quinta-feira, 27 de março de 2014

SESSÃO 28 (dupla): 21 DE ABRIL DE 2014


 O COMBOIO APITOU TRÊS VEZES (1952)
“High Noon”é um filme magnífico, um western particularmente inspirado, mas é mais do que tudo isso. É uma obra que se vê hoje em dia com uma determinada intenção, mas que terá de se enquadrar no seu tempo histórico para se perceber na sua integralidade.
Comecemos pelo mais simples. Que nunca será muito simples, pois na década de 50 do século XX o western perdera já a simplicidade maniqueísta dos conflitos a branco e preto dos filmes de cowboys de outrora e deixara-se contaminar por uma complexidade que fora importar à sociologia, à psicanálise, à história, aos movimentos políticos e respectivas ideologias, etc. Pelo western passava o mundo, e o mundo por essa altura, nesse convulsivo pós-guerra, era um frenético caos de ideias e propostas muito diversificadas, contraditórias mesmo.
Mas, olhando “O Comboio Apitou Três Vezes” com olhos limpos de quaisquer outros significados temporais e locais, vendo-o na sua abstração, o que vemos?
Esta é a história de Will Kane (Gary Cooper), xerife de Hadleyville, que se acaba de casar com Amy (Grace Kelly), uma “quaker” adepta do pacifismo, preparando-se ambos para deixarem a cidade, um dia antes da chegada do futuro xerife que virá substituir Kane. Mas, mal acaba a cerimónia, corre a notícia de que Frank Miller, um assassino que o actual xerife prendera e enviara para a prisão, fora absolvido, e se prepara para regressar a Hadleuville, chegando no comboio do meio-dia. Na estação, três bandoleiros já o aguardam e todos percebem qual o propósito desta visita: Miller regressa para se vingar de Will Kane, que, por isso mesmo, é aconselhado a partir da cidade o mais rapidamente possível, dado que falta apenas uma hora e vinte minutos para o comboio anunciar a sua paragem na estação, apitando três vezes. 
Kane e Amy seguem as indicações dos seus concidadãos, aprestam-se a partir para longe, mas mal saem dos limites da cidade, Kane percebe que se está a comportar como um cobarde e resolve regressar e enfrentar a ameaça. Afinal ele ajudou a tornar Hadleyville uma terra pacífica e ordeira, onde se pode viver sem medo, e não quer fugir deixando tudo como dantes. Amy não aprova a decisão, pretende seguir viagem sozinha no comboio e para tanto irá esperar pelo meio-dia no hall do hotel local.
Will Kane, entretanto, começa a organizar a resistência, chama os seus delegados, procura distribuir armas, mas descobre-se afinal sozinho nos seus propósitos. Ninguém o irá acompanhar, não terá nenhum apoio a seu lado, senão um velho estropiado a cair de bêbado e um miúdo mais destemido. Toda a restante cidade ou se associa estrategicamente à chegada do proscrito Miller ou se encolhe com medo diante desse perigo eminente. Um ou outro mais temerário é chamado à razão rapidamente. O juiz que condenara Miller emala os trapinhos e muda de ares cautelosamente. A cidade fica tolhida pelo pânico de enfrentar o gang que se apresta a recuperar o controle da situação nas suas ruas desertas. Decidido, Kane irá enfrentar os inimigos apenas com as armas de que dispõe. Quando a comunidade se aterroriza e acobarda, alguém tem de manter a dignidade, mesmo que tal se assemelhe a um suicídio. Escreve o seu testamento e sai para as ruas quando ouve os três apitos que assinalam a chegada do comboio. Este é um apelo a haver “alguém que resista” contra a brutalidade institucionalizada. Contra o terror imposto. Contra os fora-da-lei que conquistam o poder.
Narrado em tempo real (o filme dura os 85 minutos, os mesmos que dura a acção), “High Noon” é exemplar neste aspecto, conseguindo manter o equilíbrio entre o “tempo” da situação e o suspense que a mesma provoca, jogando com acções paralelas que se vão desenrolando em simultâneo, ora na estação, ora no hotel, no gabinete do xerife, no “saloon”, na igreja, nas ruas, um pouco por todo o lado. Alguns relógios vão pautando a escrita, criando a ansiedade e mantendo-a a um bom nível. A descrição das diferentes personagens é magnífica, servidas todas elas por actores brilhantes, mesmo nos mais pequenos papéis. Desde os vilões aos cidadãos amedrontados, do casal protagonista à proprietária do hotel, ex-paixão de Kane, Helen Ramírez (Katy Jurado), todos conseguem imprimir uma personalidade sólida a cada figura. Lloyd Bridges (Harvey Pell), Ian MacDonald (Frank Miller), Thomas Mitchell (Jonas Henderson), Otto Kruger (juiz Percy Mettrick), Lon Chaney Jr (Martin Howe), Harry Morgan (Sam Fuller), Morgan Farley (padre Mahin), Harry Shannon (Cooper), Lee Van Cleef (Jack Colby), Robert J. Wilke (Pierce) ou Sheb Wooley (Ben Miller) estão neste caso.
Para a criação deste clima obsessivo e inquietante, que quase cruza o western com o policial, muito contribuíram ainda a fabulosa fotografia a preto e branco de Floyd Crosby, a partitura musical de Dimitri Tiomkin, que criou um tema inolvidável e que acompanha como “leit motiv” todo o desenrolar da acção, e a montagem de Elmo Williams. 
Percebe-se, pois, a intenção primordial de Fred Zinnemann e dos seus argumentistas, Carl Foreman e Stanley Kramer, este igualmente produtor. Uma comunidade não pode estar à mercê de bandoleiros que controlam pela força o poder, alguém tem de intervir, e nem sempre o pacifismo é a melhor das atitudes. Sobretudo o acomodar a este tipo de situações não é de todo em todo aconselhável.
Mas se esta leitura é a mais corrente entre espectadores que desconhecem o contexto em que a obra foi criada, outra, bem mais intrincada, surge quando se integra a obra no seu tempo histórico e no país de origem. Nos EUA, desde finais dos anos 40 até quase final da década seguinte, a Comissão das Actividades Anti-Americanas perseguia todos quantos assumiam ideologias que se aproximassem do comunismo ou do socialismo. Era a vaga de fundo do anti-New Deal, o programa de recuperação económica e social instituído pelo presidente Roosevelt. Atacando em todas as frentes da sociedade norte-americana, o senador McCarthy e a sua equipa (de que fazia parte Richard Nixon), que dirigiam a operação, perseguiram todos os que pertenciam a organizações comunistas, eram meros simpatizantes ou julgados enquanto tais. Nos sindicatos, no governo, na comunicação social, nas forças armadas, nos meios do espectáculo, mas sobretudo no cinema, que foi escolhido como alvo preferencial, dada a sua notoriedade e fácil publicidade nos media, muitos foram intimados a depor perante a comissão formada para o efeito, mas de forma muito agressiva e com repercussões drásticas. Não se tratava apenas de saber se fulano tal era ou não comunista, mas de o obrigar a denunciar todos quantos conhecia que professassem ideias julgadas subversivas. Esta imposição da delação ficou tristemente conhecida como “mcchartismo”, "Caça às Bruxas" ou "Terror vermelho”. O clima era de cortar à faca nos meios cinematográficos de Hollywood, tanto mais que quem se recusou a denunciar ou indicar nomes foi sumariamente colocado na “lista negra”, impedido de trabalhar na indústria e ostracizado. Ou seja, o terror instalara-se em Hollywood, muitos emigraram, outros suicidaram-se, alguns ficaram conhecidos como “os 10 de Hollywood”, uma lista de dignos cidadãos que unicamente se recusaram a passarem a delatores. Foram eles, Alvah Bessie, argumentista, Herbert Biberman, argumentista e realizador, Lester Cole, argumentista, Edward Dmytryk, realizador e argumentista, Ring Lardner, Jr, jornalista e argumentista, John Howard Lawson, escritor, Albert Maltz, escritor e argumentista, Samuel Ornitz, argumentista, Adrian Scott, argumentista e produtor, e Dalton Trumbo, argumentista e escritor.
                                                                                                                      Nove dos "Dez de Hollywood"
A lista de actores, realizadores, argumentistas colocados na lista negra é infindável, mas aqui se podem conhecer alguns: Gale Sondergaard, Rosaura Revueltas, Allen Adler, Larry Adler, Orson Bean, Herschel Bernardi, Walter Bernstein, John Berry, Marc Blitzstein, Sebastian Miles, Allen Boretz, Phoebe Brand, Bertolt Brecht, J. Edward Bromberg, Sidney Buchman, Hugo Butler, Morris Carnovsky, Jerome Chodorov, Aaron Copland, Jeff Corey, John Cromwell, Jules Dassin, Roger De Koven, Paul Draper, Frank Capra, Cy Endfield, John Henry Faulk, Jerry Fielding, Carl Foreman, John Garfield, Betty Garett, Will Geer, Jack Gilford, Bernard Gordon, Lloyd Gough, Lee Grant, Dashiell Hammett, Sterling Hayden, Lillian Hellman, Marsha Hunt, Sidney Kingsley, Sam Jaffe, Paul Jarrico, Gordon Kahn, Victor Kilian, Howard Koch, Charles Chaplin ou Howard Fast. Claro que entre estes havia comunistas, socialistas, simpatizantes e muitos que nada tinham a ver com esse tipo de ideologia. 
                                                                                          A sessão da Comissão com Gary Cooper a depor
Para apoiar as individualidades perseguidas, criou-se o “Committee for the First Amendment”, em Setembro de 1947, fundado pelo argumentista Philip Dunne, a actriz Myrna Loy, e os realizadores John Huston e William Wyler, grupo a que aderiram muitos nomes grandes da sétima arte: Humphrey Bogart, Lauren Bacall, Henry Fonda, Gene Kelly, John Garfiel, Edward G. Robinson, Judy Garland, Katharine Hepburn, Paul Henreid, Dorothy Dandridge, Jane Wyatt, Ira Gershwin, Billy Wilder, Sterling Hayden, Evelyn Keyes, Marsha Hunt, Groucho Marx, Lucille Ball, Danny Kaye, Lena Horne, Robert Ryan, Frank Sinatra, entre outros.
                Anúncio a exortar os americanos a boicotarem os "vermelhos" no cinema e na televisão

Do outro lado da barricada, também se criou uma liga para a preservação dos valores americanos. Chamava-se “Motion Picture Alliance for the Preservation of American Ideals”, era presidida por Lela E. Rogers, mãe de Ginger Rogers, e contava igualmente com nomes sonantes como Robert Taylor, Adolphe Menjou, Sam Wood, Norman Taurog, Clarence Brown, Walt Disney. Clark Gable e Gary Cooper estiveram igualmente ligados a esta “Aliança”, mas a sua acção nunca ficou claramente definida, sendo vista por muitos como ingenuidade de impreparados politicamente. Gary Cooper, por exemplo, apesar das suas simpatias, recusou-se a nomear fosse quem fosse no seu depoimento perante a comissão. Outros houve, claramente conservadores, como John Ford, que criticaram asperamente toda esta situação. Sobre este tema existem vários filmes posteriores, como “Na Lista Negra”, de Irwin Winkler, com Robert De Niro, “O Testa de Ferro”, de Martin Ritt, com Wood Allen e Zero Mostel, e, mais recentemente, “Boa Noite, e Boa Sorte”, de George Clooney.
O certo é que se instalou em Hollywood e Nova Iorque um clima de terror que terá levado alguns argumentistas e cineastas, politicamente fora de toda a suspeita de subversão, mas defensores dos valores da legalidade e da democracia, a lutarem contra este ambiente opressivo, propondo obras onde esse terror era violentamente condenado. Entre essas obras inscreve-se claramente “O Comboio Apitou Três Vezes”, curiosamente interpretado por Gary Cooper, realizado pelo insuspeito Fred Zinnemann, mas escrito pelo muito “suspeito” Carl Foreman (pouco depois exilado dos EUA), ao lado de um argumentista, produtor e realizador liberal como Stanley Kramer.
O filme adquiriu assim um estatuto de libelo anti-mccarthismo que, se agradou a muitos, terá provocado a ira de alguns falcões de Hollywood, como John Wayne e Ward Bond, que se aprestaram a condenar publicamente a película.
A verdade é que, ultrapassando ventos e marés, esta é uma das obras-primas do cinema norte-americano da década de 50 e um dos exemplos mais flagrantes da sua corrente liberal e progressista. 

O COMBOIO APITOU TRÊS VEZES
Título original: High Noon
Realização: Fred Zinnemann (EUA, 1952); Produção: Carl Foreman, Stanley Kramer; Música: Dimitri Tiomkin; Fotografia (p/b): Floyd Crosby ; Montagem: Elmo Williams; Casting: Jack Murton; Design de produção: Rudolph Sternad; Direcção artística: Ben Hayne; Decoração: Murray Waite; Maquilhagem: Louise Miehle, Gustaf Norin; Direcção de produção: Clem Beauchamp, Percy Ikerd; Assistentes de realização: Emmett Emerson; Som:Jean L. Speak, John Speak; Efeitos especiais: Willis Cook; Companhias de produção: Stanley Kramer Productions; Intérpretes: Gary Cooper (Marshal Will Kane), Thomas Mitchell (Mayor Jonas Henderson), Lloyd Bridges (Deputy Marshal Harvey Pell), Katy Jurado (Helen Ramírez), Grace Kelly (Amy Fowler Kane), Otto Kruger (Juiz Percy Mettrick), Lon Chaney Jr.(Martin Howe), Harry Morgan (Sam Fuller), Ian MacDonald, Eve McVeagh, Morgan Farley, Harry Shannon, Lee Van Cleef, Robert J. Wilke, Sheb Wooley, Jack Elam, etc. Duração: 85 minutos; Distribuição em Portugal: Costa do Castelo (DVD); Classificação etária: M/ 12 anos Estreia em Portugal: 8 de Junho de 1953.



FRED ZINNEMANN (1907-1997)
Alfred Zinnemann nasceu a 29 de Abril de 1907, em Viena, na altura integrada no império Austro-húngaro, agora Áustria. Morreu a 14 de Março de 1997, em Londres, Inglaterra, de ataque cardíaco. Filho de um médico judeu, inicialmente parecia destinado a uma carreira de violinista, depois estudou Direito na Universidade de Viena. Mas apaixonou-se pelo cinema, particularmente o americano, mas também por Sergei Eisenstein e Erich von Stroheim, e decidiu que era essa a carreira a seguir. Primeiro na Europa (na “École Technique de Photographie”, de Paris, em 1927, a seguir em Berlim, onde trabalhou como assistente de realização de Robert Sidmark e de Billy Wilder, nos estúdios UFO, depois na América, onde estudou cinema, foi operador de câmara e figurante. Uma das suas grandes inspirações foi Robert J. Flaherty, de quem se tornou assistente pessoal. Conseguiu o apoio do produtor Paul Strand para filmar no México um documentário, “Redes” (1935), que impressionou pelo seu realismo narrativo. A sua primeira longa-metragem de ficção foi também filmada no México e com um naipe de atores amadores: “The Wave” (1937). Entre 1938 e 1942, filma quinze curtas-metragens, entre as quais “That Mothers Might Live” (1938), que lhe valeu um Óscar na já extinta categoria de Curta-Metragem de uma bobina. Naturalizou-se cidadão americano em 1936. Casado com Renee Bartlett (1936 - 1997). Realizou também alguns filmes de pequeno orçamento, mas a sua primeira longa-metragem de sucesso foi “The Seventh Cross” (1944). “The Search” (1948) vale-lhe a primeira nomeação para o Óscar de Melhor Realizador. Em 1951, venceu o primeiro Óscar da sua carreira como produtor do documentário de curta-metragem “Benjy” (1951). “High Noon” (1952) e “From Here to Eternity” (1953) são as suas obras mais célebres, a última das quais lhe conferiu o Óscar de Melhor Realizador. Em 1966, com “A Man For All Seasons” ganha seis Óscares, entre os quais outra vez o de Melhor Realizador. Foi sob a sua direcção que se estrearam no cinema Montgomery Clift, Marlon Brando e Meryl Streep. Excelente director de actores, 18 foram nomeados em filmes seus para Óscars de melhor actor: Hume Cronyn, Montgomery Clift, Gary Cooper, Julie Harris, Frank Sinatra, Donna Reed, Burt Lancaster, Deborah Kerr, Anthony Franciosa, Audrey Hepburn, Glynis Johns, Paul Scofield, Robert Shaw, Wendy Hiller, Jason Robards, Vanessa Redgrave, Jane Fonda e Maximilian Schell. Cooper, Redgrave, Robards, Sinatra, Reed, Scofield, além de Ivan Jandl (este para um Oscar juvenil).
Fred Zinnemann, que foi um dos mais talentosos cineastas da época de ouro do cinema norte-americano, definiu excelentemente o que é o cinema norte-americano, sobretudo o do seu tempo, ao dizer: “Sempre me pensei um realizador de Hollywood, não porque tenha nascido na indústria americana, mas porque gosto de fazer filmes que agradem a grandes audiências, e não somente para expressar a minha personalidade e as minhas opiniões. Tentei sempre oferecer ao público algo de positivo ao mesmo tempo que o entretinha”. Conta-se que depois de ter ganho um Oscar, compareceu numa reunião com um jovem executivo que lhe perguntou o que é que Zinnemann tinha feito até aí. Ao que o cineasta respondeu: “Claro, mas primeiro conte você”.
Em 1967, radica-se na Inglaterra, onde rodaria alguns filmes bem sucedidos, e onde vem a falecer.

Filmografia:
Como realizador
1930: Menschen am Sonntag (argumentista e assistente de realização)
1936: Redes
1938: Tracking the Sleeping Death (curta-metragem)
1938: They Live Again (curta-metragem)
1938: That Mothers Might Live (curta-metragem)
1938: A Friend in Need (curta-metragem)
1938: The Story of Doctor Carver (curta-metragem)
1939: Weather Wizards (curta-metragem)
1939: While America Sleeps (curta-metragem)
1939: Help Wanted (curta-metragem)
1939: One Against the World (curta-metragem)
1939: The Ash Can Fleet (curta-metragem)
1939: Forgotten Victory (curta-metragem)
1940: Stuffie (curta-metragem)
1940: The Old South (curta-metragem)
1940: The Great Meddler (curta-metragem)
1940: A Way in the Wilderness (curta-metragem)
1941: A Crime Does Not Pay Subject: Forbidden Passage (curta-metragem)
1941: Your Last Act
1942: The Lady or the Tiger? (curta-metragem)
1942: Kid Glove Killer
1942: The Greenie (curta-metragem)
1942: Eyes in the Night (Olhos na Escuridão)
1944: The Seventh Cross (A Sétima Cruz)
1945: A Hora da Saudade (não creditado)
1946: Little Mister Jim
1947: My Brother Talks to Horses (À Rédea Solta)
1948: The Search (Anjos Marcados)
1948: Act of Violence (Acto de Violência)
1950: The Men (O Desesperado)
1951: Benjy (curta-metragem)
1951: Teresa (Teresa)
1952: High Noon (Oklahoma!)
1952: The Member of the Wedding
1953: From Here to Eternity (Até à Eternidade)
1955: Oklahoma! (Oklahoma)
1956: Screen Directors Playhouse (TV series) – Markheim
1957: A Hatful of Rain (Cárcere Sem Grades)
1958: O Velho e o Mar (não creditado)
1959: The Nun's Story (A História de Uma Freira)
1960: The Sundowners (Três Vidas Errantes)
1964: Behold a Pale Horse
1966: A Man for All Seasons (Um Homem para a Eternidade)
1973: The Day of the Jackal (Chacal)
1977: Julia (Júlia)
1982: Five Days One Summer (Cinco Dias um Verão)

GARY COOPER (1901-1961)
Frank James Cooper nasceu a 7 de Maio de 1901, em Helena, Montana, EUA, e viria a falecer a 13 de Maio de 1961, em Beverly Hills, Los Angeles, Califórnia, EUA, com 60 anos, vítima de um cancro na próstata. Casado com uma única mulher, Sandra Shaw (1933-1961), contam-se, no entanto, várias ligações extra matrimoniais, com actrizes e personalidades muito conhecidas.
Era filho de Charles Henry Cooper, inglês, advogado, que deixou a Inglaterra aos 19 anos e se tornou juiz do Supremo Tribunal do estado de Montana, antes de comprar um rancho e se dedicar inteiramente à agricultura (“o meu pai era um verdadeiro Westerner”, conta Gary Cooper). Em 1910, o jovem Cooper viaja com a mãe até Inglaterra e, na volta, apaixona-se igualmente pela vida de rancheiro. Foi guia no Yellowstone Park. Na universidade teve os primeiros contactos com a arte de representar e deixou-se sucumbir aos encantos de Hollywood, para onde partiu, inicialmente para se ocupar em pequenos papéis de figuração. O seu primeiro trabalho “visível” terá sido em 1926, em “The Winning of Barbara Worth” (A Flor do Deserto), de Henry King. A partir daí interveio em mais de uma centena de obras, muitas das quais como protagonista, sendo um dos mais requisitados actores de Hollywood, sobretudo no campo do western. Ícone de várias gerações, que viam nos seus olhos claros o reflexo de um herói sem mácula, Gary Cooper possuiu uma carreira marcada por grandes sucessos que se podem consultar na sua filmografia. Ernest Hemingway, por exemplo, achou que Gary Cooper tinha sido o actor ideal para interpretar as adaptações de dois dos seus romances mais célebres: “O Adeus às Armas” (1932) e “For Whom the Bell Tolls” (1943).
Politicamente era conservador, foi chamado à Comissão de Actividades Anti-Americanas e não revelou qualquer nome, defendeu Carl Foreman, enquanto argumentista de “High Noon” e pediu a John Wayne, que acusara o filme de “anti-americano”, para receber o Oscar de Melhor Actor em seu nome. 
Ganhou dois Oscars, com “Sergeant York” (1941) e “High Noon” (1952) e foi nomeado mais três vezes, com “Mr. Deeds Goes to Town” (1936), “The Pride of the Yankees” (1942) e “For Whom the Bell Tolls” (1943). Recebeu ainda, em 1961, um Óscar Honorário pelo conjunto da obra. Em 1999, na lista organizada pelo American Film Institute, Gary Cooper era considerado o 11º melhor actor de todos os tempos.
Em 1960, foi operado por duas vezes para retirar um cancro na próstata e no cólon. Julgado curado, no ano seguinte foi acometido de fortes dores no pescoço e no ombro, quando rodava em Inglaterra, e descobriu que a doença se havia se espalhado para os pulmões e os ossos. Não fez qualquer tratamento específico e faleceu pouco depois, aos 60 anos de idade. Encontra-se sepultado em Sacred Hearts of Jesus & Mary R.C. Cemetery, no Condado de Suffolk, Nova Iorque EUA.

Filmografia:
Figuração
(quase sempre não creditado)
1923: The Last Hour, de Edward Sloman
1925: Dick Turpin, de John G. Blystone
1925: The Trail Rider, de W.S. Van Dyke
1925: The Drug Store Cowboy, de Park Frame
1925: Riders of the Purple Sage, de Lynn Reynolds
1925: North Star, de Paul Powell
1925: Warrior Gap, de Alan James
1925: The Vanishing American (Declínio de Uma Raça), de George B. Seitz
1925: The Lucky Horsehoe (OTio Paciência), de John G. Blystone
1925: The Thundering Herd, de William K. Howard
1925: Wild Horse Mesa, de George B. Steitz
1925: The Eagle (A Águia Negra), de Clarence Brown
1925: Tricks (curta-metragem)
1925: Three pals (curta-metragem)
1926: The Enchanted Hill, de Irwin Willat
1926: Watch your Wife, de Sven Gade
1926: Bad Man's Bluff, de Alan James
1926: Old Ironsides (Fragata Invicta) de James Cruze
1926: Watch Your Wife, de Svend Gade
1926: A Six Shootin' Romance), de Alan James e Clifford Smith
1926: The Johnstown Flood (A Represa da Morte), de  Irving Cummings

Longas-metragens
1925: Ben-Hur: A Tale of the Christ, de Fred Niblo
1926: Lightnin' Wins, de Alan James (curta-metragem)
1926: The Winning of Barbara Worth (A Flor do Deserto), de Henry King
1927: It (Aquilo), de Clarence G. Badger (não creditado)
1927: Arizona Bound, de John Waters
1927: Children of Divorce (Filhos do Divórcio), de Frank Lloyd
1927: The Last Outlaw (A Última Prisioneira), de Arthur Rosson
1927: Wings (Asas), de William A. Wellman
1927: Nevada (Nevada), de John Waters
1928: Half a Bride (A Excêntrica), de Gregory La Cava
1928: Beau Sabreur (Beau Sabreur), de John Waters
1928: Doomsday (Escrava por Amor), de Rowland V. Lee
1928: The Legion of the Condemned (A Legião dos Condenados) de William A. Wellman
1928: Red Hair (Cabelos de Fogo), de Clarence G. Badger
1928: Lilac Time (Céu de Glória), de George Fitzmaurice
1928: The First Kiss (O Primeiro Beijo), de Rowland V. Lee
1928: The Shopworn Angel (O Anjo Pecador), de Richard Wallace
1929: The Wolf Song, de Victor Fleming
1929: Betrayal (Traição), de Lewis Milestone
1929: The Virginian, de Victor Fleming
1930: Seven Days' Leave (Sete Dias de Licença), de Richard Wallace
1930: Only the Brave, de Frank Tuttle
1930: Paramount on Parade (Paramount em Gala), de Ernst Lubitsch, Edmund Goulding, Frank Tuttle, D. Arzner, O. Brower, V. Heerman, E.H.Knopf, L. Mendes, V. Schertzinger, A. E. Sutherland
1930: The Texan, de John Cromwell
1930: A Man from Wyoming, de Rowland V. Lee
1930: The Spoilers (Inferno Doirado), de Edward Carewe
1930: Morocco (Marrocos), de Josef von Sternberg
1931: Fighting Caravans (Os Civilizadores), de Otto Brower e David Burton
1931: The Slippery Pearls, de William C. McGann (curta-metragem)
1931: City Streets (Ruas da Cidade), de Rouben Mamoulian
1931: I Take This Woman (A Mulher que Deus Me Deu), de Marion Gering
1931: His Woman (Sua Esposa Perante Deus), de Edward Sloman
1931: The Stolen Jools (curta-metragem)
1932: Devil and the deep (Entre Duas Águas), de Marion Gering
1932: If I Had a Million (Se Eu Tivesse Um Milhão), de Ernst Lubitsch e Norman Z. McLeod
1932: A Farewell to Arms (O Adeus às Armas), de Frank Borzage
1933: Today We Live (A Vida é o Dia de Hoje), de Howard Hawks
1933: One Sunday Afternoon, de Stephen Roberts
1933: Alice in Wonderland (Alice no País das Fadas), de Norman Z. McLeod
1933: Design for Living (Uma Mulher para Dois), de Ernst Lubitsch
1934: Operator 13 (Espia nº 13), de Richard Boleslawski
1934: Now and Forever (Sou Tua para Sempre), de Henry Hathaway
1935: The Lives of a Bengal Lancer (Lanceiros da Índia), de Henry Hathaway
1935: The Wedding Night (Noite de Pecado), de King Vidor
1935: Peter Ibbetson (Sou Tua para Sempre), de Henry Hathaway
1935: La Fiesta de Santa Barbara, de Louis Lewyn (curta-metragem)
1936: Desire (Desejo), de Frank Borzage
1936: Hollywood Boulevard (não creditado)
1936: Mr. Deeds Goes To Town (Doido com Juízo), de Frank Capra
1936: The General Died at Dawn (O General Morreu ao Amanhecer), de Lewis Milestone
1936: The Plainsman (Uma Aventura de Buffalo Bill), de Cecil B. DeMille
1937: Souls At Sea (Almas em Perigo), de Henry Hathaway
1937: Lest we forget (curta-metragem)
1938: Blue Beard's Eighth Wife (A Oitava Mulher do Barba Azul), de Ernst Lubitsch
1938: The Adventures of Marco Polo (As Aventuras de Marco Polo), de Archie Mayo
1938: The Cow-boy and the Lady (Escândalos na Sociedade), de Henry C. Potter
1939: Beau Geste (Beau Geste), de William A. Wellman
1939: The Real Glory (A Verdadeira Glória), de Henry Hathaway
1940: The Westerner (A Última Fronteira), de William Wyler
1940: North West Mounted Police (Os Sete Cavaleiros da Vitória), de Cecil B. DeMille
1941: Meet John Doe (Um João Ninguém), de Frank Capra
1941: Sergeant York (Sargento York), de Howard Hawks
1941: Ball of Fire (Bola de Fogo), de Howard Hawks
1942: The Pride of the Yankees (O Ídolo), de Sam Wood
1943: For Whom The Bell Tolls (Por Quem os Sinos Dobram), de Sam Wood
1944: The Story of Dr. Wassell (Pelo Vale das Sombras), de Cecil B. DeMille.
1944: Casanova Brown (O Moderno Casanova), de Sam Wood
1944: Memo for Joe (curta-metragem)
1945: Along Came Jones (Aí Vem Ele), de Stuart Heisler
1945: Saratoga Trunk (Saratoga), de Sam Wood
1946: Cloak and Dagger (O Grande Segredo), de Fritz Lang
1947: Unconquered (Inconquistáveis), de Cecil B. DeMille
1948: Good Sam (O Bom Samaritano), de Leo McCarey
1949: The Fountainhead (Vontade Indómita), de King Vidor
1949: Task Force (A Última Batalha), de Delmer Daves
1950: Bright Leaf (Fumos da Ambição), de Michael Curtiz
1950: Dallas (A Paz voltou à Cidade), de Stuart Heisler
1951: You're in the Navy now (Marinheiros de Água Doce), de Henry Hathaway
1951: It's a Big Country, de Clarence Brown, Don Hartman, John Sturges, Richard Thorpe, Charles Vidor, Don Weis e William A. Wellman    
1951: Distant Drums (As Aventuras do Capitão Wyatt), de Raoul Walsh
1951: Starlift (O Teu Amor e uma Cabana), de Roy Del Ruth (cameo)
1952: High Noon (O Comboio Apitou Três Vezes), de Fred Zinnemann
1952: Springfield Rifle (Missão Secreta), de André De Toth
1953: Return to Paradise (Samoa), de Mark Robson
1953: Blowing Wild (Vento Selvagem), de Hugo Fregonese
1954: Garden of Evil (O Jardim do Diabo), de Henry Hathaway
1954: Vera Cruz (Vera Cruz), de Robert Aldrich
1955: The Court Martial of Billy Mitchell (Conselho de Guerra), de Otto Preminger
1956: Friendly Persuasion (Sublime Tentação), de William Wyler    ´
1957: Love in the Afternoon (Ariane), de Billy Wilder
1958: Ten North Frederick (O Homem que Queria ser Amado), de Philip Dunne
1958: Man of the West (O Homem do Oeste), de Anthony Mann
1958: The Hanging Tree (Raízes de Ouro), de Delmer Daves
1959: Alias Jesse James (Valentão é Apelido), de Norman Z. McLeod (não creditado)
1959: They Came To Cordura (Os Heróis de Cordura), de Robert Rossen
1959: The Wreck of the Mary Deare (O Mistério do Navio Abandonado), de Michael Anderson
1960: The Nacked Edge (O Gume da Navalha), de Michael Anderson 

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