segunda-feira, 30 de junho de 2014

SESSÃO 43: 8 DE SETEMBRO DE 2014

 A SEDE DO MAL (1958)


A abrir “Touch of Evil” (1958), Orson Welles oferece-nos desde logo uma sequência magnífica que ficará para sempre como referência mítica na história do cinema: durante alguns (longos) minutos (o que nunca antes fora tentado) assiste-se a um plano sequência que se inicia no México e, passada a fronteira que liga dois países, acabará nos EUA. Percebemos que alguém coloca uma bomba relógio num carro estacionado num parque de estacionamento da pequena localidade de Los Robles, vemos um milionário norte-americano sentar-se ao volante, tendo a seu lado a amante, vemos o carro arrancar em direcção à fronteira, cruzando-se com o investigador da luta anti-narcóticos, Miguel Vargas (Charlton Heston) e a sua jovem esposa (Janet Leight), que acabam de viver a sua lua-de-mel no México, e, já depois de ultrapassado o controle, ouve-se o detonar da bomba e vê-se o carro erguer-se no ar envolto em chamas e cair no alcatrão. O atentado concretiza-se em terra americana, por isso é chamado à investigação o experimentado capitão Hank Quinlan (Orson Welles), mas como o engenho fora colocado ainda em solo mexicano, Miguel Vargas interessa-se pelo acontecido e acompanha o inquérito.

Quinlan, que baseia grande parte do sucesso das suas investigações na intuição e nas indicações que a sua perna aleijada lhe vai apontando, chega rapidamente a um suspeito, Sanchez, um mexicano que se casara secretamente com a filha do milionário e que, por isso mesmo, oferece um bom motivo para perpetrar o assassinato. Como as provas não abundam, e só fala o instinto (e um certo racismo, mal disfarçado, para com os mexicanos), Quintan resolve colocar algumas cargas de dinamite em casa de Sanchez para o incriminar, procedimento que desgosta Vargas, surgindo entre ambos uma disputa que tem a ver com métodos de trabalho e morais contraditórias. Mas Quinlan associa-se à Mafia local, contacta com a família de Grandi, e tenta intimidar Vargas e pôr em causa os seus processos. São duas concepções de justiça que se opõem, sentindo-se o efeito da venalização por comportamentos nada ortodoxos.

Com uma fotografia notável e excelente iluminação de mestre Russell Metty, jogando abertamente com a influência expressionista, sobretudo na forma como descreve os ambientes nocturnos da pobre vila mexicana, na mão de “gangs” de mafiosos, “A Sede do Mal” atenta sobretudo na análise de mais uma das grandes personagens impostas pelo génio de Welles: Quinlan, que vive obcecado pelo assassinato da mulher, estrangulada trinta anos antes, e que deixou pesadas marcas no seu comportamento: “Esse foi o último culpado que me escapou”, afirma Quinlan, que promete luta sem cartel ao submundo do crime, nem que para tanto tenha de forjar provas e criar um estatuto de “justiceiro” por conta própria. O seu código de honra é muito especial, e ajusta-se perfeitamente à aparência física da personagem, criada e interpretada por Orson Welles.

 Polícia sem moral, corrupto, não olhando a meios para alcançar os fins em vista, Quinlan associa à repugnância da sua “monstruosa” aparência a falta de ética e de princípios do seu íntimo. Como representante da Lei, Quinlan é um bom exemplo do que esta não deve ser, apesar de (ou agravado por esse facto) ir criando seguidores e admiradores, como o seu amigo e ajudante (e já cúmplice!) Menzies. As razões psicológicas que poderemos encontrar para explicar a personagem, não nos permitem valorizar positivamente os seus processos, que contêm esse “touch of evil” que tanto fascina Welles ao longo de toda a sua carreira de cineasta.

Inicialmente, o filme parecia destinado a ser mais um “policial” ou “filme negro” de série B, mas a genialidade de estilo de Orson Welles fez desta obra um trabalho absolutamente invulgar e absorvente, quer pela forma como desenha as figuras contra o cenário miserável e decadente do “pueblo”, quer pela maneira brilhante como a narrativa se estabelece, com contínuos “tours de force” de uma realização inventiva e eficaz, que cria um clima malsão e o impõe de forma fulgurante e coerente. 

Orson Welles conta como “A Sede do Mal” lhe foi parar às mãos: “No que diz respeito ao tema, impuseram-mo. Não me apresentei no estúdio declarando: "Quero filmar esta história". Eles já a tinham. Quanto à realização, fui encarregado dela por acaso: haviam contactado Charlton Heston para representar o papel principal: "Quem é que está mais neste filme? " perguntou ele. Responderam-lhe: "Talvez pudéssemos ter Orson Welles". Ele julgou que queriam dizer que era como realizador, e comentou logo: "Oh! Representarei não importa em que filme realizado por Orson Welles." Daí, pensaram: "Ah, então mais vale pedir-lhe para fazer o filme!" Transformei o argumento que me tinham dado, reescrevendo certas cenas até ao momento de rodar a manivela e outras durante a rodagem, remodelando a história. Portanto, o meu papel de autor, neste filme, só se exerceu dentro de certos limites impostos pelos elementos do argumento de que dispunha à partida. Por outro lado, como acontece quando queremos fazer um filme que toque um largo público, senti-me forçado a dar à minha realização um estilo que tivesse um valor, um interesse, tanto para os cinéfilos atentos como para os miúdos que vão ao “drive-in”.
Mas a sua realização é definitivamente marcante: os ângulos de filmagem oblíquos, causando estranheza no espectador, a profundidade de campo da grande angular utilizada, criando uma perspectiva “em fuga” para um ponto do horizonte que por vezes conduz ao beco sem saída mais completo (“Não tens futuro. O futuro esgotou-se”, diz Tana a Quinlan), os movimentos de grua, com vistas áreas que planam sobre as figuras, captando-as como insectos ou monstros descomunais, a representação escolhida para impor algumas personagens, tudo serve um estilo determinado, barroco na expressão, simbólico nalguns momentos (“ Era um chui nojento. Era um homem”), de uma clareza desarmante noutras alturas. “Estou farto de andar atrás da verdade. Lidar com patifes, pode fazer ficar-se como eles”, diz Menzies na sequência final, antes de Quinlan tentar lavar na água as mãos sujas de sangue. Mas é tarde demais. “The Touch of Evil” está presente.
O filme não estreou como Orson Welles o havia idealizado. Ele próprio o explicou, numa entrevista aos “Cahiers du Cinema”: Deram-me carta branca durante toda a rodagem; foi na verdade uma magnífica experiência. Depois, assim que a rodagem chegou ao fim, o estúdio fechou e toda a gente foi posta na rua; não sei quantas pessoas exactamente, mas pelo menos quinhentos a seiscentos empregados foram dispensados. Era a grande reorganização, período durante o qual ninguém sabia ao certo o que se passava. O produtor - não fui eu que produzi este filme - o meu produtor, Zugsmith, foi trabalhar para a MGM. É uma história aborrecida, não passa de intrigas. Enfim, de repente não havia mais produtor, e não me autorizaram a acabar a minha montagem, foram incorporadas duas ou três cenas que eu nem tinha escrito nem dirigido, nunca me convidaram a ver o meu filme terminado”.

A SEDE DO MAL
Título original: Touch of Evil
Realização: Orson Welles (EUA, 1957); Argumento e diálogos: Orson Welles, segundo Badge of Evil, romance de Whit Masterson. Fotografia: Russell Metty.  Música: Henry Mancini. Cenários: Russell A. Gausman e John Austin. Guarda-Roupa: Bill Thomas.  Montagem: Virgil W. Vogel e Aaron Stell. Assistentes de encenação: Phil Bowles e Terry Nerson.  Som: Leslie I. Carey e Frank Wilkinson. Direcção artística: Alexander Golitzen e Robert Clatworthy; Produção: Albert Zugsmith, para Universal-International; Intérpretes: Charlton Heston (Mike Vargas), Janet Leigh (Susan Vargas), Orson Welles (Hank Quinlan), Joseph Calleia (Pete Menzies), Akim Tamiroff («Uncle» Joe Grandi), Joanna Morre (Marcia Linnekar), Ray Collins (Adair), Dennis Weaver (guarda nocturno), Valentin de Vargas (Pancho), Mort Mills (Schwartz), Victor Milian (Manolo Sanchez), Lalo Rios (Risto), Michael Sargent ("Pretty Boy"), Marlène Dietrich (Tanya), Zsa Zsa Gabor, Keenan Wynn, Mercedes McCambridge, Joseph Cotten, etc. Rodado nos estúdios da Universal, em Hollywood, e em exteriores em Venice (Califórnia); Duração: 108 minutos; Estreia: Fevereiro de 1958 (EUA); Distribuição internacional: Universal International; Distribuição em Portugal (cópia nova): Atalanta Filmes; Universal (DVD); Classificação: M/ 12 anos.


 
ORSON WELLES

Completa filmografia aparecida na folha de “O Mundo a seus Pés”

ORSON WELLES
2. Como actor

1934: The Hearts of Age, de Orson Welles e William Vance
1941: Citizen Kane (O Mundo a Seus Pés), de Orson Welles (como Charles Foster Kane)
1942: Journey Into Fear (A Jornada do Medo), de Norman Foster (e Orson Welles) (como Coronel Haki)
1942: The Magnificent Ambersons (O Quarto Mandamento), de Orson Welles
1944: Follow the Boys (Parada da Alegria), de Edward Sutherland (como O.W.)
1944: Jane Eyre (A Paixão de Jane Eyre), de Robert Stevenson (como Edward Rochester) 
1946: Duel in the Sun (Duelo ao Sol), de King Vidor (Narrador)
1946: The Stranger (O Criminoso), de Orson Welles (como Franz Kindler, aliás Charles Rankin)
1946: Tomorrow is Forever (Amanhã Viveremos), de Irwin Pichel (como John Macdonald)
1948: The Lady from Shanghai (A Dama de Xangai), de Orson Welles (como Michael O’Hara)
1948: Macbeth (Macbeth), de Orson Welles (como Macbeth)
1949: Black Magic / Cagliostro (Cagliostro), de Gregory Ratoff (co­mo Cagliostro)
1949: Prince of Foxes (O Favorito dos Bórgias), de Henry King (como César Borgia)
1949: The Third Man (O Terceiro Homem), de Carol Reed (como Harry Lime)
1950: The Black Rose (A Rosa Negra), de Henry Hathaway (como General Bayan)
1951: Return to Gleunascaul, de Hilton Edwards (curta metragem)
1952: Othello (Othello), de Orson Welles (como Othello)
1952: Rent's Last Case (O Último Caso de Trent), Herbert Wilcox; (como Sigsbee Manderson)
1953: Royal Affairs in Versailles / Si Versailles M'etait Conté / Affairs In Versailles (Se Versalhes Falasse...), de Sacha Guitry (como Benjamin Franklin).
1954: Three Cases of Murder (Três Crimes), episódio de George More O' Ferrall (como Lord Mountdrago)
1954: Napoleon (Napoleão), de Abel Gance (como Hudson Lowe).
1955: Don Quixote / Don Kikhot, de Orson Welles (narrador)
1955: Mr. Arkadin / Confidential Report (Relatório Confidencial), de Orson Welles (como Gregory Arkadin)
1955: Touble in the Sahdow, de Herbert Wilcox (como Sanin Cejador y Mengues)
1956: Moby Dick (Moby Dick), de John Huston (como Padre Mapple)
1957: Man in the Shadow (O Salário do Diabo), de Jack Arnold (como Virgil Renkler).
1957: Touch of Evil (A Sede do Mal), de Orson Welles (como Hank Quinlan).
1958: The Long Hot Summer (Paixões que Escaldam), de Martin Ritt (como Varner)
1958: The Roots of Heaven (As Raizes do Céu), de John Huston (como Cy Sedgwick)
1958: South Seas Adventure (Aventuras nos Mares do Sul), de C. Dubley, F. D. Lyon, W. Thompson, B. Wrangel, R. Goldstone (Narrador)
1958: The Vikings (Os Vikings), de Richard Fleischer (Narrador)
1959: Compulsion (O Génio do Mal), de Richard Fleischer (como Jonathan Wilk);   
1959: High Journey, de Peter Bayliss (Narrador)
1960: The Battle of Austerlitz (Austerlitz), de Abel Gance (como Fulton)
1960: Crack in the Mirror (Drama Num Espelho), de Richard Fleicher (como Hagolin e Lamorciêre)
1961: David and Goliath (David e Golias), de Richard Pottier e Ferdinandi Baldi (como Saul)
1961: Ferry to Hong Kong (Passagem Para Hong-Kong), de Lewis Gilbert (como Capitan Hart).
1961: King of Kings (O Rei dos Reis), de Nicholas Ray           
1962: La Fayette (La Fayette), de Jean Dreville (como Benjamin Franlin)
1962: Rogopag (Rogopag), R. Rossellini, J.-L. Godard, P.P. Pasolini e U. Gregoreti (como ralizador, no episódio de P. P. Pasolini)
1962: The Tartars / I Tartari (Os Tártaros), de Richard Thorpe (como Burun­dai);
1962: The Trail (O Processo), de Orson Welles (como Hastler)
1963: THE V.I.P.S (Hotel Internacional), de Anthony Asquith (como Max Buda)
1964: The Finest Hours, de Peter Bayliss (Narrador)
1965: A King's Story, de Harry Booth (Narrador)
1965: Marco, the Magnificent / La Fabuleuse Aventure de Marco Polo (A Grande Aventura de Marco Polo), de Denys de la Pattellière e Noel Howard (como Acerman)
1966: Chimes At Midnight / Falstaff (As Badaladas da Meia Noite), de Orson Welles (como Falstaff)
1966: Is Paris Burning? / Paris Brule-T-Il? (Paris Já Está a Arder?), de René Clément (como Consulo Raoul Nordling)
1966: A Man For All Seasons (Um Homem para a Eternidade), de Fred Zinneman (como Cardeal Wolsey)
1966: Portrait D' Orson Welles, de François Reichenbach (como O.W.)
1967: Casino Royale (Casino Royal), de K. Hughes, V. Guest, J. Huston, R. Parrish e J. McGrath (como Le Chiffre)
1967: I'll Never Forget What's 'Is Name (O Falhado), de Michael Winner (como Jonathan Lute)
1967: The Sailor From Gibraltar, de Tony Richardson; (como Como Luis de Moçambique)
1968: The Immortal Story / Histoire Immortelle (História Imortal), de Orson Welles (como Mr. Clay)
1968: The Last Roman, de John Guillermin (como Imperador Justiniano)
1968: Oedipus the King, de Philip Saville (como Tiresias)
1969: House of Cards (A Sombra de Um Homem), de John Guillermin (como Chrales Leschenhaut)
1969: The Southern Star (A Estrela do Sul), de S. Hayers (como Planett)
1969: Mihai Viteazu, de Sergiu Nikolaescu
1969: Tepepa (Tepepa), de Giulio Petroni e Luciano Lucignani (como Plankett)
1970: Catch-22 (Artigo 22), de Mike Nichols (como General Dreedle)
1970: The Kremlin Letter (A Carta do Kremlin), de John Huston (como Alesei Bresnavitch)
1970: Start the Revolution Without Me (Comecem a Combater sem Mim), de Bud Yorkin (como O.W.)
1970: The Thirteen Chairs, de Nicholas Gessner (como Markau)
1970: Upon This Rock, de Harry Rasky (como Michelangelo)
1971: The Battle of Neretva / Bitka na Neretvi (A Batalha de Neretvi), de Velko Bulajic (como Senador)
1971: A Safe Place, de Henry Jaglom (como Mago)
1971: Waterloo (Waterloo), de Serghei Bondarchuk (como Luis XVIII)
1971: Malpertuis (Malpertuis), de Harry Kumel (como Cassave)
1971: To Kill a Stranger, de Peter Collinson
1972: Get To Know your Rabbit, de Brian De Palma (como Dalessandro)
1972: Necromancy / The Witching / Rosemary's Disciples, de Bert Gordon;
1972: La Décade Prodigieuse (A Década Prodigiosa), de Claude Chabrol (como Theo Van Horn)
1972: The Crucifiction, de Robert Guenette (Narrador)
1972: Treasure Island (A Ilha do Tesouro), de John Hough e Andrea Bianchi (como John Silver)
1972: Sutjeka, de Stipe Delic (como Winston Churchill)
1972: Future Shock, de Alex Grasshoff (como O.W.)
1972: F For Fake, de Orson Welles (como O. W.)
1975: Bugs Bunny Superstar, de Larry Jackson (narrador)   
1975: Ten Little Indians / And Then There Were None, de Peter Collinson
1975: The Challenge of Greatness, de Herbert Line (narrador)
1976: Voyage of The Damned (A Viagem dos Malditos), de Stuart Rosenberg (como Raul Estevez)
1977: It Happened on Christmas, de Donald Wrye
1978: Filming Othello, de Orson Welles (como O.W.)
1978: Hot Tommorrows, de Martin Brest (narrador)
1979: Never Trust an Honest Thief, de Gerge McCowan
1979: Nikole Tesle, de Krsto Papic (como Yug)
1979: The Double Mcguffin, de Joe Camp
1979: The Late Great Planet Earth, de Robert Amram (narrador)
1979: The Shah of Iran, de Walter Ellaby (narrador)
1979: The Muppet Movie, de James Frawley (como J.P.Morgan)
1980: Shogun (Shogun, o Senhor da Guerra), de Jerry London        
1981: Butterfly, de Matt Cimber (como Juiz)
1981: History of The World: Part 1, de Mel Brooks (narrador)
1981: The Man Who Saw Tommorrow, de Robert Guenette (narrador)
1982: Orson Welles à la Cinémathèque, de Pierre André Boutang (como O.W.)
1984: Where Is Parsifal?, de Henri Helman

CHARLTON HESTON 
(1923 – 2008)
John Charles Cárter, ou Charlton Heston, como ficou conhecido, nasceu a 4 de Outubro de 1923, em Evanston, EUA, e faleceu a 5 de Abril de 2008, com 84 anos, em Beverly Hills, EUA. Desde 2002 que a sua saúde se deteriorara, com sintomas similares aos de Alzheimer. Encontra-se sepultado no Saint Matthew's Episcopal Church Columbarium, Pacific Palisades, Los Angeles, Califórnia.
Aos dez anos, os pais separaram-se e a mãe voltou a casar, desta feita com Chester Heston, tendo a família mudado para um subúrbio de Chicago, e ele adoptado o nome do padrasto. Nos estudos, Charlton mostrou-se particularmente dotado para as artes dramáticas, tendo ganho uma bolsa de estudo que lhe permitiu ingressar na universidade. Em 1944, abandonou os estudos e alistou-se na força aérea do exército, onde serviu como operador de rádio de bombardeiros B-25, nas Ilhas Aleutas, durante a II Guerra Mundial. Era sargento e por essa altura casou com Lydia Clarke, uma antiga colega da faculdade, com quem viveu até à morte. Regressado a Nova Iorque, Charlton Heston iniciou uma carreira de actor de teatro, em obras como “Macbeth” e “Marco António e Cleópatra”. Rapidamente se envolveu com o cinema, sendo o seu trabalhado reconhecido sobretudo a partir de “Dark City”, em 1950. Teve uma carreira brilhante, com quase duas centenas de obras, entre cinema e televisão, com uma interpretação enérgica e musculada, mas sensível e eficaz. Apareceu em dezenas de grandes sucessos, mas foi particularmente notado em obras históricas e aventuras, como “Os Dez Mandamentos”, “Ben-Hur”, com o qual ganhou o seu Oscar de Melhor Actor, “El Cid” ou “55 Dias de Pequim”, mas dispersando o seu talento e energia em muitos outros trabalhos inesquecíveis: “A Sede do Mal”, “Da Terra Nascem os Homens”, “O Corsário Lafitte”, “Major Dundee”, “A Maior História de Todos os Tempos”, “A Agonia e o Êxtase”, “O Senhor da Guerra”, “Will Penny”, “O Homem Que Veio do Futuro”, “O Último Homem na Terra”, “António e Cleópatra”, “Os Três Mosqueteiros”, “À Beira do Fim” ou “Terramoto”, para só citar alguns. Ganhou o Cecil B. DeMille Award, o Screen Actors Guild Life Achievement Award, o prémio especial da Academy of Science Fiction, Fantasy & Horror Films, e tem a sua Estrela da Fama em 1620 Vine Street.

Filmografia:
Como actor
1941: Peer Gynt, de David Bradley (filme estudantil)
1949-1951: Suspense (série de TV)
1949-1952: Studio One (série de TV)
1950: Julius Caesar, de David Bradley
1950: Dark City (A Cidade Tenebrosa), de William Dieterle
1950: The Clock (série de TV)
1950-1953: The Philco Television Playhouse (série de TV)
1951: Lux Video Theatre (série de TV)
1951-1957: Schlitz Playhouse of Stars (TV series)
1952: The Greatest Show on Earth (O Maior Espectáculo do Mundo), de Cecil B. DeMille
1952: Ruby Gentry (A Fúria do Desejo), de King Vidor
1952: Curtain Call (série de TV)
1952: The Savage (O Selvagem), de George Marshall
1952: The President's Lady (A Dama Marcada), de Henry Levin
1952-1955: Robert Montgomery Presents (série de TV)
1953: The Naked Jungle (Marabunta), de Byron Haskin
1953: Arrowhead (O Apache Branco), de Charles Marquis Warren
1953: Pony Express (Buffalo Bill, o Indomável), de Jerry Hopper    
1953: Bad for Each Other (Com a Vossa Vida nas Mãos), de Irving Rapper
1953: Three Lives (curta-metragem)
1953: Medallion Theatre (série de TV)
1954: Secret of the Incas (O Segredo dos Incas), de Jerry Hopper
1954: Danger (série de TV)
1954: Your Show of Shows (série de TV)
1955: Lucy Gallant (Orgulho Contra Orgulho), de Robert Parrish
1955: The Private War of Major Bensonb (A Guerra Íntima do Major Benson), de Jerry Hopper
1955: The Far Horizons (Horizontes Desconhecidos), de Rudolph Maté
1955: General Electric Theater (série de TV)
1955: Omnibus (série de TV)
1955-1957: Climax! (série de TV)
1956: Three Violent People (Esquece o Meu Passado), de Rudolph Maté
1956: The Ten Commandments (Os Dez Mandamentos), de Cecil B. DeMille
1956: The Jackie Gleason Show (série de TV)
1956-1958: Playhouse 90 (série de TV)
1958: Touch of Evil (A Sede do Mal), de Orson Welles
1958: Shirley Temple's Storybook (série de TV)
1958: The Big Country (Da Terra Nascem os Homens), de William Wyler
1958: The Buccaneer (O Corsário Lafitte), de Anthony Quinn
1958: Screen Snapshots: Salute to Hollywood, de Ralph Staub         
1959: The Wreck of the Mary Deare (O Mistério do Navio Abandonado), de Michael Anderson
1959: Ben-Hur (Ben-Hur), de William Wyler
1961: El Cid (El Cid), de Anthony Mann
1961: Alcoa Premiere (série de TV)
1962: Diamond Head (A Fronteira do Pecado), de Guy Green
1962: The Pigeon That Took Rome (O Pombo que Conquistou Roma), de Melville Shavelson
1963: 55 Days at Peking (55 Dias em Pequim) de Andrew Marton
1963: The Patriots (telefilme)
1964: Major Dundee (Major Dundee), de Sam Peckinpah
1964: The Greatest Story Ever Told (A Maior História de Todos os Tempos), de George Stevens
1965: The Agony and the Ecstasy (A Agonia e o Êxtase), de Carol Reed
1965: The War Lord (O Senhor da Guerra), de Franklin J. Schaffner
1965: The Five Cities of June, de Bruce Herschensohn
1966: What Is a Boy (telefilme)
1966: Khartoum (Khartoum), de Basil Dearden
1967: All About People, de Saul Rubin (curta-metragem) (narrador)           
1967: While I Run This Race, de Edmund Levy (narrador)    
1967: Counterpoint (Sinfonia para um Inimigo), de Ralph Nelson
1968: Will Penny (Will Penny), de Tom Gries
1968: Planet of the Apes (O Homem Que Veio do Futuro), de Franklin J. Schaffner
1968: Elizabeth the Queen (telefilme)
1969: The Hawaiians (O Senhor das Ilhas), de Tom Gries
1969: Number One, de Tom Gries
1970: Julius Caesar (O Asssasínio de Julio César), de Stuart Burge
1970: Beneath the Planet of the Apes (O Segredo do Planeta dos Macacos), de Ted Post
1970: The Don Adams Special: Hooray for Hollywood (telefilme)
1971: The Omega Man (O Último Homem na Terra), de Boris Sagal
1972: Antony and Cleopatra (António e Cleopatra), de Charlton Heston
1972: The Call of the Wild, de Ken Annakin
1972: The Special London Bridge Special, de David Winters (telefilme)
1972: Skyjacked (Os Piratas do Ar), de John Guillermin
1973: The Three Musketeers (Os Três Mosqueteiros) de Richard Lester
1973: Soylent Green (À Beira do Fim), de Richard Fleischer
1974: The Four Musketeers (Os Quatro Mosqueteiros), de Richard Lester
1974: Airport 1975 (Aeroporto 75) de Jack Smight
1975: Earthquake (Terramoto), de Mark Robson
1975: The Fun of Your Life, de John J. Hennessy (curta-metragem) (narrador)
1976: Two-Minute Warning, de Larry Peerce
1976: The Last Hard Men (A Lei do Ódio), de Andrew V. McLaglen
1976: Midway (A Batalha de Midway), de Jack Smight
1977: Crossed Swords, de Richard Fleischer
1977: Gray Lady Down, de David Greene
1979: The Awakening (A Maldição do Vale dos Faraós), de Mike Newell
1980: The Mountain Men (Os Homens da Montanha), de Richard Lang
1982: Mother Lode (O Grande Filão), de Charlton Heston    
1983: Chiefs (mini série de TV)
1984: Nairobi (telefilme)
1985: Dynasty (série de TV) - The Colby (spin-off de Dynastie)
1985-1987: The Colbys (série de TV)
1987: Eclipse of Reason, de Bernard Nathanson
1987: Christmas Night with the Two Ronnies (telefilme)
1987: The Two Ronnies (série de TV) – Christmas Special
1987: The Dame Edna Experience (série de TV)
1987: Proud Men (telefilme)
1988: A Man for all Seasons (Conflito Mortal), de Charton Heston (telefilme)
1989: Call From Space, de Richard Fleischer (curta-metragem) (narrador)
1989: Original Sin (telefilme)
1990: Almost an Angel, de John Cornell
1990: Treasure Island (A Ilha do Tesouro) de Fraser Heston (telefilme)
1990: The Little Kidnappers (telefilme)
1990: Solar Crisis (Ameaça Solar), de Richard C. Sarafian
1991: The Crucifer of Blood (telefilme)
1991: Cults: Saying No Under Pressure (video)
1992: Genghis Khan, de Ken Annakin (não terminado)
1992: Noel (telefilme)
1992: Crash Landing: The Rescue of Flight 232 (telefilme)
1993: Tombstone (Tombstone), de George Pan Cosmatos
1993: Wayne's World II de Stephen Surjik
1993: SeaQuest (série de TV)
1993: The Bold and the Beautiful (TV series) 7 episódios
1994: The Great Battles of the Civil War (TV mini-series documentary)
1994: Texas (telefilme)
1994: Brigada Submarina (TV series)
1994: A Century of Cinema, de Caroline Thomas
1994: True Lies (A Verdade da Mentira), de James Cameron
1995: The Avenging Angel (telefilme)
1995: America: A Call to Greatness, de Warren Chaney (narrador) 
1995: In the Mouth of Madness (A Bíblia de Satanás), de John Carpenter
1995-2002: The Outer Limits (Limites do Terror) (série de TV)
1996: The Dark Mist, de Ryan Carroll (narrador)
1996: Hamlet (Hamlet), de Kenneth Branagh
1996: Alaska (Alaska), de Fraser Clarke Heston
1996: The Dark Mist, de Roland Carroll (telefilme)
1997: Friends (série de TV)
1997: Hercules (Hércules), de John Musker e Ron Clements (narrador)
1998: Armageddon (Armagedão), de Michael Bay (narrador)
1998-2002: Sworn to Secrecy: Secrets of War (série de TV) 33 episódios
1998: Adventures from the Book of Virtues (série de TV)
1999: Gideon, de Claudia Hoover
1999: Bagpipe: Instrument of War - Part 2 (telefilme) (narrador)
1999: Camino de Santiago (mini-série de TV)
2000: Any Given Sunday (Um Domingo Qualquer), de Oliver Stone
2000: Au-delà du réel, l'aventure continue - Saison 6 épisode 21 et 22
2001: Planet of the Apes (O Planeta dos Macacos), de Tim Burton
2001: Town & Country (Mistérios do Sexo Oposto), Peter Chelsom
2001: Cats & Dogs (Como Cães e Gatos), de Lawrence Guterman     
2001: The Order (The Order: Cruzada Final), de Sheldon Lettich
2002: Bowling for Columbine (Bowling for Columbine), de Michael Moore
2003: My Father, Rua Alguem 5555,de Egidio Eronico
2010: Genghis Khan: The Story of a Lifetime, de Ken Annakin e Antonio Margheriti

Como realizador
1972: Antony and Cleopatra
1982: Mother Lode (O Grande Filão)
1988: A Man for all Seasons (Conflito Mortal) (TV)

Sem comentários:

Enviar um comentário