domingo, 29 de junho de 2014

SESSÃO 38: 28 DE JULHO DE 2014


OS DEZ MANDAMENTOS (1956)
“The Ten Commandments”, de 1956, assinado por Cecil B. de Mille, é uma remake de um anterior filme do mesmo realizador, rodado em 1923, ainda mudo, portanto, e com um elenco de que hoje poucos lembram os nomes. Mas esta versão de 56 ficou para a história, por vários motivos. Desde logo, pela monumentalidade dos propósitos, o arrojos dos efeitos especiais, nomeadamente a cena do Mar Vermelho, cujas águas se abrem para dar passagem aos hebreus em fuga do Egipto. Depois, por se tratar do derradeiro filme de Cecil B. De Mille, uma das glórias de Hollywood, quase desde os seus tempos de fundação, um dos criadores da Academia de Hollywood e dos Oscars, um dos cineastas mais carismáticos da primeira metade do século XX. Conservador, maçónico, puritano na aparência, sensual e hedonista nas imagens que cria (acreditava que os americanos só se interessavam por “dinheiro e sexo”), voluptuoso nas cores e nas formas, de uma religiosidade extrema nas propostas, mas generoso e magnânimo na forma de apresentar “o pecado”, Cecil B. De Mille foi um cineasta muito polémico, um defensor exacerbado do “american way of life” que, até por isso mesmo, conheceu sérios detractores e entusiastas defensores. 
Esta versão de “Os Dez Mandamentos” é, todavia, muito curiosa por diversos motivos, mas sobretudo pela sua proposta estética. O cinema era, por estas alturas, um cinema de transparência, onde o ecrã tentava ser um espelho da realidade. Era realista e procurava reproduzir a vida, tal qual ela é. Esta obra de Cecil B. De Mille, consciente ou inconscientemente (inclino-me mais para a segunda hipótese), é totalmente artificial, um espectáculo que se apresenta enquanto tal, com os cordelinhos da sua fabricação à mostra, teatral na encenação e na representação, mostrando que não ultrapassa a “representação”. Não se substitui à realidade, antes a representa. Neste aspecto, esta obra aproxima-se muito de algumas muito actuais de autores que, tendo ou não em conta a distanciação brechetiana, atingem resultados muito idênticos. Lembra-me obras de alemães e dinamarqueses, de franceses ou mesmo norte-americanos que se afastam do realismo (ou do falso realismo, como eles proclamam).
Na verdade, “Os Dez Mandamentos” começa logo de forma insólita, com a presença do próprio realizador a surgir no ecrã, depois das cortinas correrem, para a apresentação da obra. Uma obra intencionalmente “pessoal”, o que irá prosseguir com a narração dita por De Mille durante toda a sua longa projecção, dividida em duas partes. O argumento é da autoria de Æneas Mackenzie, Jesse L. Lasky, Jr., Jack Gariss e Fredric M. Frank, segundo alguns livros sagrados e ainda “Pillar of Fire”, de Joseph Holt Ingraham, “On Eagle's Wings”, de A.E. Southon, e “Prince of Egypt”, de Dorothy Clarke Wilson. Vários consultores históricos e teólogos conceituados foram consultados e De Mille assegura que os passos da vida de Moisés que vão ser apresentados representam um avanço no conhecimento desta personagem e do seu tempo histórico. O que não impediu, certamente por razões de espectáculo, que alguma história tenha sido desvirtuada, e muitos ensaístas se encarregaram de o assinalar na altura da sua estreia. Mas não é a intenção desta nota avançar por aí. O que vemos é, pois, um espectáculo sobre a vida de Moisés, desde o seu nascimento até à sua retirada do Egipto, levando os hebreus para a Terra Santa, ou, como afirma De Mille, “a história da origem da Liberdade, de como os homens deixaram de ser propriedade do Estado, para se regerem pela Lei de Deus”. Este aspecto coloca o filme sob dois curiosos pontos de vista: Hollywood era, por esta altura, dominada por judeus, sendo a sua exaltação mais ou menos constante por parte de produtores e realizadores que se sentiam ligados à sua crença. Por outro lado, estamos em meados dos anos 50, a II Guerra Mundial tinha terminado há pouco, com a revelação internacional dos terríveis efeitos do holocausto nazi que dizimou milhões de judeus. Mais, a emigração de judeus para Israel era uma realidade muito actual. “Os Dez Mandamentos” procurava associar-se muito directamente a esta onda de repúdio pelos crimes do III Reich, e pela criação do estado de Israel, que se afirma em finais da década de 40. Se não está dito claramente, está subentendido sem grandes artifícios.
“Os 10 Mandamentos” é, portanto, um filme bíblico com pretensões humanistas e políticas, que “representa” para nossa, dos espectadores, edificação, uma estrutura ficcionada sobre figuras históricas e míticas. O realismo seria insuficiente para tal empreendimento e a estética de De Mille, decorativa, sumptuosa, exuberante, garrida, teatral, também o impunha. O resultado é particularmente interessante. Desde o início, desde o colocar do bebé Moisés num cestinho no rio Nilo, até à sequência das águas que se abrem para os hebreus passaram através do Mar Vermelho, tudo se situa ao nível da encenação teatral, com cenários que ostensivamente se mostram como tal, com representações por vezes grandiloquentes, com tiradas literárias, com um aparente puritanismo moral que, todavia, é contrariado pela exaltação emocional e plástica dos sentidos, através das cores, das formas, da sensualidade das situações, da quase apologia (ingénua, até certo ponto) desse mesmo erotismo (vejam-se as cenas de Nefretiri tentando Moisés, ou a forma como as irmãs de Sephora seduzem o mesmo Moisés).
“The Ten Commandments” logrou uma das maiores receitas de sempre na História do Cinema. Foi a mais cara produção da Paramount Pictures, até esse momento (qualquer coisa como 13.5 milhões de dólares), rodada num lúbrico colorido deslumbrante e em VistaVision, e contou com um elenco de arrasar: Charlton Heston como Moisés, Yul Brynner como Ramsés II, Anne Baxter como Nefretiri, Edward G. Robinson como Dathan, Yvonne De Carlo como Sephora, Debra Paget como Lilia, John Derek como Joshua, Sir Cedric Hardwicke como o Faraó Seti I, Nina Foch como Bithiah, Martha Scott como Yoshebel, Judith Anderson como Memnet, Vincent Price como Baka, John Carradine como Aaron, para só falar nos actores principais, situados à frente de uma majestosa legião de figurantes (numa altura em que não havia efeitos de multiplicação digital). Atingiu receitas record de 65 milhões de dólares só no mercado norte-americano (o que, em números de hoje, representaria 1,025,730,000 de dólares). Foi considerado um dos 10 melhores filmes épicos de sempre. A música de Elmer Bernstein tornou-se um clássico, e tecnicamente o filme é surpreendente para a época, goste-se ou não da sua estética. Recebeu sete nomeações para os Oscars, entre as quais a de Melhor Filme, mas apenas ganhou a de Melhores Efeitos Especiais. 
Para quem quiser conhecer um pouco mais sobre a produção desde mastodôntico dinossauro hollywoodesco, será de todo o interesse ler uma obra de Katherine Orrison, “Written in Stone: Making Cecil B. DeMille's Epic, The Ten Commandments”.
Última curiosidade: durante as filmagens Cecil B. DeMille sofreu um ataque cardíaco, passou poucos dias afastado das filmagens, mas regressou contra as prescrições médicas e acabou a obra. Já não terminaria a seguinte, “The Buccaneer” (finalizada por Anthony Quinn).

OS DEZ MANDAMENTOS
Título original: The Ten Commandments
Realização: Cecil B. DeMille (EUA, 1956); Argumento: Æneas MacKenzie, Jesse Lasky Jr., Jack Gariss, Fredric M. Frank, partindo de obras de Dorothy Clarke Wilson (que contem material de "Prince of Egypt"), J.H. Ingraham (do livro "Pillar of Fire") e A.E. Southon (do livro "On Eagle's Wing"); Produção: Cecil B. DeMille, Henry Wilcoxon; Música: Elmer Bernstein; Fotografia (cor): Loyal Griggs; Montagem: Anne Bauchens; Casting: Bert McKay; Direcção artística: Albert Nozaki, Hal Pereira, Walter H. Tyler; Decoração: Sam Comer, Ray Moyer; Maquilhagem: Wally Westmore; Direcção de produção: Frank Caffey, C. Kenneth Deland, Don Robb; Assistentes de realização: Francisco Day, Daniel McCauley, Michael D. Moore, Arthur Rosson, Edward Salven, Fouad Aref; Som: Gene Garvin, Harry Lindgren, Louis Mesenkop; Efeitos visuais: Farciot Edouart, John P. Fulton, Paul K. Lerpae; Companhias de produção: Paramount Pictures, Motion Picture Associates; Intérpretes: Charlton Heston (Moses / voz de Deus), Yul Brynner (Rameses), Anne Baxter (Nefretiri), Edward G. Robinson (Dathan), Yvonne De Carlo (Sephora), Debra Paget (Lilia), John Derek (Joshua), Cedric Hardwicke (Sethi), Nina Foch (Bithiah), Martha Scott (Yochabel), Judith Anderson (Memnet), Vincent Price (Baka), John Carradine (Aaron), Olive Deering (Miriam), Douglass Dumbrille (Jannes), Frank DeKova (Abiram), Henry Wilcoxon (Pentaur), Eduard Franz, Donald Curtis, Lawrence Dobkin, H.B. Warner, Julia Faye, Lisa Mitchell, Noelle Williams, Joanna Merlin, Pat Richard, Joyce Vanderveen, Diane Hall, Abbas El Boughdadly, Fraser Clarke Heston, John Miljan, Francis McDonald, Ian Keith, Paul De Rolf, Woody Strode, Tommy Duran, Eugene Mazzola, Ramsay Hill, Joan Woodbury, Esther Brown, etc. Duração: 220 minutos; Distribuição em Portugal: Paramount (DVD); Classificação etária: M/ 12 anos; Estreia em Portugal: 5 de Outubro de 1956.

CECIL B. DEMILLE 
(1881 – 1959)
Cecil Blount DeMille nasceu a 12 de Agosto de 1881, em Ashfield, Massachusetts, EUA, e faleceu a 21 de Janeiro de 1959, em Hollywood, Los Angeles, Califórnia, EUA, vítima de ataque cardíaco.
Os pais, Henry C. DeMille e Beatrice DeMille, eram argumentistas. O pai morreu quando Cecil tinha apenas 12 anos e a mãe teve de suportar todos os encargos da família, tendo aberto uma escola teatral para raparigas. Cecil inscreveu-se, com o irmão William, na New York Academy of Dramatic Arts, estreando-se como actor em 1900, mantendo-se assim durante 12 anos. Em 1913, juntamente com Jesse L. Lasky e Samuel Goldwyn, forma a Lasky Film Company, viajando depois para a Califórnia, onde produz e co-realiza com Oscar Apfel um filme de certo êxito, “O Exilado” (1914). Começa então uma bem sucedida carreira como realizador e produtor, lançando algumas actrizes que se tornariam vedetas incontestáveis, como Gloria Swanson, com quem trabalhou por diversas vezes. Envolveu-se em centenas de obras, e produziu e realizou cerca de 70, entre as quais várias comédias e obras bíblicas, “O Rei dos Reis” (1927), “Os Dez Mandamentos” (1923), ou “As Cruzadas” (1935), “Sansão e Dalila” (1949), ou a nova versão de “Os Dez Mandamentos” (1956). Entre 1936 e 1945 dirige o "Lux Radio Theatre", onde desenvolveu actividade transbordante, num programa de rádio de uma hora, onde teatralizava alguns filmes, quase sempre com as vozes dos actores que participavam nos filmes, o que lhe permitiu tornar-se um símbolo de Hollywood e um dos nomes mais sonantes no campo da realização, só comparável ao de David W. Griffith. Muito dado a espectáculos de vários géneros, mas sempre ao nível da super-produção, dele se destacam ainda “Cleópatra” (1934), “Uma Aventura de Buffalo Bill” (1936), “O Corsário Lafitte” (1938), “Aliança de Aço” (1939), “Pelo Vale das Sombras” (1944), “Inconquistáveis” (1947) ou “O Maior Espectáculo do Mundo” (1952).
Foi um dos 36 fundadores da Academy of Motion Picture Arts and Sciences (AMPAS), sendo igualmente uma das personalidades que lançou a ideia dos Oscars.
DeMille era uma lenda de Hollywood e dele se contam dezenas de episódios delirantes que testemunham o seu humor e coragem. Rezam as crónicas que um dia, ao preparar uma cena particularmente difícil, com muitos figurantes, deu de caras com duas mulheres a falarem entre si. Perguntou então a uma delas: “Pode dizer-nos de que falam?” ao que a mulher respondeu: “Perguntava aqui à minha colega quando será que aqueles filhos da mãe interrompem isto para nós almoçarmos”. De Nille ouviu, virou-se para a multidão e gritou: “Almoço!”
Numa cena de milhares de figurantes, durante uma batalha que só podia ser filmada de uma única vez, tais os meios bélicos que eram empregues (explosivos, cavalos, armas, etc.), De Mille utilizou quatro câmaras para ter imagens de diversos ângulos. A sequência decorreu magnificamente e quando gritou “Corta!” o realizador inquiriu cada operador: câmara 1: a película bloqueou; câmara 2: perdemos a imagem quando a lente foi atingida por terra lançada por um cavalo; câmara 3: uma torre ao cair atingiu a câmara. Restava a câmara 4 colocado no cimo de uma colina. Era a salvação. De Mille utiliza o megafone: “Apanharam tudo?” ao que o operador responde: “Estamos prontos, C.B., para a sua ordem de “Acção!”.
Uma derradeira história recolhia da Wikipedia: DeMille argumentava com um executivo da Paramount que lhe fazia ver a loucura de orçamento em figurantes que uma cena de batalha a filmar a seguir iria custar. De Mille tranquiliza-o, com um sorriso: “Não se preocupe. Temos tudo controlado. Nós vamos utilizar balas verdadeiras”.
Era um republicano conservador e feroz anti-comunista. Foi um dos sustentáculos das “listas negras” de Hollywood durante o maccarhismo. Tentou mesmo, em 1952, que Joseph L. Mankiewicz fosse removido de Presidente da Guilda de Realizadores por não o considerar de confiança. George Stevens e John Ford contrariaram as suas intenções.
Foi nomeado para o Oscar de Melhor Realizador, por "O Maior Espectáculo do Mundo" (1952) e recebeu duas outras indicações para o Oscar de Melhor Filme, por "O Maior Espectáculo do Mundo" (1952) e "Os Dez Mandamentos" (1956). Venceu em 1952. Conquistou um Oscar honorário em 1950, concedido pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas como reconhecimento aos seus 37 anos de carreira. Recebeu Prémio Irving G. Thalberg, em 1953, concedido pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas. Foi Globo de Ouro de Melhor Realizador, por "O Maior Espetáculo do Mundo" (1952) e ganhou a Palma de Ouro, no Festival de Cannes, com "Aliança de Aço" (1939).
Possui duas estrelas no Hollywood Walk of Fame: uma pelos seus filmes, em 1725 Vine Street, outra pelo programa de rádio, em 6240 Vine Street in Hollywood, Califórnia.
Casado com Constance Adams (1902 - 1959), mas manteve relações paralelas com Jeanie Macpherson e Julia Faye, falando-se ainda de outros casos amorosos. Encontra-se sepultado no Hollywood Memorial Cemetery (agora Hollywood Forever), em Hollywood.

Filmografia:
1914: The Squaw Man (O Exilado) (co-realizado com Oscar Apfel)
1914: Brewster's Millions (co-realizado com Oscar Apfel)
1914: The Master Mind (não creditado)
1914: The Only Son      
1914: The Man on the Box (co-realizado e não creditado)
1914: The Call of the North      
1914: The Virginian      
1914: What's His Name  
1914: The Man from Home       
1914: Rose of the Rancho         
1914: The Ghost Breaker (co-realizado com Oscar Apfel)
1915: The Girl of the Golden West        
1915: After Five           
1915: The Wild Goose Chase
1915: The Warrens of Virginia
1915: The Unafraid      
1915: The Captive        
1915: The Arab            
1915: Temptation
1915: The Golden Chance
1915: Chimmie Fadden
1915: Kindling  
1915: Carmen  
1915: Chimmie Faden Out West
1915: The Cheat (A Marca de Fogo) (não creditado)       
1916: The Trail of the Lonesome Pine
1916: The Heart of Nora Flynn  
1916: Maria Rosa          
1916: The Dream Girl   
1916: Joan the Woman (Joana d'Arc)     
1917: Lost and Won
1917: A Romance of the Redwoods       
1917: Nan of Music Mountain (curta-metragem) (não creditado)
1917: The Little American (A Pequena Americana) (não creditado)
1917: The Woman Got Forgot   
1917: The Devil-Stone   
1918: The Whispering Chorus    
1918: Old Wives for New          
1918: We Can't Have Everything            
1918: Till I Come Back to You
1918: The Squaw Man
1919: Don't Change Your Husband
1919: For Better, for Worse
1919: Male and Female (Macho e Fêmea)
1920: Why Change Your Wife?   
1920: Something to Think About
1921: Forbidden Fruit
1921: The Affaires of Anatol (não creditado)
1921: Fool's Paradise    
1922: Saturday Night
1922: Manslaughter (O Homicídio)
1923: Adam's Rib          
1923: The Ten Commandments (Os Dez Mandamentos)  
1924: Triumph (Triunfo)           
1924: Feet of Clay         Drame
1925: The Golden Bed (A Cama de Ouro)          
1925: The Road to Yesterday (Visão do Passado)
1926: The Volga Boatman (O Barqueiro do Volga)
1927: The King of Kings (O Rei dos Reis)
1928: Walking Back (não creditado)
1929: The Godless Girl (A Descrente) (ainda mudo, mas com sequências sonoras),
1929: Dynamite (Dinamite)        
1930: Madam Satan (Madame Satan)     
1931: The Squaw Man (O Exilado)
1932: The Sign of the Cross (O Sinal da Cruz)     
1933: This Day and Age            
1934: Four Frightened People
1934: Cleopatra (Cleópatra)     
1935: The Crusades (As Cruzadas)
1936: The Plainsman (Uma Aventura de Buffalo Bill)
1938: The Buccaneer (O Corsário Lafitte)          
1939: Union Pacific (Aliança de Aço)      
1940: Northwest Mounted Police (Os Sete Cavaleiros da Vitória)   
1942: Reap the Wild Wind (O Vento Selvagem)
1944: Story of Dr. Wassell (Pelo Vale das Sombras)
1947: Unconquered (Inconquistáveis)
1948: California's Golden Beginning (curta-metragem) (co-realizada com Herbert Coleman)
1949: Samson and Delilah (Sansão e Dalila)
1952: The Greatest Show on Earth (O Maior Espectáculo do Mundo)
1956: The Ten Commandments (Os Dez Mandamentos)  

YUL BRYNNER 
(1920 – 1985)
Juli Borisovitch Bryner, nome de baptismo de Yul Brynner, nasceu a 11 de Julho de 1920, em Vladivostok, na URSS, e viria a falecer a 10 de Outubro de 1985, em Nova Iorque, EUA, com 65 anos. (Algumas fontes indicam que nasceu a 7 de Julho de 1915, na ilha de Sakhaline, na Rússia). Era filho de Boris Bryner, engenheiro suíço, e de Marousia Blagоvidova, filha de um médico russo, judeu. Em 1927, Boris Bryner abandona a família, e Marousia leva os filhos, Yul e Vera, para Harbin, na China, onde frequentam uma escola cristã. Em 1934 vamos, porém, já encontrar a família em Paris, com Yul Brynner a tocar guitarra em clubes nocturnos para ajudar ao sustento da família. Toma contacto com o mundo intelectual, conhece Jean Cocteau, entra para o Théâtre des Mathurins, como aprendiz, trabalha como trapezista no Cirque d’Hiver, até que uma queda lhe provoca fracturas várias e o leva a abandonar o circo, passado a maquinista do grupo de Georges Pitoeff. Em 1941 parte para os EUA para estudar teatro com Michael Tchekhov. Estreia-se na Broadway, com o nome de Youl Bryner. A sua primeira participação no cinema data de 1949, mas logo pouco depois se torna primeira figura na interpretação de “O Rei e Eu”, uma personagem que não mais o irá largar, no teatro, no cinema, na televisão.
Esta comédia musical de Richard Rogers e Oscar Hammerstein II sobe à cena na Broadway em 1951, e nela Yul Brynner interpreta a figura do Rei do Sião. Seria depois adaptada ao cinema, a série televisiva e de novo regressaria aos palcos em 1977, nos EUA, e em 1979, em Londres, e, novamente na Broadway, em 1985. Em 1952 recebe o Tony de melhor actor de comédia musical e representa-a 4 525 vezes no teatro. O filme de 1956, dirigido por Walter Lang, permite-lhe ganhar o Oscar de Melhor Actor. Foi um dos nove únicos actores da história do teatro e do cinema que ganhou o Tony e o Oscar pela interpretação da mesma personagem. Para compor esta figura rapou o cabelo, o que depois manteria ao longo da sua vida como imagem de marca e como modelo para a juventude desse tempo que começou a rapar o cabelo “à Yul Brynner”. Depois de “O Rei e Eu”, a carreira de Yul Brynner conhece grandes sucessos: entre os quais, “Os Dez Mandamentos”, “Anastácia”, “Os Irmãos Karamazov”, “Salomão e a Rainha de Saba”, “Os Sete Magníficos”, “Taras Bulba”, “Convite a um Pistoleiro”, “Morituri”, “Romance de um Ladrão de Cavalos”, “O Mundo do Oeste”, entre muitos mais.
Além de inglês e francês, que falava perfeitamente, ainda dominava de alguma forma mais oito línguas. Possui uma estrela no Walk of Fame, no 6162 Hollywood Boulevard. A casa onde nasceu em Vladivostok foi transformada num museu em sua honra. Casou quatro vezes: Virginia Gilmore (1944-1960), Doris Kleiner (1960-1967), Jacqueline Thion de La Chaume (1967-1981), Kathy Lee (1983-1985). No início dos anos 50 teve um caso passional muito badalado com Marlène Dietrich.
Publicou duas obras de fotografia, uma das suas grandes paixões, e ainda dois outros livros : “Bring forth the children : A journey to the forgotten people of Europe and the Middle East” (1960) e “The Yul Brynner Cookbook : Food Fit for the King and You” (1983), uma obra dedicada à gastronomia.
Em meados da década de 80 foi surpreendido por um cancro nos pulmões, e depois disso dedica-se a algumas campanhas anti-tabagistas. Morre em Nova Iorque, no dia 10 de Outubro de 1985, no mesmo dia em que faleceu Orson Welles, com quem tinha contracenado em “A Batalha de Neretva”. As cinzas foram depositadas no cemitério particular de Touraine, Abbaye Royale Saint-Michel de Bois-Aubry, em Indre-et-Loire.

Filmografia:
Como actor
1944: Mr. Jones and His Neighbors (série de TV)
1949: Fireside Theatre (série de TV)
1949: Port of New York (No Porto de Nova Iorque), de László Benedek
1949-1950: Studio One (série de TV)
1953: Omnibus (série de TV) - A Lodging for the Night
1954: General Foods 25th Anniversary Show: A Salute to Rodgers and Hammerstein
1956: The King and I (O Rei e Eu), de Walter Lang
1956: The Ten Commandments (Os Dez Mandamentos), de Cecil B. DeMille
1956: Anastasia (Anastásia), de Anatole Litvak
1958: The Brothers Karamazov (Os Irmãos Karamazov), de Richard Brooks
1958: The Buccaneer (O Corsário Lafitte), de Anthony Quinn
1959: The Journey (Crepúsculo Vermelho), de Anatole Litvak
1959: The Sound and the Fury (O Grito da Fúria), de Martin Ritt
1959: Solomon and Sheba (Salomão e a Raínha de Saba), de King Vidor
1959: Le Testament d'Orphée (O Testamento de Orfeu), de Jean Cocteau (não creditado)
1960: Once More, with Feeling (Arrebatamento) de Stanley Donen
1960: Surprise Package (A Vida é uma Surpresa) de Stanley Donen
1960: The Magnificent Seven (Os Sete Magníficos) de John Sturges
1961: Goodbye Again (Aimez-vous Brahms?), de Anatole Litvak (não creditado)
1962: Escape from Zahrain, de Ronald Neame
1962: Taras Bulba (Taras Bulba), de J. Lee Thompson
1963: Kings of the Sun (Os Reis do Sol), de J. Lee Thompson
1964: Flight from Ashiya (Águias do Pacífico), de Michael Anderson
1964: Invitation to a Gunfighter (Convite a um Pistoleiro), de Richard Wilson
1965: Morituri (Morituri), de Bernhard Wicki
1966: Cast a Giant Shadow (A Sombra de um Gigante), de Melville Shavelson
1966: The Poppies Are Also Flowers (A Papoila também é uma Flor), de Terence Young
1966: Return of the Magnificent Seven (O Regresso dos Sete Magníficos), de Burt Kennedy
1966: Triple Cross (O Maior Espião da História), de Terence Young
1967: The Double Man (O Duplo Homem), de Franklin J. Schaffner
1967: The Long Duel (Duelo sem Tréguas) de Ken Annakin
1968: Villa Rides (A Honra de um Herói) de Buzz Kulik
1969: The File of the Golden Goose, de Sam Wanamaker
1969: The Battle of Neretva (A Batalha de Neretva), de Veljko Bulajic
1969: The Madwoman of Chaillot (A Louca de Chaillot), de Bryan Forbes
1969: The Magic Christian (Um Beatle no Paraíso), de Joseph McGrath (não creditado)
1971: Adios Sabata (Adeus, Sabata), de Gianfranco Parolini
1971: The Light at the Edge of the World (Os Piratas do Arquipélago), de Kevin Billington
1971: Romance at Horsethief ou Romansa konjokradice (Romance de um Ladrão de Cavalos), de Abraham Polonsky
1971: Catlow (Catlow), de Sam Wanamaker
1972: Fuzz (O Esquadrão da Morte), de Richard A. Colla
1972: Anna and the King (série de TV)
1973: The Serpent (A Serpente de Ouro) de Henri Verneuil
1973: Westworld (O Mundo do Oeste) de Michael Crichton
1975: The Ultimate Warrior (Um Novo Amanhecer) de Robert Clouse
1976: Con la Rabbia agli Occhi, deAntonio Margheriti
1976: Futureworld (O Mundo do Futuro), de Richard T. Heffron
1980: Lost to the revolution, de Tim Forbes (curta-metragem) (narrador)

Como realizador:
1949: Studio One (série de TV)
1949: Mr. I. Magination (série de TV)
1949-1950: Actor's Studio (série de TV)
1950: Life with Snarky Parker (série de TV)
1950-1951: Sure As Fate (série de TV)
1950: Starlight Theatre (série de TV)
1950: Danger (série de TV)
1953: Omnibus (série de TV)

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