O FEITICEIRO DE OZ (1939)
“O Feiticeiro de Oz”, cuja realização aparece
assinada por Victor Fleming, teve igualmente a colaboração de alguns outros
realizadores, segundo rezam as lendas e proclamam os historiadores de cinema:
Richard Thorpe rodou cerca de duas semanas; George Cuckor dirigiu dois ou três
dias de filmagens; King Vidor terminaria a rodagem (sobretudo as sequências
inicial e final, em Kansas), na última semana, pois Victor Fleming já estava
noutra, ocupando-se de “E Tudo o Vento Levou”; Busby Berkeley como coreógrafo,
mas também com funções de realizador em várias fases do projecto. Mas foi
sobretudo o seu produtor, David O. Selznick, um homem com mão de ferro e algum
talento, que magicou toda a obra e a transformaria num “clássico” do “musical”
e num dos melhores momentos da época de ouro da MGM.
“The Wizard of Oz”, enquanto musical, e obra de
eleição, conta com uma fabulosa partitura musical assinada por Harold Arden e
E.Y. Harburg nas canções, e música adicional de Herbert Stothart que, conjuntamente
com George Stoll, conduziu a orquestra da M.G.M. nas sessões de gravação em
estúdio. Mas sabe-se que mais nove compositores tiveram relevantes
contribuições, escrevendo e orquestrando excertos desta lendária partitura.
Estão neste caso George Bassman, Murray Cutter, Bob Stringer, Paul Marquardt,
Leo Arnaud e Conrad Salinger, além de Roger Edens e Ken Darby, que se ocuparam
dos arranjos vocais.
Se a génese musical desta obra foi complicada, não
menos a terá sido na realização. Em 1939, a MGM, então uma das mais poderosas
“majors” de Hollywood, tinha em produção, entre outros, dois mega espectáculos:
este “O Feiticeiro de Oz” e ainda “E Tudo o Vento Levou”. Curiosamente, ambos
os filmes aparecem assinados por um mesmo realizador, Victor Fleming, ainda que
em ambas as obras tivessem surgido vários outros cineastas.
Falemos então da concepção de “O Feiticeiro de
Oz”, que, como já vimos, foi muito acidentada. O arranque inicial é dado por
Richard Thorpe, um realizador que no princípio da carreira se especializou em
filmes de série B, ligado a quase toda a excelente série Tarzan, interpretada
por Johnny Weissuller, e que se tornará notado, nos anos 50, pelas suas
aventuras históricas: “Ivanhoe”, “O Prisioneiro de Zenda” ou “Os Cavaleiros da
Távola Redonda”. Richard Thorpe filma durante doze dias, mas nada do que
registou em película seria aproveitado na versão definitiva. Segue-se-lhe
George Cukor, que ainda está menos tempo à frente do projecto, mas que acaba
por ter uma contribuição decisiva na forma como dirige Judy Garland, ou não
fosse Cukor um excelente director de actrizes. Cukor sai da realização de “O
Feiticeiro de Oz” para ir tomar conta de “E Tudo o Vento Levou”, onde traçou o
perfil de Scarlet O’Hara. Para a direcção de “O Feiticeiro de Oz” vem então
Victor Fleming, que assina 90% do material filmado. Mas, quando começam
igualmente a surgir problemas com George Cukor e Sam Wood na realização de “E
Tudo o Vento Levou”, a MGM envia Victor Fleming para acabar este filme e coloca
o seu amigo King Vidor a terminar as sequências de Oz. Curiosamente, todas as
cenas filmadas por King Vidor são das mais célebres desta obra - o arranque no
Kansas e a sequência do tornado, ou a despedida de Dorothy de Munchkindland.
Victor Fleming, nascido a 23 de Fevereiro de 1883,
veio a falecer a 6 de Janeiro de 1949. Inicialmente piloto de carros de
corrida, Fleming estreou-se no cinema como fotógrafo, trabalhando com
realizadores como Allan Dwan e David W. Griffith e actores como Douglas
Fairbanks. Em 1919, passa a realizar os seus próprios filmes. Mas foi entre as
décadas de 30 e 40 que assina as suas obras mais conhecidas, como “O Médico e o
Monstro”, uma versão interpretada por Spencer Tracy e Ingrid Bergman, “A Star
is Born”, “E Tudo o Vento Levou”, “O Feiticeiro de Oz” ou “Joana de Arc”, seu
derradeiro título, de 1948.
“O Feiticeiro de Oz” foi adaptado ao cinema por
uma vasta equipa de que faziam parte os escritores e argumentistas Noel
Langley, Florence Ryerson e E.A. Woolf, mas a que se haveria ainda de
acrescentar a colaboração de alguns outros não incluídos no genérico oficial,
como Arthur Freed, Herman Mankiewicz, Sid Silvers ou Ogden Nash. L. Frank Baum
fora o autor de “The Wonderful Wizard of Oz” (romance escrito em 1899 e
publicado no ano seguinte), que estaria na base do filme. Mas, antes de surgir
no cinema, passara pelo teatro, num “musical” que percorreu os EUA entre 1902 e
1903. A
estreia deu-se na Grand Opera House, em Chicago, a 16 de Junho de 1902, com
actores de vaudeville como David Montgomery (O Homem de Lata) e Fred Stone (O
Espantalho). A 21 de Janeiro de 1903, o mesmo show aparecia na Broadway, no
Majestic Theatre, de Nova Iorque, para uma prolongada estadia de 290
representações (o maior êxito do ano!), que se estenderia depois a uma tournée
pelos EUA que duraria até 1911.
Mark Evan Swartz, autor do livro “Oz Before the
Rainbow”, aparecido em 2000, determina uma compilação das diferentes adaptações
para cinema e teatro conhecidas antes da versão de 1939, e depois,
estabelecendo ainda uma listagem de obras directamente influenciadas pelo filme
de Fleming. Entre as versões cinematográficas citam-se: “The Wizard of Oz”
(1908), “The Wonderful Wizard of Oz” (1910), com Bebe Daniels, uma criança de
nove anos no papel de Dorothy, e ainda mais duas versões do mesmo ano,
produzidas pela Selig Polyscope Company, uma “Dorothy and the Scarecrow in Oz”
(1910), e outra “The Land of Oz” (1910). Em 1914, o próprio escritor, L. Frank
Baum, produz três versões, todas oriundas da sua companhia, a Oz Film
Manufacturing Company, “The Patchwork Girl of Oz”, “The Magic Cloak of Oz”, e
“His Majesty, the Scarecrow of Oz”, que afirmam ser a que segue o livro de mais.
Em 1921, surge mais uma “The Wizard of Oz” e em 1925 outra, da Chadwick
Pictures, com Bucha e Estica, sendo a realização de Larry Semon. Mas muitas
versões mais se poderiam acrescentar à longa lista: “The Scarecrow of Oz” ou
“The Land of Oz” (1931), uma curta-metragem de fantasia, uma versão canadiana,
de 1933, sem diálogos e com algumas cenas a cores e em animação, uma outra
versão de 1938, igualmente em animação.
Depois do filme que imortalizou Judy Garland,
apareceu uma versão animada da cadeia de TV ABC, com o título “Off to See the
Wizard” (1967) e Sidney Lumet, em 1978, dirigiu “The Wiz”, adaptação do musical
da Broadway, de William F. Brown e Charlie Smalls, com Diana Ross na
protagonista, e Michael Jackson na personagem do “Espantalho”.
Sendo um dos filmes mais célebres e citados da
história do cinema, natural é que seja igualmente dos mais parodiados e homenageados
noutras obras de cinema. “The Muppet Movie” (1979) é uma delas, com uma viagem
iniciática de Kermit a Hollywood (a sua Terra de Oz), onde para lá de outras
referências surge uma versão actualizada de “Somewhere Over the Rainbow”, “The
Rainbow Connection”. Mas podem referir-se muitas outras citações: “Under the
Rainbow” (1981), “Ozu no Mahotsukai” (1982), animação de Takayama Fumihiko,
“Return to Oz” (1985) com Fairuza Balk na figura de Dorothy, numa produção não
musical e em imagem real dos estúdios Disney, o belíssimo filme de David Lynch,
“Wild at Heart” (1990), que refere Oz, tal como a superprodução de Jan de Bont,
“Twister” (1996), onde Dorothy é o nome do tornado. Também Robert Zemeckis, em
“Contact” (1997), não esquece Oz, nem a canção "Over the Rainbow", ou
um balão de ar quente com a inscrição impressa “This Way to Oz". Em
“Face/Off” (1997), de John Woo, "Over the Rainbow" é a canção que se
ouve durante uma das cenas chave da película.
O caos que reinou durante as filmagens inspirou
Steve Rash para realizar “Under the Rainbow” (1981), uma comédia louca com
Chevy Chase, Carrie Fisher e Eve Arden, ambientada nos bastidores da rodagem do
filme de 1939.
No teatro, há uma versão da Royal Shakespeare
Company, em 1987, e em 2003, estreia, na Broadway, um novo musical, desta feita
devido a Stephen Schwartz, intitulado “Wicked”, e baseado no romance de Gregory
Maguire, de 1995, “Wicked: The Life and Times of the Wicked Witch of the West”.
No Radio City Music Hall de Nova Iorque todos os anos surge, numa curta série
de espectáculos, uma versão musical, que recupera o filme de 1939 da MGM. Muito
por onde escolher, portanto, mas nenhuma destas inúmeras citações faz jus à
fama e celebridade deste filme, cuja canção "Over the Rainbow" foi
considerada a melhor canção de sempre aparecida num filme. “O Feiticeiro de Oz”
é, pois, há muito um filme verdadeiramente “de culto” na história do cinema, e
segundo estatísticas certamente falíveis, mas que se julgam mesmo assim
irrecusáveis, o filme mais visto de sempre, e seguramente um dos mais amados.
Tendo em conta as vezes sem fim em que continua a passar pelos ecrãs de
televisão de todo o mundo, esta é uma afirmação que não sofre grande
contestação. Gerações e gerações de pais e filhos já viram, repetidas vezes até,
“O Feiticeiro de Oz” e preparam o caminho para outras tantas gerações que aí
estão prontas a assistirem às aventuras de Dorothy, uma rapariga do Kansas que,
pela magia do cinema consegue viajar “para lá do arco íris”.
O livro começa assim: "Dorothy vivia no meio
das grandes pradarias do Kansas, com o tio Henry, que era agricultor, e a Tia
Em, que era a mulher do agricultor.” Muitos insistem na veracidade da
inspiração do escritor, que tinha referências bem reais para as suas
personagens. Mas deve dizer-se também que o romance se baseia vagamente em
Lewis Caroll e na sua “Alice”. “O Feiticeiro de Oz” principia por uma sequência
a preto e branco, realista, sendo a protagonista a pequena Dorothy, deixando os
campos do Kansas, com o seu pequeno cão Totó, levada para um mundo de fantasia,
essa Munchkindland de que fala a lenda, depois de um tornado ter devastado a
sua aldeia. A seguir é a viagem encantatória, “beyond the rainbow”, por um
mundo de fadas, feiticeiros, magos, onde os animais e as plantas falam e dançam,
sempre na mira de chegar a Oz, referência final para o seu regresso à realidade
e a casa. Na companhia de um espantalho, de um homem de lata e de um leão,
Dorothy percorre um universo deliberadamente de estúdio, artificial,
reconstruído, insólito e maravilhoso, onde muitas das pessoas com que se cruza
diariamente no Kansas se transformam inconscientemente em personagens de um
mundo imaginado, sonhado. Judy Garland é Dorothy, Ray Bolger, o espantalho,
Bert Lahr, o leão amedrontado, Jack Haley, o homem de lata. O encontro com os
pequenos Munchkins e a visita ao castelo do feiticeiro de Oz são momentos de
eleição desta obra-prima do cinema em feliz incursão pelos terrenos da
fantasia.
É Dorothy quem explica esse mundo onde não existem
problemas, “um lugar onde não se vai de barco ou comboio”, “um lugar longe,
longe, para lá da lua, para lá da chuva”:
“Somewhere
over the rainbow, way up high
There's a land
that I've heard of, once in a lullaby
Somewhere over
the rainbow, skies are blue
And the dreams
that you dare to dream
Really do come
true
Some day I'll
wish upon a star
And wake up
where the clouds are far behind me
Where troubles
melt like lemon drops
Away above the
chimney tops
That's where
you'll find me
Somewhere over
the rainbow, blue birds fly
Birds fly over
the rainbow
Why then, oh
why, can't I?”
Depois de percorrerem a estrada que conduz à Terra
de Oz, a Yellow Brick Road, depois de terem derrotado a Bruxa Má do Oeste,
Dorothy e os amigos são premiados pelo Feiticeiro de Oz, que lhes permite
cumprir os seus desejos mais íntimos - para Dorothy será o regresso a casa e à
realidade a que procurou furtar-se e onde torna, enriquecida pela experiência
iniciática de uma viagem (tal como Alice). Maravilhoso, como o filme, e a voz
de Judy Garland.
Apesar de na sua estreia não ter tido muito
sucesso, “O Feiticeiro de Oz” acabaria por ser reconhecido através dos tempos e
julga-se hoje em dia que será o filme mais visto de sempre.
A cerimónia de atribuição dos Oscars de 1939 ficou
marcada por uma produção cinematográfica de altíssima qualidade. Vejam-se só os
nomeados para a categoria de melhor filme do ano: “Dark Victory”, de Edmund
Goulding, “Gone With the Wind”, de Victor Fleming; “Goodbye Mr. Chips”, de Sam
Wood, “Love Affair”, de Leo McCarey; “Mr. Smith Goes to Washington”, de Frank
Capra; “Ninotchka”, de Ernest Lubitch; “Of Mice and Men”, de Lewis Milestone;
“Stagecoach”, de John Ford, “The Wizard of Oz”, de Victor Fleming e ainda
“Wuthering Heighs”, de William Wyler. No campo da comédia musical, “O Feiticeiro
de Oz” ganhou tudo o que tinha a ganhar: melhor banda sonora, da autoria de
Herbert Stohart, e melhor canção, “Over the Rainbow”, de Harold Arlen, música,
e E.Y. Harburg, poema. Mas o filme seria ainda nomeado, como já vimos, na
categoria de melhor filme do ano (produtor Mervyn LeRoy), perdendo para “E Tudo
o Vento Levou”, do mesmo Victor Fleming, para lá de disputar os Oscars de
melhor decoração de interiores, para Cedric Gibbons e Wiliam A. Horning, melhor
fotografia a cores, para Hal Rosson, e melhores efeitos especiais, de som e
imagem. Judy Garland ganharia ainda uma estatueta miniatura, destacando o seu
trabalho como actriz jovem. Caso raro nos Oscars, um realizador competiu
consigo próprio: Victor Fleming encontrou-se em competição com… Victor Fleming
de “Gone With the Wind”.
Num dos números da revista “American Quarterly” de
1967, o estudioso Henry M. Littlefield estabelece uma curiosa versão para a interpretação
do romance de L. Frank Baum, “The Wonderful Wizard of Oz”, que, diz, se assume
como a uma parábola política sobre o Populismo, associando-o mesmo à eleição
presidencial de 1896 e ao movimento populista do virar do século XIX para o XX.
As conotações e referências directas são múltiplas. Aqui ficam apenas algumas:
o Espantalho refere-se aos sensatos mas inocentes agricultores do Oeste; o
Homem de Lata remete para os operários das fábricas de Este e a sua
desumanização, a Bruxa Má do Este seria um símbolo dos industriais e banqueiros
do Este que controlavam o povo (os Munchkins), as Bruxas boas do Norte e do Sul
destinam-se aos poderosos movimentos populistas, o feiticeiro de Oz tanto
poderia ser o Presidente Grover Cleveland, como o candidato republicano William
McKinley, e o Leão medroso poderia ser lido como referência ao candidato
democrata, William Jennings Bryan. Dorothy seria a natureza bondosa e saudável
do povo norte-americano. Oz poderia ser a abreviatura de “ounce” (pequeno) e
Emerald City seria Washington, D.C.
Como em todas as viagens iniciáticas, a simbologia
abre-se às mais diversas interpretações.
O FEITICEIRO DE OZ
Título original: The Wizard of Oz
Realização: Victor Fleming, e ainda não
creditados na versão final Richard Thorpe, King Vidor (sequências de Kansas)
(EUA, 1939); Argumento: Noel Langley, Florence Ryerson, Edgar Allan Woolf, (e
ainda, não creditados na versão final, Irving Brecher, William H. Cannon,
Herbert Fields, Arthur Freed, Jack Haley, E.Y. Harburg, Samuel Hoffenstein,
Bert Lahr, John Lee Mahin, Herman J. Mankiewicz, Jack Mintz, Sid Silvers)
segundo romance de L. Frank Baum (“The Wonderful Wizard of Oz”); Música: George
Bassman, George E. Stoll, Robert W. Stringer, e ainda Harold Arlen (canções),
H.R. Bishop (canção "Home Sweet Home"), Felix Mendelssohn-Bartholdy
("Scherzo in E Minor"), Modest Mussorgsky ("A Night on Bald
Mountain"), Robert Schumann ("Happy Farmer"), Herbert
Stothart (do filme "Marie
Antoinette"), Egbert Van Alstyne ("In the Shade of the Old Apple
Tree"); Fotografia (p/b e cor): Harold Rosson; Montagem: Blanche Sewell;
Dsign de produção: Malcolm Brown, William A. Horning, Jack Martin Smith;
Direcção artística: Cedric Gibbons, George Gibson; Coreografia: Busby Berkeley
(uma sequência não incluída na versão final); Decoração: Edwin B. Willis;
Guarda-roupa: Adrian, Sheila O'Brien, Jack Rohan; Maquilhagem: Jack Dawn;
Direcção de produção: Ulric Busch, Joe
Cook, Louis B. Mayer, Keith Weeks; Assistentes de realização: Al Shenberg;
Departamento de Arte: William A. Horning, Harry Edwards, A.D. Flowers, Gerald
F. Rocket, Elmer Sheeley; Som: Douglas Shearer; Efeitos especiais: A. Arnold
Gillespie; Efeitos visuais: Rik Panero; Produção: Mervyn LeRoy, Arthur Freed; Intérpretes:
Judy Garland (Dorothy Gale), Frank Morgan (Prof. Marvel, The doorman, The
cabbie, o guarda de The Wizard, The Wizard of Oz), Ray Bolger (Hunk, o
Espantalho), Bert Lahr (Zeke, o Leão Cobarde), Jack Haley (Hickory, o Homem de
lata), Billie Burke (Glinda, a boa feiticeira do Norte), Margaret Hamilton
(Miss Gulch, a malvada feiticeira do Oeste, a malvada feiticeira de Este),
Charley Grapewin (Tio Henry), Pat Walshe (Nikko), Clara Blandick (Tia Em),
Terry (cão Toto), Gladys W. Allison, Nick Ângelo, John Ballas, Franz 'Mike'
Balluck, Josefine Balluck, John T. Bambury, Viola Banks, Dorothy Barrett,
Amelia Batchelor, Charles Becker, Freda Besky, Billy Bletcher, Henry Boers,
Theodore Boers, Robert Bradford, Lorraine Bridges, Buster Brodie, Tyler Brooke,
Christie Buresh, Eddie Buresh, Lida Buresh, Betty Ann Cain, Mickey Carroll,
Adriana Caselotti, Colonel Casper, Lois Clements, Harry Cogg, Pinto Colvig,
Nona Cooper, Tommy Cottonaro, Elizabeth Coulter, Lewis Croft, Frank H. Cucksey,
Billy Curtis, Ken Darby, Eulie H. David, Eugene S. David Jr., Sid Dawson, Ethel
W. Denis, Prince Denis, Hazel I. Derthick, Abe Dinovitch, Jon Dodson, Gracie
Doll, Tiny Doll, Major Doyle, Daisy Earles, Harry Earles, Zari Elmassian, Carl
M. 'Kayo' Erickson, Fern Formica, Addie E. Frank, Thaisa L. Gardner, Jackie
Gerlich, William A. Giblin, Jack Glicken, Carolyn E. Granger, Phil Harron,
Joseph Herbst, Jacob Hofbauer, Shep Houghton, Clarence C. 'Major Mite'
Howerton, Helen M. Hoy, Marguerite A. Hoy, James R. Hulse, Charles Irwin, Lois
January, Delos Jewkes, Lois Johansen, Virgil Johanson, Robert Kanter, Charles
E. Kelley, Jessie E. Kelley, Joan Kenmore, Shirley Ann Kennedy, Frank Kikel,
Bernard 'Harry' Klima, Emma Koestner, Mitzi Koestner, 'Willi' Koestner, Karl
'Karchy' Kosiczky, Adam Edwin Kozicki, Joe Koziel, Dolly Kramer, Emil Kranzler,
Nita Krebs, 'Little Jeane' LaBarbera, Hilda Lange, Johnny Leal, Ann Rice
Leslie, Mitchell Lewis, Bud Linn, Prince Ludwig, Dominick Magro, Carlos Manzo,
Howard Marco, Jerry Maren, Johnny Maroldo, Marie Maroldo, Dona Massin, Bela
'Ike' Matina, Lajos 'Leo' Matina; Matthew 'Mike' Matina, Patsy May, Walter
Miller, George Ministeri, Abraham Mirkin, Pricilla Montgomery, Harry Monty,
Yvonne Moray, Lee Murray, Nels P. Nelson, Margaret C.H. Nickloy, George Noisom,
Franklin H. O'Baugh, William H. O'Docharty, Little Olga, Hildred C. Olson,
Frank Packard, Nicky Page, Leona M. Parks, Margaret Pellegrini, Johnny Pizo,
'Prince Leon' Polinsky, Lillian Porter, Meinhardt Raabe, Margie Raia, Matthew
Raia, Fredreich 'Freddie' Retter, 'Little Billy' Rhodes, Gertrude H. Rice,
Hazel Rice, Elvida Rizzo, Rad Robinson, Ruth Robinson, Sandor Roka, Betty Rome,
Jimmy Rosen, Donald Rothay, Charley F. Royale, Helen J. Royale, Stella A.
Royale, Albert Ruddinger, Sawhorse, Ambrose Schindler, Elise Schultz, Rolfe
Sedan, Valerie Shepard, Charles Silvern, Earl Slatton, Oliver Smith, Ruth E.
Smith, Elmer Spangler, Robert St. Ângelo, Harry Stanton, Parnell St. Aubin,
Carl Stephan, Alta M. Stevens, George Suchsie, Ralph Sudam, Charlotte V.
Sullivan, August Clarence Swenson, Betty Tanner, Carol Tevis, Arnold Vierling,
Bobby Watson, Gus Wayne, Victor Wetter, Grace G. Williams, Harvey B. Williams,
Gladys V. Wolff, Murray Wood, etc. Duração:
101 min /112 min; Distribuição em Portugal: Warner Bros. (DVD); Classificação
etária: M/ 6 anos.
VICTOR FLEMING
(1889-1949)
Victor Lonzo
Fleming nasceu a 23 de Fevereiro de 1889, em Pasadena, Califórnia, EUA, e
faleceu a 6 de Janeiro de 1949, em Cottonwood, Arizona, EUA, com 59 anos de
idade. Casado com Lucile Rosson (1933-1949). Filho de Elizabeth Evaleen, de
origem alemã, e de William Alonzo "Lon" Fleming, Victor Fleming
passou por vários empregos antes de se integrar na indústria cinematográfica.
Foi fotógrafo, durante a I Guerra Mundial, fotografou o Presidente Woodrow
Wilson na conferência de paz de Versalhes, mas antes foi mecânico de bicicletas
e automóveis, corredor, motorista, vendedor de carros, duplo no “Flying A”,
estúdio de Santa Barbara, etc. Um dia conheceu Allan Dwan, que o contratou como
motorista e depois e levou para o cinema. Trabalhou com D.W. Griffith, em
“Intolerance”, em 1916. Depois da guerra, Fleming regressa ao convívio com o
amigo Douglas Fairbanks, iniciando a sua colaboração na United Artists, onde,
em 1919, realiza a sua primeira obra, “When the Clouds Roll By”. Vários filmes
mudos são películas de acção protagonizadas por Douglas Fairbanks. Em 1932,
entra para a MGM onde roda alguns filmes que lhe grangeiam prestígio, como “Red
Dust” (1932), “Bombshell” (1933), “Treasure Island” (1934), “Reckless” (1935),
ou “Captains Courageous” (1937). Mas as suas obras mais importantes,
curiosamente iniciadas por outros realizadores e ambas produzidas no ano
de1939, foram “The Wizard of Oz” e “Gone with the Wind”, com que ganhou o Oscar
para melhor realizador. Morreu subitamente, vítima de ataque cardíaco, pouco
depois de ter completado “Joana d’Arc”, com Ingrid Bergman, e encontra-se sepultado
no Hollywood Forever Cemetery, em Los Angeles.
Filmografia:
1919: When the Clouds Roll by (Pesadelos e
Superstições)
1920: Woman's Place
1921: Mama's Affair
1922: Anna Ascends
1922: Red Hot Romance
1922: The Lane That Had No Turning
1923: The Call of the Canyon
1923: To the Last Man
1923: Law of the Lawless
1923: Dark Secrets
1924: Code of the Sea
1924: Empty Hands
1925: Lord Jim
1925: A Son of His Father
1925:
Adventure
1925: The
Devil's Cargo
1926: Mantrap
(A Provocadora)
1926: The
Blind Goddess (A Deusa da Justiça)
1927: The Rough Riders
1927: Hula
1927: The Way of All Flesh (A Tortura da Carne)
1928: The
Awakening (O Despertar)
1928: Abie's
Irish Rose (A Rosa da Irlanda)
1929: The Virginian
1929: The Wolf Song
1930: Renegades (Renegados)
1930: Common
Clay
1931: Around
the World with Douglas Fairbanks (A Volta ao Mundo em 80 Minutos)
(documentário)
1932: Red Dust
(Terra Abrasadora) (não creditado)
1932: The Wet
Parade
1933:
Bombshell (não creditado)
1933: The
White Sister (A Irmã Branca) (não creditado)
1934: Treasure Island
(A Ilha do Tesouro)
1935: The Farmer takes a Wife (A Noiva do Camponês)
1935: Reckless
(A Tentação Loira)
1937: Captains
Courageous (Lobos do Mar)
1938: Test Pilot (Herói de Hoje)
1939: Gone
with the Wind (E Tudo o Vento Levou)
1939: The
Wizard of Oz (O Feiticeiro de Oz)
1941: Dr.
Jekyll and Mr. Hyde (O Médico e o Monstro)
1941: The
Great Waltz (A Grande Valsa) (não creditado)
1941: They
Dare Not Love (Após a Derrota) (não creditado)
1942: Tortilla
Flat (O Milagre de S. Francisco)
1943: A Guy
Named Joe (Um Certo Rapaz)
1945: Adventure (Aventura)
1948: Joan of Arc (Joana d'Arc)
JUDY GARLAND (1922–1969)
Judy Garland nasceu com o nome de Frances Ethel
Gumm, a 10 de Junho de 1922, em Grand Rapids, Minnesota, nos EUA, e viria a falecer
muito jovem ainda, aos 47 anos, em Chelsea, Londres, Inglaterra, a 22 de Junho
de 1969. Desde muito nova que se entregou ao espectáculo, os pais eram artistas
de variedades e cantores, Francis Avent "Frank" Gumm (1886-1935) e
Ethel Marion Milne (1893-1953), e formou com duas outras irmãs mais velhas,
Mary Jane "Suzy" Gumm (1915-64) e Dorothy Virgínia "Jimmie"
Gumm (1917-77), um trio a que deram o nome “The Sisters Gumm”, que, depois de
muitos espectáculos de teatro de “vaudeville”, se estreou no cinema, em 1929,
em “Revue Big”. A última aparição de “The Sisters Gumm” no ecrã surgiu em 1935,
em “La Fiesta de Santa Barbara”, uma curta-metragem musical. Passaram então a
chamar-se “The Garland Sisters”, dado que Gumm não era nome que soasse bem. Mas
o trio não durou muito. Suzanne Garland casou, abandonou a carreira, e também
Frances Ethel Gumm foi substituída por Judy Garland. "Judy", como
homenagem a uma popular canção de Hoagy Carmichael, e Garland, aí as
explicações fiam mais fino e há várias, para todos os gostos, desde uma
influência da personagem de Carole Lombard (Lily Garland), até um elogio
recebido por telegrama da actriz Judith Anderson, onde se referia a palavra
"Garland" (grinalda). É já como Judy Garland que assina o seu
primeiro contrato a solo com a MGM. Estávamos em 1935, ela tinha treze, catorze
anos 1, 64 m
de altura, o pai morrera pouco antes, vítima de meningite, e a “Babe”, como era
chamada pelos familiares e amigos, logo passou a “filha da MGM”, onde dominava
Louis Mayer, que tinha por hábito alimentar-se sexualmente de todas as suas
actrizes.
A seu lado, tinha as “vedetas” da casa, entre as
quais Ava Gardner, Lana Turner ou Elizabeth Taylor, e Garland não era o que se
pode chamar o “glamour” em pessoa, a uma primeira vista. Na sua idade, não era
nem carne nem peixe, e Louis B. Mayer, uma vez recusados os avanços, ao que
consta, referia-se a ela como a "pequena corcunda". Mas a
popularidade da jovem actriz era muita, sobretudo desde que cantara “You Made
Me Love You”, no aniversário de Clark Gable, e posteriormente no “All-Star
Extravaganza Broadway Melody”, de 1938, desta feita perante a fotografia do
actor. A MGM inventou então a parelha Judy Garland - Mickey Rooney, que
apareceu numa série de musicais para adolescentes. O primeiro data de 1940,
“Thoroughbreds B Don't Cry”, a que se seguiram mais oito. Mas foi “O Feiticeiro
de Oz”, de 1939, que marcaria para sempre a sua carreira e a tornaria imortal,
sobretudo através do êxito sem precedentes que foi a sua interpretação do
clássico tema “Over the Rainbow”.
Rapidamente Judy Garland se torna dependente de
medicamentos e drogas, de álcool e tabaco. Afirma-se que Louis Mayer, “para
melhor rentabilizar os serviços da jovem” lhe administrava anfetaminas para a
estimular e, depois, barbitúricos para que dormisse quando já não era
necessária”.
A sua vida torna-se um carrossel com altos e
baixos cíclicos. Profissionalmente, é uma das mais celebradas vedetas dessas
décadas de ouro do musical, aparecendo nalguns dos grandes filmes que
assinalaram o género. Mas, em simultâneo, a dependência torna-se uma constante,
as crises multiplicavam-se, com tentativas de suicídio regulares, e os seus
efeitos sobre o trabalho também, com atrasos e ausências a filmagens. Começou
várias obras que não terminou, sendo despedida e substituída por outra actriz.
Particularmente, a sua vida sentimental era instável. Casou com David Rose
(1941-1944), com o cineasta Vincente Minnelli, de cuja ligação nasceu Liza
Minnelli, (1945-1951), Sidney Luft (1952-1965), Mark Herron (1965-1967), e
Mickey Deans (1969), que a encontrou morta na banheira do seu apartamento, num
hotel da capital inglesa.
Em 1999, o “American Film Institute”, numa
sondagem entre os seus membros, colocou-a em oitavo lugar, entre as dez maiores
estrelas femininas da história do cinema americano. Desde a sua morte, cujo
enterro foi acompanhado por mais de 22 mil pessoas, que é um ícone da história
do cinema e do espectáculo.
Filmografia:
1929: The Big Revue
1930: Bubbles
1930: The Wedding of Jack and Jill
1930: A Holiday in
Storyland
1935: La Fiesta de Santa Barbara ,
de Louis Lewyn (com “Garland
Sisters” ou “The Three Gumm Sisters”)
1936:
Every Sunday (curta-metragem)
1936:
Pigskin Parade (Diabruras de Estudantes), de David Butler
1937: Broadway Melody of 1938 (Maravilhas de 1938), de
Roy Del Ruth
1937: Thoroughbreds Don't Cry (Nasceu um Gentleman)
1938: Everybody Sing (Todos Cantam), de Edwin L. Marin
1938: Listen, Darling (Dois Garotos Endiabrados), de
Edwin L. Marin
1938: Love Finds Andy Hardy (Andy Hardy Apaixona-se),
de George B. Seitz
1939:
The Wizard of Oz (O Feiticeiro de Oz), de Victor Fleming
1939:
Babes in Arms (De Braço Dado), de Busby Berkeley
1940:
Strike up the Band (O Rei da Alegria), de Busby Berkeley
1940:
Little Nellie Kelly (Um Amor de Rapariga), de Norman Taurog
1940: Andy Hardy Meets Debutante (Prosápias de Andy
Hardy), de George B. Seitz
1940: If I Forget You
1941:
Ziegfeld Girl (Sonhos de Estrelas), de Robert Z. Leonard
1941: Life Begins for Andy Hardy (Andy Hardy Começa a
Vida), de George B. Seitz
1941: Babes on Broadway (Primavera da Vida), de Busby
Berkeley
1942: For Me and My Gal (O Prémio do Teu Amor), de
Busby Berkeley
1943:
Presenting Lily Mars (Caminho da Glória), de Norman Taurog
1943:
Girl Crazy (Doidinho Por Saias), de Norman Taurog e Busby Berkeley
1943:
Thousands Cherr (Sonhos de Estrelas), de George Sidney
1944:
Meet me in St-Louis (Não Há Como a Nossa Casa), de Vincente Minnelli
1945:
The Clock (A Hora da Saudade), de Vincente Minnelli
1946:
The Harvey Girls (A Batalha do Pó de Arroz), de George Sidney
1946:
Ziegfeld Follies (As Mil Apoteoses de Ziegfeld), de Vincente Minnelli
1946:
Till the Clouds Roll by (Até as Nuvens Passarem), de Richard Whorf
1948:
The Pirate (O Pirata dos Meus Sonhos), de Vincente Minnelli
1948:
Easter Parade (Quando Danço Contigo), de Charles Walters
1948: Words and Music, de Norman Taurog
1949: In the Good Old Summertime, de Robert Z. Leonard
1950:
Summer Stock (Festa no Campo), de Charles Walters
1954:
A Star is Born (Assim Nasce Uma Estrela), de George Cukor
1960:
Pepe, de George Sidney (só voz)
1961:
Judgment at Nuremberg (O Julgamento de Nuremberga), de Stanley Kramer
1962:
Gay Purr-ee, de Abe Levitow (só voz)
1963:
A Child is Waiting, de John Cassavetes
1963: I Could Go On Singing (Triunfo Amargo), de
Ronald Neame
Sobre um espectáculo teatral:
Depois de ter
tratado sempre com grande amor e entusiasmo os casos de divas como Amália,
Maria Callas ou Edith Piaf, Filipe La Féria lançou-se, recentemente, na
evocação de Judy Garland, através da encenação do musical “Judy Garland - O fim
do arco-íris”, um original de Peter Quilter, que tem sido bem recebido nos
palcos de todo o mundo e agora sobe à cena no Teatro Politeama de Lisboa.
Inglês de
nascimento (Colchester), Peter Quilter estudou na Universidade de Leeds,
emigrando depois para as Ilhas Canárias, onde reside. Iniciou a carreira como
apresentador de televisão, na BBC, e estreou-se como dramaturgo com uma
comédia, “Respecting Your Piers”, mais tarde rebaptizada como "Curtain
Up", a que se seguiram uma adaptação de Oscar Wilde, “The Canterville
Ghost”, o musical, e uma nova comédia, “BoyBand”. O seu primeiro grande sucesso
internacional seria, todavia, em 2005, “End of the Rainbow”, que se estreou na
Sydney Opera House, na Austrália. Em Inglaterra, surgiu no Royal Theatre de
Northampton, com encenação de Terry Johnson, e interpretação de Tracie Bennett.
Chegou ao West End londrino, para se instalar no Trafalgar Studios, tendo
recebido quatro nomeações para os “Laurence Olivier Awards”, melhor nova peça, melhor
actriz, melhor actriz num papel secundário, melhor som. A sua carreira
prosseguiu em Madrid, Hamburgo, Rio de Janeiro, e vai estrear nos EUA, a
caminho da Broadway, onde conta chegar a 19 de Março deste ano.
Outro musical
de grande sucesso do mesmo autor é “Glorious!”, contando-se ainda no seu
reportório obras como “Celebrity”, “Just the Ticket”, “Curtain Up!”, “The
Nightingales” ou “The Morning After”.
“Judy Garland
- O fim do arco-íris” é, como se calcula, uma homenagem à lendária actriz e
cantora que nos legou, entre outros, filmes como “O Feiticeiro de Oz” ou “Não
Há Como a Nossa Casa”, “O Pirata dos Meus Sonhos” ou “Assim Nasce Uma Estrela”,
para só citar alguns.
Foi esta
personagem singular, mas não tão singular assim, quando olhamos a história do
espectáculo mundial, onde exemplos similares são frequentes, que serviu de base
à peça de Peter Quilter, que se centra somente nas últimas semanas de vida da
actriz, quando em Londres se encontra a actuar no “Talk of the Town”. A peça
mostra o mau feitio da actriz, no seu relacionamento com o seu dedicado
pianista, Anthony (Carlos Quintas), e com o seu quinto marido, Mickey Deand
(Hugo Rendas), mas, de certa forma, tenta fazer compreender esse génio
desesperado pelos amargos de boca por que a actriz passou ao longo de toda a
vida. De qualquer forma, este tipo de trabalhos deixa sempre uma certa sensação
de ligeira hipocrisia e de aproveitamento pós-mortem. É verdade que Judy
Garland, como muitas outras e outros, tiveram vidas sacrificadas, mas também
não o é menos que deveria ser muito traumatizante trabalhar com ela, sujeito a
todos os seus estados de espírito. Mas a peça parece uma sincera homenagem, não
muito brilhante enquanto escrita teatral, mas suficientemente interessante para
se acompanhar com agrado.
Filipe La
Féria, tal como o país, vive um período de vacas magras, e não se nota em “Judy
Garland - O Fim do Arco-Íris” aquele arrojo espectacular que costuma ser seu
timbre. A encenação oscila entre dois cenários, o quarto de hotel e o palco do
“Talk of the Town”, sendo que é aqui que se passam os momentos mais exaltantes,
com a interpretação de Vanessa Silva, como Judy Garland, uma bonita e poderosa
voz e uma interpretação que, na noite da estreia, começou naturalmente nervosa
e lentamente foi ganhando o palco e admiração dos espectadores. Carlos Quintas
e Hugo Rendas cumprem com a habitual dedicação.
Um dos filmes da minha vida! Judy maravilhosa
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