domingo, 12 de outubro de 2014

SESSÃO EXTRA: 20 DE OUTUBRO DE 2014


"VERTIGO” O MELHOR FILME DE SEMPRE?

“Sight & Sound” é uma revista inglesa de critica cinematográfica que apareceu em 1932, passando a partir de 1934 a ser editada pelo BFI (British Film Institute).  A revista mantem-se ainda hoje como uma das publicações mais prestigiadas em todo o mundo.  De edição mensal, dá igual importância a obras de grade público e de circuitos restritos, sendo dirigida por Gavin Lambert entre 1949 e 1955, depois, de 1956 a 1990, por Penelope Houston. Actualmente é da responsabilidade de Nick James.
Em 1952, a “Sight & Sound” organizou um primeiro inquérito entre críticos, realizadores, historiadores, académicos e distribuidores de todo o mundo, solicitando a cada um dele a sua lista dos 10 Melhores Filmes de Sempre. Do computo geral saiu uma lista que tinha à frente “Ladrões de Bicicletas”, de Vittorio de Sica, e uma maioria de obras do cinema mudo: 1. Bicycle Thieves (25 votos), 2. City Lights (19), 2. The Gold Rush (19), 4. Battleship Potemkin (16), 5. Intolerance (12), 5. Louisiana Story (12), 7. Greed (11), 7. Le Jour se Leve (11), 7. The Passion of Joan of Arc (11), 10. Brief Encounter (10), 10. La Règle du Jeu (10) e 10. Le Million (10).
Dez anos depois, a revista repetiu o inquérito com resultados bastante diferente. “Citizen Kane”, de Orson Welles, aparecia à frente: 1. Citizen Kane (22 votos), 2. L'Avventura (20), 3. La Règle du Jeu (19), 4. Greed (17), 4. Ugetsu Monogatari (17), 6. Battleship Potemkin (16), 7. Bicycle Thieves (16), 7. Ivan the Terrible (16), 9. La Terra Trema (14) e 10. L'Atalante (13).
Em 1972, novo inquérito dava outro resultado, mantendo todavia “Citizen Kane” na dianteira:
1. Citizen Kane (32 votos), 2. La Règle du Jeu (28), 3. Battleship Potemkin (16), 4. 8½ (15), 5. L'Avventura (12), 5. Persona (12), 7. The Passion of Joan of Arc (11), 8. The General (10), 8. The Magnificent Ambersons (10), 10. Ugetsu Monogatari (9) e 10. Wild Strawberries (9).
Nova década passou e, em 1982, a votação sofreu algumas alterações, mas Welles manteve-se na dianteira: 1. Citizen Kane (45 votos), 2. La Règle du Jeu (31), 3. Seven Samurai (15), 3. Singin' in the Rain (15), 5. 8½ (14), 6. Battleship Potemkin (13), 7. L'Avventura (12), 7. The Magnificent Ambersons (12), 7. Vertigo (12), 10. The General (11) e 10. The Searchers (11). Não deixa de ser interessante verificar as alterações. Alguns títulos foram desaparecendo, outros surgindo, alguns subindo ou descendo em virtude do “gosto” da época.
Em 1992, a iniciativa manteve-se e o primeiro lugar também: 1. Citizen Kane (43 votos), 2. La Règle du Jeu (32), 3. Tokyo Story (22), 4. Vertigo (18), 5. The Searchers (17), 6. L'Atalante (15), 6. The Passion of Joan of Arc (15), 6. Pather Panchali (15), 6. Battleship Potemkin (15) e 10. 2001: A Space Odyssey (14).
No primeiro inquérito do século XXI (2002), “Vertigo” começa a ameaçar “Citizen Kane” que todaia mantem a hegemonia durante 50 anos: 1. Citizen Kane (46 votos), 2. Vertigo (41), 3. La Règle du Jeu (30),4. The Godfather e The Godfather Part II (23), 5. Tokyo Story (22), 6. 2001: A Space Odyssey (21), 7. Battleship Potemkin (19), 7. Sunrise: A Song of Two Humans (19), 9. 8½ (18) e 10. Singin' in the Rain (17).
Em 2012, finalmente, a reviravolta: “Vertigo” em primeiro lugar, “O Mundo a Seus Pés” em segundo. Entretanto o universo de votantes também se alterou consideravelmente em numero: 846 críticos, programadores, académicos e distribuidores, notando a ausência de realizadores que agora tinham uma votação à parte. Os resultados: Vertigo (191 votos), 2. Citizen Kane (157), 3. Tokyo Story (107), 4. La Règle du Jeu (100), 5. Sunrise: A Song of Two Humans (93), 6. 2001: A Space Odyssey (90), 7. The Searchers (78), 8. Man with a Movie Camera (68), 9. The Passion of Joan of Arc (65) e 10. 8½ (64).
A “Sight & Sound” desde 92 que mantem um votação isolada para realizadores, com resultados bastante diferentes nalguns aspectos. Em 1992: 1. Citizen Kane, 2. 8½, 3. Raging Bull, 4. La Strada, 5. L'Atalante, 6. The Godfather, 6. Modern Times, 6. Vertigo, 9. The Godfather Part II, 10. The Passion of Joan of Arc, 10. Rashomon e 10. Seven Samurai;
Em 2002: 1. Citizen Kane; 2. The Godfather e The Godfather Part II, 3. 8½, 4. Lawrence of Arabia, 5. Dr. Strangelove, 6. Bicycle Thieves, 6. Raging Bull, 6. Vertigo, 9. Rashomon, 9. La Règle du Jeu, 9. Seven Samurai; Finalmente em 2012 os resultados também diferiram da lista mais vasta: 1. Tokyo Story (48 votos), 2. 2001: A Space Odyssey (42), 3. Citizen Kane (42), 4. 8½ (40), 5. Taxi Driver (34), 6. Apocalypse Now (33), 7. The Godfather (31), 07. Vertigo (31),
9. The Mirror (30) e 10. Bicycle Thieves (29).
Até agora esteve a falar-se sobretudo de filmes de ficção (com uma ou outra excepção documental). Em 2014 a “Sight & Sound” realizou um inquérito sobre os Melhores Documentários de Sempre. Por curiosidade aqui ficam os resultados: 1. Man with a Movie Camera (100 votos), 2. Shoah (68), 3. Sans Soleil (62), 4. Night and Fog (56), 5. The Thin Blue Line (49), 6. Chronicle of a Summer (32), 7. Nanook of the North (31), 8. The Gleaners and I (27), 9. Dont Look Back (25) e 9. Grey Gardens (25).
Voltando a “Vertigo” e ao seu primeiro lugar em 2012, há que referir que a sua foi uma subida gradual, durante os últimos decénios, desde o sétimo lugar em 1998, passando por um quarto (2000), por um segundo (2002) para alcançar o topo da pirâmide em 2012. Esta progressiva subida quer dizer alguma coisa de consistente: o filme foi cada vez mais apreciado sem dúvida. Mas, por outro lado, estes inquéritos comportam uma percentagem de incerteza muito grande quanto aos resultados. Primeiro que tudo há que avaliar o universo de convidados a votar. Se forem todos escolhidos em função de uma certa tendência estética ou geográfica, os resultados não podem ser consistentes. E sabe-se muito bem como se podem influenciar as conclusões, escolhendo sabiamente as premissas. Depois, as listas não são analisadas em função das preferências no interior de cada votante. Muito pelo contrario: cada filme é um voto e é da soma dos votos que sai o resultado final. Mas, qualquer que sejam as dúvidas, são interessantes e esclarecedores os desfechos. Se será ou não o Melhor Filme de Sempre (ao cair do ano de 2012), não importa muito. É seguramente um dos Melhores Filmes de Sempre, o que já importa bastante. Para mim, já agora como nota pessoal, nunca o colocaria sequer entre os meus Dez Melhores. O que não invalida que o considere uma obra-prima inquestionável.

A MULHER QUE VIVEU DUAS VEZES


Consta que Alfred Hitchcock gostaria muito de adaptar ao cinema “Celle qui n'Était Plus”, um romance da dupla francesa, Pierre Boileau e Thomas Narcejac, entretanto adaptado em França, em 1955, por Henri-Georges Clouzot, com o título “Les Diaboliques”. Sabendo do interesse do realizador norte-americano, Boileau e Narcejac resolveram escrever um novo romance, "D'Entre les Morts", que enviaram a Hitch. Assim nasce “Vertigo, que conta com o trabalho de Alec Coppel e Samuel A. Taylor na escrita do guião, com a colaboração, não referenciada no genérico do escritor e dramaturgo Maxwell Anderson.
Extremamente original quando foi rodado, na forma como desenvole a narrativa e nos processos técnicos utilizados (muitas vezes repetidos e copiados posteriormente, o que pode dar a sensação hoje em dia de não ser tão original quanto o foi em 1957), “A Mulher que Viveu Duas Vezes” é uma obra extremamente complexa, jogando com alguns dos temas caros a Hitchock. Um deles é a obsessão da culpa, outro a presença de uma loura capitosa, que oscila entre vítima indefesa e mulher fatal, um terceiro o recurso à psicanalise e aos complexos e pulsões eróticas desencadeados pelas teorias de Freud e continuadores, muito em voga por esses anos no cinema norte-americano. 

John Ferguson (o sempre notável James Stewart) é um polícia reformado, que sente a culpa de estar ligado à morte de um companheiro de equipa que, ao longo de uma perseguição pelos telhados de São Francisco, ao tentar salvá-lo de uma queda, acaba por sucumbir ele próprio no precipício. Ferguson não sente só a culpa desse acidente, como também fica refém de uma acrofobia que o impede de se aproximar de qualquer abismo, sofrendo de terríveis vertigens que lhe tolhem os movimentos e provocam o desmaio e a queda. Vive a tentar recuperar do trauma, na companhia de Midge Wood (a admirável Barbara Bel Geddes), uma designer que se apresenta como a imagem protectora e maternal de uma amiga e serena apaixonada que lhe dá a força necessária em momentos de maior inquietação. Um dia Ferguson recebe a proposta de um antigo amigo, Gavin Elster (Tom Helmore), para reatar a sua actividade, agora como detective particular. A ideia é perseguir Madeleine Elster (a belíssima Kim Novak), mulher de Gavin, que atravessa um período conturbado, julgando assumir a personalidade de uma antiga antepassada que se matara. Gavin afirma temer pela sorte da mulher e quere-a acompanhada ao longo do dia, antecipando alguma tragédia. Fergunson acaba por aceitar a incumbência e a beleza de Madeleine e o mistério que a cerca acabarão por enfeitiçar o ex-polícia. É difícil ir mais além a desenhar os contornos da trama sem lhe retirar suspense, o que num filme do mestre do mesmo, seria indesculpável. 
Mas pode dizer-se que Fergunson não se liberta da sua acrofobia, e que alguém se aproveita dela para tentar cometer o crime prefeito. Pode ainda falar-se de uma obsessão amorosa que fulgurantemente galopa, e não se andará muito longe da verdade se se analisar, a certa altura do enredo, o comportamento de Fergunson que se aproxima muito de um sintomático pigmaleanismo, procurando recriar a mulher dos seus sonhos. Aliás a revisitação de alguns temas mitológicos clássicos e de alguns sonhos freudianos(há mesmo um pesadelo visual de Fergunson que revela alguma influência surrealista, sob a batuta de mestre Saul Bass) ao longo de toda a obra que conta ainda com uma curiosa construção cromática, com alguns planos a viragem para um monocromatismo muito interessante de um ponto de vista simbólico, mas sobretudo como efeitos dramáticos conseguidos mercê com mão de mestre pela astúcia formal de Hitch. 


De um ponto de vista plástico a obra é de uma elegância e de um beleza sufocantes, uma das mais rigorosas e perfeitas saídas deste genial manipulador de emoções. Há um efeito que começou desde então a ser conhecido como “a vertigem Hitchcock” e através do qual o cineasta consegue o efeito de vertigem conjugando um travelling manual recuando, com um zoom óptico de aproximação. Mas esta é apenas uma das originalidades desta obra-prima que, todavia, na noite da atribuição dos Oscars desse ano, apenas se viu distinguida com duas nomeações para Melhor Direcção Artística e Melhor Som, e nem estas haveria de ganhar. Aliás, a recepção do público na época da estreia, foi razoavelmente boa, bem como a da crítica, sem todavia entusiasmar quem quer que seja. O título só começou a ser devidamente valorizado a partir da década de 70, quando alguns realizadores (entre os quais Martin Scorsese e Brian De Palma), muito influenciados pela critica europeia, lhe atribuíram um outro valor. Mas foi definitivamente depois d restauro, em 1996, que a obra saltou para os lugares de topo das listas dos Melhores de Sempre.
“A Mulher Que Viveu Duas Vezes” não é curiosamente o filme preferido de Hitch (chegou a confessar que uma das suas obras preferidas era “Shadow of a Doubt” - A Sombra de Uma Dúvida-, de 1943), mas, igualmente segundo as suas próprias palavras terá sido “o seu filme mais pessoal”, onde a protagonista pode considerar-se a representação das mulheres na vida de Alfred Hitchcock.

A MULHER QUE VIVEU DUAS VEZES
Título original: Vertigo

Realização: Alfred Hitchcock (EUA, 1958); Argumento: Alec Coppel, Samuel A. Taylor, segundo romance de Pierre Boileau  e Thomas Narcejac ("D'Entre Les Morts"), como colaboração não creditado de Maxwell Anderson; Produção: Herbert Coleman, Alfred Hitchcock; Música: Bernard Herrmann; Fotografia (cor):  Robert Burks; Montagem: George Tomasini; Casting: Bert McKay; Direcção artística: Henry Bumstead, Hal Pereira; Decoração:  Sam Comer, Frank R. McKelvy; Guarda-roupa:  Edith Head; Maquilhagem: Nellie Manley, Wally Westmore;  Direcção de Produção:  Frank Caffey, Andrew J. Durkus, C.O. Erickson, Don Robb;  Assistentes de realização: Daniel McCauley; Departamento de arte: Saul Bass (poster e genérico), Gene Lauritzen, Manlio Sarra (retrato de Carlota); Som: Winston H. Leverett, Harold Lewis;  Efeitos visuais: Farciot Edouart, John P. Fulton, W. Wallace Kelley, Paul K. Lerpae, John Whitney Sr.; Companhias de produção: Paramount Pictures, Alfred J. Hitchcock Productions; Intérpretes: James Stewart (John 'Scottie' Ferguson), Kim Novak (Madeleine Elster / Judy Barton), Barbara Bel Geddes (Midge Wood), Tom Helmore (Gavin Elster), Henry Jones (Coroner), Raymond Bailey  (médico de Scottie), Ellen Corby (gerente do McKittrick Hotel), Konstantin Shayne (Pop Leibel), Lee Patrick, David Ahdar, Isabel Analla, Jack Ano, Margaret Bacon, John Benson, Danny Borzage, Margaret Brayton, Paul Bryar, Steve Conte, Jean Corbett, Bruno Della Santina, Roxann Delman, Molly Dodd, Bess Flowers, Joe Garcio, Joanne Genthon, Don Giovanni, Roland Gotti, Victor Gotti, Fred Graham, Robert Haines, Buck Harrington, Alfred Hitchcock (homem a passear na rua, aos 11 minutos do filme), Jimmie Horan, Art Howard, Catherine Howard, June Jocelyn,  David McElhatton, Miliza Milo, Lyle Moraine, Forbes Murray, Julian Petruzzi, Ezelle Poule,  Kathy Reed, William Remick, Jack Richardson, Jeffrey Sayre, Nina Shipman, Dori Simmons, Ed Stevlingson, Sara Taft, etc. Duração: 129 minutos; Distribuição em Portugal: Midas Filmes; Classificação etária: M/ 12 anos; Data de estreia em Portugal: 13 de Janeiro de 1959. 

segunda-feira, 30 de junho de 2014

SESSÃO 48: 13 DE OUTUBRO DE 2014


O APARTAMENTO (1960)
Claro que se poderá afirmar que este “The Apartment”, de Billy Wilder, é uma comédia. Mas de comédia amarga se trata, na verdade. Pode contar-se a sua intriga sob a forma de anedota ligeira e divertida: C. C. Baxter (Jack Lemmon) é um dos milhares de empregados de uma enorme companhia de seguros sediada Nova Iorque, correm os anos 50. Solteiro e algo desinspirado em matéria de vida para lá da secretária do seu escritório em “open space”, parece mais interessado nas suas máquinas de calcular que lhe prometem uma possível promoção e a respectiva subida de andares no majestoso arranha-céus de Manhattan, do que nas suas experiências amorosas. Para si, chegar a casa e aquecer uma refeição congelada, é o bastante para sobreviver. Por isso não se importa de ceder o seu apartamento para as libidinosas aventuras clandestinas dos seus colegas de trabalho. Muitas vezes tem de fazer horas no passeio em frente de casa, à espera que a luz do apartamento se apague e o já saciado casal que nele habitou por empréstimo durante duas horas desça as escadas, para enfim ele poder subir e passar pelas brasas até ao dia seguinte. Algumas vezes seca horas ao frio e à chuva, contraindo as consequentes gripes e constipações, na esperança de que os seus superiores hierárquicos dêem por terminada a sessão erótica e se lembrem da sua generosidade quando da futura promoção.

Ele habita o 19º andar, mas aspira chegar às chefias no 27º. Curiosamente, quem o faz subir literalmente de andar é a ascensorista Fran Kubelik (Shirley MacLaine), que se afigura uma discreta e respeitável jovem, de cabelo curto e olhar amplo, por quem Baxter sente um secreto fascínio. Até aqui a coisa parece prometer um final feliz, com o casal a aproximar-se, e o ganancioso e moderado arrivista Baxter a redimir-se pelo amor da jovem donzela. Isto era se não conhecêssemos a ironia crítica e uma certa dose de perversidade que Billy Wilder sempre empresta às suas obras. O golpe de teatro dá-se quando Baxter descobre que o seu chefe máximo (Fred MacMurray) afinal lhe pede a chave do apartamento para ali se encontrar com a sua predilecta Kubelik, que está perdidamente apaixonada pelo patrão, casado e pai de filhos, que encontra na bela ascensorista uma interessante maneira de passar uns momentos de relaxe. O filme, que já não era até esta altura uma comédia risonha, transforma-se progressivamente numa dilacerante comédia dramática de maus costumes, onde o poder dita leis e os mais fracos são triturados pelo despotismo de quem dispõe das melhores cartas para triunfar na vida.
Baxter nem é um mau carácter, é antes um pobre diabo solitário que tenta aproveitar-se das oportunidades que o seu apartamento lhe oferece. A simpática Kubelik está muito longe de ser a galdéria que manipula o patrão em seu proveito: ela ama-o verdadeiramente, e espera que o mesmo se divorcie da mulher, como ele próprio afiança, cantando a bela canção do cigano que todos conhecem. O argumento, da dupla Billy Wilder e I.A.L. Diamond, está escrito com uma inteligência e sensibilidade invulgares, mas igualmente com uma irónica amargura que faz deste cineasta de origem europeia (nasceu no antigo território austro-húngaro, que tantos talentos ofertou a Hollywood durante o grande êxodo provocado pelo nazismo) um modelo da perfeita combinação da cultura do velho continente com o sentido do espectáculo norte-americano. Os diálogos são, como sempre em Wilder, magníficos, ambíguos e sarcásticos, cheios de duplos sentidos, merecendo bem o argumento o Oscar que lhe foi atribuído. Wilder também foi considerado o realizador do ano, e o filme foi o melhor de 1960, na celebração da Academia de 1961. Houve ainda Oscars, todos justos, para a direcção artística (Alexandre Trauner e Edward G. Boyle) e a montagem (Daniel Mandell). Nomeações ainda para actores, que não as ganharam, o que parece hoje uma tremenda injustiça (Jack Lemmon, Shirley MacLaine e Jack Kruschen), para a fotografia a preto e branco (Joseph LaShelle), belíssima, no seu tom carregado de densas nuvens, ambientes saturados, avenidas batidas pelo vento e a chuva, e o som (Gordon Sawyer).
A construção do filme é modelar, na forma como apresenta inicialmente a estrutura, de um jeito de quase bonomia inconsequente, para progressivamente adensar o clima, criando um mal-estar moral que se instala. A configuração das personagens é toda ela brilhante, para o que muito contribuem o talento de Jack Lemmon e Shirley MacLaine, em portentosos trabalhos de grande complexidade psicológica. O jogo, não só de cartas, mas de sentimentos, de encontros e desencontros, que se estabelece entre ambos, ao longo de todo o filme, é um prodígio de rigor, de contenção emotiva e de disciplina técnica. Jack Kruschen, na figura do Dr. Dreyfuss, o médico vizinho de Baxter, que lhe pede que legue o esqueleto a uma instituição médica para ser estudado depois de morto, dado o superior desempenho sexual que ele julga infatigável, ao longo de tardes e noites de luta libidinosa paredes meias à sua casa, é outra personagem inesquecível. Aliás, “O Apartamento” é ainda notável por enfrentar com coragem as directrizes do código de censura do cinema americano, apresentando alguns temas tabus na época, como sexo pelo prazer, adultério, tentativas de suicídio, e algo mais. Tudo isto, tendo como pano de fundo um inverno cinzento que culminará num dramático Natal que será a mola decisiva que irá desencadear o final, onde, ao contrário do “happy end” tradicional, se reatará uma incompleta partida de cartas que talvez afiance que o amor é um jogo onde se pode perder e ganhar, mas que vale sempre a pena baralhar as cartas e dar de novo.   


O APARTAMENTO
Título original: The Apartment
Realização: Billy Wilder (EUA, 1960); Argumento: Billy Wilder, I.A.L. Diamond; Produção: I.A.L. Diamond, Doane Harrison, Billy Wilder; Música: Adolph Deutsch; Fotografia (p/b): Joseph LaShelle; Montagem: Daniel Mandell; Direcção artística: Alexandre Trauner; Decoração: Edward G. Boyle; Maquilhagem: Harry Ray, Alice Monte; Direcção de produção: Allen K. Wood; Assistentes de realização: Hal W. Polaire, Angelo Laiacona, David Salven, Mike Vidor; Departamento de arte: Tom Plews; Som: Del Harris, Fred Lau; Efeitos especiais: Milt Rice; Intérpretes: Jack Lemmon (C.C. Baxter), Shirley MacLaine (Fran Kubelik), Fred MacMurray (Jeff D. Sheldrake), Ray Walston (Joe Dobisch), Jack Kruschen (Dr. Dreyfuss), David Lewis, Hope Holiday, Joan Shawlee, Naomi Stevens, Johnny Seven, Joyce Jameson, Willard Waterman, David White, Edie Adams, Bill Baldwin, etc. Duração: 125 minutos; Distribuição em Portugal: Twentieth Century Fox (DVD); Classificação etária: M/12 anos.

JACK LEMMON (1925 – 2001)
John Uhler Lemmon III, de seu nome próprio, Jack Lemmon como nome artístico, nasceu a 8 de Fevereiro de 1925, em Newton, Massachusetts, EUA, e viria a falecer a 27 de Junho de 2001, em Los Angeles, Califórnia, EUA, vítima de cancro. Filho de uma família abastada, Jack Lemmon estudou em colégios particulares nos EUA e teve um primeiro contacto com o teatro ainda na escola, ao substituir um colega com poucas deixas. Mesmo assim, conseguiu transformar a substituição num tremendo fracasso, esquecia-se de tudo o que tinha a dizer e recolhia envergonhado aos bastidores, perante as gargalhadas do público. O insucesso não o inibiu e, pelo contrário, fê-lo apaixonar-se pela arte dramática. Continuou a representar, enquanto concluía um curso de Ciências Políticas em Harvard. Depois de servir na II Guerra Mundial, seguiu a carreira de actor, iniciando-se numa série televisiva “That Wonderful Guy” (1949-1950). No cinema, a sua primeira aparição, data de 1954, “It Should Happen to You”, de George Cukor. Dois anos depois, ganha o seu primeiro Oscar (ainda como actor secundário), com “Mister Roberts”, de John Ford e Mervin Le Roy. Depois, foi uma carreira de enorme sucesso, na televisão, no teatro, mas sobretudo no cinema. Trabalhou muito com Billy Wilder e com Richard Quine, em comédias inesquecíveis, e com Blake Edwards estreou-se como actor dramático, em “Days of Wines and Roses”. Morreu em 2001, com 76 anos de idade, e foi sepultado no Westwood Memorial Park, Los Angeles, Califórnia. Possui obviamente uma Estrela no Hall of Fame de Hollywood.

Dois Oscars : como Melhor Actor Secundário: 1956: “Mister Roberts”, e como Melhor Actor, em 1974: “Save the Tiger”; mais seis nomeações para Melhor Actor: “Some Like it Hot”, “Irma la Douce”, “Days of Wine and Roses”, “Tribute”, “The China Syndrome” e “Missing”. Globos de Ouro para Melhor Actor em 1960: “Some Like it Hot”; 1961: “Irma la Douce”; 1973: “Avanti!”; 2000: “Inherit the Wind”; Prémio Cecil B. DeMille em 1991 pelo conjunto da obra. BAFTAS (Inglaterra): Melhor Actor: 1959: “Some Like it Hot”; 1960: “The Apartement”; 1980: “Irma la Douce”; Festival de Cannes: 1979: Melhor Actor: “Irma la Douce”; 1982: “Missing”; Festival de Veneza: 1992: Coupe Volpi de Melhor Actor: “Glengarry”; Festival de Berlin: 1981: Urso de Prata para Melhor Actor “Tribute”.


Filmografia:
Como actor

1949: That Wonderful Guy (série de TV)

1949: Suspense (série de TV)

1949: The Philco Television Playhouse (série de TV)

1949-1950: Studio One (série de TV)

1949-1953: Kraft Television Theatre (série de TV)

1950: The Ford Theatre Hour (série de TV)

1951: The Frances Langford-Don Ameche Show (série de TV)

1951: Danger (série de TV)

1951: The Web (série de TV)

1951: Pulitzer Prize Playhouse (série de TV)

1951-1953: Armstrong Circle Theatre (série de TV)

1952: Heaven for Betsy (série de TV)

1952-1953: Robert Montgomery Presents (série de TV)

1953: Campbell Playhouse (série de TV)

1953: Medallion Theatre (série de TV)

1953: Lux Video Theatre (série de TV)

1954: The Road of Life (série de TV)

1954: It Should Happen to You (Uma Rapariga Sem Nome), de George Cukor

1954: Phffft! (Pffft... é o Amor Que Se Evapora), de Mark Robson

1954: The Ford Television Theatre (série de TV)

1955: Mister Roberts (Mister Roberts), de John Ford e Mervin Le Roy

1955: My Sister Eileen (O Prazer é Todo Meu), de Richard Quine

1955: Three for the Show (Há Falta de Homens), de H.C. Potter

1956: Hollywood Bronc Busters, de Ralph Staub

1956: You Can't Run Away from It (Não Fugirás a Isto), de Dick Powell

1956: Ford Star Jubilee (série de TV)

1957: Fire Down Below (Fogo dos Trópicos), de Robert Parrish

1957: Operation Mad Ball (Nem Guerra, Nem Paz), de Richard Quine

1957: Zane Grey Theater (série de TV)

1957-1958: Goodyear Theatre (série de TV)

1957-1958: Alcoa Theatre (série de TV)

1957-1959: Playhouse 90 (série de TV)

1958: Bell, Book and Candle (Sortilégio de Amor), de Richard Quine

1958: Cowboy (Cowboy, Como Nasce Um Bravo), de Delmer Daves

1959: It Happened to Jane (A Viuvinha Indomável), de Richard Quine

1959: Some Like It Hot (Quanto Mais Quente, Melhor), de Billy Wilder

1960: Pepe (Pepe), de George Sidney (cameo)

1960: The Apartment (O Apartamento), de Billy Wilder

1960: Le Voyage en Ballon (Viagem em Balão), de Albert Lamorisse (narrador da versão inlgesa)

1960: The Wackiest Ship in the Army (Uma Aventura Imprevista), de Richard Murphy

1962: Days of Wine and Roses (Escravos do Vício), de Blake Edwards

1962: The Notorious Landlady (A Notável Senhoria), de Richard Quine

1963: Irma La Douce (Irma La Douce), de Billy Wilder

1963: Under the Yum Yum Tree, de David Swift

1964: Good Neighbor Sam (Empresta-me o Teu Marido), de David Swift

1965: How to Murder Your Wife (Como Matar a Sua Mulher), de Richard Quine

1965: The Great Race (A Grande Corrida à Volta do Mundo), de Blake Edwards

1966: The Fortune Cookie (Como Ganhar Um Milhão), de Billy Wilder

1967: Luv (Livra-me Desta Mulher), de Clive Donner

1968: The Odd Couple (Mal por Mal antes com Elas), de Gene Saks

1968: There Comes a Day (curta-metragem)

1969: The April Fools (Os Loucos do Amor), de Stuart Rosenberg

1970: The Out-of-Towners (A Sorte Viajou de Barco), de Arthur Hiller

1971: Kotch (Antes Que Chegue o Inverno), de Jack Lemmon (não creditado)

1972: Avanti! (Avanti! Amor à Italiana), de Billy Wilder

1972: The War Between Men and Women (A Guerra Entre Homens e Mulheres), Melville Shavelson

1973: Save the Tiger (Sonhos do Passado), de John Avildsen

1973: Get Happy (telefilme)

1974: The Front Page (A Primeira Página), de Billy Wilder

1975: The Prisoner of Second Avenue (O Prisioneiro da Segunda Avenida), de Melvin Frank

1975: The Gentleman Tramp, de Richard Patterson (narrador)

1975: La Polizia ha le Mani Legate ou Portrait of a 60% perfect, de Luciano Ercoli (narrador)

1975: Wednesday (curta-metragem)

1976: Alex & the Gypsy (Alex e a Feiticeira), de John Korty

1976: The Entertainer (telefilme)

1977: Airport'77 (Aeroporto 77), de Jerry Jameson

1979: The China Syndrome (A Síndroma da China), de James Bridges

1979: Ken Murray: Shooting Stars, de Ken Murray

1980: Tribute (A Homenagem), de Bob Clark

1981: Buddy Buddy (Os Amigos da Onça), de Billy Wilder

1981: Musical Comedy Tonight II (telefilme)

1982: Missing (Missing - Desaparecido), de Costa-Gavras

1982: Ernie Kovacs: Television's Original Genius (telefilme)

1984: Mass Appeal (telefilme)

1986: That's Life! (A Vida é Assim), de Blake Edwards

1986: Macaroni, de Ettore Scola

1987: Long Day's Journey into Night (telefilme)

1988: The Murder of Mary Phagan (telefilme)

1989: Dad (Meu Pai), de Gary David Goldberg

1991: JFK (JFK), de Oliver Stone

1992: Glengarry Glen Ross (Sucesso a Qualquer Preço), de James Foley

1992: The Player (O Jogador), de Robert Altman

1992: For Richer, for Poorer, de Jay Sandrich (telefilme)

1993: Grumpy Old Men (Como Pescar Uma Italiana Sem Partir a Cana Poster), de Donald Petrie

1993: Short Cuts (Short Cuts — Os Americanos), de Robert Altman

1993: Luck, Trust & Ketchup: Robert Altman in Carver Country, de John Dorr

1993: A Life in the Theater (telefilme)

1995: Grumpier Old Men (Dois Novos Rabugentos), de Howard Deutch

1995: The Grass Harp, de Charles Matthau

1996: Hamlet (Hamlet), de Kenneth Branagh

1996: My Fellow Americans (Politicamente... Incorrecto!), de Peter Segal

1996: A Weekend in the Country (Um Fim-de-Semana no Campo) (telefilme)

1996: Getting Away with Murder (Crime com Castigo), de Harvey Miller

1997: Out to Sea (Mais Olhos Que Barriga), de Martha Coolidge

1997: 12 Angry Men (telefilme)

1997: Puppies for Sale (curta-metragem)

1997: Os Simpsons (série de TV)

1997: Off the Menu: The Last Days of Chasen's, de Shari Springer Berman e Robert Pulcini

1998: The Odd Couple II (), de Howard Deutch

1998: The Long Way Home (telefilme)

1999: Inherit the Wind (telefilme)

1999: Tuesdays with Morrie, de de Mick Jackson (telefilme)

1999: Chicken Soup for the Soul (série de TV)

2000: The Legend of Bagger Vance (A Lenda de Bagger Vance), de Robert Redford (narrador)


Como realizador:

1971: Kotch (Antes Que Chegue o Inverno)


SHIRLEY MACLAINE
(1934 - ?)
Shirley MacLaine, cujo nome de baptismo é Shirley MacLean Beaty, nasceu a 24 de Abril de 1934, em Richmond, Virginia, EUA. Filha de Ira Owens Beaty, um músico de origem irlandesa, e de Kathlyn Corinne MacLean, bailarina canadiana; irmã do actor e realizador Warren Beatty; casada, desde 1954 até 1982, com o realizador e produtor Steve Parker, Shirley iniciou-se como aluna de bailado na Washington School of Ballet. Diplomada, passou a viver em Nova Iorque, onde começa a aparecer em musicais da Broadway, como no sucesso de Richard Rodgers e Oscar Hammerstein II, "Me and Juliet" e, seguidamente, em "The Pajama Game", sendo posteriormente convidada pelo produtor Hal B. Wallis para viajar até Hollywood, onde se estreia em “O Terceiro Tiro”, de Alfred Hitchcock (1955). Surge noutros filmes, como na superprodução “A Volta ao Mundo em Oitenta Dias” (1956), ou no excelente “Deus Sabe Quanto Amei”, de Minnelli (1958), onde recebe a primeira nomeação para o Oscar de Melhor Actriz. Em 1960, volta a ser nomeada por “O Apartamento”, e pouco depois, terceira nomeação por “Irma la Douce” (1963). In 1969, dirigida pelo amigo Bob Fosse, interpreta um musical, “Sweet Charity - A Rapariga que Queria Ser Amada”, Estreia-se como realizadora em 1975, com um documentário, rodado na China, “ The Other Half of the Sky: A China Memoir”, que é nomeado para o Oscar da categoria. Como actriz, nova nomeação em 1977, com “A Grande Decisão”. Finalmente ganha o Oscar de Melhor Actriz com “Laços de Ternura” (1983), e arrebata o Festival de Veneza com “Madame Sousatzka, a Professora” (1988). Depois de muitos outros sucessos, regressa à realização em 1998, com uma ficção, “Bruno” (2000). Entretanto, apareceu em diversas séries de televisão e telefilmes. Em 2012 tem em pré-produção vários trabalhos. Shirley conta com uma Estrela no Hall of Fame, de Hollywood, em 1615 Vine Street.

Filmografia:

Cinema


1955: The Trouble with Harry (O Terceiro Tiro), de Alfred Hitchcock

1955: Artists and Models (Pintores e Raparigas), de Frank Tashlin

1956: Around the World in Eighty Days (A Volta ao Mundo em 80 Dias), de Michael Anderson

1958: The Sheepman (O Irresistível Forasteiro), de George Marshall

1958: The Matchmaker (Viva o Casamento), de Joseph Anthony

1958: Hot Spell (Feitiço Ardente), de Daniel Mann

1958: Some Came Running (Deus Sabe Quanto Amei), de Vincente Minnelli

1959: Ask Any Girl (O Que Elas Querem é Casar), de Charles Walters

1959: Career (Os Caminhos da Ambição), de Joseph Anthony

1960: Can-Can (Can-Can), de Walter Lang

1960: The Apartment (O Apartamento), de Billy Wilder

1960: Ocean's Eleven (Os Onze de Oceano), de Lewis Milestone

1961: All in a Night's Work (A História daquela Noite), de Joseph Anthony

1961: Two Loves (Dois Amores), de Charles Walters

1961: The Children's Hour (A Infame Mentira), de William Wyler

1962: My Geisha (A Minha Gueixa), de Jack Cardiff

1962: Two for the Seesaw (Baloiço Para Dois), de Robert Wise

1963: Irma la douce (Irma la Douce), de Billy Wilder

1964: What a Way to Go ! (Ela e os Seus Maridos), de J. Lee Thompson

1964: The Yellow Rolls-Royce (O Rolls-Royce Amarelo), de Anthony Asquith

1965: John Goldfarb, Please Come Home (Um Americano no Harém), de J. Lee Thompson

1966: Gambit (Ladrão Roubado), de Ronald Neame

1967: Woman Times Seven (Sete Vezes Mulher), de Vittorio de Sica

1968: The Bliss of Mrs. Blossom (A Felicidade da Senhora Blossom), de Joseph McGrath

1969: Sweet Charity (Sweet Charity - A Rapariga que Queria Ser Amada), de Bob Fosse

1970: Two Mules for Sister Sara (Os Abutres Têm Fome), de Don Siegel

1971: Desperate Characters (Um Casal Desesperado), de Frank D. Gilroy

1972: The Possession of Joel Delaney (A Obsessão de Joel Delaney), de Waris Hussein

1977: The Turning Point (A Grande Decisão), de Herbert Ross

1979: Being There (Bem-Vindo Mr. Chance), de Hal Ashby

1980: Loving Couples (Amigos e Amantes), de Jack Smight

1980: A Change of Seasons (A Aluna e o Professor), de Richard Lang

1983: Terms of Endearment (Laços de Ternura), de James L. Brooks

1984: Cannonball Run II (A Corrida Mais Louca do Mundo II), de Hal Needham

1988: Madame Sousatzka (Madame Sousatzka, a Professora), de John Schlesinger

1989: Steel Magnolias (Flores de Aço), de Herbert Ross

1990: Waiting for the Light, de Christopher Monger

1990: Postcards from the Edge (Recordações de Hollywood), de Mike Nichols

1992: Used People (Um Certo Outono), de Beeban Kidron

1993: Wrestling Ernest Hemingway), de Randa Haines

1994: Guarding Tess (O Agente Secreto), de Hugh Wilson

1996: Mrs. Winterbourne (O Comboio do Destino), de Richard Benjamin

1996: The Evening Star (Lágrimas ao Entardecer), de Robert Harling

1997: A Smile Like Yours (Bebé por Encomenda), de Keith Samples

2000: Bruno, de Shirley MacLaine

2003: Carolina, de Marleen Gorris

2005: Bewitched (Casei com uma Feiticeira), de Nora Ephron

2005: In Her Shoes (Na Sua Pele), de Curtis Hanson

2005: Rumor Has It (Dizem por Aí...), de Rob Reiner

2007: Closing the Ring (O Elo do Amor), de Richard Attenborough

2010: Valentine's Day (Dia dos Namorados), de Garry Marshall

2011: Anyone's Son (Morre... e Deixa-me em Paz), de Danny Aiello

2012: Bernie, de Richard Linklater

2012: Wild Oats

2013: Mother Goose! (em pré-produção)

2013: The Boom Boom Room (em pré-produção)

2013: Elsa & Fred (em pré-produção)

2013: The Locals (em pré-produção)

2013: The Secret Life of Walter Mitty (em pré-produção)


Televisão :

1955: Shower of Stars (série de TV)

1958: The Sid Caesar Show (série de TV)

1971-1972: Shirley's World, de Ray Austin (série de TV)

1995: The West Side Waltz (A Valsa da Vida), de Ernest Thompson (telefilme)

1998: Stories from My Childhood (série de TV)

1999: Joan of Arc (Joana de Arc - A Donzela da Lorena), de Christian Duguay (telefilme)

2001: These Old Broads, de Matthew Diamond (telefilme)

2002: Hell on Heels: The Battle of Mary Kay, de Ed Gernon (telefilme)

2002: Salem Witch Trials, de Joseph Sargent (telefilme)

2008: Coco Chanel, de Christian Duguay (telefilme)

2008: Anne of Green Gables: A New Beginning, de Kevin Sullivan (telefilme)

2012: Downton Abbey, de Julian Fellowes (série de TV)


Como realizadora:

1975: The Other Half of the Sky: A China Memoir (documentário)

2000: Bruno

SESSÃO 47: 6 DE OUTUBRO DE 2014

 PSICO (1960)


“Psico” não será seguramente o melhor Alfred Hitchcock de sempre, mas é um dos mais míticos, senão mesmo “o” Hitchcok por excelência, aquele em que todos os espectadores o revêem como o mestre do “suspense”. Seguramente das suas obras mais referida, citada, parodiada, imitada, e nunca igualada. Teve três sequelas, uma delas realizada pelo próprio Anthony Perkins, mas nenhuma delas merecia continuar sequer o original. Um cineasta de prestígio, Gus Van Sant, realizou uma remake, em 1989, com Vince Vaughn, Anne Heche e Julianne Moore, que, sendo interessante, fica a léguas da versão de 1960.
O próprio realizador contou que “Psico não custou mais de 800 mil dólares e rendeu (até essa altura em que ele falava, há cerca de 50 anos), mais de 13 milhões de dólares”. Terá sido o maior sucesso da carreira do mestre do “suspense”. O argumento, que conta com algumas incoerências (Hitch não gostava especialmente do romance), aguenta-se sobretudo pela fabulosa realização de Hitch. Baseado numa obra de Robert Bloch, e adaptada por Joseph Stefano, “Psyco” dir-se-ia à partida mal construído. Puro engano. Aliás, um dos muitos “enganos” em que esta obra é fértil. O engano está talvez na base do seu sucesso. Na verdade, o argumento é farto em aparentes falsas pistas. Uma das especialidades de Hitch era o chamado efeito "MacGuffin", que consiste em introduzir algo que parece ser profundamente importante para a história que estamos a ver, mas que daí a pouco se revela irrelevante. Talvez valha a pena explicar o que ficou conhecido por "MacGuffin". Segundo o “Oxford English Dictionary”, Hitchcock definiu "MacGuffin", em 1939, numa conferência dada na Universidade de Columbia: “No estúdio chamava-se "MacGuffin" ao “elemento motor que aparecia em qualquer argumento. Numa história de ladrões era o colar, numa história de espionagem era fatalmente um documento…” Normalmente, este elemento que desvia as atenções num determinado sentido, acaba por ter apenas esse efeito: desviar as atenções. Hitchcock utilizou este processo muitas vezes e uma das mais célebre obras onde ele aparece, e por mais de uma vez, é precisamente "Psico". 

Hitchcock conta mesmo uma história a François Truffaut: "Dois viajantes encontram-se num comboio que vai de Londres para Edimburgo. Um pergunta ao outro: - O que é esse embrulho que leva aí em cima? - Ah isto?, é um MacGuffin. – E o que um MacGuffin? – Um aparelho para capturar leões nas montanhas da Escócia. – Mas não há leões na Escócia! – Bom, nesse caso, isto não é um MacGuffin”. Nem tudo o que surge num filme, numa história, tem de ter uma explicação plausível e uma importância decisiva no seu desenrolar. Vejamos então a intriga de “Psico”:
Marion Crane (Janet Leigh) e Sam Loomis (John Gavin) são surpreendidos num quarto de hotel. Últimas carícias antes de iniciarem a reposição da normalidade. Trata-se de um casal de amantes clandestinos que terminam mais um fugaz encontro. A cidade é Pheonix, no Arizona, o dia 11 de Dezembro, uma sexta-feira. Passam poucos minutos das 14,30 horas. Todos estes elementos são reveladores, a seu tempo. Marion é secretária numa agência imobiliária de Pheonix, Sam vive numa cidade distante e vai apanhar o avião. As relações entre os amantes estão tensas. Ela quer viver em comum, ele tem uma família e um divórcio a tratar, a seu tempo. A separação, depois de uma tarde de amor e sexo, não é idílica. Marion regressa ao emprego a tempo de ver voltar o patrão de um almoço de negócios onde vendeu uma casa por 40.000 dólares a um milionário gabarolas que paga em notas. É Marion que fica encarregue de guardar o dinheiro durante o fim-de-semana e de o depositar na segunda-feira. De posse da avultada quantia, Marion argumenta que está com dores de cabeça e que vai sair mais cedo. Guarda o dinheiro num envelope e este dentro da sua mala de mão. 

No automóvel, a caminho de casa, percebe-se que os seus planos podem ser outros. Em casa, arranja à pressa uma mala e parte em viagem. Vemo-la a conduzir o seu carro pelas ruas da cidade, cruza-se com o patrão que atravessa uma avenida e olha surpreendido para ela. Um primeiro filme começou: Marion acaba de roubar 40.000 dólares e vai ter com o amante, calcula-se. Conseguirá ela os seus intentos? Vemo-la de frente, a conduzir o carro, em plano aproximado. Travelling recuando, acompanhando o percurso do carro. Por detrás do rosto de Marion, a vida habitual da cidade que agora surge estranha, ameaçadora. Tudo parece perseguir Marion e, todavia, ela não é uma ladra antipática. Pelo contrário, conquista a empatia do espectador. Queremos talvez que ela consiga atingir os seus fins. Mas, cansada, adormece na berma da estrada e um polícia acorda-a ao romper do dia. O “suspense” cresce. Será descoberta? O agente da autoridade suspeita de algo? Depois de verificar os documentos, deixa-a seguir caminho, mas persegue-a. Quando Marion julga tê-lo despistado, vai trocar de carro. Mas levanta mais suspeitas ainda e o polícia reaparece. Marion continua viagem e resolve hospedar-se num pequeno motel à beira de uma estrada quase desactivada. Vai passar aí a noite. O motel é dirigido por Norman Bates (Anthony Perkins), que a regista no seu livro de entradas e lhe dá a chave do apartamento nº 1, o único que passará a estar ocupado. Marion desfaz a mala e esconde as notas nas páginas de um jornal que coloca sobre a mesinha de cabeceira. O mais à vista possível para assim estar o mais resguardado possível de interesses suspeitos. Curiosamente, o “filme” sobre o roubo de 40.000 dólares acaba aqui. Outro começa.

Norman Bates convida a hóspede para comer umas sanduíches que vai preparar no casarão do lado, onde diz viver com mãe. Mas antes espreita, através de um buraco disfarçado na parede, o interior do apartamento nº 1, onde Marion se despe. Norman não tem uma aparência muito normal. Será um tarado sexual que apanha as vítimas naquele quarto especial, as viola e sabe-se lá que mais? O “suspense” volta a adensar-se, agora noutra direcção. O escritório de Bates e a casa ostentam cadáveres embalsamados de aves. Aves em poses agressivas, prenunciando “Os Pássaros”. Ouve-se Norman e a mãe a discutirem e esta a proibi-lo de trazer para casa “aquelas mulheres oferecidas”. O espectador pode pensar que Norman é um jovem reprimido por uma mãe puritana e castradora, que, pela calada da noite, se vinga sexualmente nas mulheres que caem na teia do seu velho motel. Anda-se perto da verdade, mas este é ainda um outro filme. A protagonista do primeiro está prestes a sair de cena, na sequência mais célebre de todos os filmes de “suspense” e terror. Quando toma um duche na casa de banho do apartamento, Marion é barbaramente assassinada. O filme foi muito célere a ser rodado, Hitchcock ganhara experiência na televisão, o preto e branco ajudava. Mas, para rodar esta sequência gastou uma semana e filmou 70 planos que surgem numa montagem impressionante, que define bem o seu génio cinematográfico. E que vai contra todas as regras do código de ética ainda em vigor nos EUA. Mais uma pedra a justificar a sua anulação. 


Com Marion morta e enterrada, juntamente com o jornal e as notas, num perdido pântano, “Psico” muda de via. Agora o protagonista deixou de ser a mulher que roubou, para passar a ser o jovem assassino que se esconde no estranho Bates Motel. Desaparecida e perseguida pelo roubo, Marion é procurada pelo amante e pela sua irmã Lila (Vera Miles), mas também pelo detective privado Milton Arbogast (Martin Balsam). Acabam todos por ir parar ao Bates Motel e o “suspense” parece residir agora em saber quando e como Norman será descoberto. Já agora poderá interessar saber qual a relação que este mantém com a mãe na velha mansão que domina a paisagem. Mas quando procuram o xerife Al Chambers (John McIntire), este informa-os que a mãe de Norman Bates está morta e enterrada há muito. “Se está viva, quem terá sido enterrado no lugar dela?”, pergunta, numa guinada no entrecho e mais um "MacGuffin" a acrescentar à lista. “Psico” é exemplar nesta construção de teias emaranhadas que indiciam aparentes falsas pistas que, todavia, não o chegam igualmente a ser na totalidade. Pois cada uma delas acabará por desempenhar um papel importante. Digamos que são etapas sucessivas, camadas sobrepostas, tendentes a criar um clima inquietante cada vez mais intrigante e asfixiante. Hitchcock é mestre indiscutível na arte de manipular o espectador, levando-o a sofrer. Como bom inglês, puritano no aspecto mais evidente, bem perverso na essência, fruto de uma rígida educação paternal que o levou a descobrir o medo bem novo, Hitch encarrega-se de explorar estes terrenos, da mesma forma que percorre os caminhos do Mal e os procura aprofundar de título em título. Norman Bates é outro exemplo claro da transfiguração do Mal, a reencarnação de uma mãe possessiva e castradora, que lhe inculca o ódio às mulheres que o podem seduzir e dela afastar, e que o leva a transformar-se definitivamente nessa imagem, que é encenada na derradeira cena, quando o rosto de Bates é literalmente possuído pela caveira inspiradora, numa montagem quase subliminar, mas de efeito seguro junto do público.

Admiravelmente narrado, com uma interpretação magnífica, uma fotografia a condizer e uma partitura musical de mestre Bernard Hermann, que ficou para sempre na História, “Psico” pode não ser o melhor Hitch de sempre, mas é decididamente uma obra-prima de cinema.



PSICO
Título original: Psycho
Realização: Alfred Hitchcock (EUA, 1960); Argumento: Joseph Stefano, segundo romance de Robert Bloch; Produção: Alfred Hitchcock; Música: Bernard Herrmann; Fotografia (p/b): John L. Russell; Montagem: George Tomasini; Casting: Jere Henshaw; Direcção artística: Robert Clatworthy, Joseph Hurley; Decoração: George Milo; Guarda-roupa: Rita Riggs; Maquilhagem: Jack Barron, Florence Bush, Robert Dawn; Direcção de produção: Lew Leary; Assistentes de realização: Hilton A. Green, Lester Wm. Berke; Departamento de arte: Saul Bass, Bob Bone, Dave Lee, Harold Wolf; Som: William Russell, Waldon O. Watson; Efeitos especiais: Clarence Champagne, Walter Hammond; Intérpretes: Anthony Perkins (Norman Bates), Vera Miles (Lila Crane), John Gavin (Sam Loomis), Janet Leigh (Marion Crane), Martin Balsam (Det. Milton Arbogast), John McIntire (Al Chambers), Simon Oakland, Frank Albertson, Patricia Hitchcock, Vaughn Taylor, Lurene Tuttle, John Anderson, Mort Mills, Alfred Hitchcock (homem no exterior do escritório), etc. Duração: 109 minutos; Distribuição em Portugal: Universal (DVD); Classificação etária: M/12 anos; Estreia em Portugal: 22 de Novembro de 1960.



Sobre Alfred Hitchcock ver folha de “Janela Indiscreta”
Sobre Anthony Perkins ver folha de “Sangue no Deserto”

 
 
JANET LEIGH (1927 – 2004)
Jeanette Helen Morrison, mais conhecida por Janet Leigh, nasceu a 6 de Julho de 1927, em Merced, Califórnia, EUA, e faleceu a 3 de Outubro de 2004, em Beverly Hills, Los Angeles, Califórnia, EUA. Filha única de um casal de origem dinamarquesa, Helen Lita e Frederick Robert Morrison, que se deslocava de cidade em cidade, Jeanette teve uma infância solitária. Depois de acabar a escola aos 15 anos, frequentava habitualmente as salas de cinema, estudou música e psicologia, até ser descoberta pela actriz Norma Shearer, que a levou a um teste na MGM, sendo contratada para interpretar “The Romance of Rosy Ridge” (1947). Foi o início de uma carreira relevante, dispersa por muitos géneros, da comédia ao musical, do drama ao western, da aventura ao terror, tendo contracenado com grandes actores como Errol Flynn, Gary Cooper, James Stewart, Kirk Douglas, Paul Newman, Jerry Lewis, Jack Lemmon, Frank Sinatra e John Wayne, quase sempre em papéis de jovem ingénua e bem comportada. Participou em várias obras importantes, como “Acto de Violência” (1948), “Os Reis do Espectáculo” (1948), “Mulherzinhas” (1949), “Quando as Viúvas Querem Casar” (1949), “Angels in the Outfield” (1951), “Scaramouche” (1952), “Houdini, O Grande Mágico” (1953), “Esporas de Aço” (1953), “O Escudo Negro” (1954), “O Rapaz Atómico” (1954), “Há Falta de Homens” (1955), “Safari” (1956), “A Sede do Mal” (1958), “O Candidato da Manchúria” (1962), “Harper, Detective Privado” (1966), entre outras. Em 1980, aparece ao lado da sua filha Jamie Lee Curtis, em “O Nevoeiro” (1980), e depois em “Halloween H20: O Regresso” (1998). Com o então marido, Tony Curtis, interpretou cinco títulos: “Houdini, O Grande Mágico” (1953), “O Escudo Negro” (1954), “Os Vikings” (1958), “The Perfect Furlough” (1958) e “Who Was That Lady?” (1960). Mas o seu grande papel fica a dever-se a Alfred Hitchcock, que lhe assegura o triunfo em “Psico” (1960), onde ganha o Globo de Ouro para Melhor Actriz Secundária e é nomeada para o Oscar na mesma categoria. Janet Leigh é autora de diveros livros. “There Really Was a Hollywood”, foi um grande sucesso. “House of Destiny” e “The Dream Factory” são romances, a que se seguiu “Psycho: Behind the Scenes of the Classic Thriller”. Casada com John Carlisle (aos 14 anos, 1942 – 1942, casamento anulado), Stanley Reames (1945 – 1949), Tony Curtis (1951 – 1962) e Robert Brandt (1962 – 2004). Mãe de Kelly Curtis e Jamie Lee Curtis. Morreu de ataque de coração e as cinzas encontram-se no Westwood Village Memorial Park Cemetery. Tem uma Estrela no Hollywood Walk of Fame em 1777 Vine Street, Hollywood, Califórnia.

Filmografia:
cinema
1947: The Romance of Rosy Ridge, de Roy Rowland
1948: If Winter Comes (Intriga), de Victor Saville
1948: Hills of Home (O Dono de Lassie), de Fred M. Wilcox
1948: Words and Music (Os Reis do Espectáculo), de Norman Taurog
1948: Act of Violence (Acto de Violência), de Fred Zinnemann
1949: How to Smuggle a Hernia Across the Border, de Jerry Lewis (curta-metragem)
1949: Little Women (Mulherezinhas), de Mervyn LeRoy
1949: The Red Danube (O Danúbio Vermelho), de George Sidney
1949: The Doctor and the Girl (A Grande Profissão), de Curtis Bernhardt
1949: The Forsyte Woman (A Glória de Amar), de Compton Bennett
1949: Holiday Affair (Quando as Viúvas Querem Casar), de Don Hartman
1951: Strictly Dishonorable, de Melvin Frank e Norman Panama
1951: Angels in the Outfield, de Clarence Brown
1951: Two Tickets to Broadway (Dois Bilhetes Para a Glória), de James V. Kern
1951: It's a Big Country, de Charles Vidor,
1952: Just This Once (Milionário... Sem Dinheiro), de Don Weis
1952: Scaramouche (Scaramouche), de George Sidney
1952: Fearless Fagan (Fargan, o Destemido, na TV), de Stanley Donen
1953: The Naked Spur (Esporas de Aço), de Anthony Mann
1953: Confidentially Connie) de Edward Buzzell
1953: Houdini (1953 Houdini, O Grande Mágico), de George Marshall
1953: Walking My Baby Back Home (O Falso Caruso), de Lloyd Bacon
1954: Prince Valiant (Príncipe Valente), de Henry Hathaway
1954: Living It Up (O Rapaz Atómico), de Norman Taurog
1954: The Black Shield of Falworth (O Escudo Negro), de Rudolph Maté
1954: Rogue Cop (Pecado e Redenção), de Roy Rowland
1955: Pete Kelly's Blues (Melodia Negra), de Jack Webb
1955: My sister Eileen (Há Falta de Homens), de Richard Quine
1956: Safari (Safari), de Terence Young
1957: Jet Pilot (As Estradas do Inferno), de Josef von Sternberg
1958: Touch of Evil (A Sede do Mal), de Orson Welles
1958: The Vikings (Os Vikings), de Richard Fleischer
1958: The Perfect Furlough (Um Solteiro em Paris), de Blake Edwards
1960: Who Was That Lady ? (Quem era Aquela Garota?), de George Sidney
1960: Psycho (Psico), de Alfred Hitchcock
1960: Pepe (Pepe), de George Sidney (caméo)
1962: The Manchurian Candidate (O Candidato da Manchúria), de John Frankenheimer
1963: Bye Bye Birdie (Como é Bom Amar), de George Sidney
1963: Wives and Lovers (Entre Marido e Mulher, não Metas Outra Mulher), de John Rich
1966: Kid Rodelo (Kid Rodelo), de Richard Carlson
1966: Harper (Harper, Detective Privado), de Jack Smight
1966: Three on a Couch (Uma Poltrona para Três), de Jerry Lewis
1966: An American Dream (Espero-te no Inferno, Querida), de Robert Gist
1967: Ad ogni costo (O Último Trunfo), de Giuliano Montaldo
1969: Hello Down There (A Casa Foi ao Fundo), de Jack Arnold e Ricou Browning
1972: One Is a Lonely Number (Mulheres sem Marido), de Mel Stuart
1972: Night of the Lepus, de William F. Claxton
1979: Boardwalk, de Stephen Verona
1980: The Fog (O Nevoeiro), de John Carpenter
1983: Psycho II (Psico II)), de Richard Franklin (cameo)
1986: Psycho III (Psico III), de Anthony Perkins (cameo)
1990: Psycho IV (Psico IV), de Mick Garris (aprersentação do filme)
1998: Halloween H20: 20 Years Later (Halloween H20: O Regresso), de Steve Miner
2005: Bad Girls from Valley High), de John T. Kretchmer

Televisão
1957: Schlitz Playhouse of Stars (série de TV)
1964 - 1966: Bob Hope Presents the Chrysler Theatre (série de TV)
1966: The Man from U.N.C.L.E. (série de TV)
1966, 1969: The Red Skelton Show (série de TV)
1968: The Danny Thomas Hour (série de TV)
1968: The Bob Hope Show (série de TV)
1969: The Monk, de George McCowan (telefilme)
1969: Honeymoon with a Stranger, de John Peyser (telefilme)
1970: House on Greenapple Road, de Robert Day (telefilme)
1970: Le Virginien (série de TV)
1970: The Tim Conway Comedy Hour (série de TV)
1970: Bracken's World (série de TV)
1971: The Name of the Game (série de TV)
1971: My Wives Jane, de Edward H. Feldman (telefilme)
1971: Deadly Dream, de Alf Kjellin (telefilme)
1973: Ghost Story (série de TV)
1973: Murdock's Gang, de Charles S. Dubin (telefilme)
1973: Love Story (série de TV)
1975: Movin' On (série de TV)
1975: Columbo: Forgotten Lady (série de TV)
1977: Murder at the World Series, de Andrew V. McLaglen (telefilme)
1977: Telethon, de David Lowell Rich (telefilme)
1978, 1985: The Love Boat (série de TV)
1979: Mirror, Mirror, de Joanna Lee (telefilme)
1979, 1982: Fantasy Island (série de TV)
1982: Matt Houston (série de TV)
1982, 1984: Tales of the Unexpected (série de TV)
1998: On Our Way, de Michael Pressman (telefilme)
1986: Starman (série de TV)
1987: Arabesque (série de TV)
1997: The Twilight Zone ou The New Twilight Zone (série de TV)
1997: Touched by an Angel (série de TV)
1998: In My Sister's Shadow, de Sandor Stern (telefilme)
2001: Family Law (série de TV)