E TUDO O VENTO LEVOU (1939)
Há, realmente,
filmes cíclicos. Parafraseando Luís de Sttau Monteiro, diria que eles renascem
“todos os anos pela Primavera”. Com rigor, não será bem assim, mas a verdade é
que certos filmes regressam sempre. Em qualquer época do ano. Esse é o caso de
"E Tudo o Vento Levou", obra de 1939, que se tornou num clássico
indiscutível, arregimentando novas massas de espectadores de cada vez que salta
para as salas, e também para os ecrãs da televisão.
E, todavia, se
a grandeza épica e a densidade romântica de "E Tudo o Vento Levou"
são indiscutíveis, a verdade é que a obra justificará igualmente algumas
reservas e críticas, sobretudo num plano ideológico, reflexo de uma mentalidade
bastante conservadora, para não se lhe chamar algo pior. Tal como "O
Nascimento de uma Nação", de David W. Griffith, uma obra-prima
incontestável e panfletário depoimento sulista onde se chegava
mesmo à exaltação despudorada da Ku Klux Klan, também "E Tudo o Vento
Levou" se apresenta como película essencialmente sulista, conservadora e
marialva, com resquícios de um certo racismo, numa criteriosa congregação de
“virtudes” como poucas vezes o cinema no-lo oferece, pelo menos de forma tão
evidente e ingénua (ou despudorada). A qualidade formal da obra e o vigor
dramático da sua concepção romanesca permitem-nos, no entanto, que a olhemos
mais como testemunho de uma época e de uma mentalidade do que como mero
panfleto. Na verdade, a obra reflecte o ambiente social do período em que foi
concebida.
Num plano
ideológico, tudo é claro e se percebe de imediato: a pureza da causa sulista
aparece alicerçada em virtudes de honra e patriotismo, de paternalismo
esclavagista, de virilidade heróica, de destemor; o equilíbrio sagrado que o
Sul prefigurava exemplarmente até à guerra, equilíbrio esse que colocava
criteriosamente de um lado os escravos, do outro o remanso das grandes casas
senhoriais; a inferioridade da raça negra, homens e mulheres que são amigos dos
seus patrões, mas incapazes de se governarem sozinhos; a flagrante soberba dos
nortistas invasores, que trazem consigo a injustiça, a morte, a dor, e
tiranizam as “pobres e indefesas” populações do Sul; a fraqueza congénita da
mulher e a sua contínua necessidade de protecção (enfim, abra-se uma honrosa
excepção para a temperamental Scarlett O'Hara), etc.
Nítidas
distinções entre raças, sexos, culturas, mentalidades, eis a súmula de "E
Tudo o Vento Levou" que, apesar deste retrato redutor de uma sociedade,
acaba, quem sabe se involuntariamente, por reflectir muitos dos fantasmas e das
obsessões de um país bicentenário.
Partindo de um
“best-seller” de Margareth Mitchell e concentrando a atenção sobretudo nas
personalidades de Scarlett O'Hara (Vivien Leigh) e Rhett Buttler (Clark Gable),
o filme restituiu-nos um painel evocativo de uma época da história dos EUA,
desde os anos que antecederam a Guerra da Secessão até ao período de reconstrução
que se seguiu a esse conflito fratricida. Uma ordem feudal e rural que se
substitui pelo progresso industrial que desce do Norte. A escravatura
instituída por decreto, que cede perante os interesses da industrialização
emergente. A vida familiar e patriarcal de uma certa aristocracia sulista
destruída pela máquina da burguesia ascendente. Pelos olhos de Scarlett 0'Hara
perpassam os dias de ventura e abastança, as horas de dor e de morte, com
feridas fracturantes, os anos de miséria e fome, a luta pela terra. Finalmente,
a jura que se cumpre e o regresso à abundância, custe o que custar, custe a
quem custar.
Quatro horas
de espectáculo a troco da eternidade. O romantismo de "E Tudo o Vento
Levou" é envolvente. Sobre a silhueta de um monte, com a ramagem das
árvores por limites, o beijo de Scarlett e Buttler, em contra-luz, recorta-se
de um pôr-do-sol vermelho de sangue e de desejo. Assinado por Victor Fleming,
"Gone With the Wind" foi, no entanto, rodado inicialmente por George
Cukor, que definiu a personagem de Scarlett O’Hara, e depois também por Sam
Wood. O resultado não será um “filme de autor”, mas o testemunho de uma época
(neste caso, um filme de produtor, David O. Selznick, aqui no auge da sua
inspiração), brilhante exercício de uma equipa bem comandada, que atinge o
requinte formal e plástico. As qualidades narrativas são, aliás, flagrantes.
Sobretudo na primeira metade da obra, onde se atinge um vigor impressionante,
nomeadamente nas sequências de guerra, verdadeiramente antológicas.
Recordam os
historiadores que os papéis de Rhett Buttler e de Scarlett O'Hara estiveram
para ser atribuídos a vários actores, entre eles Errol Flynn e Bette Davis. O
destino, porém, se encarregaria de juntar duas personalidades que para sempre
permaneceriam ligadas, num dos mais lendários casais da história do cinema:
Vivien Leigh, com a sua força e raiva, que oscila entre o fascínio e a
antipatia, terá assegurado uma das figuras femininas mais complexas e fabulosas
da história do cinema. É o relampejar fulgurante de uma actriz no máximo das
suas possibilidades encantatórias. Clark Gable, por seu turno, arrebatado e
distante, aventureiro do mistério e arrivista de um novo mundo, traça
igualmente uma personagem insubstituível. Eles, e todo o filme, são bem a expressão
de uma mensagem de indiscutível confiança e esperança nos destinos da América,
o rosto de uma nação que se tenta reerguer com tenacidade da derrocada imposta
pela Grande Depressão. A não perder.
E TUDO O VENTO LEVOU
Título original: Gone with the Wind
Realização: Victor Fleming, George Cukor, Sam
Wood (os dois últimos não créditos) (EUA, 1939); Argumento: Sidney Howard,
Oliver H.P. Garrett, Ben Hecht, Jo Swerling, John Van Druten, segundo romance
de Margaret Mitchell; Produção: David O. Selznick; Música: Max Steiner;
Fotografia (cor): Ernest Haller , Lee Garmes; Casting: Charles Richards, Fred
Schuessler; Design de produção: William Cameron Menzies; Direcção artística:
Lyle R. Wheeler; Decoração: Howard Bristol; Guarda-roupa: Walter Plunkett;
Maquilhagem: Sydney Guilaroff, Ben Nye, Hazel Rogers, Paul Stanhope, Monte
Westmore; Direcção de produção: Raymond A. Klune, William J. Scully;
Assistentes de realização: Eric Stacey, Peter Ballbusch, Ridgeway Callow, B.
Reeves Eason, Arthur Fellows, James A. FitzPatrick, Harve Foster, Chester M.
Franklin, William Cameron Menzies, John Sherwood, Ralph Slosser; Departamento
de arte: Hobe Erwin, Joseph B. Platt, Henry J. Stahl; Som: Frank Maher, Thomas
T. Moulton; Efeitos especiais: R.D. Musgrave, Lee Zavitz; Efeitos visuais: Jack
Cosgrove; Companhias de produção: Selznick International Pictures,
Metro-Goldwyn-Mayer; Intérpretes:
Vivien Leigh (Scarlett O'Hara), Clark Gable (Rhett Butler), Leslie Howard
(Ashley), Olivia de Havilland (Melanie Hamilton), Thomas Mitchell (Gerald
O'Hara), Barbara O'Neil (Ellen O'Hara), Evelyn Keyes (Suellen), Ann Rutherford
(Carreen), George Reeves (Stuart Tarleton), Fred Crane (Brent Tarleton), Hattie
McDaniel, Oscar Polk, Butterfly McQueen, Victor Jory, Everett Brown, Howard C.
Hickman, Alicia Rhett, Rand Brooks, Carroll Nye, Laura Hope Crews, Eddie
'Rochester' Anderson, Harry Davenport, Leona Roberts, Jane Darwell, Ona Munson,
Paul Hurst, Isabel Jewell, Cammie King Conlon, Eric Linden, J.M. Kerrigan, Ward
Bond, Jackie Moran, Cliff Edwards, Lillian Kemble-Cooper, Yakima Canutt,
Marcella Martin, Louis Jean Heydt, Mickey Kuhn, Olin Howland, Irving Bacon,
Robert Elliott, William Bakewell, Mary Anderson, etc. Duração: 238 minutos (versão restaurada); Distribuição em Portugal:
Warner Bros. (DVD); Classificação etária: M/12 anos; Estreia em Portugal: 20 de
Setembro de 1943.
CLARK
GABLE (1901-1960)
William Clark Gable nasceu a 1 de Fevereiro de
1901, em Cadiz, Ohio, EUA, e faleceu a 16 de Dezembro de 1960, com 59 anos, em
Los Angeles, EUA. Foi “The King”, o "Rei de Hollywood" e, em 1999, o
Instituto Americano do Cinema considerou-o, depois de escrutínio popular, como
“a sétima maior estrela masculina do cinema de todos os tempos”.
Gable era filho de um fazendeiro e perfurador de
petróleo, William Henry Gable (inicialmente Goebel, de ascendência alemã,
depois inglesado para Gable), e de Adeline Hepshelman, descendente de alemães e
irlandeses. Apenas com alguns meses de vida, perdeu a mãe. Até aos dois anos de
idade, foi criado pelos tios maternos, voltando depois para casa do pai, já
então casado com a chapeleira Jannie Dunlap, que criou Clark como se fosse seu
filho. Frequentou a Hopedale Grade School, depois a Edinburgh High School. Aos 14 anos, media 1,83 metros e pesava 68 kg , fazia parte das equipas
desportivas, tocava trompete e empregou-se numa fábrica de pneus. Um dia, em
Akron, assistiu a uma peça teatral, "The Bird of Paradise", e decidiu
que queria ser actor. Conseguiu um emprego como "moço de recados".
Ainda chegou a trabalhar nos campos petrolíferos de Tulsa, como domador de
cavalos, mas resolveu ir para Kansas City, onde se instalou numa companhia de
teatro ambulante, a Jewell Players. Quando esta faliu, vamos encontrá-lo em
Portland, no Oregon, onde trabalhou para um jornal e para a companhia
telefónica, enquanto tinha lições de canto. Entrou para outra companhia de
teatro, dirigido pela actriz Josephine Dillon, que lhe ensinou postura,
entonação, representação, lhe endireitou os dentes e estabeleceu o penteado,
preparando-o assim para a carreira cinematográfica.
Em 1924, quando Josephine Dillon foi para
Hollywood, Gable seguiu-a e, a 13 de Dezembro, estavam casados. Trocou o nome,
na época, de W. C. Gable para Clark Gable. Conseguiu participação como
figurante em diversos filmes como “The Plastic Age” (1925), com Clara Bow,
"Forbidden Paradise" e uma série intitulada “The Pacemakers”. Entre
1927 e 1928, Gable representou na Laskin Brothers Stock Company, em Houston,
ganhando experiência e algum prestígio. Já em Nova Iorque, logrou emprego na
Broadway, onde o “Morning Telegraph” o considerou “Jovem, vigoroso e
brutalmente masculino.” O que viria a ser a sua imagem de marca. Em 1930, em
Los Angeles, conseguiu diversos testes para filmes. Num deles, Darryl F. Zanuck
testou-o para um papel de "Little Caesar", de 1931, e recambiou-o com
uma curiosa justificação: "Não serve para o cinema. As orelhas são grandes
e parece-se com um macaco". Mas uma agente, Minna Wallis, irmã de Hal
Wallis, viu o teste e gostou, indicou-o à Pathé, onde se estreia no cinema
sonoro, como vilão, num western de William Boyd, “The Painted Desert”. Estamos
em 1931. A
MGM interessa-se por ele e contrata-o para “The Easiest Way”, ao lado de
Constance Bennett, Robert Montgomery e Anita Page. Conquistou um contrato de
dois anos. Nesse mesmo ano, entra em diversas obras, com papéis cada vez mais
importantes, até triunfar em “A Free Soul”, ao lado de Norma Shearer. Louis B.
Mayer e Howard Strickling, o director de publicidade, que gostavam de Gable,
resolveram apostar num novo tipo de galã, cínico, machão, de uma sensualidade
agressiva, afinal mais de acordo com os tempos difíceis da Grande Depressão.
Gable foi um dos primeiros, de uma onda que lançaria os novos anti-heróis, como
James Cagney, Humphrey Bogart, Spencer Tracy, Edward G. Robinson, George Raft,
entre outros.
Gable era inquieto, impulsivo e gostava de
escolher papéis, o que lhe valeu o “castigo” de ser cedido à Columbia, então um
pequeno estúdio, em 1933, onde irá interpretar a figura de um repórter, em
"It Happened One Night", de Frank Capra, o qual lhe concederia o
Oscar de melhor actor. Diz a lenda que nesse filme Gable tirou a camisa e
apareceu de peito nu, sem camisola interior, e as vendas desta peça de roupa
masculina, muito habitual na época, desceram em flecha nesse ano.
A sua carreira estava em ascensão, mas seria “E
Tudo o Vento Levou” a guindá-lo à categoria de lenda, com a interpretação de
Rhett Butler. A partir de final da II Guerra Mundial, a sua estrela
empalideceu. '"Adventure", ”Mogambo” e “Betrayed” não foram os
sucessos esperados. Passou pela 20th Century-Fox e pela Paramount, e o último
filme da sua carreira seria “The Misfits”, de John Huston, segundo guião de
Arthur Miller, então marido de Marilyn Monroe, com quem contracenava ao lado de
Eli Wallach, e Montgomery Clift.
Casado com Josephine Dillon (1924 - 1930), Maria
Franklin Gable (1931 - 1939), Carole Lombard, cuja morte num acidente de avião,
lhe provocou enorme tristeza (1939 - 1942), Sylvia Ashley (1949 - 1952) e Kay
Williams (1955 - 1960). Durante a II Guerra Mundial, Gable serviu a causa
aliada, e Hitler, um seu admirador, ao sabê-lo na frente da batalha, ofereceu
uma recompensa para a sua captura. Em vão, No fim da guerra, Gable recebeu a
Cruz de Distinção em Voo, e a Medalha do Ar, por "feitos excepcionalmente
meritórios em cinco diferentes missões de combate em bombardeiros". Em 1944, foi
promovido a major e desmobilizado.
Filmografia:
1923: Fighting
Blood
1923: Long
Live the King
1924: White
Man
1924:
Forbidden Paradise (Paraíso Proibido), de Ernest Lubitsch
1925: The Pacemakers (12 episódios), de W. Ruggles
1925: North
Star, de P. Powell
1925: Ben-Hur:
A Tale of the Christ
1925: The Plastic Age (A Idade de Amar)
1925: The
Merry Widow (A Viúva Alegre), de Erich Von Stroheim
1925: What Price Gloria? (não-creditado)
1925: The Merry Kiddo (não-creditado)
1925: Declassée/ The Social Exile (não-creditado)
1926: One Minute to Play (não-creditado)
1926: The Johnstown Flood (A Represa da Morte) (não-creditado)
1930: Du
Barry, Woman of Passion (não-creditado)
1931: The Front Page (não-creditado)
1931: The Easiest Way (A Vida
Fácil), de John Conway
1931: The Painted Desert (O Deserto Pintado), de
H. Higgin
1931: Dance,
Fools, Dance (Virtudes Modernas), de H. Beaumont
1931: The Secret Six (Os 6 Misteriosos), de G.
Hill
1931: The Finger Points (O Dedo Acusador), de J.
F. Dillon
1931: A Free Soul (Uma Alma Livre), de Clarence
Brown
1931: Laughing
Sinners (Pecadores Alegres)
1931: Night
Nurse, de William A. Wellman
1931: Sporting
Blood (Puro Sangue), de Ch. Brabin
1931: Susan
Lennox: Her Fall and Rise (Cortesã), de Robert Z. Leonard
1931: Possessed (Fascinação), de Clarence Brown
1931: Hell Divers (Titans do Céu), de G. Hill
1932: Polly of
the Circus (Polly no Circo), de A. Santell
1932: Strange Interlude (Estranho Intervalo), de
Robert Z. Leonard
1932: Red Dust (Terra Abrasadora), de Victor
Fleming
1932: No Man of Her Own (Casar por Azar), de W.
Ruggles
1933: The White Sister (A Irmã Branca), de Victor
Fleming
1933: Hold
Your Man (O Seu Homem), de Sam Wood
1933: Night
Flight (Voo Nocturno), de Clarence Brown
1933: Dancing Lady (O Turbilhão da Dança), de
Robert Z. Leonard
1934: It Happened One Night (Uma Noite Aconteceu),
de Frank Capra
1934: Men in White (Os Homens da Blusa Branca), de
R. Boleslavsky
1934: Manhattan Melodrama (O Inimigo Público
Número Um), de W. S. Van Dyke
1934: Chained (Os Dois Amores de Diana), de
Clarence Brown
1934:
Forsaking All Others (Os Noivos de Mary), de W. S. Van Dyke
1935: After Office Hours (O Escândalo do Dia), de
Robert Z. Leonard
1935: The Call
of the Wild (A Ambição do Ouro), de William A. Wellman
1935: China Seas
(Nos Mares da China ),
de Tay Garnett
1935: Mutiny
on the Bounty (Revolta na Bounty), de Frank Lloyd
1936: Wife vs. Secretary (A Secretária do Meu
Marido), de Clarence Brown
1936: San Francisco (São Francisco), de W. S. Van
Dyke
1936: Cain and Mabel (Caim e Mabel), de Llyod
Bacon
1936: Love on the Run (Doidos & Cª), de W. S.
Van Dyke
1937: Parnell (A Irlanda em Fogo), de John M.
Stahl
1937: Saratoga (Saratoga), de John Conway
1938: Test Pilot (Herói de Hoje), de Victor
Fleming
1938: Too Hot to Handle (Repórteres à Prova de
Fogo), de John Conway
1939: Idiot's Delight (Os Loucos Divertem-se), de
Clarence Brown
1939: Gone With the Wind (E o Vento Levou), de
Victor Fleming
1940: Strange Cargo (Os Fugitivos da Guiana), de
Frank Borzage
1940: Boom Town (Dois Contra o Mundo), de John
Conway
1940: Comrade X (Camarada X), de King Vidor
1941: They Met in Bombay (Uma Aventura em Hong
Kong), de Clarence Brown
1941: Honky Tonk (Honky Tonk, a Cidade em
Delírio), de John Conway
1942: Somewhere I'll Find You (Tempestade no
Pacífico), de W. Riggles
1945: Adventure (Aventura), de Victor Fleming
1947: The Hucksters (Traficante de Ilusões), de
John Conway
1948: Homecoming (A Rival), de Mervin Le Roy
1948: Command Decision (Sublime Decisão), de Sam
Wood
1949: Any Number Can Play (Quando Morre uma
Ilusão), de Mervin Le Roy
1950: Key to
the City (Mulher, a Quanto Obrigas), de George Sidney
1950: To
Please a Lady (Medo de Amar), de Clarence Brown
1951: Across
the Wide Missouri
(Assim São os Fortes), de William A. Wellman
1951: Callaway
Went Thataway (Esperto Contra Esperto) (não creditado), de M. Frank e Norman
Panama
1952: Lone
Star (Estrela do Destino), de Vincent Sherman
1953: Never
Let Me Go (Nunca me Abandones), de Delmer Daves
1953: Mogambo
(Mogambo), de John Ford
1954: Betrayed
(Atraiçoada), de G. Reinhardt
1955: The
Soldier of Fortune (O Aventureiro de Hong Kong), de Edward Dmytryck
1955: The Tall
Men (Duelo de Ambições), de Raoul Walsh
1956: The King
and Four Queens (Um Rei e Quatro Rainhas), de
Raoul Walsh
1957: Band of
Angels (A Escrava), de R. Walsh
1958: Teacher's Pet (Um Amor de Jornalista), de
George Seaton
1958: Run Silent, Run Deep (Os Tubarões do
Pacífico), de Robert Wise
1959: But Not For Me (Será para Mim?), de Walter
Lang
1960: It
Started in Naples
(Começou em Nápoles), de Melvin Shavelson
1960: The Misfits (Os Inadaptados), de John Huston
VIVIEN
LEIGH (1913 - 1967)
Vivian Mary Hartley, posteriormente Vivien Leigh,
nasceu a 5 de Novembro de 1913, na Índia (britânica então), na cidade de
Darjeeling. Faleceu, vítima de tuberculose, em Belgravia, Londres, a 7 de Julho
de 1967. Tinha 53 anos.
Oriunda de uma família da média burguesia inglesa,
o pai, Ernest Hartley, era agente de câmbio e, simultaneamente, actor amador.
Após o término da I Guerra Mundial, a família regressou a Inglaterra, onde, aos
6 anos de idade, a mãe, Gertrude Hartley, internou Vivian no Convento do
Sagrado Coração. Aí, fez amizade com Maureen O'Sullivan, irlandesa, que se ira
igualmente notabilizar no cinema. Em 1932, com 18 anos, entrou na Academia Real
de Artes Dramáticas de Londres, mas saiu para casar com o jovem advogado Hebert
Leigh Holman, de 31 anos. No ano seguinte nasceu Suzanne Holman, filha do casal.
Pouco depois, Vivien regressa aos estudos teatrais e torna-se actriz. No
cinema, começa por um pequeno papel em “Things Are Looking Up” (1935), tendo
posteriormente mudado o nome artístico para Vivien Leigh, por sugestão do seu
agente, John Glidden.
No teatro, estreou-se nos palcos de Londres
interpretando a esposa coquete de “The Green Sash”, a que se seguiu “The Mask
Of Virtue”, que a tornaria célebre. Os elogios da crítica a Viv e os aplausos
do público levaram o produtor cinematográfico Alexander Korda a contratá-la por
5 anos. Foi conjugando o teatro e o cinema, até que, em 1937, Viv, como passou
a ser conhecida, encontrou Laurence Olivier, na rodagem de “Fire Over England”.
No mesmo ano, interpretaram juntos, no teatro, “Hamlet”, no Castelo de Elseneur,
local da tragédia de Shakespeare, e o triunfo foi total. Ambos se divorciaram e
casaram (1940).
As carreiras de ambos prosseguiram e, em 1938,
Laurence Olivier viaja até aos EUA para interpretar “O Monte dos Vendavais”,
uma produção de Samuel Goldwyn (1939), para a qual chegou a estar pensada a
participação de Vivien Leigh, mas cujo papel seria finalmente entregue a Merle
Oberon. Vivien, quando foi visitar o marido à América, foi lendo, a bordo do
Queen Mary, um romance que gostaria muito de representar, “E Tudo o Vento
Levou”, de Margaret Mitchell. Scarlett O’ Hara era um papel que fascinava as
actrizes da época e muitas fizeram testes para o conquistarem: Tallulah
Bankhead, Paulette Goddard, Jean Arthur, Joan Bennett, Lana Turner, Susan
Hayward. Mas o produtor David O. Selznick preferia uma actriz pouco conhecida
do público americano e escolheu Vivien Leigh que havia jurado ser a eleita. Um
dia dissera: “Vou interpretar Scarlett nem que seja a última coisa que eu
faça.”
“E Tudo o Vento Levou” ganhou rapidamente o
estatuto de mito, sendo considerado o filme mais visto de sempre, e um dos mais
aclamados. Conquistaria 10 Oscars e Vivien Leigh, interpretando Scarlett,
ganhou o primeiro da sua carreira (o segundo consegui-lo-á, em 1949, com a
participação em “Um Eléctrico Chamado Desejo”, de Elia Kazan, na figura de
Blanche DuBois). Mas o sucesso de Vivien Leigh foi acompanhado pela doença,
quando lhe foi diagnosticada tuberculose e uma propensão maníaco-depressiva,
com sintomas de bipolaridade. Ganhara fama de ser de difícil trato, inclusive a
trabalhar, acusavam-na de uma sexualidade desmedida e de adúltera e promíscua
(tal como o marido, Laurence Olivier). Sobreviveu a dois abortos, mas muito
fragilizada caiu em depressão profunda, teve um esgotamento durante as
filmagens de “Elephants Walk”, de William Dieterle (1953), tendo sido
substituída por Elizabeth Taylor. O casamento com Olivier fracassou até ao
divórcio, em 1960. Ainda ganharia um Tony, em 1963, pelo seu desempenho na
comédia musical “Tovarich”. O seu último filme, “A Nave dos Loucos” é de 1965,
já depois de ter regressado à Índia, no ano anterior.
Quando ensaiava “A Delicate Balance”, de Edward
Albee, em Londres, teve uma recaída e morreu, em 7 de Julho de 1967. Cremada,
as cinzas foram espalhadas no Lago no moinho Tickerage, perto de Blackboys,
Sussex na Inglaterra. Assim desapareceu uma das mais belas e talentosas
actrizes de todos os tempos, passando a lenda imortal.
Filmografia:
1935: The
Village Squire, de Reginald Denham
1935: Things Are
Looking Up, de Albert de Corville
1935: Look Up and Laugh, de Basil Dean
1935: Gentlemen's Agreement, de George Pearson
1937: Fire
Over England
(Inglaterra em Chamas), de William K. Howard
1937: Dark
Journey (Jornada Negra), de Victor Saville
1937: Storm in a Teacup (Tempestade num Copo de
Água), de Ian Dalrymple e Victor Saville
1938: A Yank at Oxford (O Estudante de Oxford), de
Jack Conway
1938: Sidewalks of London ou St. Martin’s Lane
(Ilusões Perdidas), de Tim Whelan
1939: Gone with the Wind (E Tudo o Vento Levou),
de Victor Fleming
1940: 21 Days (Vinte e Um Dias), de Basil Dean
1940: Waterloo Bridge (A Ponte de Waterloo), de
Mervyn LeRoy
1941: That Hamilton Woman (A Batalha de
Trafalgar), de Alexander Korda
1945: Caesar and Cleópatra (César e Cleópatra), de
Gabriel Pascal
1948: Anna Karenina (Ana Karenina), de Julien
Duvivier
1951: A Streetcar Named Desire (Um Eléctrico
Chamado Desejo), de Elia Kazan
1955: The Deep Blue Sea (Profundo como o Mar), de
Anatole Litva
1961: The Roman Spring of Mrs. Stone (A Primavera
em Roma de Mrs. Stone), de José Quintero
1965: Ship of
Fools (A Nave dos Loucos), de Stanley Kramer
sobre Victor Fleming ver folha de "O Feiticeiro de Oz".
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