terça-feira, 11 de março de 2014

SESSÃO 22: 10 DE MARÇO DE "014


 OS MELHORES ANOS DAS NOSSAS VIDAS (1946) 
“Os melhores Anos das Nossas Vidas” parte de um romance de MacKinlay Kantor, “bestseller” aquando da sua saída, adaptado ao cinema por Robert E. Sherwood. William Wyler era já por essa altura um cineasta com uma sólida reputação e disputava com John Ford a primazia entre os gostos do público e da crítica. Desde meados dos anos 30 que cimentara uma filmografia de grande qualidade, onde se descortinava facilmente um estilo muito pessoal, uma sensibilidade e uma delicadeza de olhar invulgares. “Veneno Europeu” (1936), “Ruas de Nova Iorque” (1937), “Jezebel, a Insubmissa” (1938), “O Monte dos Vendavais” (1939), “A Última Fronteira” (1940), “A Carta” (1940), “Raposa Matreira” (1941) e “A Família Miniver” (1942), para lá dos seus documentários de guerra, rodados para o governo dos EUA, enquanto major durante a II Guerra Mundial (“The Memphis Belle: A Story of a Flying Fortress” e “The Fighting Lady”, ambos de 1944) testemunhavam um cineasta de preocupações sociais, bom conhecedor da natureza humana, excelente director de actores, senhor de uma maneira muito pessoal de entender o cinema e de se exprimira através dele.
Rigoroso e preciso na forma de enquadrar, de movimentar a câmara, de jogar com a iluminação, de aproveitar a profundidade de campo, como só Orson Welles o igualava, Wyler tinha tudo para se sair bem desta empreitada, tanto mais que a sua experiência de guerra o tornava particularmente vocacionado para transpor para a tela a experiência do regresso à vida quotidiana, numa pequena cidade do interior dos EUA, de três militares regressados da Europa e do Japão, onde tinham desempenhado o melhor que sabiam a sua tarefa na defesa dos valores em que acreditavam, lutando contra a barbárie nazi.
Foi o produtor Samuel Goldwyn quem teve a ideia de produzir uma obra sobre os veteranos da II Guerra Mundial, depois de ler uma reportagem no Times. Encarregou então o correspondente de guerra MacKinlay Kantor de escrever uma história que este lançou em livro, com o título “Glory for Me”, antes de passar ao cinema. O que Robert Sherwood viria a fazer com grande sucesso. 
Fred Derry (Dana Andrews), Homer Parrish (Harold Russell) e Al Stephenson (Fredric March) encontram-se enquanto esperam um voo para regressar à sua terra natal, uma cidade de nome (fictício) Boone City, que, afirma quem sabe, se assemelhava a Cincinnati, no Ohio. Capitão da força aérea, condecorado e traumatizado pela violência dos combates e a perda de amigos, Fred reúne-se a Homer, que perdera as duas mãos e agora se servia habilmente de próteses, e a Al, que servira na infantaria no Pacífico. Fred e Al são casados, mas enquanto o primeiro abandonara uma geladaria para combater na Europa, o segundo deixara um lugar de administração num banco, para onde é convidado a voltar, com regalias redobradas. Fred não tem a mesma sorte, não tem formação que lhe permita aspirar a mais do que um lugar idêntico ao que tinha no passado, mal remunerado e incerto, o que deixa desolada a sua mulher, Marie (Virginia Mayo), que entretanto se empregara num “night club” e aspira a outro tipo de vida. Al tem tudo a seu favor, uma mulher compreensiva, Milly (Myrna Loy), e uma filha já adulta, Peggy (Teresa Wright), que entretanto tomara contacto com as asperezas da vida, durante dois anos a servir em hospitais. Por seu turno, Homer, que fora um desportista e tem à sua espera uma noiva dedicada, Wilma (Cathy O'Donnell) e uns afectuosos pais, desespera perante a perspectiva de uma vida em comum com Wilma, estando ele dependente de outros para alguns dos mais insignificantes gestos diários. 
Se a guerra é vista de um ponto de vista trágico, com o seu caudal de dor e destruição, não serão menos evidentes as sequelas por si provocadas naqueles que lhe sobrevivem, nesses destroços psicologicamente traumatizados e fisicamente arruinados, como são os casos de Fred, Al e Homer, cada um ferido à sua maneira, um ostentando a amputação visível, outro sonhando pesadelos, o terceiro procurando no alcoolismo o entorpecer das recordações. O segredo de Wyler é mostrar este desdobrar de consequências sem cair na demagogia barata, tratando as personagens com a sobriedade e a dignidade requerida, insuflando as situações do vigor necessário, não descurando a observação crítica acertada e justa. Tudo isto por processos puramente cinematográficos, afastando a retórica balofa. Veja-se logo no início do filme a forma de tratamento diferenciado que é dado num balcão de uma companhia de aviação a um milionário golfista e a um veterano de regresso à Pátria. O primeiro tem reservas e lugares certos, o segundo terá de viajar num avião militar sem qualquer tipo de conforto. Aliás, a questão económica a diferenciar percursos está sempre presente: Al, apesar de ser no serviço militar um sargento, quando regressa a Boone City, tem o seu posto de bancário prestigiado assegurado. Já Fred, que partira para a guerra deixando um lugar de empregado de geladaria, regressa capitão por feitos heróicos, mas sem certeza de um emprego certo. A questão social, as desigualdades económicas não deixam de ser apontadas ou simplesmente sugeridas, de forma certeira. 
Mas a qualidade cinematográfica da obra de Wyler impõe-se a cada imagem. A visita de Fred ao cemitério de aviões é um momento inesquecível, não só pelo seu impacto visual, como também pelo seu significado simbólico. Todos aqueles milhares de aviões destroçados cujas carcaças repousam no chão são o equivalente a milhares de outros homens cujo regresso à vida normal nunca será possível, também eles desmantelados como as máquinas que pilotaram.
A mise en scène do cineasta é magnífica, sobretudo na forma como se serve da profundidade de campo, muito na linha da utilizada por Orson Welles, em “Citizen Kane”, por exemplo, sendo que para o caso não será de menos importância o facto do director de fotografia ser o mesmo, o fabuloso Greg Toland. Basta citar um exemplo, um plano rodado num bar, com os três amigos reunidos num mesmo enquadramento, mas em diferenciadas zonas de profundidade de campo. Um encontra-se à frente, junto ao piano, outro bem ao fundo, falando ao telefone numa cabine, o terceiro entra pela porta do bar. O plano é fixo, mas o movimento no seu interior e a complexidade das acções, todas elas de uma clareza exemplar, demonstra bem o rigor virtuosista de Wyler no cuidado posto na composição. 
“The Best Years of Our Lives” ganharia sete Oscars da Academia, referentes ao ano de 1946, incluindo Melhor Filme, Melhor Realizador (William Wyler), Melhor Actor (Fredric March), Melhor Actor Secundário (Harold Russell), Melhor Montagem (Daniel Mandell), Melhor Argumento Adaptado (Robert Sherwood), e Melhor Partitura Musical (Hugo Friedhofer). Foi o maior sucesso de bilheteira, a seguir a “E Tudo o Vento Levou”, tanto nos EUA como em Inglaterra. O público estava ávido de ver o drama dos que regressavam da frente da batalha e esta obra mostrava-lhe essa realidade, vivida tanto pelos ex-combatentes, como igualmente pelas suas famílias, colegas e amigos. Não haveria certamente muitas famílias onde não se sentisse de alguma forma essa tragédia, em maior ou menor grau. O cinema não só mostrava, como ajudava a exorcizar.
Nada disto seria possível igualmente sem um elenco enorme, onde sobressaem os três veteranos, interpretados magnificamente por Fredric March, Dana Andrews e Harold Russell (curiosamente March ganhou o Oscar, mas parece-me excelente mas um pouco over acting), muito bem acompanhados por uma deliciosa e subtil Myrna Loy, uma sugestiva e provocante Virginia Mayo e umas insinuantes Cathy O'Donnell e Teresa Wright. A justeza da interpretação e o realismo que imprimem às personagens (Wyler pediu aos actores para vestirem as suas próprias roupas, para dar maior consistência e autenticidade) ajudam em muito à magnífica realização final.

OS MELHORES ANOS DAS NOSSAS VIDAS
Título original: The Best Years of Our Lives
Realização: William Wyler (EUA, 1946); Argumento: Robert E. Sherwood, segundo romance de MacKinlay Kantor; Produção: Samuel Goldwyn, Lester Koenig; Música: Hugo Friedhofer; Fotografia (p/b): Gregg Toland; Montagem: Daniel Mandell; Direcção artística: Perry Ferguson, George Jenkins; Decoração: Julia Heron; Guarda-roupa: Irene Sharaff; Maquilhagem: Marie Clark, Robert Stephanoff; Assistentes de realização: Jonathan C. Boyle; Departamento de arte: Dorothea Holt; Som: Richard DeWeese, Larry Gannon, Gordon Sawyer; Efeitos especiais: John P. Fulton, Harry Redmond Sr.; Companhias de produção: The Samuel Goldwyn Company; Intérpretes: Myrna Loy (Milly Stephenson), Frederic March (Al Stephenson), Dana Andrews (Fred Derry), Teresa Wright (Peggy Stephenson), Virginia Mayo (Marie Derry), Cathy O'Donnell (Wilma Cameron), Hoagy Carmichael (Butch Engle), Harold Russell (Homer Parrish), Gladys George (Hortense Derry), Roman Bohnen, Ray Collins, Minna Gombell, Walter Baldwin, Steve Cochran, Dorothy Adams, Don Beddoe, Marlene Aames, Charles Halton, Ray Teal, Howland Chamberlain, Dean White, Erskine Sanford, Michael Hall, Victor Cutler, etc. Duração: 172 minutos; Distribuição: MGM (DVD); Classificação etária: M/ 12 anos. Estreia em Portugal: 4 de Março de 1948.

WILLIAM WYLER
(1902-1981)
Willi Wyler, ou William Wyler, como ficou conhecido, nasceu a 1 de Julho de 1902, em Mülhausen, na Alsácia, Alemanha (agora Mulhouse, Alto Reno, França) e viria a falecer a 27 de Julho de 1981, em Los Angeles, Califórnia, EUA, vítima de ataque de coração.
Veio para a América em 1920, pela mão de um primo de sua mãe, Carl Laemmle, director fundador da Universal Pictures. Em 1925 estreia-se na realização com um filme de curta-metragem, The Crook Buster, assinando já como "William Wyler". Durante alguns anos praticou em filmes de serie B, até atingir um outro estatuto, em 1929, com “Hell's Heroes”. Senhor de um estilo muito pessoal, Wyler foi durante muito tempo considerado o único sério concorrente junto de John Ford. Ambos atingiram um número de nomeações para Oscars e de Oscars verdadeiramente invulgar. Ford foi quatro vezes o melhor, Wyler três (A Família Miniver, 1942, Os Melhores Anos das Nossas Vidas, 1946, e Ben-Hur, 1959) e ainda um outro Oscar como melhor documentarista, “The Fighting Lady” (1944). Nomeado dez vezes, desde “Veneno Europeu” (1936) até “Funny Girl” (1968). Foi um notável director de actores. 31 intérpretes de filmes seus foram nomeados para Oscar, o que nenhum outro realizador conseguiu alcançar até hoje: Bonita Granville, Walter Huston, Maria Ouspenskaya, Claire Trevor, Bette Davis, Fay Bainter, Laurence Olivier, Geraldine Fitzgerald, Walter Brennan, James Stephenson, Patricia Collinge, Teresa Wright, Greer Garson, Walter Pidgeon, Henry Travers, Dame May Whitty, Fredric March, Harold Russell, Olivia de Havilland, Ralph Richardson, Eleanor Parker, Lee Grant, Audrey Hepburn, Eddie Albert, Anthony Perkins, Burl Ives, Charlton Heston, Hugh Griffith, Samantha Eggar, Barbra Streisand e Kay Medford. Davis, Bainter, Brennan, Wright, Garson, March, Russell, de Havilland, Hepburn, Ives, Heston, Griffith e Streisand ganharam os Oscars respectivos.
Manteve-se na Universal Pictures até 1935, quando a família Laemmle vendeu os estúdios e passou a trabalhar para um produtor independente, Samuel Goldwyn, e depois para a MGM, tendo colaborado com outros estúdios, cedido por esta produtora. Durante a II Guerra Mundial integrou o “U.S. Army Air Corps”, produzindo e realizando obras que se tornaram clássicos do documentarismo, como “The Memphis Belle: A Story of a Flying Fortress” (1944), ou “The Fighting Lady” (1944).
São dele três dos “100 Most Inspiring Movies of All Time”, instituidos pelo American Film Institute: “Ben-Hur” (1959) em 56º, “A Família Miniver” (1942) em 40º e “Os Melhores Anos das Nossas Vidas” (1946) em 11º. Na obra “1001 Movies You Must See Before You Die” (da responsabilidade de Steven Jay Schneider), existem sete obras de Wyler: “Veneno Europeu” (1936), “Jezebel, a Insubmissa” (1938), “O Monte dos Vendavais” (1939), “Os Melhores Anos das Nossas Vidas” (1946), “A Herdeira” (1949), “Férias em Roma” (1953) e “Ben-Hur” (1959).
A crítica francesa, sobretudo dos “Cahiers su Cinéma”, não o consideravam um “autor”. O crítico americano Andrew Harris, em “The American Cinema”, segue os seus colegas franceses, o que justificou durante algum tempo um certo esquecimento. Em contraste, o crítico francês André Bazin (1918-1958), que está na base da criação dos “Cahiers du Cinéma”, dedicou-lhe um texto magnífico onde o considerava um cineasta total, semelhante a Lang, Ford ou Hitchcock, senhor de um “cinema puro”, ascético e rigoroso. “Ninguém como Wyler conseguia contar uma história em cinema”. Em 1996, o Festival de Berlim dedicou-lhe uma retrospectiva e a reavaliação da sua obra iniciou-se.
Casado com Margaret Sullavan (1934 - 1936) e com Margaret Tallichet (1938 até à sua morte). Em 24 de Julho de 1981, Wyler foi entrevistado, juntamente com a filha, a produtora Catherine Wyler, para um documentário da PBS sobre a sua vida e obra: “Directed by William Wyler”. Três dias depois morreu, vítima de ataque cardíaco. Está sepultado no “Forest Lawn Memorial Park” em Glendale, Califórnia.

Filmografia:
Filmes mudos:
1925: The Crook Buster (curta-metragem)
1926: The Gunless Bad Man (curta-metragem)
1926: Ridin' for Love (curta-metragem)
1926: The Fire Barrier (curta-metragem)
1926: Don't Shoot (curta-metragem)
1926: The Pinnacle Rider (curta-metragem)       
1926: Martin of the Mounted (curta-metragem)  
1926: Lazy Lightning
1926: The Stolen Ranch   
1927: The Two Fister (curta-metragem)
1927: Kelcy Gets His Man (curta-metragem)
1927: Tenderfoot Courage (curta-metragem)
1927: The Silent Partner (curta-metragem)        
1927: Blazing Days
1927: Straight Shootin' ou Shooting Straight
1927: Galloping Justice (curta-metragem)
1927: The Haunted Homestead (curta-metragem)                      
1927: Hard Fists
1927: The Lone Star (curta-metragem)  
1927: The Ore Raiders (curta-metragem)          
1927: The Home Trail (curta-metragem)           
1927: Gun Justice (curta-metragem)      
1927: The Phantom Outlaw (curta-metragem)               
1927: The Square Shooter (curta-metragem)      
1927: The Horse Trader (curta-metragem)                    
1927: Daze of the West (curta-metragem)                     
1927: The Border Cavalier        
1927: Desert Dust            
1928: Thunder Riders
1928: Anybody Here Seen Kelly?
1929: The Shakedown
1929: The Love Trap (parcialmente falado)

Filmes sonoros:
1929: Hell's Heroes
1930: The Storm
1931: A House Divided (A Casa Desfeita)
1932: Tom Brown of Culver
1933: Her First Mate          
1933: Counsellor at Law
1934: Glamour
1935: The Good Fairy (A Conquista da Felicidade)
1935: The Gay Deception (O Príncipe Incógnito)
1935: Barbary Coast (Cidade Sem Lei) (não creditado, substituído por Howard Hawks)       
1936: These Three (Três Corações Iguais)
1936: Dodsworth (Veneno Europeu)
1936: Come and Get It (Pai Contra Filho) (não creditado, substituído por Howard Hawks)
1937: Dead End (Ruas de Nova Iorque)
1938: Jezebel (Jezebel, a Insubmissa)
1938: The Cowboy and the Lady (Escândalo na Sociedade) (não creditado, substituído por Leo McCarey)
1939: Wuthering Heights (O Monte dos Vendavais)
1940: The Westerner (A Última Fronteira)
1940: The Letter (A Carta)
1941: The Little Foxes (Raposa Matreira)
1942: Mrs. Miniver (A Família Miniver)
1944: The Memphis Belle: A Story of a Flying Fortress (documentário)
1944: The Fighting Lady (documentário)
1946: The Best Years of Our Lives (Os Melhores Anos das Nossas Vidas)
1947: Thunderbolt! (curta-metragem / documentário)
1949: The Heiress (A Herdeira)
1951: Detective Story (História de um Detective)
1952: Carrie (Entre Duas Lágrimas)
1953: Roman Holiday (Férias em Roma)
1955: The Desperate Hours (Horas de Desespero)
1956: Friendly Persuasion (Sublime Tentação)
1958: The Big Country (Da Terra Nascem os Homens)
1959: Ben-Hur (Ben-Hur)
1961: The Children's Hour (A Infame Mentira)
1965: The Collector (O Coleccionador)
1966: How to Steal a Million (Como Roubar Um Milhão)
1968: Funny Girl (Funny Girl)
1970: The Liberation of L.B. Jones (O Preço do Silêncio)

FREDRIC MARCH (1897 – 1975)
Ernest Frederick McIntyre Bickel, conhecido por Fredric March, nasceu a 31 de Agosto de 1897, em Racine, Wisconsin, EUA, e viria a falecer a 14 de Abril de 1975, em Los Angeles, Califórnia, EUA, com 77 anos, vítima de cancro na próstata.
Casado com Ellis Baker (1925 - 1927) e Florence Eldridge (1927 - 1975)
Estudou na Winslow Elementary School, depois na Racine High School e, finalmente, na Universidade do Wisconsin, onde foi membro da fraternidade Delta Alpha Phi. Profissionalmente iniciou a sua carreira como bancário, mas, em 1920, começou a trabalhar como figurante de filmes em Nova Iorque, quando adoptou uma forma abreviada do nome de solteira de sua mãe: Marcher. Estreou-se na Broadway em 1926 e, ao final dessa década, assinou um contrato com a Paramount Pictures, mas por pouco tempo, pois preferia escolher os filmes e manter a independência. Dividiu-se entre o cinema, o teatro e, mais tarde, a televisão. No teatro interpretou The Melody Man (1924), Puppets (1925), Harvest (1925), The Half-Caste (1926), Devil in the Cheese (1926), Yr. Obedient Husband (1938), The American Way (1939), Hope for a Harvest (1941), Hope for a Harvest (1941), The Skin of Our Teeth (1943), A Bell for Adano (1944), Years Ago (1947), Now I Lay Me Down to Sleep (1950), An Enemy of the People (1950), The Autumn Garden (1951), Long Day's Journey Into Night (1956) e Gideon (1962). Ganhou duas vezes o Tony para melhor actor de teatro, em 1947, na peça Years Ago, de Ruth Gordon, e, em 1957, pela produção na Broadway de Eugene O'Neill, Long Day's Journey Into Night.
Amigo do dramaturgo Arthur Miller, ele era o favorito do escritor para interpretar em teatro a personagem de Willy Loman, em Death of a Salesman (A Morte do Caixeiro-Viajante), Prémio Pulitzer de 1949. Elia Kazan, neste caso encenador, preferiu, todavia, entregar o papel a Lee J. Cobb. Mas acabaria por ganhar a personagem em cinema, na versão de 1951, produzida pela Columbia Pictures, e realizada por Laslo Benedek. Ganhou Oscars de Melhor Actor em 1930, em “The Royal Family of Broadway”, em 1932, em “Dr. Jekyll and Mr. Hyde”, e em 1946, em “The Best Years of Our Lives”. Foi ainda nomeado, em 1931, por “The Royal Family of Broadway”, em 1938 por “A Star Is Born” e em 1952 por “Death of a Salesman”. Mas a sua carreira esteve recheada de trabalhos notáveis.
Ele e a sua mulher Florence Eldridge, igualmente actriz e com quem trabalhou por diversas vezes no teatro e no cinema, eram filiados ao Partido Democrático e declaradamente  liberais. Chegou a apoiar a República durante a Guerra Civil Espanhola. A sua estrela no Passeio da Fama de Hollywood situa-se no número 1616 da Vine Street.

Filmografia:
1921: The Great Adventure, de Kenneth S. Webb (figurante)
1921: Paying the Piper, de George Fitzmaurice (figurante)
1921: The Devil, de James Young (figurante)
1921: The Education of Elizabeth, de Edward Dillon (figurante)
1929: The Dummy, de Robert Milton
1929: The Wild Party (Louca Orgia), de Dorothy Arzner
1929: The Studio Murder Mystery, de Frank Tuttle
1929: Paris Bound, de Edward H. Griffith
1929: Jealousy, de Jean de Limur
1929: Footlights and Fools, de William A. Seiter.
1929: The Marriage Playground, de Lothar Mendes
1930: Sarah and Son, de Dorothy Arzner
1930: Paramount on Parade (Paramount em Gala), de Dorothy Arzner
1930: Ladies Love Brutes (As Mulheres Amam os Fortes), de Rowland V. Lee
1930: True to the Navy (A Noiva da Esquadra), de Frank Tuttle
1930: Manslaughter, de George Abbott
1930: Laughter, de Harry d'Abbadie d'Arrast
1930: The Royal Family of Broadway (A Família Real de Broadway), de George Cukor e Cyril Gardner
1931: Honor Among Lovers (Honra de Amantes), de Dorothy Arzner
1931: Night Angel (O Anjo da Noite),de Edmund Goulding
1931: My Sin, de George Abbott
1931: Dr. Jekyll and Mr. Hyde (O Médico e o Monstro), de Rouben Mamoulian
1932: Strangers in Love, de Lothar Mendes
1932: Merrily We Go to Hell (Quando a Mulher se Opõe), de Dorothy Arzner
1932: Make Me a Star, de William Beaudine (Cameo)
1932: Smilin' Through (Um Amor que não Morreu), de Sidney Franklin
1932: The Sign of the Cross (O Sinal da Cruz), de Cecil B. DeMille
1932: Hollywood on Parade No. A-1 (curta-metragem)
1933: Tonight Is Ours (A Noite é Nossa), de Stuart Walker
1933: The Eagle and the Hawk (Dragões da Morte), de Stuart Walker
1933: Design for Living (Uma Mulher para Dois), de Ernst Lubitsch
1934: All of Me (Toda Tua), de James Flood
1934: Good Dame: Mace Townsley (Em Má Companhia), de Marion Gering
1934: Death Takes a Holiday (A Morte em Férias), de Mitchell Leisen
1934: The Affairs of Cellini (O Aventureiro de Florença), de Gregory La Cava
1934: The Barretts of Wimpole Street (As Virgens de Wimpole Street), de Sidney Franklin
1934: We Live Again (Ressurreição), de Rouben Mamoulian
1935: Les Misérables, de Richard Boleslawski
1935: Anna Karenine (Ana Karenina), de Clarence Brown
1935: The Dark Angel (O Anjo da Noite), de Sidney Franklin
1936: The Road to Glory (A Grande Ofensiva), de Howard Hawks
1936: Mary of Scotland (Maria Stuart, Raínha da Escócia), de Leslie Goodwins y John Ford
1936: Anthony Adverse (Adversidade), de Michael Curtiz e Mervyn LeRoy
1937: A Star Is Born (Nasceu Uma Estrela), de Jack Conway e William A. Wellman
1937: Nothing Sacred (Nada é Sagrado), de William A. Wellman
1938: The Buccaneer (O Corsário Lafitte), de Cecil B. DeMille
1938: There Goes My Heart (Perdeu-se Uma Milionária), de Norman Z. McLeod
1938: Trade Winds (Romance Duma Fugitiva), de Tay Garnett
1940: Susan and God (As Teorias de Susana), de George Cukor
1940: Victory (Fugidos do Mundo), de John Cromwell
1941: So Ends Our Night (Regresso a Berlim), de John Cromwell
1941: One Foot in Heaven (Com um Pé no Céu), de Irving Rapper
1941: Bedtime Story (História Duma Noite), de Alexander Hall
1942: I Married a Witch (Casei com Uma Feiticeira), de René Clair
1944: Valley of the Tennessee - narrador
1944: The Adventures of Mark Twain (As Aventuras de Mark Twain), de Irving Rapper
1944: Tomorrow, the World! (O Mundo de Amanhã),
1946: The Best Years of Our Lives (Os Melhores Anos das Nossas Vidas), de William Wyler
1948: Another Part of the Forest, de Michael Gordon
1948: An Act of Murder (Não Matarás), de Michael Gordon
1949: Christopher Columbus (Cristovão Colombo), de David MacDonald
1949: The Ford Theatre Hour (série de TV)
1950: Nash Airflyte Theatre (série de TV)
1951: It's a Big Country, de Clarence Brown, Don Hartman, John Sturges, Richard Thorpe, Charles Vidor, Don Weis, William A. Wellman          
1951: Death of a Salesman (A Morte de Um Caixeiro Viajante), de László Benedek
1951-1952: Lux Video Theatre (série de TV) - Ferry Crisis at Friday Point e The Speech
1953: Omnibus (série de TV) The Last Night of Don Juan
1953: Man on a Tightrope (Salto Mortal), de Elia Kazan
1954: Executive Suite (Um Homem e Dez Destinos), de Robert Wise
1954: The Best of Broadway (série de TV) - The Royal Family
1954-1956: Shower of Stars (série de TV) - The Flattering World e A Christmas Carol
1955: The Bridges at Toko-Ri (As Pontes de Toko-Ri), de Mark Robson
1955: The Desperate Hours (Horas de Desespero), de William Wyler
1956: Alexander the Great (Alexandre, o Grande), de Robert Rossen
1956: The Man in the Gray Flannel Suit (O Homem de Fato Cinzento), de Nunnally Johnson
1956: Producers' Showcase (série de TV) - Dodsworth
1958: Tales from Dickens (série de TV) - A Christmas Carol
1958: The DuPont Show of the Month (série de TV)
1959: Middle of the Night, de Delbert Mann
1960: Inherit the Wind (O Vento será a tua Herança), de Stanley Kramer
1961: The Young Doctors (Jovens Médicos), de Phil Karlson
1962: I Sequestrati di Altona (Os Sequestrados de Altona), de Vittorio De Sica
1964: Seven Days in May (Sete Dias em Maio), de John Frankenheimer
1964: The Presidency: A Splendid Misery (série de TV) narrador
1967: Hombre (Um Homem), de Martin Ritt
1970: ...tick...tick...tick... (Noite de Angústia), de Ralph Nelson
1973: The Iceman Cometh (O Homem de Gelo), de John Frankenheimer

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