1. ROBIN DOS BOSQUES
Robin dos
Bosques (ou Robin Hood, no original) existiu realmente? Sim, todos o conhecemos
sob os rostos de Douglas Fairbanks, Errol Flynn, Sean Connery, Kevin Costner
ou, mais recentemente, Russell Crowe, o que não lhe garante existência real de
um ponto de vista histórico.
Mas, como
personagem da lenda e da mitologia britânica do século XIII, ninguém lhe retira
o lugar. Aí existe e com uma longevidade e actualidade evidentes. Todos o
conhecem e com ele simpatizam por ter sido um fora-da-lei, um bandoleiro que,
no tempo do também lendário Ricardo Coração de Leão, tentava impor justiça,
roubar aos ricos e dar aos pobres. Guerrilheiro medieval, que assumiu um tipo
de luta muito especial contra os poderosos corruptos, não terá inventado a
guerra de guerrilha, mas foi seguramente um bom intérprete, jogando com o
conhecimento do terreno e o apoio das populações locais.
Conhecemo-lo
na floresta de Sherwood, ao lado de outros simpáticos salteadores como “João
Pequeno” e “Frei Tuck”, exímio no arco e na flecha, na espada e na lança.
Chamavam-lhe o “Príncipe dos ladrões” e permanece na lenda em descrições épicas
de Walter Scott ou Henry Gilbert, trazidas do século XIX ou de inícios do XX.
Mas a lenda de
Robin Hood começou muito antes. Parece que a primeira referência literária que
se conhece data de 1377, e apareceu em forma de balada, “The Vision of William
Concerning Piers Plowman”, de William Langand. Mas a mais célebre é de 1420,
ainda balada, cantando a gesta do salteador, com o título de “A Gest of Robyn
Hode”, onde se reuniam três canções dedicadas ao já popular herói. Diz a lenda,
igualmente, que por esta altura, um monge beneditino tinha começado um sermão
com uma alocução dirigida a “muitos homens que diziam que Robin Hood nunca
tinha disparado o seu arco.” (em inglês
arcaico: “for mani men spekith of Robin Hood that shotte never in his bowe”).
Em 1528, um
tal William Tyndale condenava aqueles que desleixavam a leitura da Bíblia mas
liam Robin Hood, Bevis of Hampton, Hercules, Hector, e Troilus . . . Os tempos
não mudaram muito. Mas o mito crescia. Conta-se também que durante o século XV
alguns criminosos eram julgados e acusados de serem “Robin Hood’s”. Não eram só
as autoridades a criarem associações deste tipo. Muitos grupos de assaltantes
se chamavam a si próprios Robin Hood’s.
John Major,
escocês, escreveu pela primeira vez que Robin Hood não era um vulgar bandoleiro
de estrada, mas um filho da aristocracia inglesa. Corria o ano de 1521. Aí
começou a lenda de que Robin Hood era um “Príncipe dos Ladrões”. Herói popular,
defensor de fracos e oprimidos, as suas aventuras não suscitavam ódio mas
admiração, e a sua figura não acicatava a perseguição mas, pelo contrário, a
simpatia e a cumplicidade. Cada vez que se cantava uma nova tropelia de Robin
Hood contra o corrupto Xerife de Nottingham, explodiam as palmas e os vivas ao
herói redentor.
A sua fama
chegou mesmo às peças teatrais do mais famoso dramaturgo inglês, William
Shakespeare, que não lhe dedicou nenhuma em particular, mas que lhe fez várias
alusões nalgumas delas, sobretudo citando baladas onde eram cantadas as suas
façanhas. Mas um dramaturgo da época isabelina, Arthur Munday, esse elevou
Robin Hood à condição de Robert, conde de Huntingdon. A saga do salteador ia
ganhando cada vez mais adeptos e canções, poemas ou pequenas peças de teatro
eram vendidas nas ruas, tipo “teatro de cordel” em Portugal. Muitas dessas
canções e poemas (entre 16 e 28) foram compiladas numa antologia, “The Robin
Hood Garlands And Ballads”, aparecida entre 1660 e 1830. Em 1795, Joseph Ritson
publicou uma outra colectânea, “Robin Hood: A Collection of of All the Ancient
Poems, Songs and Ballads”, que mais tarde serviriam de base para a obra de Sir
Walter Scott, “Ivanhoe” (1819), onde, ao lado deste, surge igualmente a figura
do bandoleiro justiceiro e de Frei Tuck. Dada a qualidade literária e crítica
do trabalho de Joseph Ritson, este serviu ainda de motivação para muitos outros
escritores e poetas que posteriormente glosaram a figura. Outra importante
contribuição foi dada por Francis James Child (1825 –1896), primeiro americano
professor de inglês na Universidade de Harvard, que compilou em edição crítica
305 “Child Ballads”, entre as quais algumas dedicadas a Robin Hood.
Decisiva foi
ainda a contribuição do escritor e ilustrador americano Howard Pyle que, em
1883, lançou “The Merry Adventures of Robin Hood of Great Renown in
Nottinghamshire”, um romance de aventuras em vários episódios, que criava uma
atmosfera colorida e sedutora do tempo, dos costumes e até da linguagem da
época.
Outras aproximações literárias foram a obra de Henry
Gilbert, “Robin Hood and the Men of the Greenwood ”
(1914) e a de E. Charles Vivian, “The Adventures of Robin Hood” (1927). Mais
recentes são “The Adventures of Robin Hood”, de Roger Lancelyn Green, (1957,
“As Aventuras de Robin dos Bosques” publicações Dom Quixote, Lisboa, 1990),
“Robin Hood: A Mythic Biography”, de Stephen Knight (2003) ou ainda “Adventures
of Robin Hood”, de J. Walker
McSpadden, Greg Hildebrandt (2005), entre muitas outras. Será ainda de referir
a reedição da obra de Joseph Ritson, agora com o título “Robin Hood: A
Collection Of All The Ancient Poems, Songs And Ballads, Now Extant Relative To
That English Outlaw; To Which Are Prefixed Historical Anecdotes Of His Life”,
em 2007.
2. ROBIN DOS BOSQUES. O MITO
Como vimos, há
várias hipóteses para o aparecimento da lenda e a criação do mito. Terá
existido ou não uma tal figura, eis um mistério que se adensa sempre que se
produzem mais e mais estudos históricos e ensaios críticos.
Mas fica uma
certeza: tenha ou não existido como personagem física, Robin Hood resulta de
uma amálgama de influências e de intervenções diversas. Ele não terá nunca sido
a figura que hoje conhecemos, mas terão existido várias personagens que ajudaram
a criar o homem e a sua história. Em Robin Hood reúnem-se e amalgamam-se várias
contribuições, até se criar a figura do justiceiro popular que, em tempos de
tirania e usurpação, de prepotência e corrupção, roubava aos ricos para dar aos
pobres, defendia os fracos e oprimidos, era leal e galante.
O que nos
contam os romances e os filmes, reunindo o material disperso, pode resumir-se
da seguinte forma: Robin Hood chamava-se Robin of Locksley, era filho do Barão
Locksley, e foi um cruzado que acompanhou o Rei Ricardo Coração de Leão em
missão de cristianização dos muçulmanos hereges. A cruzada em que interveio não
teve um final feliz, Ricardo foi feito prisioneiro, contaram-se por milhares os
cruzados mortos e aprisionados, entre eles Robin Hood, que todavia consegue
fugir e regressar a Inglaterra. No seu país, porém, muito mudara. Enquanto
durou a ausência de Ricardo, o seu irmão, o Príncipe João, usurpa o trono e
lança uma campanha de tirânica violência contra os leais ao legítimo rei e
contra o povo inocente. Aumenta impostos e impõe um regime ditatorial, mata
aristocratas como o pai de Robin, a quem destrói ainda o castelo e rouba as
terras, persegue camponeses e instala o terror. Revoltado com o que vê, e sem
eira nem beira, arma-se de arco e flecha, veste-se de verde, enfia um capuz
castanho com uma pena (cujo nome em Inglaterra era “hood”, donde “Robin Hood”),
arregimenta um exército de deserdados que o acompanha e empreende uma luta sem
tréguas contra o despótico Rei e os seus sequazes, entre os quais o ultra
maléfico Xerife de Nottingham. Assalta e rouba os cofres reais e distribui os
despojos pelos pobres e prende-se de amores por uma tal Marian, sobrinha do rei
Ricardo e ela própria uma verdadeira coração de leoa. Para que tudo termine em
bem, Ricardo Coração de Leão regressa da Terra Santa e volta a dotar Robin Hood
do estatuto de nobre, que entretanto casara com Marian.
Em Nottingham,
ninguém duvida da existência de Robin Hood. A cidade, que se encontra no
coração do reino, tem estátuas e ruas com o nome do herói, e no cemitério do
arruinado convento de Kirklees existe também uma campa com a inscrição “Aqui
jaz Robard Hude”, que todos juram ser a da personagem em causa, que tem direito
mesmo a um festival anual. E, na própria floresta de Sherwood, ainda é possível
sentarmo-nos debaixo da mesma árvore onde outrora se reunia o grupo de Robin.
Dizem. Mas também dizem que afinal não foi em Nottingham que tudo aconteceu,
mas sim em Yorkshire, onde a floresta da lenda se chamava afinal Barnsdale.
3. AS AVENTURAS DE ROBIN DOS BOSQUES (1938)
“Em glorioso
Technicolor!”, era assim que era apresentado “The Adventures of Robin Hood”,
filme produzido pela Warner numa altura em que a cor no cinema era ainda uma
raridade. Terá sido este um dos aspectos a incentivar mais fortemente o
aparecimento de uma nova versão das aventuras de Robin dos Bosques, depois do
estrondoso sucesso de público que fora a versão, muda e a preto e branco, de
Douglas Fairbanks.
A Warner era
uma produtora singular (aliás, por essa altura, quase todas o eram,
especializadas em certos temas e géneros). O tipo de filmes que produzia tinha
uma forte carga da marca da casa mãe. Eram filmes de gangsters e policiais
“negros”, biografias de gente famosa, alguns “musicais”, mas toda a produção com
um forte peso social. “Little Caesar”, com Edward G. Robinson, “The Public
Enemy”, com James Cagney, “I Am a Fugitive from a Chain Gang”, com Paul Muni,
são bons exemplos duma dessas vertentes. “The Story of Louis Pasteur”, com Paul
Muni, que ganhou o Oscar de melhor actor em 1937, ou “The Life of Emile Zola”,
que conquistou no mesmo ano o Óscar de melhor filme, sintetizam a outra
corrente. Mas este tipo de filme social, reflectindo violência, uma linguagem
rude e alguma verdade do dia a dia americano, estava em risco com o
aparecimento do código Hays, que impunha regras estritas de confrangedora
moralidade conservadora. A Warner queria mudar de rosto, e a primeira escolha
foi optar por um valor seguro, William Shakespeare, “A Midsummer Night’s Dream”
(1935), primorosamente dirigido por William Dieterle, com a colaboração do
encenador Max Reinhardt, com um elenco onde, ao lado de jovens como Ian Hunter
ou Verree Teasdale, apareciam os tradicionais da casa, Dick Powell, Olivia de
Havilland, James Cagney ou Joe E. Brown. Foi um projecto de prestígio, mas o
estúdio também não navegava nas melhores águas económicas e precisava de alguma
coisa que movimentasse as massas (literalmente e em vários sentidos). “Robin
Hood” foi a escolha. Acertada. Ainda hoje se afirma como uma sólida fonte de
receita, em DVD e nos canais de televisão, sendo seguramente um dos grandes
filmes de aventura de todos os tempos.
Inicialmente,
estava previsto ser James Cagney o “Robin Hood” da Warner. Ele era o actor mais
prestigiado do estúdio, com uma presença nervosa e vitalista que impressionava.
Mas por essa altura, actor e estúdio estavam de candeias às avessas, e quem
acabou por ser escolhido foi um novato que se havia estreado há pouco (1936),
como protagonista, num filme de capa e espada que tivera muito boa aceitação,
“Capitan Blood”, de Michael Curtiz.
Errol Leslie
Flynn nasceu na Austrália, em 20 de Junho de 1909 (viria a falecer nos EUA, a
14 de Outubro de 1959), tendo-se naturalizado norteamericano em 1942. Antes de
chegar aos EUA, contratado pela Warner Bros., Errol Flynn teve vida aventureira
por três continentes, sendo descoberto em Londres, como actor de teatro, e na
Austrália, como intérprete de alguns filmes onde impunha já a jovialidade e a
presença física que o notabilizaram. Daí a Hollywood foi um passo e, no seu
filme de estreia como protagonista, fez sensação. Seguiram-se “The Charge of
the Light Brigade” (1936), “The Prince and the Pauper” (1937), antes de ser
escolhido para encarnar Robin Hood, em “The Adventures of Robin Hood” (1938). Depois apareceria em muitas mais obras, como “The Dawn
Patrol” (1938), “Four’s a Crowd” (1938), “Dodge City” (1939), “The Private
Lives of Elizabeth and Essex” (1939), “Santa Fe Trail” (1940), “The Sea Hawk”
(1940), “They Died with Their Boots On” (1941) ou “Adventures of Don Juan”
(1948). Deixou
na história do cinema uma marca pessoal indiscutível. O chamado filme de capa e
espada, os piratas do mar e a aventura em geral nunca tiveram outro actor tão
completo. Os seus duelos de espada ficaram memoráveis, como o que termina “The
Adventures of Robin Hood”, opondo-o a um sinistro Sir Guy of Gisbourne,
admiravelmente interpretado por Basil Rathbone.
O argumento
deste novo Robin dos Bosques começou a ser idealizado partindo obviamente da
antiga versão de Allan Dwan, mas muito modificada. Curiosamente, no próprio
genérico consta, depois dos nomes dos argumentistas de serviço, Norman Reilly
Raine, Seton I. Miller e Rowland Leigh, a informação de que estes se haviam
“baseado em velhas lendas”. O primeiro escritor contratado foi Rowland Leigh,
cujo trabalho inicial não agradou integralmente ao produtor delegado Hal B.
Wallis. A versão excluía Marian e era demasiado floreada ao nível dos diálogos.
Foram então convidados Norman Reilly Raine e Seton I. Miller, que concluíram a
obra. A preceito.
William
Keighley foi o primeiro realizador contratado e que iniciou as filmagens. Era
um director sóbrio, eficaz, elegante, mas, apesar de ser um especialista em
westerns de série B, não tinha muito bem a noção da aventura espectacular, como
se pretendia para este filme. Trabalhara com Flynn, de quem se tornara amigo,
em “The Prince and the Pauper” (1937), mas era demasiado lento na rodagem.
Naquele tempo, era vulgar a substituição de directores, já com as obras em
andamento. Foi o que aconteceu e, para o lugar de Keighley, foi contratado
Michael Curtiz, um húngaro exilado nos EUA, que teria sido a escolha natural de
Jack Warner e Hal B. Wallis, não fora Errol Flynn interceder por Keighley.
Curtiz (de
nome original Manó Kertész Kaminer) nasceu em Budapeste, a 24 de Dezembro de
1886, ainda na época do império austro-húngaro. Viria a falecer em Hollywood, a
10 de Abril de 1962. Iniciaria a sua carreira ainda na Hungria, onde dirigiu
cerca de quatro dezenas de obras, prolongando-a depois na América, construindo
uma sólida e brilhante filmografia com mais de 170 títulos. Era pau para toda a
obra, mas era um cineasta completo e deixou-nos meia dúzia de obras-primas
indiscutíveis. Ganhou o Oscar de melhor realizador em 1942, com “Casablanca” e
foi nomeado mais algumas vezes: para “Captain Blood” (1935), “Angels with Dirty
Faces” e “Four Daughters” (ambos de 1938) ou “Yankee Doodle Dandy” (1942).
Agarrou no que
faltava de “The Adventures of Robin Hood” e deu-lhe uma volta completa. As
sequências rodadas por William Keighley no parque natural de Chico, a 600 km do estúdio, foram
melhoradas com novos planos. Curtiz resolveu filmar o que faltava perto de
Hollywood, no lago Sherwood, na Califórnia, no mesmo local onde Fairbanks tinha
rodado a sua versão. Michael Curtiz era um cineasta quente, efusivo, vibrante.
Dizem que, durante uma cena de amor entre Flynn e Olivia de Havilland (que
andavam envolvidos durante as filmagens), os dirigiu da seguinte forma: “Não a
apertes como uma batata quente. Esmaga-a. Talvez lhe quebres uma costela. Será
excelente, se der uma boa cena!”
A rodagem
concluiu-se com um mês de atraso, mas todos apostavam no sucesso do filme.
Tinha um pouco de tudo o que necessitava um filme de acção: duelos de capa e espada,
arco e flechas em barda, pancadaria, traição, abnegação, heroísmo e amor. E
humor. As preocupações com os cenários, exteriores e interiores, foram grandes.
Nem sempre o rigor histórico, quanto à reconstituição do século XII, foi o
maior, mas, no contexto, o resultado é notável, tanto mais que o brilho do novo
Technicolor fazia ressaltar a voluptuosidade das cores. O filme acabaria por
custar cerca de 2 milhões de dólares (hoje seriam 30 milhões), a mais cara
produção da Warner até essa altura.
Para a
composição da partitura musical foi contratado o austríaco Erich Wolfgang
Korngold, um homem de formação clássica, mais acostumado a óperas. Mas acabou
por criar uma partitura que fez história (considerada a 11ª, numa lista das 25
melhores bandas sonoras do cinema de todos os tempos) e ganharia o Oscar de
melhor música de filme do ano. “As Aventuras de Robin dos Bosques” alcançariam
ainda mais dois Oscars, um para direcção artística, da responsabilidade de Carl
Jules Weyl, e outro para melhor montagem, devida a Ralph Dawson. Foi ainda
nomeado para “melhor filme do ano”, galardão arrecadado na altura pela fabulosa
comédia de Frank Capra, “You Can’t Take It with You”.
Ao contrário
do “Robin Hood” de 1922, onde a primeira hora era ocupada pela descrição dos preparativos
para a cruzada e as intrigas palacianas, este “Robin Hood” de 1939 arranca logo
com as aventuras do herói em plena floresta de Sherwood. Sabe-se que Ricardo
Coração de Leão foi para a cruzada, deixando o reino entregue a um amigo de
confiança, Longchamp, por temer o que poderia acontecer se o trono fosse parar
ao traiçoeiro irmão, Príncipe John. Mas este manobra na sombra, aproveita-se de
um acidente sofrido por Ricardo no campo de batalha e, ajudado pelos barões
normandos, apodera-se do ceptro. É “um dia particularmente infeliz para os
saxões”, quando Ricardo é capturado por Leopoldo da Áustria, é feito
prisioneiro e é exigido pesado resgate. O Príncipe John inicia então o seu
reinado de terror, com extorsões, pesados impostos, perseguições, prisões e
execuções sumárias. Quem não se mostra servil é escorraçado ou aniquilado. Um
pobre filho de moleiro que mata um veado para alimentação da família é preso e
vê preparada a sua rápida execução, não fosse a intervenção de Sir Robin de
Locksley, já conhecido por Robin dos Bosques, que enfrenta temerariamente o
famigerado Sir Charles de Gisbourne.
Entretanto, no
castelo de Nottingham, com cenários muito semelhantes aos de Lloyd Wright para
a versão de 1922, monumentais, com torres e escadarias, recantos e janelas
idílicas, decorre o banquete de entronização do rei usurpador, colocando em
sentido, pelo menos na aparência, as querelas entre normandos e saxões, agora
submetidos ao jugo do tirano.
Num acto única
de bravata, Robin dos Bosques, o mais procurado, irrompe pela sala com o veado
caçado. O Príncipe John, igualmente interpretado de forma magnífica pelo
pérfido Claude Rains, convida-o a sentar-se à mesa, bem na sua frente, na
esperança de que dali não volte a sair vivo. Mas um herói tem sempre solução
para tudo, consegue furtar-se à arremetida de um exército em busca de sangue e
reúne com os leais companheiros, debaixo do “carvalho dos enforcados”, na
floresta de Sherwood, onde juram “lutar até à morte contra a ditadura”. No
castelo, por seu lado, é assinada a sentença de morte e proclamado o prémio
pela entrega do rebelde. É uma luta de morte, de parte a parte. Tanto mais que
Marian, a apaixonada de Robin, é aprisionada numa masmorra e igualmente
condenada à morte.
Aproxima-se o
clímax. É o tudo ou nada e surge Ricardo, embuçado, que na floresta encontra o
seu grupo de apoiantes. Conversa interessante entre o rei e o bandoleiro,
quando Ricardo lhe pergunta se condena o facto de o rei ter partido para a
cruzada. “Sim, condeno Ricardo por ir para o estrangeiro e não defender o seu
povo.” Ricardo é ainda mais preciso: “Condenas a cruzada?” Robin responde:
“Condeno o que é mau para o povo de Inglaterra.” Há aqui nitidamente uma
inflexão, uma deriva, em relação ao que proclamava o filme de Allan Dwan, onde a
cruzada era defendida de forma inflamada. Mudança de tom que os tempos
impuseram.
Chegamos,
finalmente, à cerimónia de entronização de John, frustrada de forma brilhante
pela arrojada investida de um exército de camuflados monges, a que se segue o
esperado duelo entre Robin e Sir Charles de Gisbourne, que ficará na história
como um dos mais sugestivos da sétima arte. Robin, antes de partir com Marian,
em lua-de-mel, será armado barão de Lockley, e conde de Sherwood e de
Nottingham. Mais uma vez “tudo bem, quando acaba bem”. “The Adventures of Robin
Hood” acaba mesmo em beleza, para se transformar numa das obras-primas do
cinema de aventuras.
O filme
estreou nos EUA, a 25 de Abril de 1938, em ante estreia, e a 14 de Maio, em
todo o país. Em triunfo. A Warner nunca o viu como obra de referência, a
aventura nunca teve prestígio nas esferas intelectuais norteamericanas, mas a
verdade é que salvou o estúdio e ficou até hoje como um marco que muitas
películas muito mais ambiciosas (e pretensiosas) nunca conseguiram.
AS AVENTURAS DE ROBIN DOS BOSQUES
Título
original: The Adventures of Robin Hood
Realização: Michael Curtiz, William Keighley (EUA, 1938);
Argumento: Norman Reilly Raine, Seton I. Miller, Rowland Leigh; Produção: Henry
Blanke, Hal B. Wallis, Jack L. Warner; Música: Erich Wolfgang Korngold;
Fotografi a (cor): Tony Gaudio, Sol Polito; Montagem: Ralph Dawson; Casting:
Rufus Le Maire; Direcção artística: Carl Jules Weyl; Maquilhagem: Perc
Westmore, Ward Hamilton, Irma Kusely; Direcção de Produção: Al Alleborn;
Assistentes de realização: Lee Katz, Jack Sullivan; Som: C.A. Riggs; Companhias
de produção: Warner Bros. Pictures, First National Pictures; Intérpretes: Errol Flynn (Robin Hood of
Locksley), Olivia de Havilland (Maid Marian), Basil Rathbone (Sir Guy of
Gisbourne), Claude Rains (Príncipe John), Patric Knowles (Will Scarlett),
Eugene Pallette (Frei Tuck), Alan Hale (João Pequeno), Melville Cooper (Xerife
de Nottingham), Ian Hunter (Rei Ricardo Coração de Leão), Una O’Connor, Herbert
Mundin, Montagu Love, Leonard Willey, Robert Noble, Kenneth Hunter, Robert
Warwick, Colin Kenny, Lester Matthews, Harry Cording, Howard Hill, Ivan F.
Simpson, Lowden Adams, Frank Baker, James Baker, Sidney Baron, Hal Baylor,
Lionel Belmore, Wilson Benge, Charles Bennett, Hal Brazeale, George Bunny,
David Cavendish, Phyllis Coghlan, D’Arcy Corrigan, Jack Deery, Nick De Ruiz,
Austin Fairman, Frank Hagney, Ivo Henderson, Leyland Hodgson, Crauford Kent,
Marten Lamont, Leonard Mudie, Paul Power, Gerald Rogers, Reginald Sheffi eld, Robert
St. Angelo, John Sutton, etc. Duração: 90 minutos;
Estreia em Portugal: Politeama, 19 de Dezembro de 1940; Distribuição em
Portugal: Sociedade Importadora de Filmes (SIF) (1940); Classificação etária:
M/ 6 anos.
MICHAEL CURTIZ (1888-1962)
Michael Curtiz,
também conhecido por Mihaly Kertesz ou por Manó Kertész Kaminer, seu nome de
baptismo, nasceu em Budapeste, hoje Hungria, então fazendo parte do Império
Austro-húngaro, a 24 de Dezembro de 1886 e viria a falecer, em Los Angeles,
Califórnia, EUA, a 10 de Abril de 1962. Realizou cerca de 50 filmes na Europa,
entre 1912 e 1926, e mais de uma centena nos EUA, para onde emigrou. Foi um dos
realizadores de maior destaque na Warner Bros., onde adquiriu reputação de
grande competência e eficácia, sendo igualmente conhecido pela sua pouca
afabilidade. Mas assinou obras-primas indiscutíveis dos anos 30 e 40, como “A
Carga da Brigada Ligeira”, “O Gavião dos Mares”, “As Aventuras de Robin Hood”,
todos com Errol Flynn. Mas foi decididamente nas décda de 40, com “O Lobo do
Mar”, “Canção Triunfal”, “Corsário das Nuvens”, “Alma em Suplício”, mas
fundamentalmente com o mítico “Casablanca”, que consolidou a reputação. Nos
anos 50, a
sua estrela baixou de brilho mas ainda nos deu obras muito interessantes, como
“Natal Branco” ou “Veneno de Cobra”.
A sua vida na
Europa está envolvida numa névoa de incertezas, mas parece que fugiu de casa ainda
jovem, para acompanhar um circo, e que fez parte da selecção olímpica de
esgrima, nos Jogos Olímpicos de Verão de 1912, em Estocolmo. Estudou na
Universidade de Markoszy e na Academia Real de Teatro e Arte, em Budapeste. Foi
actor, sob o pseudónimo de Mihály Kertész, no Teatro Nacional Húngaro, antes de
iniciar a carreira como realizador. Em 1919 deixou Budapeste, quando a indústria
cinematográfica foi nacionalizada, e fixa-se em Viena, onde dirigiu diversas
obras. “Moon of Israel” chamou a atenção de Jack Warner, que o contratou para
trabalhar para a Warner Bros. Chegou aos EUA em 1926, adoptando o nome de
Michael Curtiz.
O seu último
filme, “Comancheros”, interpretado por John Wayne, foi estreado já depois da
morte do realizador, por cancro, em 10 de Abril de 1962. Foi enterrado no
cemitério Forest Lawn Memorial Park, em Glendale (Califórnia).
1.
Filmes realizados na Europa (com o nome de Mihály Kertézs):
1912:
Ma Es Holnap (Hungria)
1912:
As Utolso Bohém (Hungria)
1913:
Rablelek (Hungria)
1913:
Atlantis (Dinamarca)
1913:
Hazasokik Az Uram (Hungria)
1914:
As Ejszaka Rabja (Hungria)
1914: Bank Ban (Hungria)
1914: Aranyaso (Hungria)
1914: A Tolonc (Hungria)
1914: A Kolesonket Cse Cse Mok (Hungria)
1915: Akit Ketten Szeretnek (Hungria)
1916: A Farkus (Hungria)
1916: A Karthauzi (Hungria)
1916: A Fekete Szivarvany (Hungria)
1916: As Ezust Kecske (Hungria)
1916: A Magyar Fold Ereje (Hungria)
1916: A Medikus (Hungria)
1916: Doktor Ur (Hungria)
1916: Makkhetes (Hungria)
1917: A Fold Embere (Hungria)
1917: Zoard Mester (Hungria)
1917: A Voros Samson (Hungria)
1917:
Az Utolso Hajnal (Hungria)
1917:
A Senki Fia (Hungria)
1917:
A Szent Jobi Erdo Titka (Hungria)
1917:
A Kuruzsló (Hungria)
1917:
A Halalsengo (Hungria)
1917:
Egy Krajcar Tortenete (Hungria)
1917:
Az Ezredes (Hungria)
1917:
Tatarjaras (Hungria)
1917:
A Beke Utja (Hungria)
1917:
Az Arenás Zsido (Hungria)
1917: Az Orvos (Hungria)
1917: Tavasz A Telben (Hungria)
1918: Alraune (Hungria)
1918:
A Napraforgos Holgy (Hungria)
1918:
Szamarbor (Hungria)
1918:
Judas (Hungria)
1918:
Kilencvenkilenc (Hungria)
1918:
Az Ordog (Hungria)
1918:
A Csunya Fiu (Hungria)
1918:
A Vig Ozwegy (Hungria)
1918:
Lulu (Hungria)
1918:
Lu, A Kokott (Hungria)
1919:
Jon Az Ocsem (Hungria)
1919:
A Skorpio (Hungria)
1919: A Wellington
Rejtely (Hungria)
1919: Liliom (Hungria)
1919: Odette Et L'histoire Des Femmes Illustrés (Suécia)
1919: Die Dame Mit Dem Schwarzen Handschuh (Áustria)
1919: Die Gottesgeissel (Áustria)
1920: Boccaccio (Áustria)
1920: Die Dame Mit Den Sonnenblumen (Áustria)
1920: Herzogin Satanella (Áustria)
1920: Miss Tutti Frutti (Áustria)
1920: Der Stern Von Damaskus (Áustria)
1920: Labyrinth Des Grauens (Áustria)
1921: Cherchez La Femme (Áustria)
1921: Frau Dorothys Bekenntnis (Áustria)
1921: Wege Des Schreckens (Áustria)
1921: Cherchez La Femme (Áustria)
1923: Der Junge Medardus (Áustria)
1923: Die Lawine (Áustria)
1923: Namenlos (Áustria)
1923: Der Junge Medarus (Áustria)
1923: Samson Und Dalila (Áustria)
1923: Sodom Und Gomorrah (Partes 1 e 2) (Áustria)
1924: Harun Al Raschid (Áustria)
1924: Die Sklavenkonigin / Moon of Israel (Áustria)
1924: Avalanche (Avalanche) (Áustria)
1924: Eine Spiel Ums Leben (Áustria)
1924: General Badka (Áustria)
1925: Celimene - La Poupee de Montmartre (Áustria)
1925: Das Spielzeug Von Paris (Áustria)
1926:
Fiaker Nr. 13 (A Tipoia Nº 13) (Áustria)
1926: Der Goldene Schmetterling (A Borboleta Doirada)
(Áustria)
2.
Filmes realizados nos EUA
1927:
The Desired Woman (O Crime ao Sol)
1927: Good Time Charley
1927: A Million Bid
1927:
The Third Degree (O Circo da Morte)
1928:
Tenderloin (Noites de Nova Iorque)
1929: The Gamblers
1929: The Glad Rag Doll (Boneca Caprichosa)
1929: Hearts in Exile (Corações no Exílio)
1929: The Madonna of Avenue A
1929: Noah's Ark
(A Arca de Noé)
1930: Bright Lights
1930: Mammy
1930: The Matrimonial Bed
1930: River's End (O Segredo do Morto)
1930: A Soldier's Plaything
1930: Under a Texan Moon
1931:
Damon Des Meeres / Moby Dick (A Fera do Mar)
1931: God's Gift to Women
1931: The Mad Genius
1932: The Cabin in the Cotton
1932: The Strange Love of Molly Louvain
1933: 20.000 Years in Sing Sing (20.000 anos em Sing
Sing)
1933: Female
1933: Goodbye Again
1933: The Kennel Murder Case
1933:
The Keyhole (Pelo Buraco da Fechadura)
1933: The Mistery of Wax Museum (Máscaras de Cera)
1933: Private Detective 62 (Quando a Sorte Sorri)
1934: Jimmy, the Gent
1934: The Key (A Chave)
1934:
Mandalav (Noites do Oriente)
1935:
Black Fury (Fúria Negra)
1935: Captain Blood (Capitão Blood)
1935: The Case of the Curious Bride
1935: Front Page Woman
1935: Little Big Shot
1936: The Charge of the Light Brigade (A Carga da
Brigada Ligeira)
1936: Stolen Holiday
1936:
The Walking Dead (O Morto que Voltou à Vida)
1937:
Kid Galahad (O Mais Forte)
1937:
The Perfect Specimen (O Homem Perfeito)
1938: Gold Is Where You Find It (A Batalha do Ouro)
1938: The Adventures of Robin Hood (As Aventuras de
Robin dos Bosques)
1938:
Four Daughters (Quatro Filhas)
1938:
Foou's Crowd (Quatro são Demais)
1938:
Angels With Dirty Faces (Anjos de Cara Suja)
1939:
Dogde City (Vida Nova)
1939: Sons Of Liberty
(curta metragem)
1939: Daugthers Courageous (Filhas Corajosas)
1939: The Private Lives of Elizabeth And Essex (Isabel
de Inglaterra)
1939:
Four Wives (Quatro Mães)
1940:
Virginia City (Duas Causas)
1940:
The Sea Hawk (O Gavião dos Mares)
1940:
Santa Fe Trail (A Caminho de Santa Fé)
1941:
The Sea Wolf (O Lobo do Mar)
1941:
Dive Bomber (O Bombardeiro)
1942:
Casablanca (Casablanca)
1942:
Yankee Doodle Dandy (Canção Triunfal)
1942:
Captains Of The Clouds (Corsário das Nuvens)
1943: Mission to Moscow
1943: This Is the Army (Fúria de Heróis)
1944:
Passage to Marseille (Passagem para Marselha)
1944:
Janie (Janie tem Dois Namorados)
1945:
Mildred Pierce (Alma em Suplício)
1945: Roughly Speaking (O Preço da Verdade)
1946: Night and Day (Fantasia Dourada)
1947:
Life With Father (A Culpa é do Papá)
1947:
The Unsuspected (Sem Sombra de Suspeita)
1948: Romance on the High Seas (Romance no Mar Alto)
1949: My Dream is Yours (Meus Sonhos Pertencem-te)
1949:
Flaming Road (O Caminho da Redenção)
1949: The Lady Takes a Sailor ( Até Parece Mentira)
1950: Young Man with a Horn (Duas Mulheres...Dois
Destinos)
1950:
Bright Leaf (Fumos de Ambição)
1950: The Breaking Point (A Sombra do Mal)
1951: Jim Thorpe - All American (Homem de Bronze)
1951: Force of Arms (Quando Passar a Tormenta)
1952: I'll See
You an My Dreams
1952: The Story of Will Roger
1953: The Jazz Singer (Sonho de Artista)
1953: Trouble along the Way (Barreiras Vencidas)
1953: The Boy from Oklahoma
1954: The Egypcian (O Egípcio)
1954:
White Christmas (Natal Branco)
1955:
We're no Angels (Veneno de Cobra)
1956: The Scarlet Hour (Garras de Mulher)
1956: The Best Things in Life are Free (A Felicidade
não se Compra)
1956:
The Vagabond King (O Rei Vagabundo)
1957:
The Helen Morgan Story (O Pecado de ter Nascido)
1958:
The Proub Rebeld (O Rebelde Orgulhoso)
1958: King Creole (Balada Sangrenta)
1959: The Hangman (O Carrasco)
1959: The Man in the Net (Enredo Fatal)
1960: The Adventures of Huckeberry Finn (As Aventuras
de Huckeberry Finn)
1960:
A Breath of Scandal (Escândalo na Corte)
1961:
Francis of Assisi (S. Francisco de Assis)
1961:
The Comancheros (Comancheros)
ERROL FLYNN (1909-1959)
Errol Leslie
Thomson Flynn nasceu a 20 de Junho de 1909, em Hobart, Tasmânia, Austrália, e
viria a falecer, com 50 anos de idade, a 14 de Outubro de 1959, em Vancouver,
Columbia Britânica, no Canadá. Enterrado no Forest Lawn Memorial Park,
Glendale, Califórnia, EUA. Casado com as actrizes Lili Damita (1935–1942), Nora
Eddington (1943–1948) e Patrice Wymore (1950–1959).
Filho de
Theodore Thomson Flynn, biólogo e professor da "Universidade da Tasmânia",
e de Marelle Young (nascida Lily Mary Young), ambos nascidos na Austrália, mas
com ascendência irlandesa, inglesa e escocesa. Flynn estudou na “Sydney Church
of England Grammar School”, de onde foi expulso por lutar e, alegadamente, ter
tido relações sexuais com uma funcionária da lavandaria da escola. Com uma vida
aventurosa, que haveria de prolongar nos seus filmes, foi expulso de vários
colégios, na Austrália e em Inglaterra, e conseguiu o primeiro emprego numa
companhia de navegação em Sydney. Com 20 anos, comprou um velho barco, a que
deu o nome de “Sirocco”, e viajou durante sete meses até à Nova Guiné, aventura
que se tornaria o tema de um livro seu, “Beam Ends”, publicado em 1937.
Estabeleceu-se numa plantação de tabaco em Laioki, e escreveu artigos para o
“Sydney Bulletin”. Passou pela mineração de cobre na serra, perto do Vale
Laloki.
O realizador e
produtor australiano Charles Chauvel ofereceu-lhe um papel em “In the Wake of
the Bounty”, de 1933, como Fletcher Christian, filme nunca estreado comercialmente.
A MGM compraria os direitos quando produziu “The Bounty”, em 1935, aproveitando
algumas cenas. Errol Flynn partiu então para Inglaterra e participou do elenco
da “Northampton Repertory Company”, no Royal Theatre, onde trabalhou por sete
meses. A Warner Brothers contrata-o, aparecendo em “Murder at Monte Carlo”, de
1935, de Ralph Ince, partindo para a América. O primeiro filme importante foi
“The Case of Curious Bride” (1935), de Michael Curtiz, tendo sido escolhido
depois para protagonista de “Captain Blood”, do mesmo Curtiz, que marcaria o
início de uma longa colaboração de 10 filmes, prolongando-se ate 1941, talvez
os melhores anos de Flynn e Curtiz. Surgem “The Charge of the Light Brigade”,
de 1936, “Green Light”, “The Prince and the Pauper”, “Another Day” e “The
Perfect Specimen”, “The Adventures of Robin Hood”, que tornaria Errol Flynn uma
das grandes vedetas desta época e o herói absoluto dos filmes de aventuras e
capa e espada deste período. Também apareceu em westerns como “Dodge City” ou
“Santa Fe Trail”. Nos anos 50, acentuou-se um certo declínio, trabalhando na
Europa. O seu último grande filme foi “The Roots of Heaven”, de John Huston,
terminando a carreira com uma locução num documentário sobre Cuba, “Cuban Rebel
Girls”, em 1959. Morreu vítima de ataque cardíaco e problemas relacionados com
alcoolismo.
Uma
autobiografia, “My Wicked, Wicked Ways”, foi publicada após a sua morte e
"permanece como uma das autobiografias mais atraentes e terríveis escritas
por uma estrela de Hollywood, ou qualquer outra pessoa”, segundo a crítica. Em
1980, Charles Higham publicou uma biografia polémica, “Errol Flynn: The Untold
Story”, acusando Flynn de ser simpatizante fascista, espião e bissexual. Mas em 2000, os arquivos do Ministério do
Interior britânico demonstraram que Flynn trabalhou para os aliados durante a
guerra e que as suas tendências políticas eram de esquerda: defendeu a
República Espanhola durante a Guerra Civil Espanhola e a Revolução Cubana.
Filmografia:
1933: In the Wake of the Bounty, de Ch. Chauval
1933: I Adore You,
de George King
1934: Murder at Monte Carlo ,
de Ralph Ince
1935: The Case of the Curious Bride, de Michael Curtiz
1935: Don't Bet on Blondes, de Robert Florey
1935: Captain Blood (O Capitão Blood), de Michael Curtiz
1936: The Charge of the Light Brigade (A Carga da
Brigada Ligeira), de Michael Curtiz
1937: Green
Light (A Luz da Vida), de Frank Borzage
1937: The
Prince and the Pauper (O Príncipe e o Pobre), de William Keighley
1937: Another
Dawn (Outra Aurora), de William Dieterle
1937: The
Perfect Specimen (O Homem Perfeito), de Michael
Curtiz
1938: The
Adventures of Robin Hood (As Aventuras
de Robin dos Bosques),
de Michael Curtiz
1938: Four's a
Crowd (Quatro São Demais...), de Michael
Curtiz
1938: The
Sisters (As Irmãs), de Anatole Litvak
1938: The Dawn
Patrol (A Patrulha da Alvorada), de Edmund Goulding
1939: Dodge
City (Vida Nova), de Michael Curtiz
1939: The
Private Lives of Elizabeth and Essex (Isabel de Inglaterra), de Michael Curtiz
1940: Virginia
City (Duas Causas), de Michael Curtiz
1940: The Sea
Hawk (O Gavião dos Mares), de Michael
Curtiz
1940: Santa Fe
Trail (A Caminho de Santa Fé), de Michael
Curtiz
1941:
Footsteps in the Dark (Passos na Escuridão), de Lloyd Bacon
1941: Dive
Bomber (O Bombardeiro), de Michael Curtiz
1941: They Died with Their Boots On (Todos Morreram
Calçados), de Raoul Walsh
1942:
Desperate Journey (Jornada Trágica), de Raoul Walsh
1942:
Gentlemen Jim (O Ídolo do Público), de Raoul Walsh
1943: Edge of
Darkness (Um Raio de Luz), de Lewis Milestone
1943: Thank
Your Lucky Stars (Brilham as Estrelas), de David Butler
1943: Northern
Pursuit (Perseguidos), de Raoul Walsh
1944:
Uncertain Glory (Três Dias de Vida), de Raoul Walsh
1945:
Objective, Burma! (Objectivo Burma), de Raoul Walsh
1945: San
Antonio (Santo António, Cidade sem Lei), de David
Butler
1946: Never
Say Goodbye (Nunca Digas Adeus), de J.V. Kern
1947: Cry Wolf
(A Mansão da Loucura), de Peter Godfrey
1947: Escape
Me Never (Não Me Abandones), de Peter Godfrey
1947: The Lady
from Shanghai (A Dama de Xangai), de Orson Welles (figuração não creditada)
1948: Silver
River (Sangue e Prata), de Raoul Walsh
1948:
Adventures of Don Juan (As Aventuras de D. Juan), de Vincent
Sherman
1949: It's a
Great Feeling (Mademoiselle Fifi), de David Butler (figuração
não creditada)
1949: That
Forsyte Woman (A Glória de Amar), de C. Bennett
1950: Montana
(Montana, Terra Proibida), de Ray
Enright
1950: Whaling in the Pacifique, de Errol Flynn
(curta-metragem)
1950: Rocky Mountain (Abnegação Heróica), de William Keighley
1950: Kim (Kim), de Victor Saville
1951: Hello God, de William Marshall (também produtor)
1951: Adventures of Captain Fabian (A Taberna de Nova
Orleães), de William Marshall
1952: Mara
Maru, de Gordon Douglas
1952: Against
All Flags (No Reino dos Corsários), de George
Sherman
1952: Cruise of the Zacca, de Errol Flynn
1952: Deep Sea Fishing, de Errol Flynn (16 mm )
1953: The Master of Ballantrae (O Rebelde
Aventureiro), de William Keighley
1953: The Story of
William Tell, de Jack Cardiff
(curta-metragem)
1954: Crossed
Swords (A Espada e a Mulher), de M. Krims
1955: Lilacs in the Spring / Let’s Make up (Lilases na
Primavera), de H. Wilcox
1955: King's
Rhapsody (Amor de Rei), de H. Wilcox
1955: The Dark Avenger/ The Warriors (O Príncipe Negro),
de Henry Levin
1956-1957: The
Errol Flynn Theatre (série de TV) episódios “Rescued” e “1000th Night of Don
Juan”
1956: Screen
Directors Playhouse (série de TV) episódio “The Sword of Villon”
1957: Istanbul
(Istambul), de Joseph Pevney
1957: The Big
Boodle (Jogando com a Sorte), de Richard Wilson
1957: The Sun
Also Rises (…E o Sol Também Brilha), de Henry King
1957: Playhouse 90
(série de TV) episódio “Without Incident”
1958: Too Much, Too Soon (As Duas Faces de Uma vida),
de A. Napoleon
1958: The Roots of Heaven (Raízes do Céu), de John
Huston
1959: Goodyear
Theatre (série de TV) episódio “The Golden Shanty”
1959: The Red
Skelton Show (série de TV) episódio “Freddie's Beat Shack”
1959: Cuban Rebel Girls, de B. Mahon (documentário).
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