domingo, 12 de janeiro de 2014

SESSÃO 14: 13 DE JANEIRO DE 2014


O MUNDO A SEUS PÉS


O início de “Citizen Kane” é admirável: grades de um portão. Um monograma: K. Um letreiro: interdita a passagem. A bruma e ao longe um castelo: Xanadu. De Kublan Khan a C. F. Kane. Uma janela vista do exterior, uma pequena luz que se mantém no mesmo ponto do écran, apesar dos planos que se sucedem, um corpo em silhueta, uma vela que se apaga. A mesma janela, agora do interior. A mesma silhueta. Nas mãos do “cidadão” uma bola de vidro com uma paisagem de neve. A bola de vidro rola dos dedos cansados para o chão, onde se parte. Dos lábios de Kane nasce uma palavra “Rosebud”. Um corte súbito na banda sonora e uma mancha apoteótica indicam o início da projecção de um jornal de actualidades. Irá principiar aqui a viagem em redor de um cidadão.
Quem era Charles Foster Kane? As “actualidades” mostram a diversidade de opiniões que os contemporâneos guardavam da sua memória: "É um comunista!”; “E um fascista!” As imagens das actividades públicas de Kane não permitem conclusões satisfatórias. Estamos ainda na epiderme de um homem e todas as contradições de uma sociedade como a americana são notoriamente visíveis. Kane foi, sucessivamente, e em simultâneo, uma infinidade de coisas, preenchendo com a sua vida os conceitos mais variados. O director do jornal de actualidades não se dá por satisfeito com a sucessão das imagens e quer ir mais além. Saber quem foi realmente Kane. Saber o que queria dizer “Rosebud”, sua última palavra. Para tentar descobrir isso, envia repórteres a interrogar os amigos e conhecidos daquele que em Xanadu morrera só.
Um dos jornalistas vai folhear memórias numa biblioteca, o que lhe permite penetrar na infância de Kane. O inquérito prossegue junto de Bernstein, que relembra o dia em que Kane entrou na redacção do “Inquire” e o casamento com a sobrinha do presidente dos EUA. Mais tarde, Leland evoca a crise política de Kane, descoberto pelo candidato rival numa aventura amorosa com uma cantora de ópera de décima ordem. Uma aventura que lhe custará o lugar para governador e o seu casamento.
De novo só, Kane casa-se com Susan, a quem obriga a ser cantora de ópera. É esta quem descreverá esses tempos, a sua tentativa de suicídio e, finalmente a separação. Kane só, em Xanadu, última parcela de um “puzzle”, será reconstruído pelo mordomo do palácio. Rosebud? Será a bola de vidro que lhe rodou das mãos no momento da morte?, pergunta-se o mordomo. Mas, entre os despojos de Xanadu, um trenó de criança é lançado às chamas. A madeira, vorazmente envolvida pelo fogo, deixa ver uma palavra: será essa a chave do enigma? O mundo da infância, perdido para sempre aos oito anos, será para Kane o centro do puzzle? O centro de um puzzle que o jornalista nunca descobrirá. Um segredo que Welles nos revela. Será esse um segredo pessoal?
Vemos assim como todo o filme se desenrola com uma investigação, uma peregrinação pelos labirintos íntimos de um homem. Dele temos, primeiramente, as imagens possíveis de qualquer jornal de actualidades. O que fez, quando fez, o que dele dizem, apressadamente, companheiros e adversários. Depois, lentamente, o círculo em redor de Kane vai-se fechando. São novos depoimentos, são novas reconstituições, novos “flashs backs” que penetram a memória e reconstituem o passado. Kane vai progressivamente ganhando uma presença diferente. A silhueta que dele víramos no início vai-se preenchendo de formas, “nuances”, sombras e, finalmente, o retrato, ainda que contraditório, ainda que ambíguo, ainda que polivalente, vai-se construindo. Charles Foster Kane é tão simplesmente um americano. Aliás esta ideia de “puzzle”, de reconstituição de imagens ou de tempo, está presente em “Citizen Kane” a vários níveis. São os monstruosos “puzzles” de Susan (que nunca chegamos a ver terminados), é esse enorme Xanadu, repositório de vários estilos, argamassa de tons diversos, «museu ideal» de Kane, é essa ânsia de aprisionar as próprias pessoas. Mesmo ao nível de sentimentos, Kane tenta organizar em redor de si um outro enorme “puzzle” de pessoas que o amem, o respeitem, o venerem. “Nada dando em troca”, como acusa Susan (que, no entanto, não pode deixar de lamentar o seu desaparecimento).
Orson Welles, com Kane, abre ao cinema os caminhos da modernidade. Com Orson Welles, com “Citizen Kane”, alguma da liberdade é restituída ao espectador. De que maneira? Pois, em primeiro lugar, pela forma como Welles faculta elementos de um “puzzle”, nunca impondo uma informação unívoca à figura. Isto é, para cada espectador Kane será, como para qualquer concidadão, uma figura a interpretar, a decifrar por si mesmo. O próprio Welles não saberá talvez quem é Kane, qual a posição a assumir frente a esta personagem. Na verdade, toda a filmografia de Welles nos mostra o extraordinário fascínio que certas figuras excessivas e demenciais exercem sobre o cineasta. É evidente que Welles se sente identificado com Kane; é óbvio que existem muitas afinidades entre as duas personagens. Mas, Orson Welles, lúcido e avisado, sabe os limites, conhece as falhas, oferece os dados que permitem criticar, ou distanciar, as figuras, reduzindo-as às suas verdadeiras dimensões.
Para conseguir manter esta liberdade de opção, Welles oscila entre diversos estilos, desde a aparente neutralidade narrativa, servindo-se para isso de actualidades (forjadas, evidentemente...), até uma construção barroca de planos, perfeitamente revolucionária na época. Na verdade, em “Citizen Kane”, à medida que se progride na complexidade e interiorização da figura, evolui-se também para uma maior complexidade narrativa, conjugando-se planos rapidíssimos, com planos-sequência, onde se nota um aturado trabalho de “mise en scène”, ao longo de toda a profundidade de campo, conduzido por hábeis movimentos de câmara.
O realizador empenha-se, não raro, em sobrecarregar os planos com uma carga emocional determinada não só através do enquadramento, da iluminação, da utilização de lentes grandes angulares (com o consequente aumento de profundidade de campo, que lhe irá permitir uma “mise en scène” em profundidade), como através do próprio traçado dos cenários (onde são visíveis influências do expressionismo) e no tratamento da banda sonora, invulgarmente trabalhada e cuidada, de forma a produzir certas clivagens no ritmo geral da narrativa (lembramo-nos, por exemplo, do grito de uma ave, presença perfeitamente gratuita na aparência, e que, todavia, irá provocar uma cisão no desenvolvimento dramático do filme).
Se o cinema americano tinha sido, até 1942, Griffith e John Ford, os artífices do classicismo, nada será como antes depois de “Citizen Kane”, que abre o cinema aos terrenos da modernidade. Um filme memorável, portanto, para o qual não se solicita a atenção do público, mas sim o seu amor. Orson Welles bem o merece. Ele continua a ser o “mestre”.

O MUNDO A SEUS PÉS
Título original: Citizen Kane
Realização: Orson Welles (EUA, 1941-1942); Argumento: Herman J. Mankiewicz e Orson Welles (John Houseman e Joseph Cotten, não creditados); Montagem: Robert Wise e Mark Robson; Fotografia (preto e branco): Gregg Toland; Operador: Bert Shipman; Música: Bernard Herrmann; Cenários: Van Nest Polglase e Perry Ferguson; Decorador: Darrell Silvera; Assistente de realização: Richard Wilson; Som: Bailey Fesler, James G. Stewart; Efeitos especiais: Vernon L. Walker; Guarda-roupa: Edward Stevenson; Produtor: Orson Welles; Produtor associado: Richard Barr; Produtor executivo: George J. Schaefer; Produção: A Mercury Production by Orson Welles / RKO: Radio Pictures; Intérpretes: Orson Welles (Charles Foster Kane); Joseph Cotten (Jedediah Leland); Dorothy Comingore (Susan Alexander); Everett Sloane (Mr. Bernstein); Ray Collins (Boss J.W. "Big Jim" Gettys); George Coulouris (Walter Parks Thatcher); Agnes Moorehead (Mary Kane); Paul Stewart (Raymond), Ruth Warrick (Emily Norton Kane); Erskine Sanford (Herbert Carter); William Alland (Jerry Thompson); Fortunio Bonanova (Matisti); Gus Schilling (Mordomo do "Rancho"); Philip Van Zandt (Mr. Rawlston); Georgia Backus (Miss Anderson); Harry Shannon (Jim Kane); Sonny Bupp (Kane III); Buddy Swan (Kane aos 8 anos); Alan Ladd (Repórter); Arthur O'Connell (Repórter), Kathryn Trosper (Repórter), Richard Baer (Hillman), Charles Bennett (actor), Joan Blair (Georgia), Edmund Cobb (Repórter do Inquirer), Eddie Coke (Repórter), Gino Corrado (Gino, empregado), Herbert Corthell (editor do Inquiquer), Thomas A. Curran (Teddy Roosevelt), Louise Currie (Repórter), Robert Dudley (Fotógrafo), Al Eben (Mike), Edith Evanson (Enfermeira), Jean Forward (Cantora de Opera), Arthur Kay (Maestro), Milton Kibbee (Repórter), Alan Ladd (Repórter de cachimbo), Ellen Lowe (Miss Townsend), Herman J. Mankiewicz (Jornaleiro), Irving Mitchell (Dr. Corey), Frances E. Neal (Ethel), Thomas Pogue, Guy Repp (Repórter), Benny Rubin (Smather), Walter Sande (Repórter), Gregg Toland (Entrevistador), Patrick Whitney (Repórter), Tudor Williams (director de coros), Richard Wilson (Repórter), etc. Duração: 119 minutos; Rodagem: Hollywood (entre 30 de Julho e 23 de Outubro de 1940); Estreia: 9 de Abril de 1941 (New York Palace, Nova Iorque); Distribuição internacional; RKO Radio Pictures; Distribuição em Portugal (cópia nova): Filmes Lusomundo; Edição vídeo: Costa do Castelo; Classificação: M/ 12 anos.

ORSON WELLES (1915-1985)
Orson Welles nasceu em Kenosha, Wisconsin, E.U.A., a 6 de Maio de 1915. Apaixona-se muito cedo por Shakespeare, e aos 5 anos de idade, diz a lenda, já conhece de cor excertos de algumas das suas peças, que encena com marionetes num pequeno teatrinho que lhe ofereceu o seu tutor, Dr. Bernstein (nome que curiosamente aparece, atribuído a outro tutor, em “O Mundo a Seus Pés”). Entre os oito e os dez anos, estuda tragédia, aprende desenho e exercita-se no ilusionismo (fala-se num encontro com Houdini). Percorre o mundo na companhia de seu pai.  Aos doze anos funda, no colégio, um grupo teatral e pratica todos os desportos possíveis. Aos quinze, faz uma condensação das oito peças históricas de Shakespeare e recebe um prémio da Associação Dramática de Chicago por uma encenação de "Júlio César". Com 1,80 m de altura, aparece a fumar respeitáveis charutos e usa já monumentais chapéus. Aos dezasseis anos, apresenta-se na Irlanda como um dos "maiores actores americanos" e desempenha o papel do duque Alexandre de Wurttemberg (que tem a provecta idade de 80 anos) em "O Judeu Suss" e o do “Espectro” no "Hamlet". Aos dezoito anos, volta aos E.U.A., onde se lança na edição e ilustração das obras completas de Shakespeare; escreve uma biografia do herói abolicionista John Browne e parte para Marrocos e Espanha, onde se inicia na arte da tauromaquia. Aos dezanove anos, vemo-lo de novo na América, trabalhando como actor em "Romeu e Julieta" e como encenador em "As Três Irmãs", de Tchekov, e outras peças; casa-se então com a actriz Virgínia Nicholson, que lhe dá uma filha, baptizada com o nome masculino de Christofer. Em 1935-36, com a crise do teatro, inicia-se na rádio com a emissão quotidiana "March of Time", actualidades dramatizadas, onde empresta a voz a personalidades diversas, como Hitler, Mussolini ou Negus. Aos vinte e dois anos, graças  ao apoio da administração Roosevelt, funda, com John Houseman, o "Federal Theatre", onde encena um "Macbeth" inteiramente interpretado por negros. No ano seguinte, desaparecido o "Federal Theatre", funda o "Mercury Theatre", e continua, por outro lado, a trabalhar na rádio, com uma emissão, “The Mercury Theatre on the Air”, na CBS, onde, a 30 de Outubro de 1938, adaptando "A Guerra dos Mundos", de Herbert-George Welles, fantasia uma reportagem da invasão do planeta Terra pelos marcianos, cujo realismo provoca um pânico indescritível na América. Mais tarde, adaptará dezenas de peças à rádio, sobretudo no programa “The Campbell Playhouse”, ainda na CBS.
Em 1939, com a desaparição do "Mercury Theatre", cede às solicitações de Hollywood e assina com a R.K.O. um contrato mirabolante: um filme por ano, de que poderia ser, conforme desejasse, produtor, realizador, argumentista, intérprete... ou tudo ao mesmo tempo. E ainda 25 por cento dos lucros brutos e 150 mil dólares para começar! Depois das tentativas malogradas de adaptar "Heart of Darkness" (da obra homónima de Joseph Conrad, que só muitos anos mais tarde seria adaptada ao cinema por Francis Ford Copppola, em “Apocalipse Now”) e "The Smiler With a Knife", segundo Nicholas Blake, que não leva por diante, realiza, finalmente, em 1940, com 25 anos apenas, o seu primeiro filme: "O Mundo a Seus Pés". 
Entre 30 de Julho e 23 de Outubro de 1940, Orson Welles roda Citizen Kane, depois de ter passado um mês fechado numa sala de cinema, vendo e revendo obras de John Ford.  Depois, durante nove meses, com semanas de seis dias de trabalho, Welles monta este seu primeiro trabalho de realização. A 1 de Maio de 1941, o filme é estreado e acolhido pela crítica de forma invulgarmente entusiástica. Mas o público não adere a esta obra que se mostra profundamente revolucionária para o seu tempo. Welles dinamitara as regras, estilhaçara a ideia clássica do cinema e, do alto da sua orgulhosa figura, contemplava o campo de batalha e os destroços que vogavam ainda ao sabor da tormenta. 
Citizen Kane não teve apenas o desfavor do público. Antes ainda de ser estreado, tivera já grandes dificuldades para ser exibido, porquanto descobriram na obra grandes afinidades entre a figura de Charles Foster Kane e a do magnate americano William Randolph Hearst, que controlava uma vasta cadeia de jornais ao longo de toda a terra americana e que, por todos os meios ao seu alcance, tentou impedir a sua estreia.
Entretanto, continua a dedicar-se ao teatro e interessa-se pela ópera. Em 1942, ante a recusa da R.K.O. de o deixar produzir uma adaptação de "As Aventuras de Pickwick", realiza “O 4º. Mandamento” (The Magnificent Ambersons), recebido ainda mais friamente do que “Citizen Kane”, depois do que parte para a América do Sul, onde impressiona 30.000 m de película, com vista a uma triologia sobre a Argentina, o Brasil e o México, que não chegam a ir nunca à sala de montagem. Só muito recentemente se recuperou parte desse material, que agora se pode ver sob a designação de “It's All True”. Sempre de mal a pior com a R.K.O., intervém ainda em “Jornada do Medo” (Journey into Fear), onde contudo, figurará como realizador Norman Foster. Em 1943, divorciado já, volta a casar-se (desta feita com Rita Hayworth), e dedica-se a espectáculos de "music-hall" e de magia para os soldados. Em 1946, depois de interpretar vários filmes, volta à realização com “O Estrangeiro” (The Stranger), para em 1947, sob a pressão de dificuldades económicas, realizar “A Dama de Xangai” (The Lady from Shangai). Após este filme, rompe definitivamente com os grandes produtores de Hollywood, para realizar, em Inglaterra, com pouquíssimos recursos e em tempo mínimo, o seu primeiro filme shakespeariano: “Macbeth”. A este segue-se, em 1952, “Othelo”, rodado em Itália e no Norte de África, que conquista o Grande Prémio de Cannes. Em 1953, publica um romance satírico, “V.I.P”., cria o bailado "The Lady in the Ice", para Roland Petit, e intervém como intérprete em diversas películas. Logo depois, publica novo romance, “Mr. Arkadin”, que adapta ao cinema sob o nome de “Confidential Report” (Relatório Confidencial, 1954) e casa, pela terceira vez, desta feita com Paola Mori, condessa de Cifagio, e intérprete de “Mr. Arkadin”. 1956 marca o regresso a Hollywood, onde realiza o seu último filme para a Meca do Cinema: “A Sede do Mal” (Touch of Evil). Em 1957, ainda um filme, mas desta vez, para a televisão: “Don Quijote”: segundo alguns, não a mais importante, mas uma das mais wellesianas de todas as suas obras, de que se conhece apenas uma versão montada por Jesus Franco, para a Expo 92 de Sevilha.
Em 1962, realiza na Europa (França e Jugoslávia) “O Processo”, uma adaptação de Franz Kafka. Em 1966, segundo diversas obras de William Shakespeare, dirige “Falstaff” (As Badaladas da Meia Noite), a que se segue, em 1969 “História Imortal” (The Immortal Story), um filme misterioso e poético, de cerca de sessenta minutos, que tem (supostamente) Macau como cenário (foi rodado em Espanha). As suas derradeiras obras no cinema são “F for Fake”, sobre falsários de arte, e “Filming Othelo”, onde explica a conturbada rodagem do seu admirável “Othelo”.
Ao longo da sua carreira, interpretou dezenas de filmes, onde deixou igualmente o peso da sua personalidade e a força do seu génio, mas muitos deles não tinham grande qualidade nem o mereciam. Fazia-o para conseguir viver e financiar os seus projectos mais pessoais. Morreu a 9 de Outubro de 1985, deixando atrás de si uma lenda imorredoura, um legado disperso, incompleto e por vezes contraditório, que o apontam como um dos verdadeiros génios que o cinema conheceu no seu primeiro centenário de existência.

Filmografia
1. Como realizador
Para cinema
1934: Hearts of Age, de Orson Welles e William Vance (EUA)
1940-41: Citizen Kane (O Mundo a Seus Pés) (EUA)
1942: The Magnificent Ambersons (O Quarto Mandamento) (EUA)
1942: Journey Into Fear (A Jornada do Medo), de Norman Foster (EUA) (Orson Welles trabalhou neste filme enquanto preparava “The Magnificent Ambersons” e “It's All True”. Embora “Journey into Fear” não esteja assinado por ele, costuma figurar na sua filmografia).
1942: It's All True (trinta mil metros deste filme foram rodados em 1941-1942 por Orson Welles, na América do Sul: episódios do samba, dos jangadeiros no Brasil e episódio sobre as corrida de touros no México, segundo um texto Robert Flaherty. O projecto manteve-se inacabado, mas recentemente foi recuperado e mostrado como Orson Welles pensaria montá-lo).
1946: The Stranger (O Estrangeiro) (EUA)
1947: The Lady from Shanghai (A Dama de Xangai) (EUA)
1947: Macbeth (Macbeth) (EUA)
1949: Black Magic / Cagliostro, de Gregory Ratoff (participação de Orson Welles não creditada)
1952: Othello / The Tragedy of Othello: The Moor of Venice (Othello) (Itália, França, Marrocos)
1953: O Mercador de Veneza (primeiros ensaios para a “segunda cadeia”)
1954: O Rei Lear (CBS, New York) (Produção Peter Brook)
1955: Mr. Arkadin / Confidential Report (Relatório Confidêncial) (Espanha / Inglaterra / França / Suíça)
1955: Don Quixote (Don Quixote) (Espanha, México)
1955: The Orson Welles Sketchbook (TV)
1955: Around the World with Orson Welles (The Basque Country – Espanha: The Bullfight: Paris After Dark: Pelota Basca: Revisiting Viena: London: Saint-Germain-de-Prés e L'Affaire Dominici (inacabado))(TV)
1955: Moby Dick Rehearsal (inacabado) (TV)
1956: Orson Welles and People (TV)
1956: The Fountain of Youth (TV)
1956: Twentieth Century (CBS, New York)
1956: Lucy Meet Orson (CBS)
1957: Touch of Evil (A Sede do Mal) (EUA)
1957: The Marchant of Venice, Macbeth, Othello e King Lear (versões abreviadas para a CBS) (TV)
1957: The Fall of the City (TV)
1958: The Fountain of Young (TV)
1958: Portrait of Gina (TV)
1960: An Arabian Night (ATV) (TV)
1961: Orson Welles on the Art of Bullfighting (ABC) (TV)
1961: Viaggio nel Paese di Don Chisciotte (RAI) (TV)
1962: The Trial (O Processo) (França, Itália, RFA)
1963: Wide World of Entertainment (ABC) (TV)
1965: Miss Goodall and the Wild Chimpanzees (BBC) (TV)
1966: Campanadas a Medianoche / Chimes at Midnight / Falstaff (As Badaladas da Meia Noite) (Espanha, Suiça)
1967: Ten Days that Shock the World (ATV) (TV)
1967: Dean Martin Show (NBC) (TV)
1968: The Immortal Story / Histoire Immortelle (História Imortal)
1968: Around the World with Mike Todd (ABC) (TV)
1969: Around the World with Orson Welles (ABC) (TV)
1969: How Science Fiction Viewed the Moon (CBS) (TV)
1969: Thee Name of the Game (NBC) (TV)
1969: Rowen and Martins Laughin (NBC) (TV)
1969: The Silent Years (WNET/PBS) (TV)
1969: ABC Comedy Hour (ABC) (TV)
1969: The Southern Star (cenas iniciais, não creditado no genérico)
1967/70: The Deep /Dead Reckoning (Jugoslávia)
1970/75: The Other Side of the Wind (França, Irão) (projecto inacabado)
1971: Orson Welles Bag (CBS) (TV)
1971: Americans on Everest (NBC) (TV)
1972: Last of the Wild Mustangs (ABC) (TV)
1972: The Man who Came to Dinner (NBC)
1972: Orson Welles Great Mysteries (GB).
1973: The Marty Feldman Comedy Machine (ABC) (TV)
1975: F For Fake / Vérités et Mensonges (França, Irão)
1976: It Happened One Christmas (Thames) (TV)
1978: The Movie Moguls (TV)
1979: Magic with the Stars (NBC) (TV)
1979: Filming Othello (RFAlemanha)
1979: The Orson Welles Show (TV, série sob o pseudónimo de G.O.Spelvin)
1980: The Magic of David Copperfield (CBS) (TV)
1981: Special Magic (TV)
1992: Don Quixote / Don Quijote de Orson Welles (versão montada postumamente), de Orson Welles e Jesús Franco (Espanha)
1993: It's All True, de Bill Krohn, Myron Meisel, Orson Welles, Richard Wilson (EUA, 1942- 1993) (versão montada postumamente)

2. Como intérprete
1934: THE HEARTS OF AGE, de Orson Welles e William Vance
1941: CITIZEN KANE (O Mundo a Seus Pés), de Orson Welles (como Charles Foster Kane)
1942: JOURNEY INTO FEAR (A Jornada do Medo), de Norman Foster (e Orson Welles) (como Coronel Haki)
1942: THE MAGNIFICENT AMBERSONS (O Quarto Mandamento), de Orson Welles
1944: FOLLOW THE BOYS (Parada da Alegria), de Edward Sutherland (como O.W.)
1944: JANE EYRE (A Paixão de Jane Eyre), de Robert Stevenson (como Edward Rochester)          
1946: DUEL IN THE SUN (Duelo ao Sol), de King Vidor (Narrador)
1946: THE STRANGER (O Criminoso), de Orson Welles (como Franz Kindler, aliás Charles Rankin)
1946: TOMORROW IS FOREVER (Amanhã Viveremos), de Irwin Pichel (como John Macdonald)
1948: THE LADY FROM SHANGHAI (A Dama de Xangai), de Orson Welles (como Michael O’Hara)
1948: MACBETH (Macbeth), de Orson Welles (como Macbeth)
1949: BLACK MAGIC / CAGLIOSTRO (Cagliostro), de Gregory Ratoff (co­mo Cagliostro)
1949: PRINCE OF FOXES (O Favorito dos Bórgias), de Henry King (como César Borgia)
1949: THE THIRD MAN (O Terceiro Homem), de Carol Reed (como Harry Lime)
1950: THE BLACK ROSE (A Rosa Negra), de Henry Hathaway (como General Bayan)
1951: RETURN TO GLEUNASCAUL, de Hilton Edwards (curta metragem)
1952: OTHELLO (Othello), de Orson Welles (como Othello)
1952: RENT'S LAST CASE (O Último Caso de Trent), Herbert Wilcox; (como Sigsbee Manderson)
1953:  ROYAL AFFAIRS IN VERSAILLES / SI VERSAILLES M'ETAIT CONTÉ / AFFAIRS IN VERSAILLES (Se Versalhes Falasse...), de Sacha Guitry (como Benjamin Franklin).
1954: THREE CASES OF MURDER (Três Crimes), episódio de George More O' Ferrall (como Lord Mountdrago)
1954: NAPOLEON (Napoleão), de Abel Gance (como Hudson Lowe).
1955: DON QUIXOTE/DON KIKHOT, de Orson Welles (narrador)
1955: MR. ARKADIN/CONFIDENTIAL REPORT (Relatório Confidencial), de Orson Welles (como Gregory Arkadin)
1955: TOUBLE IN THE SAHDOW, de Herbert Wilcox (como Sanin Cejador y Mengues)
1956: MOBY DICK (Moby Dick), de John Huston (como Padre Mapple)
1957: MAN IN THE SHADOW (O Salário do Diabo), de Jack Arnold (como Virgil Renkler).
1957: TOUCH OF EVIL (A Sede do Mal), de Orson Welles (como Hank Quinlan).
1958: THE LONG HOT SUMMER (Paixões que Escaldam), de Martin Ritt (como Varner)
1958: THE ROOTS OF HEAVEN (As Raizes do Céu), de John Huston (como Cy Sedgwick)
1958: SOUTH SEAS ADVENTURE (Aventuras nos Mares do Sul), de C. Dubley, F. D. Lyon, W. Thompson, B. Wrangel, R. Goldstone (Narrador)
1958: THE VIKINGS (Os Vikings), de Richard Fleischer (Narrador)
1959: COMPULSION (O Génio do Mal), de Richard Fleischer (como Jonathan Wilk);         
1959: HIGH JOURNEY, de Peter Bayliss (Narrador)
1960: THE BATTLE OF AUSTERLITZ (Austerlitz), de Abel Gance (como Fulton)
1960: CRACK IN THE MIRROR (Drama Num Espelho), de Richard Fleicher (como Hagolin e Lamorciêre)
1961: DAVID AND GOLIATH (David e Golias), de Richard Pottier e Ferdinandi Baldi (como Saul)
1961: FERRY TO HONG KONG (Passagem Para Hong-Kong), de Lewis Gilbert (como Capitan Hart).
1961: KING OF KINGS (O Rei dos Reis), de Nicholas Ray 
1962: LA FAYETTE (La Fayette), de Jean Dreville (como Benjamin Franlin)
1962: ROGOPAG (Rogopag), R. Rossellini, J.-L. Godard, P.P. Pasolini e U. Gregoreti (como ralizador, no episódio de P. P. Pasolini)
1962: THE TARTARS / I TARTARI (Os Tártaros), de Richard Thorpe (como Burun­dai);
1962: THE TRAIL (O Processo), de Orson Welles (como Hastler)
1963: THE V.I.P.S (Hotel Internacional), de Anthony Asquith (como Max Buda)
1964: THE FINEST HOURS, de Peter Bayliss (Narrador)
1965: A KING'S STORY, de Harry Booth (Narrador)
1965: MARCO, THE MAGNIFICENT /LA FABULEUSE AVENTURE DE MARCO POLO (A Grande Aventura de Marco Polo), de Denys de la Pattellière e Noel Howard (como Acerman)
1966: CHIMES AT MIDNIGHT / FALSTAFF (As Badaladas da Meia Noite), de Orson Welles (como Falstaff)
1966: IS PARIS BURNING? / PARIS BRULE-T-IL? (Paris Já Está a Arder?), de René Clément (como Consulo Raoul Nordling)
1966: A MAN FOR ALL SEASONS (Um Homem para a Eternidade), de Fred Zinneman (como Cardeal Wolsey)
1966: PORTRAIT D' ORSON WELLES, de François Reichenbach (como O.W.)
1967: CASINO ROYALE (Casino Royal), de K. Hughes, V. Guest, J. Huston, R. Parrish e J. McGrath (como Le Chiffre)
1967: I'LL NEVER FORGET WHAT'S 'IS NAME (O Falhado), de Michael Winner (como Jonathan Lute)
1967: THE SAILOR FROM GIBRALTAR, de Tony Richardson; (como Como Luis de Moçambique)
1968: THE IMMORTAL STORY/HISTOIRE IMMORTELLE (História Imortal), de Orson Welles (como Mr. Clay)
1968: THE LAST ROMAN, de John Guillermin (como Imperador Justiniano)
1968: OEDIPUS THE KING, de Philip Saville (como Tiresias)
1969: HOUSE OF CARDS (A Sombra de Um Homem), de John Guillermin (como Chrales Leschenhaut)
1969: THE SOUTHERN STAR (A Estrela do Sul), de S. Hayers (como Planett)
1969: MIHAI VITEAZU, de Sergiu Nikolaescu
1969: TEPEPA (Tepepa), de Giulio Petroni e Luciano Lucignani (como Plankett)
1970: CATCH-22 (Artigo 22), de Mike Nichols (como General Dreedle)
1970: THE KREMLIN LETTER (A Carta do Kremlin), de John Huston (como Alesei Bresnavitch)
1970: START THE REVOLUTION WITHOUT ME (Comecem a Combater sem Mim), de Bud Yorkin (como O.W.)
1970: THE THIRTEEN CHAIRS, de Nicholas Gessner (como Markau)
1970: UPON THIS ROCK, de Harry Rasky (como Michelangelo)
1971: THE BATTLE OF NERETVA / BITKA NA NERETVI (A Batalha de Neretvi), de Velko Bulajic (como Senador)
1971: A SAFE PLACE, de Henry Jaglom (como Mago)
1971: WATERLOO (Waterloo), de Serghei Bondarchuk (como Luis XVIII)
1971: MALPERTUIS (Malpertuis), de Harry Kumel (como Cassave)
1971: TO KILL A STRANGER, de Peter Collinson
1972: GET TO KNOW YOUR RABBIT, de Brian De Palma (como Dalessandro)
1972: NECROMANCY / THE WITCHING / ROSEMARY'S DISCIPLES, de Bert Gordon;
1972: LA DÉCADE PRODIGIEUSE (A Década Prodigiosa), de Claude Chabrol (como Theo Van Horn)
1972: THE CRUCIFICTION, de Robert Guenette (Narrador)
1972: TREASURE ISLAND (A Ilha do Tesouro), de John Hough e Andrea Bianchi (como John Silver)
1972: SUTJEKA, de Stipe Delic (como Winston Churchill)
1972: FUTURE SHOCK, de Alex Grasshoff (como O.W.)
1972: F FOR FAKE, de Orson Welles (como O. W.)
1975: BUGS BUNNY SUPERSTAR, de Larry Jackson (narrador)   
1975: TEN LITTLE INDIANS / AND THEN THERE WERE NONE, de Peter Collinson
1975: THE CHALLENGE OF GREATNESS, de Herbert Line (narrador)
1976: VOYAGE OF THE DAMNED (A Viagem dos Malditos), de Stuart Rosenberg (como Raul Estevez)
1977: IT HAPPENED ON CHRISTMAS, de Donald Wrye
1978: FILMING OTHELLO, de Orson Welles (como O.W.)
1978: HOT TOMMORROWS, de Martin Brest (narrador)
1979: NEVER TRUST AN HONEST THIEF, de Gerge McCowan
1979: NIKOLE TESLE, de Krsto Papic (como Yug)
1979: THE DOUBLE MCGUFFIN  , de Joe Camp
1979: THE LATE GREAT PLANET EARTH, de Robert Amram (narrador)
1979: THE SHAH OF IRAN, de Walter Ellaby (narrador)
1979: THE MUPPET MOVIE, de James Frawley (como J.P.Morgan)
1980: SHOGUN (Shogun, o Senhor da Guerra), de Jerry London
1981: BUTTERFLY, de Matt Cimber (como Juiz) 
1981: HISTORY OF THE WORLD: PART 1, de Mel Brooks (narrador)
1981: THE MAN WHO SAW TOMMORROW, de Robert Guenette (narrador)
1982: ORSON WELLES À LA CINÉMATHÈQUE, de Pierre André Boutang (como O.W.)

1984: WHERE IS PARSIFAL?, de Henri Helman   

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