The Kid from Spain (Toureiro à Força)
1933: Duk Soup (Os Grandes Aldrabões)
1934: Poker party (Segunda Lua-de-Mel)
1934: Belle of the Nineties
1935: Ruggles of Red Gap (O Extravagante Senhor Ruggles)
1936: The Milky Way (Via Láctea)
1937: Make Way for Tomorrow
1937: The Awful Truth (Com a Verdade Me Enganas)
1939: Love Affair (Ele e Ela)
1942: Once Upon a Honeymoon (Lua Sem Mel)
1944: Going My Way (O Bom Pastor)
1945: The Bells of St. Mary's (Os Sinos de Santa Maria)
1948: Good Sam (O Bom Samaritano)
1951: You Can Change the World (documentário, curta-metragem)
1952: My Son John (Perseguem o Meu Filho)
1955: Screen Directors Playhouse (série de TV) – episódios “Tom and Jerry” e “Meet the Governor”
1957: Na Affair tio Remember (O Grande Amor da Minha Vida)
1958: Rally 'Round the Flag, Boys! (Morena Ardente)
1962: Satan Never Sleeps (O Diabo nunca Dorme)

CARY GRANT (1904 - 1986)
Archibald Alexander Leach, mais conhecido por Gary Grant, nasceu a 18 de Janeiro de 1904, em Horfield, Bristol, Inglaterra, e viria a falecer a 29 de Novembro de 1986, em Davenport, Iowa, EUA, aos 82 anos, vítima de uma hemorragia cerebral. Casado com Virginia Cherrill (1934 - 1935), Barbara Hutton (1942 - 1945), Betsy Drake (1949 - 1962), Dyan Cannon (1965 - 1968) e Barbara Harris (1981 - 1986). Conta-se que a mãe de Archibald, quando este era ainda muito miúdo, o vestia como uma menina, o que terá tido algum efeito perturbador na sua personalidade. O pai, por seu turno, levou-o, aos seis anos, a assistir a um espectáculo de pantomima que ele adorou. O produtor, Robert Lomas, que precisava de mais uma criança para o espectáculo, foi-lhe entregue Archibald, que partiu em tournée para Berlim. Aí, um empresário americano, Jesse Lasky, levou-os, a bordo do Lusitânia, com destino à Broadway. Regressou depois a Bristol, e aos estudos. Aos nove anos, passou a viver apenas com o pai, pois a mãe dera entrada num hospício. Aos treze, deixa a escola, falsifica a assinatura do pai, e entra para a companhia do comediante Bob Pender. Por dois anos apresentou-se em diversas cidades da Inglaterra até que, em Julho de 1920, com 16 anos, foi um dos escolhidos por Pender para uma nova tournée, esta de dois anos, pelos Estados Unidos. Archibald não voltaria a Inglaterra. Trabalhou como arrumador de cinema, vendeu gravatas e interpretou números de variedades. Depois viajou para Hollywood, onde a sua elegância e porte chamaram a atenção de Ben Schulberg, da Paramount, onde mudou de nome, passando a "Cary Grant". A estreia no cinema aconteceu em 1932, num musical medíocre, “Esposa Improvisada”, mas rapidamente lhe surgiu uma boa oportunidade, para trabalhar sob as ordens de Josef von Stenberg, ao lado de Marlene Dietrich, em “Vénus Loira”. Mas só em 1935, com “Sylvia Scarlett”, ombreando com Katharine Hepburn, adquiriu o estrelato, onde se manteve até final da vida, sendo considerado um dos maiores comediantes de sempre. Sucederam-se êxitos como “Bringing Up Baby” (1938), “Gunga Din” (1939), “His Girl Friday” (1940), “The Philadelphia Story” (1940), “Suspicion” (1941), “Arsenic and Old Lace” (1944). Em 1933, conheceu o actor Randolph Scott, o qual, segundo se sabia, era amante do milionário Howard Hughes. Mas a atracção entre ambos foi imediata e recíproca, e os dois passaram a ter uma longa e polémica relação homossexual, já que Scott se mudou para o apartamento de Grant. Os estúdios obrigaram-nos a morar em casas separadas e, face às pressões impostas, Grant nunca chegou a assumir publicamente que este teria sido o grande amor secreto de sua vida. No ano seguinte, foi “obrigado” a casar com a actriz Virginia Cherrill, mas o embuste ainda chamou mais a atenção, dado que Cary Grant, pouco depois, tentou o suicídio. Divorciado, voltou a morar com Randolph Scott. Em 1941, durante a II Guerra Mundial, tornou-se cidadão norte-americano, e, a 8 de Julho de 1942, casou-se com a milionária Barbara Hutton, de quem se divorciou três anos mais tarde. As décadas de 40 e 50 foram pródigas em grandes sucessos, como “Notorious” (1946), de Alfred Hitchcock, ao lado de Ingrid Bergman no filme de Alfred Hitchcock, a que se seguiram “The Bishop's Wife” (1947), “To Catch a Thief” (1955), “An Affair to Remember” (1957), “Indiscreet” (1958), ou “North by Northwest”. Com “Penny Serenade” (1941), e “None but the Lonely Heart” (1944) foi nomeado para o Oscar de Melhor Actor, que nunca conquistou. Mas em 1970, a Academia conferiu-lhe um Oscar honorário pelo conjunto da sua obra. Em 1957, casado com a actriz Betsy Drake, apaixonou-se perdidamente por Sophia Loren, mas esta, comprometida com o produtor italiano Carlo Ponti, não lhe correspondeu. Casa-se depois com a actriz Dyan Cannon, de quem também se divorciou, para voltar a casar em 1981, com a actriz Barbara Harris. Alfred Hitchcock, Leo McCarey e Howard Hawks, foram realizadores que sempre o preferiram, e conta-se que o escritor inglês Ian Fleming se baseou na sua figura, elegância e maneiras para criar a personagem de James Bond, 007. Chegou a receber um convite para encarnar a figura, o que recusou, vindo o mesmo a ser desempenhado por Sean Connery. Em 1966, depois do seu trabalho em “Walk, Don't Run”, terminou a sua carreira, pois se considerava fora dos estereótipos do galã, e nunca aceitaria trabalhar como actor secundário. No inquérito promovido pelo American Film Institute para encontrar as Grandes Lendas do Cinema, figura em 2º lugar, e foi votado o 6º maior actor da História do Cinema pela revista Entertainment Weekly. Na lista das 100 Maiores Histórias de Amor do Cinema, publicada pelo American Film Institute, e organizada em 2002, Gary Grant figura por seis vezes: “O Grande Amor da Minha Vida” (1957), em 5º lugar, “Casamento Escandaloso” (1940), “Com a Verdade Me Enganas (1937), em 77º, e “Difamação” (1946), em 87º. Cary Grant quase morreu no palco, pois teve uma hemorragia cerebral fulminante, aos 82 anos, ao sair do Teatro Adler, em Davenport, Iowa, onde ensaiava um espectáculo "An Evening With Cary Grant". Morreu poucas horas depois e o corpo seria levado para Los Angeles onde, conforme a sua vontade, foi cremado sem qualquer cerimónia fúnebre. Antes de morrer, avisou a mulher e os filhos de que “depois de morto, coisas horríveis iriam ser ditas a seu respeito”.

Filmografia:
como actor

1932: This Is the Night (Esposa Improvisada), de Frank Tuttle
1932: Sinners in the Sun, de Alexander Hall
1932: Singapore Sue, de Casey Robinson (curta-metragem)
1932: Merrily We Go to Hell (Quando a Mulher se Opõe), de Dorothy Arzner
1932: Devil and the Deep (Entre Duas Águas), de Marion Gering
1932: Blonde Venus (A Vénus Loira), de Josef von Sternberg
1932: Hot Saturday, de William A. Seiter
1932: Madame Butterfly (Madame Butterfly), de Marion Gering
1933: She Done Him Wrong (Uma Loira para Três), de Lowell Sherman
1933: The Woman Accused (Seis Dias de Amor), de Paul Sloane
1933: The Eagle and the Hawk (Dragões da Morte), de Stuart Walker
1933: Gambling Ship (O Casino do Mar), de Louis Gasnier e Max Marcin
1933: I'm No Angel (Não Sou um Anjo), de Wesley Ruggles
1933: Alice in Wonderland (Alice no País das Fadas), de Norman Z. McLeod
1934: Thirty Day Princess (30 Dias Princesa), de Marion Gering
1934: Born to Be Bad (Nascida para o Mal), de Lowell Sherman
1934: Kiss and Make Up (Templo de Beleza), de Harlan Thompson
1934: Ladies Should Listen (Mulheres Tomem Cautela), de Frank Tuttle
1935: Enter Madame (Meu Marido vai Casar), de Elliott Nugent
1935: Wings in the Dark (Asas nas Trevas), de James Flood
1935: The Last Outpost (A Última Avançada), de Charles Barton e Louis Gasnier
1935: Pirate Party on Catalina Isle (curta-metragem) (não creditado)
1935: Sylvia Scarlett (Sylvia Scarlett), de George Cukor
1936: Big Brown Eyes (Aqueles Olhos Negros), de Raoul Walsh
1936: Suzy (Suzy e a Espia), de George Fitzmaurice
1936: The Amazing Quest of Ernest Bliss (Aposta Original), de Alfred Zeisler
1936: Wedding Present, de Richard Wallace
1936: Fashions in Love (curta-metragem)
1937: When You're in Love (Prelúdio de Amor), de Robert Riskin
1937: Topper (O Par Invisível), de Norman Z. McLeod
1937: The Toast of New York (Três Aventureiros), de Rowland V. Lee
1937: The Awful Truth (Com a Verdade Me Enganas), de Leo McCarey
1938: Bringing Up Baby (Duas Feras), de Howard Hawks
1938: Holiday (A Irmã da Minha Noiva), de George Cukor
1939: Gunga Din (Gunga Din), de George Stevens
1939: Only Angels Have Wings (Paraíso Infernal), de Howard Hawks
1939: In Name Only (Engano Nupcial), de John Cromwell
1940: His Girl Friday (O Grande Escândalo), de Howard Hawks
1940: My Favorite Wife (A Minha Mulher Favorita), de Garson Kanin
1940: The Howards of Virginia (Paixão da Liberdade), de Frank Lloyd
1940: The Philadelphia Story (Casamento Escandaloso), de George Cukor
1941: Penny Serenade (A Canção da Saudade), de George Stevens
1941: Suspicion (Suspeita), de Alfred Hitchcock
1942: The Talk of the Town (O Assunto do Dia), de George Stevens
1942: Once Upon a Honeymoon (Lua Sem Mel), de Leo McCarey
1943: Mr. Lucky (O Senhor Felizardo), de H.C. Potter
1943: Destination Tokyo (Rumo a Tóquio), de Delmer Daves
1944: Once Upon a Time (O Eterno Fantasista), de Alexander Hall
1944: None But the Lonely Heart (O Vagabundo), de Clifford Odets
1944: Arsenic and Old Lace (O Mundo É um Manicómio), de Frank Capra   
1944: The Shining Future (curta-metragem)
1946: Without Reservations (A Viajante Clandestina), de Mervyn LeRoy
1946: Night and Day (Fantasia Dourada), de Michael Curtiz
1946: Notorious (Difamação), de Alfred Hitchcock
1947: The Bachelor and the Bobby-Soxer (O Solteirão e a Pequena), de Irving Reis
1947: The Bishop's Wife (O Mensageiro do Céu), de Henry Koster
1948: Mr. Blandings Builds His Dream House (O Lar dos Meus Sonhos), de Henry C. Potter
1948: Every Girl Should Be Married (Todas as Raparigas Devem Casar), de Don Hartman
1949: I Was a Male War Bride (Fizeram-me Passar por Mulher), de Howard Hawks
1950: Crisis), de Richard Brooks
1951: People Will Talk (Falam as Más-Línguas), de Joseph L. Mankiewicz
1952: Room for One More (Sempre Cabe Mais Um), de Norman Taurog
1952: Monkey Business (A Culpa Foi do Macaco), de Howard Hawks
1953: Dream Wife (A Esposa Ideal), de Sidney Sheldon
1955: To Catch a Thief (Ladrão de Casaca), de Alfred Hitchcock
1957: An Affair to Remember (O Grande Amor da Minha Vida), de Leo McCarey
1957: The Pride and the Passion (Orgulho e Paixão), de Stanley Kramer
1957: Kiss Them for Me (Quatro Dias de Loucura), de Stanley Donen
1958: Indiscreet (Indiscreto), de Stanley Donen
1958: Houseboat (Quase nos Teus Braços), de Melville Shavelson
1959: North by Northwest (Intriga Internacional), de Alfred Hitchcock
1959: Operation Petticoat (Manobra de Saias), de Blake Edwards
1960: The Grass Is Greener (Ele, Ela e o Marido), de Stanley Donen
1962: That Touch of Mink (Carícias de Luxo), de Delbert Mann
1963: Charade (Charada), de Stanley Donen
1964: Father Goose (Grão-Lobo Chama), de Ralph Nelson
1966: Walk Don't Run (Devagar, não Corra), de Charles Walters

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