SANGUE
NO DESERTO (1957)
Anthony Mann
é, indiscutivelmente, um dos mestres do western norte-americano e,
simultaneamente, um dos grandes cineastas deste país, sobretudo entre as
décadas de 40 e 50. Detendo-nos apenas na sua contribuição para o western, as obras
que assinou nos anos 50 do século XX bastam para o colocar na galeria dos
maiores: “Winchester '73”
(1950), “Bend of the River” (1952), “The Naked Spur” (1953), “The Far Country”
e “The Man from Laramie” (ambos de 1955), todos interpretados pelo seu actor de
eleição, James Stewart, mas ainda “The Tin Star” (1955), com Henry Fonda, e
“Man of the West” (1958), com Gary Cooper. Ele esteve na origem da renovação de
um género, conferindo-lhe uma densidade emocional, uma amplitude social e
humana invulgar, trabalhando-o num estilo muito próprio, próximo da tragédia
grega, para o que contribuiu em muito a complexidade das personagens, a análise
das situações, o tratamento estético e plástico, onde serão de destacar algumas
características que o notabilizaram, quer no aproveitamento dramático da
paisagem e do “décor”, qualquer que ele seja, quer na maneira de enquadrar
(utilizando muitas vezes o Cinemascope de forma invulgar), de iluminar, de
jogar com os movimentos de câmara, mantendo um classicismo de olhar a que não é
alheio, todavia, uma modernidade de tom que ainda hoje impressiona.
Para o
reconhecer, basta analisar “The Tin Star”, que nem por isso é uma das suas
obras mais perfeitas. Logo no início, a apresentação do protagonista se mostra
digna do melhor Mann: Morgan 'Morg' Hickman (Henry Fonda) entra a cavalo numa
pequena povoação do Oeste americano, trazendo pela trela uma outra montada,
carregando o corpo de um morto tapado por uma manta. A travessia das ruas é
acompanhada pelo olhar curioso dos seus habitantes, que perseguem o cavaleiro
até ao escritório do xerife. As panorâmicas e os travellling suaves definem não
só o espaço físico, como o mental: percebe-se rapidamente a atitude de
expectativa e mesmo de hostilidade para com o forasteiro. Morgan, sabe-se
depois, é um caçador de prémios, acabou de abater um bandoleiro perseguido pela
justiça, e vem reclamar os 10.000 dólares de prémio. Mas, hipocritamente, a
comunidade que colocou o cartaz da recompensa, não gosta de caçadores de
prémios. Morgan será tolerado apenas enquanto durarem as operações de
reconhecimento do corpo e de pagamento da execução. Mesmo assim, nem no hotel
lhe facultam um quarto. Acaba hospedado em casa de Nona Mayfield (Betsy
Palmer), viúva de um índio, que vive só com o filho.
Na cidade, o
jovem xerife Ben Owens (Anthony Perkins) preenche o lugar que mais ninguém quer
ocupar. Manter a ordem é tarefa pesada e de longevidade reduzida. A noiva de
Ben pretende afastá-lo do cargo o mais rápido possível, não quer ficar viúva
como a mãe, mas Ben é obstinado. Começa por desconfiar de Morgan, mas depois
acredita nos seus conselhos e, sobretudo, na agilidade do seu revólver. Morgan
conta que anteriormente também ele fora xerife, até se descobrir sozinho numa
outra cidade contra os bandoleiros que a aterrorizavam. Percebe o comportamento
das multidões e o poder dos que as manipulam. Alerta Ben para o perigo que
representa Bart Bogardus (Neville Brand), um arruaceiro que arrebata os
concidadãos com as piores razões, desde o descarado racismo (“um índio bom é um
índio morto”) até às manifestações primárias de violência, propondo execuções
sumárias e tribunais populares organizados ad hoc.
“The Tin
Star” é então o relato de uma iniciação, de uma aprendizagem, baseada na
confiança de Ben nos conhecimentos de Morgan. Tudo se precipita quando o velho
médico da comunidade, o Dr. Joseph Jefferson 'Doc' McCord (John McIntire),
regressa de uma visita a um doente na sua caleche habitual, na manhã do dia do
seu 75º aniversário. Mas não regressa de boa saúde. Este é outro dos momentos
de eleição deste filme magnífico, assistindo-se à entrada da pequena carruagem
que traz o médico, pelas mesma ruas por onde entrara Morgan, com o cavalo
caminhando lentamente por entre os magotes de populares que, dos dois lados da
rua, cantam os parabéns e saúdam a chegada, até tudo se imobilizar perante o
irremediável.
O filme
herda alguma da sabedoria colhida pelo autor na sua época de realizador de
“filmes negros”, orquestrando a inquietação e o “suspense” de forma hábil. A cilada
montada ao médico é magistral, sustentada numa elipse que só os mestres engendram.
“Sangue no Deserto” ganha ainda muito com o facto de todas as cenas passadas na
pequena cidade terem sido rodadas em estúdio, num cenário especialmente
construído de raiz para o efeito. O que permite colocações criteriosas de
certas construções, como por exemplo o escritório do xerife, com janelas e
porta envidraçadas, abertas sobre as ruas da cidade, permitindo filmar o
interior e o exterior, criando uma tensão muito especial. Aliás toda a obra
joga com a profundidade de campo de forma eficaz, criando efeitos muito
conseguidos, com escassos meios e um rigor de estilo de sublinhar. O argumento,
de um especialista, Dudley Nichols, é inteligente e subtil, ainda que, aqui e ali,
pudesse ser mais dominado na emoção, sobretudo no que se refere à ligação de
Morgan com a viúva e o filho desta. Mas aborda com compreensão e maturidade
temas como o racismo, o despotismo, a importância da ordem e da justiça numa
sociedade organizada, e, como cereja em cima do bolo, as lições iniciáticas
sobre como sobreviver com dignidade, mesmo quando a cidade se acobarda perante
a força bruta. Um tema recorrente no cinema americano desta década. Henry Fonda
e Anthony Perkins, mestre e discípulo, formam uma dupla excelente. Um belíssimo
filme que não deixa de fazer justiça a um grande cineasta, Anthony Mann.
SANGUE NO DESERTO
Título original: The Tin Star
Realização: Anthony Mann
(EUA, 1957); Argumento: Dudley Nichols, Joel Kane, Barney Slater; Produção:
William Perlberg, George Seaton; Música: Elmer Bernstein; Fotografia (p/b):
Loyal Griggs; Montagem: Alma Macrorie; Direcção artística: J. McMillan Johnson,
Hal Pereira; Decoração: Sam Comer, Frank R. McKelvy; Guarda-roupa: Edith Head;
Maquilhagem: Nellie Manley, Wally Westmore; Assistentes de realização: Michael
D. Moore; Som: Hugo Grenzbach, Winston H. Leverett; Companhias de produção:
Perlberg-Seaton Productions; Intérpretes:
Henry Fonda (Morgan 'Morg' Hickman), Anthony Perkins (xerife Ben Owens), Betsy
Palmer (Nona Mayfield), Michel Ray (Kip Mayfield), Neville Brand (Bart
Bogardus), John McIntire (Dr. Joseph Jefferson 'Doc' McCord), Mary Webster
(Millie Parker), Peter Baldwin (Zeke McGaffey), Richard Shannon (Buck
Henderson), Lee Van Cleef (Ed McGaffey), James Bell, Howard Petrie, Russell
Simpson, Hal K. Dawson, Jack Kenny, Mickey Finn, etc. Duração: 93 minutos; Distribuição em Portugal: Cine Digital (DVD);
Classificação etária: M/ 12 anos; Estreia em Portugal: 24 de Abril de 1958.
ANTHONY
MANN
(1906 – 1967)
Emil Anton Bundesmann, mais
conhecido por Anthony Mann, nasceu a 30 de Junho de 1906, em San Diego,
Califórnia, EUA, e viria a falecer a 29 de Abril de 1967, em Berlin, Alemanha,
de ataque cardíaco. Casado com Mildred Mann (1936 - 1957) e Sara Montiel (1957
- 1963).
Começou a carreira como
actor, em Nova Iorque, na Broadway, onde também encenou e dirigiu alguns
espectáculos. Em 1938, David O. Selznick convida-o para Hollywood, onde foi
assistente de realização, depois realizador de obras de orçamento reduzido para
a RKO e para a Republic Films. Os seus primeiros filmes”, como “Desperate”,
“Railroaded!”, “T-Men” e “Raw Deal”, inscrevem-se no género do “film noir”.
Ganhou boa fama, consolidada com um conjunto de excelentes westerns,
principalmente um ciclo protagonizado por James Stewart, a partir da década de
1950, “Winchester '73”
(1950), “Bend of the River” (1952), “The Naked Spur” (1953), “The Far Country”,
“The Man from Laramie” (ambos de 1955). Mas
também com “The Tin Star” (1955), com Henry Fonda, e “Man of the West” (1958),
com Gary Cooper. Mais
tarde, assinaria um bom grupo de super-produções históricas para o produtor
Samuel Bronston, entre as quais “El Cid” (1961) e “The Fall of the Roman
Empire” (1964). Esteve anteriormente ligado a outras, como “Quo Vados” e
“Spartacus”.
Anthony Mann é
particularmente conceituado entre a crítica internacional. Os seus filmes
ostentam um estilo próprio, os temas que abordam denunciam uma forte componente
autoral, a tendência para um clima de tragédia suspensa é muito bem concebida,
sobretudo nos westerns. O seu gosto plástico, nomeadamente na utilização da
paisagem, é facilmente perceptível na criação de um ambiente propício às
grandes paixões humanas. Os seus heróis nunca são simples e previsíveis, mas complexos
e angustiados. Foi dos que melhor utilizou novas técnicas, como Cinemascope e o
Cinerama, e manteve-se fiel ao preto e branco em muitas das suas obras, onde a
influência do “filme negro” se fez sentir, mesmo quando tratava temas do Oeste.
Possui uma estrela no “Passeio da Fama” de Hollywood, em 6229 Hollywood Blvd.
Filmografia.
Como realizador
1939: The Streets of New York (assina como
Anthony Bundsmann) (TV)
1942: Dr. Broadway (Dr.
Broadway) (assina como
Anton Mann)
1942: Moonlight in Havana (Rumba ao Luar)
1943: Nobody's Darling
1944: My Best Gal (Os
Companheiros da Folia)
1944: Strangers in the
Night
1945: Two O'Clock Courage
1945: The Great Flamarion
1945: Sing Your Way Home
1946: Strange Impersonation
1946: The Bamboo Blonde
1947: Desperate (Desesperado)
1947: Railroaded !
1947: T-Men (Moeda Falsa)
1948: Raw Deal (Destino em Segunda Mão)
1948: He Walked by Night (O
Foragido) (não creditado)
1949: Follow Me Quietly (Segue-me em Silêncio)
1949: Reign of Terror (No
Reinado do Terror)
1949: Border Incident
1950: Side Street
1950: The Furies (Almas em Fúria)
1950: Devil's Doorway (O Caminho do Diabo)
1951: Winchester
'73 (Winchester
73)
1951: The Tall Target
1951: Quo Vadis, de Mervyn LeRoy (Mann filma o incêndio de Roma
– não creditado)
1952: Bend of the River
(Jornada de Heróis)
1953: The Naked Spur (Esporas de Aço)
1953: Thunder Bay (A Baía das Tormentas)
1953: The Glenn Miller
Story (A História de Glenn Miller)
1954: The Far Country
(Terra Distante)
1955: Strategic Air Command (Nem Sempre o Coração Manda)
1955: The Man from Laramie (O Homem Que Veio de Longe)
1955: The Last Frontier (Os Bravos Não Voltam Costas)
1956: Serenade (Serenata)
1957: Men in War (Os Que Sabem Morrer)
1957: The Tin Star (Sangue
no Deserto)
1958: God's Little Acre (Tentação!)
1958: Man of the West (O
Homem do Oeste)
1960: Spartacus (Spartacus)
(iniciado por Mann, terminado por Stanley Kubrick)
1960: Cimarron (Cimarron)
1961: Le Cid (El Cid)
1964: The Fall of the Roman Empire (A Queda do Império Romano)
1965: The Heroes of Telemark
(Os Heróis de Telemark)
1968: A Dandy in Aspic (À Beira do Pânico) (terminado por Laurence
Harvey)
ANTHONY
PERKINS
(1932 – 1992)
Nasceu a 4 de Abril de
1932, em Nova Iorque, EUA, e faleceu a 12 de Setembro de 1992, com 60 anos, em
Hollywood, Los Angeles, Califórnia, EUA, vítima de uma pneumonia, agravada pela
Sida. Descobriu que era seropositivo, através de uma revista, a "National
Enquirer", que, em 1990, escreveu um artigo sobre ele, depois de ter
acesso, indevido, a um teste sanguíneo que havia feito anos antes.
Casado com Berry Berenson
(1973 - 1992), irmã da actriz Marisa Berenson, nunca negou a sua
homossexualidade. Consta que a sua primeira relação hetero foi com a actriz
Victoria Principal, durante a rodagem de “O Juiz Roy Bean” (1972). (Berry
Berenson foi uma das vítimas do 11 de Setembro de 2001, no World Trade Center).
Filho de um famoso actor da
Broadway, Osgood Perkins, que se pode ver no cinema em “Scarface” (1932).
Osgood morreu quando o filho tinha cinco anos, ficando a educação deste a cargo
da mãe, uma mulher "muito possessiva e bastante problemática"
(segundo palavras de Anthony). Estudou no Rollins College, no Winter Park,
Florida, e na Buckingham Browne & Nichols, de Cambridge, Massachusetts, mas
não conclui os estudos.
Estreou-se no teatro aos 14
anos e no cinema em 1953, num filme de George Cukor, “A Actriz”. Em 1956, foi
nomeado para Melhor Actor Secundário pelo seu trabalho em “Sublime Tentação”,
de William Wyler. Mas o papel da sua vida foi o de Norman Bates, um “serial
killer”, em “Psico”, de Alfred Hitchcock (1960), que teve várias continuações
(uma das quais realizada pelo próprio Anthony Perkins) e que marcaria para
sempre a sua carreira: a partir daí seria escolhido essencialmente para
personagens neuróticas ou traumatizadas. A sua criação de Norman Bates
valeu-lhe o quarto lugar na lista das “100 Greatest Movie Characters of All
Time”, publicada pela “Premiere Magazine”.
Filmografia:
Como actor
1953: The Actress (A
Actriz), de George Cukor
1953: The Big Story (série de TV) - episódio “Robert Billeter of the
Pendleton Times of Franklin, West Virginia”
1954: The Man Behind the Badge (série de TV) - episódios “The Case of
the Narcotics Racket” e “The East Baton Rouge Story”
1954: Armstrong Circle
Theatre (série de TV) - episódio “The Fugitive”
1955: General Electric Theater (série de TV) - episódio “Mr. Blue
Ocean”
1955: Windows (série de TV) - episódio “The World Out There”
1956: Friendly Persuasion (Sublime Tentação), de William Wyler
1956: Goodyear Television
Playhouse (série de TV) - episódio “Joey”
1956: Front
Row Center
(série de TV) episódio “Winter Dreams”
1956: Studio One (série de
TV) - episódio “The Silent Gun”
1957: The Lonely Man (O
Cavaleiro Solitário), de Henry Levin
1957: Fear Strikes Out (Vencendo
o Medo), de Robert Mulligan adulte.
1957: The Tin Star (Sangue
no Deserto) de Anthony Mann
1958: Desire Under the Elms
(Desejo Sob os Ulmeiros) de Delbert Mann
1958: Barrage contre le Pacifique ou This Angry Age, de René Clément
1958: The Matchmaker (Viva
o Casamento), de Joseph Anthony
1959: Green Mansions (A
Flor que não Morreu), de Mel Ferrer
1959: On the Beach (A Hora Final), de Stanley Kramer
1960: Tall Story (Adeus,
Inocência), de Joshua Logan
1960: Psycho (Psico), de
Alfred Hitchcock
1961: Goodbye Again ou
Aimez-vous Brahams ? (Mais Uma Vez, Adeus), de Anatole Litvak
1962: Phaedra (Fedra), de
Jules Dassin
1962: Il Coltello nella
piaga (A Fronteira da Noite), de Anatole Litvak
1962: Le Procès (O
Processo), de Orson Welles
1963: Le Glaive et la Balance, de André Cayatte.
1964: Une Ravissante Idiote
(Uma Encantadora Idiota), de Édouard Molinaro
1966: Paris Brûle-t-il ? (Paris Já Está a Arder?), de René Clément
1966: Evening Primrose (telefime)
1967: Le Scandale (Champanhe Escandaloso), de Claude Chabrol
1968: Pretty Poison (Doce Veneno), de Noel Black
1968: BBC Play of the Month (série de TV) - episódio The Male Animal
1970: Catch 22 (Artigo 22),
de Mike Nichols
1970: W.U.S.A. (Muro de
Separação), de Stuart Rosenberg
1970: How Awful About Allan (série de TV)
1971: La Décade Prodigieuse (A Década Prodigiosa), de Claude Chabrol
1971: Quelqu'un Derrière la Porte (Dívida de Ódio), de Nicolas Gessner
1972: The Life and Times of Judge Roy Bean (O Juiz Roy Bean), de John
Huston.
1972: Play It As It Lays, de Frank Perry
1974: Murder on the Orient
Express (O Crime do Expresso do Oriente), de Sidney Lumet
1974: Lovin' Molly, de
Sidney Lumet
1975: Mahogany, de Berry
Gordy (e Tony Richardson, este não creditado)
1978: Les Miserables (Os
Miseráveis) de Glenn Jordan (TV)
1978: First, You Cry (telefilme)
1978: Remember My Name (Recorda o Meu Nome), de Alan Rudolph
1979: The Black Hole (Abismo Negro), de Gary Nelson
1979: Twee Vrouwen ou Twice a Woman, de George Sluizer
1979: Winter Kills (Pela
Mira da Espingarda), de William Richert
1979: Ffolkes (Assalto no
Alto Mar), de Andrew V. McLaglen
1980: Double Negative, de George Bloomfield
1983: Psychose II (Psico II), de Richard Franklin
1983: The Sins of Dorian Gray (telefilme)
1983: For the Term of His Natural Life (telefilme)
1984: Crimes of Passion (As Noites de China Blue), de Ken Russell
1984: The Glory Boys (série de TV)
1985: Psychose III (Psico III), de Anthony Perkins
1989: Dr. Jekyll et Mr. Hyde (À Beira da Loucura), de Gérard Kikoïne
1990: Psychose IV, de Mick Garris (telefilme)
1990: Psycho IV: The Beginning (telefilme)
1990: The Ghost Writer (telefilme)
1990: I'm Dangerous Tonight (telefilme)
1990: Daughter of Darkness (telefilme)
1991: Der Mann Nebenan, de Petra Haffter
1992: In the Deep Woods (A Escada de Corda), de Charles Correll
(telefilme)
1992: Los Gusanos no Llevan Bufanda, de Javier Elorrieta
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