segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

SESSÃO 10: 9 DE DEZEMBRO DE 2013


E TUDO O VENTO LEVOU (1939)

Há, realmente, filmes cíclicos. Parafraseando Luís de Sttau Monteiro, diria que eles renascem “todos os anos pela Primavera”. Com rigor, não será bem assim, mas a verdade é que certos filmes regressam sempre. Em qualquer época do ano. Esse é o caso de "E Tudo o Vento Levou", obra de 1939, que se tornou num clássico indiscutível, arregimentando novas massas de espectadores de cada vez que salta para as salas, e também para os ecrãs da televisão.
E, todavia, se a grandeza épica e a densidade romântica de "E Tudo o Vento Levou" são indiscutíveis, a verdade é que a obra justificará igualmente algumas reservas e críticas, sobretudo num plano ideológico, reflexo de uma mentalidade bastante conservadora, para não se lhe chamar algo pior. Tal como "O Nascimento de uma Nação", de David W. Griffith, uma obra-prima incontestável e panfletário depoimento sulista onde se chegava mesmo à exaltação despudorada da Ku Klux Klan, também "E Tudo o Vento Levou" se apresenta como película essencialmente sulista, conservadora e marialva, com resquícios de um certo racismo, numa criteriosa congregação de “virtudes” como poucas vezes o cinema no-lo oferece, pelo menos de forma tão evidente e ingénua (ou despudorada). A qualidade formal da obra e o vigor dramático da sua concepção romanesca permitem-nos, no entanto, que a olhemos mais como testemunho de uma época e de uma mentalidade do que como mero panfleto. Na verdade, a obra reflecte o ambiente social do período em que foi concebida.

Num plano ideológico, tudo é claro e se percebe de imediato: a pureza da causa sulista aparece alicerçada em virtudes de honra e patriotismo, de paternalismo esclavagista, de virilidade heróica, de destemor; o equilíbrio sagrado que o Sul prefigurava exemplarmente até à guerra, equilíbrio esse que colocava criteriosamente de um lado os escravos, do outro o remanso das grandes casas senhoriais; a inferioridade da raça negra, homens e mulheres que são amigos dos seus patrões, mas incapazes de se governarem sozinhos; a flagrante soberba dos nortistas invasores, que trazem consigo a injustiça, a morte, a dor, e tiranizam as “pobres e indefesas” populações do Sul; a fraqueza congénita da mulher e a sua contínua necessidade de protecção (enfim, abra-se uma honrosa excepção para a temperamental Scarlett O'Hara), etc.
Nítidas distinções entre raças, sexos, culturas, mentalidades, eis a súmula de "E Tudo o Vento Levou" que, apesar deste retrato redutor de uma sociedade, acaba, quem sabe se involuntariamente, por reflectir muitos dos fantasmas e das obsessões de um país bicentenário.
Partindo de um “best-seller” de Margareth Mitchell e concentrando a atenção sobretudo nas personalidades de Scarlett O'Hara (Vivien Leigh) e Rhett Buttler (Clark Gable), o filme restituiu-nos um painel evocativo de uma época da história dos EUA, desde os anos que antecederam a Guerra da Secessão até ao período de reconstrução que se seguiu a esse conflito fratricida. Uma ordem feudal e rural que se substitui pelo progresso industrial que desce do Norte. A escravatura instituída por decreto, que cede perante os interesses da industrialização emergente. A vida familiar e patriarcal de uma certa aristocracia sulista destruída pela máquina da burguesia ascendente. Pelos olhos de Scarlett 0'Hara perpassam os dias de ventura e abastança, as horas de dor e de morte, com feridas fracturantes, os anos de miséria e fome, a luta pela terra. Finalmente, a jura que se cumpre e o regresso à abundância, custe o que custar, custe a quem custar.
Quatro horas de espectáculo a troco da eternidade. O romantismo de "E Tudo o Vento Levou" é envolvente. Sobre a silhueta de um monte, com a ramagem das árvores por limites, o beijo de Scarlett e Buttler, em contra-luz, recorta-se de um pôr-do-sol vermelho de sangue e de desejo. Assinado por Victor Fleming, "Gone With the Wind" foi, no entanto, rodado inicialmente por George Cukor, que definiu a personagem de Scarlett O’Hara, e depois também por Sam Wood. O resultado não será um “filme de autor”, mas o testemunho de uma época (neste caso, um filme de produtor, David O. Selznick, aqui no auge da sua inspiração), brilhante exercício de uma equipa bem comandada, que atinge o requinte formal e plástico. As qualidades narrativas são, aliás, flagrantes. Sobretudo na primeira metade da obra, onde se atinge um vigor impressionante, nomeadamente nas sequências de guerra, verdadeiramente antológicas.

Recordam os historiadores que os papéis de Rhett Buttler e de Scarlett O'Hara estiveram para ser atribuídos a vários actores, entre eles Errol Flynn e Bette Davis. O destino, porém, se encarregaria de juntar duas personalidades que para sempre permaneceriam ligadas, num dos mais lendários casais da história do cinema: Vivien Leigh, com a sua força e raiva, que oscila entre o fascínio e a antipatia, terá assegurado uma das figuras femininas mais complexas e fabulosas da história do cinema. É o relampejar fulgurante de uma actriz no máximo das suas possibilidades encantatórias. Clark Gable, por seu turno, arrebatado e distante, aventureiro do mistério e arrivista de um novo mundo, traça igualmente uma personagem insubstituível. Eles, e todo o filme, são bem a expressão de uma mensagem de indiscutível confiança e esperança nos destinos da América, o rosto de uma nação que se tenta reerguer com tenacidade da derrocada imposta pela Grande Depressão. A não perder.

E TUDO O VENTO LEVOU
Título original: Gone with the Wind
Realização: Victor Fleming, George Cukor, Sam Wood (os dois últimos não créditos) (EUA, 1939); Argumento: Sidney Howard, Oliver H.P. Garrett, Ben Hecht, Jo Swerling, John Van Druten, segundo romance de Margaret Mitchell; Produção: David O. Selznick; Música: Max Steiner; Fotografia (cor): Ernest Haller , Lee Garmes; Casting: Charles Richards, Fred Schuessler; Design de produção: William Cameron Menzies; Direcção artística: Lyle R. Wheeler; Decoração: Howard Bristol; Guarda-roupa: Walter Plunkett; Maquilhagem: Sydney Guilaroff, Ben Nye, Hazel Rogers, Paul Stanhope, Monte Westmore; Direcção de produção: Raymond A. Klune, William J. Scully; Assistentes de realização: Eric Stacey, Peter Ballbusch, Ridgeway Callow, B. Reeves Eason, Arthur Fellows, James A. FitzPatrick, Harve Foster, Chester M. Franklin, William Cameron Menzies, John Sherwood, Ralph Slosser; Departamento de arte: Hobe Erwin, Joseph B. Platt, Henry J. Stahl; Som: Frank Maher, Thomas T. Moulton; Efeitos especiais: R.D. Musgrave, Lee Zavitz; Efeitos visuais: Jack Cosgrove; Companhias de produção: Selznick International Pictures, Metro-Goldwyn-Mayer; Intérpretes: Vivien Leigh (Scarlett O'Hara), Clark Gable (Rhett Butler), Leslie Howard (Ashley), Olivia de Havilland (Melanie Hamilton), Thomas Mitchell (Gerald O'Hara), Barbara O'Neil (Ellen O'Hara), Evelyn Keyes (Suellen), Ann Rutherford (Carreen), George Reeves (Stuart Tarleton), Fred Crane (Brent Tarleton), Hattie McDaniel, Oscar Polk, Butterfly McQueen, Victor Jory, Everett Brown, Howard C. Hickman, Alicia Rhett, Rand Brooks, Carroll Nye, Laura Hope Crews, Eddie 'Rochester' Anderson, Harry Davenport, Leona Roberts, Jane Darwell, Ona Munson, Paul Hurst, Isabel Jewell, Cammie King Conlon, Eric Linden, J.M. Kerrigan, Ward Bond, Jackie Moran, Cliff Edwards, Lillian Kemble-Cooper, Yakima Canutt, Marcella Martin, Louis Jean Heydt, Mickey Kuhn, Olin Howland, Irving Bacon, Robert Elliott, William Bakewell, Mary Anderson, etc. Duração: 238 minutos (versão restaurada); Distribuição em Portugal: Warner Bros. (DVD); Classificação etária: M/12 anos; Estreia em Portugal: 20 de Setembro de 1943.

CLARK GABLE (1901-1960)
William Clark Gable nasceu a 1 de Fevereiro de 1901, em Cadiz, Ohio, EUA, e faleceu a 16 de Dezembro de 1960, com 59 anos, em Los Angeles, EUA. Foi “The King”, o "Rei de Hollywood" e, em 1999, o Instituto Americano do Cinema considerou-o, depois de escrutínio popular, como “a sétima maior estrela masculina do cinema de todos os tempos”.
Gable era filho de um fazendeiro e perfurador de petróleo, William Henry Gable (inicialmente Goebel, de ascendência alemã, depois inglesado para Gable), e de Adeline Hepshelman, descendente de alemães e irlandeses. Apenas com alguns meses de vida, perdeu a mãe. Até aos dois anos de idade, foi criado pelos tios maternos, voltando depois para casa do pai, já então casado com a chapeleira Jannie Dunlap, que criou Clark como se fosse seu filho. Frequentou a Hopedale Grade School, depois a Edinburgh High School. Aos 14 anos, media 1,83 metros e pesava 68 kg, fazia parte das equipas desportivas, tocava trompete e empregou-se numa fábrica de pneus. Um dia, em Akron, assistiu a uma peça teatral, "The Bird of Paradise", e decidiu que queria ser actor. Conseguiu um emprego como "moço de recados". Ainda chegou a trabalhar nos campos petrolíferos de Tulsa, como domador de cavalos, mas resolveu ir para Kansas City, onde se instalou numa companhia de teatro ambulante, a Jewell Players. Quando esta faliu, vamos encontrá-lo em Portland, no Oregon, onde trabalhou para um jornal e para a companhia telefónica, enquanto tinha lições de canto. Entrou para outra companhia de teatro, dirigido pela actriz Josephine Dillon, que lhe ensinou postura, entonação, representação, lhe endireitou os dentes e estabeleceu o penteado, preparando-o assim para a carreira cinematográfica.
Em 1924, quando Josephine Dillon foi para Hollywood, Gable seguiu-a e, a 13 de Dezembro, estavam casados. Trocou o nome, na época, de W. C. Gable para Clark Gable. Conseguiu participação como figurante em diversos filmes como “The Plastic Age” (1925), com Clara Bow, "Forbidden Paradise" e uma série intitulada “The Pacemakers”. Entre 1927 e 1928, Gable representou na Laskin Brothers Stock Company, em Houston, ganhando experiência e algum prestígio. Já em Nova Iorque, logrou emprego na Broadway, onde o “Morning Telegraph” o considerou “Jovem, vigoroso e brutalmente masculino.” O que viria a ser a sua imagem de marca. Em 1930, em Los Angeles, conseguiu diversos testes para filmes. Num deles, Darryl F. Zanuck testou-o para um papel de "Little Caesar", de 1931, e recambiou-o com uma curiosa justificação: "Não serve para o cinema. As orelhas são grandes e parece-se com um macaco". Mas uma agente, Minna Wallis, irmã de Hal Wallis, viu o teste e gostou, indicou-o à Pathé, onde se estreia no cinema sonoro, como vilão, num western de William Boyd, “The Painted Desert”. Estamos em 1931. A MGM interessa-se por ele e contrata-o para “The Easiest Way”, ao lado de Constance Bennett, Robert Montgomery e Anita Page. Conquistou um contrato de dois anos. Nesse mesmo ano, entra em diversas obras, com papéis cada vez mais importantes, até triunfar em “A Free Soul”, ao lado de Norma Shearer. Louis B. Mayer e Howard Strickling, o director de publicidade, que gostavam de Gable, resolveram apostar num novo tipo de galã, cínico, machão, de uma sensualidade agressiva, afinal mais de acordo com os tempos difíceis da Grande Depressão. Gable foi um dos primeiros, de uma onda que lançaria os novos anti-heróis, como James Cagney, Humphrey Bogart, Spencer Tracy, Edward G. Robinson, George Raft, entre outros.
Gable era inquieto, impulsivo e gostava de escolher papéis, o que lhe valeu o “castigo” de ser cedido à Columbia, então um pequeno estúdio, em 1933, onde irá interpretar a figura de um repórter, em "It Happened One Night", de Frank Capra, o qual lhe concederia o Oscar de melhor actor. Diz a lenda que nesse filme Gable tirou a camisa e apareceu de peito nu, sem camisola interior, e as vendas desta peça de roupa masculina, muito habitual na época, desceram em flecha nesse ano.
A sua carreira estava em ascensão, mas seria “E Tudo o Vento Levou” a guindá-lo à categoria de lenda, com a interpretação de Rhett Butler. A partir de final da II Guerra Mundial, a sua estrela empalideceu. '"Adventure", ”Mogambo” e “Betrayed” não foram os sucessos esperados. Passou pela 20th Century-Fox e pela Paramount, e o último filme da sua carreira seria “The Misfits”, de John Huston, segundo guião de Arthur Miller, então marido de Marilyn Monroe, com quem contracenava ao lado de Eli Wallach, e Montgomery Clift.
Casado com Josephine Dillon (1924 - 1930), Maria Franklin Gable (1931 - 1939), Carole Lombard, cuja morte num acidente de avião, lhe provocou enorme tristeza (1939 - 1942), Sylvia Ashley (1949 - 1952) e Kay Williams (1955 - 1960). Durante a II Guerra Mundial, Gable serviu a causa aliada, e Hitler, um seu admirador, ao sabê-lo na frente da batalha, ofereceu uma recompensa para a sua captura. Em vão, No fim da guerra, Gable recebeu a Cruz de Distinção em Voo, e a Medalha do Ar, por "feitos excepcionalmente meritórios em cinco diferentes missões de combate em bombardeiros". Em 1944, foi promovido a major e desmobilizado.

Filmografia:
1923: Fighting Blood
1923: Long Live the King
1924: White Man
1924: Forbidden Paradise (Paraíso Proibido), de Ernest Lubitsch
1925: The Pacemakers (12 episódios), de W. Ruggles
1925: North Star, de P. Powell
1925: Ben-Hur: A Tale of the Christ
1925: The Plastic Age (A Idade de Amar)
1925: The Merry Widow (A Viúva Alegre), de Erich Von Stroheim
1925: What Price Gloria? (não-creditado)
1925: The Merry Kiddo (não-creditado)
1925: Declassée/ The Social Exile (não-creditado)
1926: One Minute to Play (não-creditado)
1926: The Johnstown Flood (A Represa da Morte) (não-creditado)
1930: Du Barry, Woman of Passion (não-creditado)
1931: The Front Page (não-creditado)
1931: The Easiest Way (A Vida Fácil), de John Conway
1931: The Painted Desert (O Deserto Pintado), de H. Higgin
1931: Dance, Fools, Dance (Virtudes Modernas), de H. Beaumont
1931: The Secret Six (Os 6 Misteriosos), de G. Hill
1931: The Finger Points (O Dedo Acusador), de J. F. Dillon
1931: A Free Soul (Uma Alma Livre), de Clarence Brown
1931: Laughing Sinners (Pecadores Alegres)
1931: Night Nurse, de William A. Wellman
1931: Sporting Blood (Puro Sangue), de Ch. Brabin
1931: Susan Lennox: Her Fall and Rise (Cortesã), de Robert Z. Leonard
1931: Possessed (Fascinação), de Clarence Brown
1931: Hell Divers (Titans do Céu), de G. Hill
1932: Polly of the Circus (Polly no Circo), de A. Santell
1932: Strange Interlude (Estranho Intervalo), de Robert Z. Leonard
1932: Red Dust (Terra Abrasadora), de Victor Fleming
1932: No Man of Her Own (Casar por Azar), de W. Ruggles
1933: The White Sister (A Irmã Branca), de Victor Fleming
1933: Hold Your Man (O Seu Homem), de Sam Wood
1933: Night Flight (Voo Nocturno), de Clarence Brown
1933: Dancing Lady (O Turbilhão da Dança), de Robert Z. Leonard
1934: It Happened One Night (Uma Noite Aconteceu), de Frank Capra
1934: Men in White (Os Homens da Blusa Branca), de R. Boleslavsky
1934: Manhattan Melodrama (O Inimigo Público Número Um), de W. S. Van Dyke
1934: Chained (Os Dois Amores de Diana), de Clarence Brown
1934: Forsaking All Others (Os Noivos de Mary), de W. S. Van Dyke
1935: After Office Hours (O Escândalo do Dia), de Robert Z. Leonard
1935: The Call of the Wild (A Ambição do Ouro), de William A. Wellman
1935: China Seas (Nos Mares da China), de Tay Garnett
1935: Mutiny on the Bounty (Revolta na Bounty), de Frank Lloyd
1936: Wife vs. Secretary (A Secretária do Meu Marido), de Clarence Brown
1936: San Francisco (São Francisco), de W. S. Van Dyke
1936: Cain and Mabel (Caim e Mabel), de Llyod Bacon
1936: Love on the Run (Doidos & Cª), de W. S. Van Dyke
1937: Parnell (A Irlanda em Fogo), de John M. Stahl
1937: Saratoga (Saratoga), de John Conway
1938: Test Pilot (Herói de Hoje), de Victor Fleming
1938: Too Hot to Handle (Repórteres à Prova de Fogo), de John Conway
1939: Idiot's Delight (Os Loucos Divertem-se), de Clarence Brown
1939: Gone With the Wind (E o Vento Levou), de Victor Fleming
1940: Strange Cargo (Os Fugitivos da Guiana), de Frank Borzage
1940: Boom Town (Dois Contra o Mundo), de John Conway
1940: Comrade X (Camarada X), de King Vidor
1941: They Met in Bombay (Uma Aventura em Hong Kong), de Clarence Brown
1941: Honky Tonk (Honky Tonk, a Cidade em Delírio), de John Conway
1942: Somewhere I'll Find You (Tempestade no Pacífico), de W. Riggles
1945: Adventure (Aventura), de Victor Fleming
1947: The Hucksters (Traficante de Ilusões), de John Conway
1948: Homecoming (A Rival), de Mervin Le Roy
1948: Command Decision (Sublime Decisão), de Sam Wood
1949: Any Number Can Play (Quando Morre uma Ilusão), de Mervin Le Roy
1950: Key to the City (Mulher, a Quanto Obrigas), de George Sidney
1950: To Please a Lady (Medo de Amar), de Clarence Brown
1951: Across the Wide Missouri (Assim São os Fortes), de William A. Wellman
1951: Callaway Went Thataway (Esperto Contra Esperto) (não creditado), de M. Frank e Norman Panama
1952: Lone Star (Estrela do Destino), de Vincent Sherman
1953: Never Let Me Go (Nunca me Abandones), de Delmer Daves
1953: Mogambo (Mogambo), de John Ford
1954: Betrayed (Atraiçoada), de G. Reinhardt
1955: The Soldier of Fortune (O Aventureiro de Hong Kong), de Edward Dmytryck
1955: The Tall Men (Duelo de Ambições), de Raoul Walsh
1956: The King and Four Queens (Um Rei e Quatro Rainhas), de Raoul Walsh
1957: Band of Angels (A Escrava), de R. Walsh
1958: Teacher's Pet (Um Amor de Jornalista), de George Seaton
1958: Run Silent, Run Deep (Os Tubarões do Pacífico), de Robert Wise
1959: But Not For Me (Será para Mim?), de Walter Lang
1960: It Started in Naples (Começou em Nápoles), de Melvin Shavelson
1960: The Misfits (Os Inadaptados), de John Huston

VIVIEN LEIGH (1913 - 1967)
Vivian Mary Hartley, posteriormente Vivien Leigh, nasceu a 5 de Novembro de 1913, na Índia (britânica então), na cidade de Darjeeling. Faleceu, vítima de tuberculose, em Belgravia, Londres, a 7 de Julho de 1967. Tinha 53 anos.
Oriunda de uma família da média burguesia inglesa, o pai, Ernest Hartley, era agente de câmbio e, simultaneamente, actor amador. Após o término da I Guerra Mundial, a família regressou a Inglaterra, onde, aos 6 anos de idade, a mãe, Gertrude Hartley, internou Vivian no Convento do Sagrado Coração. Aí, fez amizade com Maureen O'Sullivan, irlandesa, que se ira igualmente notabilizar no cinema. Em 1932, com 18 anos, entrou na Academia Real de Artes Dramáticas de Londres, mas saiu para casar com o jovem advogado Hebert Leigh Holman, de 31 anos. No ano seguinte nasceu Suzanne Holman, filha do casal. Pouco depois, Vivien regressa aos estudos teatrais e torna-se actriz. No cinema, começa por um pequeno papel em “Things Are Looking Up” (1935), tendo posteriormente mudado o nome artístico para Vivien Leigh, por sugestão do seu agente, John Glidden.
No teatro, estreou-se nos palcos de Londres interpretando a esposa coquete de “The Green Sash”, a que se seguiu “The Mask Of Virtue”, que a tornaria célebre. Os elogios da crítica a Viv e os aplausos do público levaram o produtor cinematográfico Alexander Korda a contratá-la por 5 anos. Foi conjugando o teatro e o cinema, até que, em 1937, Viv, como passou a ser conhecida, encontrou Laurence Olivier, na rodagem de “Fire Over England”. No mesmo ano, interpretaram juntos, no teatro, “Hamlet”, no Castelo de Elseneur, local da tragédia de Shakespeare, e o triunfo foi total. Ambos se divorciaram e casaram (1940).
As carreiras de ambos prosseguiram e, em 1938, Laurence Olivier viaja até aos EUA para interpretar “O Monte dos Vendavais”, uma produção de Samuel Goldwyn (1939), para a qual chegou a estar pensada a participação de Vivien Leigh, mas cujo papel seria finalmente entregue a Merle Oberon. Vivien, quando foi visitar o marido à América, foi lendo, a bordo do Queen Mary, um romance que gostaria muito de representar, “E Tudo o Vento Levou”, de Margaret Mitchell. Scarlett O’ Hara era um papel que fascinava as actrizes da época e muitas fizeram testes para o conquistarem: Tallulah Bankhead, Paulette Goddard, Jean Arthur, Joan Bennett, Lana Turner, Susan Hayward. Mas o produtor David O. Selznick preferia uma actriz pouco conhecida do público americano e escolheu Vivien Leigh que havia jurado ser a eleita. Um dia dissera: “Vou interpretar Scarlett nem que seja a última coisa que eu faça.”
“E Tudo o Vento Levou” ganhou rapidamente o estatuto de mito, sendo considerado o filme mais visto de sempre, e um dos mais aclamados. Conquistaria 10 Oscars e Vivien Leigh, interpretando Scarlett, ganhou o primeiro da sua carreira (o segundo consegui-lo-á, em 1949, com a participação em “Um Eléctrico Chamado Desejo”, de Elia Kazan, na figura de Blanche DuBois). Mas o sucesso de Vivien Leigh foi acompanhado pela doença, quando lhe foi diagnosticada tuberculose e uma propensão maníaco-depressiva, com sintomas de bipolaridade. Ganhara fama de ser de difícil trato, inclusive a trabalhar, acusavam-na de uma sexualidade desmedida e de adúltera e promíscua (tal como o marido, Laurence Olivier). Sobreviveu a dois abortos, mas muito fragilizada caiu em depressão profunda, teve um esgotamento durante as filmagens de “Elephants Walk”, de William Dieterle (1953), tendo sido substituída por Elizabeth Taylor. O casamento com Olivier fracassou até ao divórcio, em 1960. Ainda ganharia um Tony, em 1963, pelo seu desempenho na comédia musical “Tovarich”. O seu último filme, “A Nave dos Loucos” é de 1965, já depois de ter regressado à Índia, no ano anterior.
Quando ensaiava “A Delicate Balance”, de Edward Albee, em Londres, teve uma recaída e morreu, em 7 de Julho de 1967. Cremada, as cinzas foram espalhadas no Lago no moinho Tickerage, perto de Blackboys, Sussex na Inglaterra. Assim desapareceu uma das mais belas e talentosas actrizes de todos os tempos, passando a lenda imortal.

Filmografia:
1935:   The Village Squire, de Reginald Denham       
1935: Things Are Looking Up, de Albert de Corville 
1935:   Look Up and Laugh, de Basil Dean     
1935:   Gentlemen's Agreement, de George Pearson
1937: Fire Over England (Inglaterra em Chamas), de William K. Howard
1937:   Dark Journey (Jornada Negra), de Victor Saville
1937: Storm in a Teacup (Tempestade num Copo de Água), de Ian Dalrymple e Victor Saville
1938: A Yank at Oxford (O Estudante de Oxford), de Jack Conway
1938: Sidewalks of London ou St. Martin’s Lane (Ilusões Perdidas), de Tim Whelan
1939: Gone with the Wind (E Tudo o Vento Levou), de Victor Fleming
1940: 21 Days (Vinte e Um Dias), de Basil Dean
1940: Waterloo Bridge (A Ponte de Waterloo), de Mervyn LeRoy     
1941: That Hamilton Woman (A Batalha de Trafalgar), de Alexander Korda
1945: Caesar and Cleópatra (César e Cleópatra), de Gabriel Pascal
1948: Anna Karenina (Ana Karenina), de Julien Duvivier
1951: A Streetcar Named Desire (Um Eléctrico Chamado Desejo), de Elia Kazan
1955: The Deep Blue Sea (Profundo como o Mar), de Anatole Litva
1961: The Roman Spring of Mrs. Stone (A Primavera em Roma de Mrs. Stone), de José Quintero

1965: Ship of Fools (A Nave dos Loucos), de Stanley Kramer

sobre Victor Fleming ver folha de "O Feiticeiro de Oz".

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